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Circle of Inevitability – Capítulo 10

Sangue

Quando Lumian saiu pela porta, ele sentiu como se tivesse sido transportado para outro mundo.

Diante dele não estava mais a familiar Cordu, mas o pico de uma montanha vermelho-escura e os edifícios desabados que o rodeavam. Juntos, formaram uma estranha ruína.

A névoa no céu era espessa e pálida, dificultando a entrada de luz. O chão estava destruído e havia muitas pedras. Lumian agarrou seu machado com força e avançou com cuidado, o coração batendo forte no peito. Ao longo do caminho, não conseguiu encontrar um lugar para se esconder.

Não havia ervas daninhas ou árvores.

Lumian caminhou com medo, todos os seus sentidos em alerta máximo. Tudo o que pôde fazer foi curvar as costas e se consolar. No mínimo, se houvesse algum perigo nesta área, seria óbvio à primeira vista. Ele poderia descobrir com antecedência.

Finalmente, ele chegou às ruínas, um prédio meio desabado que havia sido destruído pelo fogo.

Lumian examinou a área por um momento e confirmou provisoriamente que não havia outras criaturas à espreita. Satisfeito com sua avaliação, ele entrou cautelosamente no prédio, atento à madeira carbonizada que poderia cair a qualquer momento do ar.

Enquanto vasculhava a sala, seus olhos pousaram em uma panela quebrada no canto da casa. Havia um toque de ouro brilhando pelas rachaduras.

Lumian aproximou-se lentamente da panela e percebeu que era uma moeda de ouro.

“Pode ser verdade? Há realmente um tesouro nas ruínas do meu sonho?” Ele pegou a moeda de ouro e limpou-a no corpo.

Os padrões na superfície da moeda foram revelados.

A moeda apresentava o retrato de um homem esculpido na frente. Seu rosto era magro e seu cabelo estava repartido em 30-70. Havia um bigode em seus lábios e seu olhar era bastante firme. Na parte de trás havia um buquê de flores em torno do número 20.

Lumian reconheceu o homem retratado na moeda. Não era outro senão o primeiro presidente da República Intis, Levanx.

“Na verdade, é um Louis d’or…” Lumian ficou bastante surpreso.

Em primeiro lugar, ele não conseguia acreditar que a moeda nesta estranha ruína no sonho fosse na realidade a moeda da República Intis. E em segundo lugar, ele casualmente achou algo tão valioso quanto um Louis d’or.

Ele sabia que, nos dias de hoje, as moedas legais da República Intis eram o verl d’or e o coppet. Um verl d’or equivalia a 100 coppet.

Coppet existia na forma de moedas de cobre e moedas de prata. As moedas de cobre foram divididas em três categorias: 1 coppet, 5 coppet, 10 coppet, enquanto as moedas de prata tinham as denominações de 20 coppet e 50 coppet.

Verl d’or pode ser encontrada na forma de moedas de prata, moedas de ouro ou notas. Nas moedas de prata, havia denominações de 1,5 a 10 verl d’or, enquanto as moedas de ouro vinham em 5, 10, 20, 40 e 50 denominações.

As denominações das notas eram ainda mais variadas, variando de 5, 20, 50, 100, 200, 500, 1.000 verl d’or.

Na realidade, o povo do Intis ainda se apegava às antigas unidades monetárias. Por exemplo, as moedas de cobre de 5 coppet mais utilizadas eram conhecidas como ‘lamber’.

Da mesma forma, moedas de ouro no valor de 20 verl eram comumente chamadas de Louis d’or.

Na antiga era monetária, Louis d’or era conhecido como Roselle. Mas depois que a República foi estabelecida, o nome foi mudado para Louis d’or, a fim de apagar a influência do Imperador Roselle.

No entender de Lumian, mesmo na zona rural de Cordu, um Louis d’or poderia sustentar uma família pobre com campos durante um mês inteiro.

Ele sabia que sem a alta renda de Aurore, talvez nunca tivesse visto como era um Louis d’or. Na verdade, em toda a aldeia de Cordu, apenas os irmãos e a família do administrador tinham visto ou possuído um Louis d’or.

Para qualquer aldeão, este Louis d’or era um ganho incrivelmente valioso.

“Infelizmente, isso é apenas um sonho…” Lumian não pôde deixar de sentir uma pontada de decepção.

Isso era algo comum, tornando improvável que ele conseguisse retirá-la do sonho.

Mas mesmo assim, ele manuseou o Louis d’or com muito cuidado e respeito. Tendo passado grande parte de sua vida vagando, sabia o valor de cada coppet.

E sabia que um Louis d’or equivalia a 2.000 coppets, o que equivalia a uma libra de ouro no Reino de Loen, embora um pouco menos. De acordo com os jornais que leu, 24 verl d’or só podiam ser trocados por uma libra de ouro.

Lumian continuou sua busca por qualquer informação escrita que pudesse esclarecer as ruínas e sua história. Ele queria ver se este lugar correspondia a um determinado local na realidade e se uma aldeia da República Intis havia sido transportada para este mundo de sonho. A aparição do Louis d’or apenas alimentou sua curiosidade.

Enquanto Lumian se movia cautelosamente pelo prédio em ruínas, seus olhos caíram sobre um local onde antes havia um fogão, agora manchado com uma cor vermelho escuro.

— Sangue? — Suas pupilas dilataram quando ele rapidamente fez um palpite.

Imediatamente depois, fez um julgamento.

Embora não fosse fresco, ainda não havia escurecido — parecia que havia pingado ali dois ou três dias antes, ou talvez até mais recentemente!

Quando seu coração começou a disparar, Lumian de repente sentiu a luz ao seu redor diminuir, como se algo tivesse bloqueado silenciosamente a luz que se filtrava pela densa névoa vinda de cima!

A memória dos ataques passados ​​inundou a mente de Lumian como uma onda turbulenta, fazendo-o reagir instintivamente.

Sem pensar, ele avançou e envolveu seu corpo no ar, rolando no chão para evitar qualquer perigo potencial.

Thud!

Um baque alto ecoou pelo ar quando algo pesado caiu atrás dele.

Lumian rolou rapidamente para o lado esquerdo do fogão em ruínas, usando uma pedra próxima para se apoiar.

Ao se levantar, com o machado em punho, viu uma figura adicional parada onde estivera momentos antes.

A luz fraca tornava difícil discernir se era humano ou algum tipo de criatura humanoide.

A figura curvada na frente de Lumian era diferente de tudo que ele já tinha visto antes. Era um monstro, sem roupas ou sapatos dignos de nota. Sua pele foi arrancada, revelando os músculos vermelhos, as veias e a fáscia amarelada abaixo. Líquido pegajoso escorria de seu corpo, mas não caia no chão.

Era um monstro!

Seus olhos pareciam estar cravados em seu rosto e sua boca aberta com toda a força, revelando dentes irregulares e uma longa baba de saliva.

Apesar de todas as histórias de fantasmas que Lumian inventou no passado, nunca esperou encontrar um espírito tão maligno na vida real.

Swoosh!

O fedor de sangue encheu as narinas de Lumian enquanto a respiração ofegante do monstro enchia seus ouvidos.

O instinto tomou conta de Lumian enquanto ele se esquivava para o lado, evitando por pouco o ataque do monstro vermelho-sangue.

Lumian sabia que tinha a orientação de Aurore e anos de experiência lutando nas ruas para agradecer por seus reflexos rápidos. Sem eles, ele poderia não ter sido capaz de reagir a tempo.

Respirando fundo para se acalmar, Lumian atacou o monstro que o atacou. Com seu machado afiado na mão, ele balançou com toda a força e atingiu o monstro nas costas.

Bang!

O machado de Lumian derrubou o monstro no meio do giro, espalhando um jato de pus e sangue em todas as direções.

Sem hesitar um momento, Lumian ajoelhou-se e ergueu novamente o machado, pronto para desferir outro golpe.

Bang! Bang! Bang!

Repetidamente, Lumian brandiu seu machado com precisão e força, cada golpe cortando a carne do monstro e deixando rachaduras profundas e largas na parte de trás de sua cabeça, pescoço e costas.

Finalmente, o monstro ficou imóvel, derrotado pela feroz saraivada de golpes de Lumian.

— Huff! Huff! Você não é tão assustador quanto parece. — Lumian soltou um suspiro de alívio, sua voz tingida com um toque de zombaria.

Ele enxugou o rosto com a mão esquerda e depois a usou para limpar o sangue da outra mão.

— Os fluidos corporais deste monstro são venenosos? Por enquanto, não sinto dor pelos fluidos me corroendo… — Lumian começou a se preocupar com outro problema.

Assim que Lumian reuniu coragem e estava prestes a revistar o corpo do monstro, ele foi pego de surpresa por um movimento repentino. O monstro sem pele e cor de sangue apoiou-se com as duas mãos e saltou novamente, como se ainda estivesse vivo.

“Ainda não está morto?”

Apesar de ter sido reduzido a tal estado, parecia que o monstro ainda estava vivo.

Lumian ficou chocado e com medo.

O medo e a ansiedade tomaram conta de Lumian.

Se Lumian estivesse enfrentando humanos, feras ou monstros normais, ele não teria ficado com tanto medo, mesmo que não pudesse derrotá-los. Mas esse monstro à sua frente parecia impossível de matar, tornando inútil cada movimento de Lumian.

Aproveitando a breve desorientação do monstro, Lumian tomou uma decisão rápida. Ele se apoiou nos pés, exerceu força sobre os joelhos e correu descontroladamente.

Thud! Thud! Thud! 

Ele correu com todas as suas forças, mas podia sentir a respiração do monstro em sua nuca, e o som de sua respiração pesada ecoava em seus ouvidos.

O monstro seguiu de perto atrás dele.

Apesar do medo, Lumian cerrou os dentes e permitiu que o medo o incentivasse a correr ainda mais rápido, superando seus limites anteriores.

Para sua alegria, ele logo percebeu que a distância entre ele e o monstro não estava mais diminuindo.

Thud! Thud! Thud! 

Lumian finalmente chegou ao seu prédio semi-subterrâneo de dois andares quando abriu a porta destrancada e pulou para dentro.

Com um barulho alto, ele bateu a porta e rapidamente foi até o fogão, onde pegou o tridente de aço que estava encostado na parede.

Então se concentrou na porta.

Mas então, ouviu o som dos passos correndo do monstro desaparecendo. Ele esperou, mas o monstro não tentou arrebentar a porta.

“Ele sabe que é uma armadilha?” Lumian não conseguia acreditar que o monstro tivesse inteligência superior.

Ele lentamente se moveu em direção à janela perto da porta e espiou para fora.

De repente, um rosto apareceu no vidro — uma bagunça sangrenta, sem pele e com dentes irregulares.

Lumian congelou por um momento, seu coração quase parou.

Para surpresa de Lumian, o monstro não tentou quebrar o vidro nem atacá-lo. Em vez disso, simplesmente encontrou seu olhar.

Lumian saiu do torpor e recuou, brandindo o longo garfo com as duas mãos.

O monstro saiu da janela.

Lumian observou com cautela, observando seus movimentos enquanto permanecia na névoa fina por um tempo antes de finalmente recuar de volta para as ruínas.

Lumian estava perdido.

Ele estava preparado para prender o monstro e escapar rapidamente do sonho, mas a criatura simplesmente saiu sem atacar.

Depois de pensar um pouco, uma possibilidade ocorreu a Lumian. Talvez o monstro tenha medo de entrar na minha casa?

“Sim, não há nenhum sinal de dano à casa…”

“No sonho, este é um lugar absolutamente seguro?”

Com essa percepção, Lumian sentiu uma sensação de alívio tomar conta dele.

Lumian foi atingido por uma onda de exaustão no segundo seguinte.

A curta perseguição exigiu mais dele do que uma tarde inteira de treinamento de combate.

Lumian subiu as escadas até seu quarto, segurando firmemente o tridente e o machado nas mãos. Ao se deitar na cama, Lumian tentou adormecer.

Lumian abriu os olhos, sentindo-se desorientado e tonto.

Fora das cortinas, ainda estava escuro e a sala estava envolta em sombras.

Por um momento, Lumian não conseguiu dizer se ainda estava no mundo dos sonhos ou se de alguma forma havia retornado à realidade. Mas então percebeu a falta da névoa cinza e o fato de estar de pijama, e percebeu que devia ter acordado.

— Acordei cedo por causa do susto, — Lumian murmurou para si mesmo, inconscientemente dando tapinhas no bolso do pijama. Mas quando não sentiu o peso do Louis d’or, sentiu uma pontada de decepção.

Confirmou outro fato: que o dinheiro não poderia ser retirado do mundo dos sonhos!

Lumian respirou fundo e se recompôs, seus pensamentos se voltando para um problema sério:

Como ele deveria lidar com aquele monstro impossível de matar?

Embora Lumian soubesse que poderia contornar a área e entrar furtivamente, também sabia que esta não era uma solução de longo prazo. A possibilidade de encontrar monstros semelhantes no futuro sempre esteve presente, e ele não podia se dar ao luxo de arriscar sua vida por estar despreparado.

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