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Circle of Inevitability – Capítulo 109

Esperança

Dias antes, abaixo do pico carmesim, adjacente à muralha da cidade deformada.

Lumian se ajoelhou no chão, olhando para a mulher enigmática enquanto ela se aproximava.

As palavras dela ecoaram em seus ouvidos, apenas para gradualmente ficarem abafadas.

As mãos de Lumian pressionaram o chão, apertando o solo como se tentasse transformá-lo em líquido.

!!

Quando a mulher misteriosa parou a cerca de um metro de distância, ele se levantou, a ansiedade dominando sua voz: — Você não disse que ainda há esperança? Você não afirmou que Aurore e os outros poderiam ser salvos se eu mesmo saísse do loop?

Sua voz ficou mais rouca a cada palavra.

A enigmática mulher permaneceu em silêncio, com os olhos cheios de pena enquanto olhava para ele.

Lumian hesitou antes de perguntar, esperança em suas palavras: — Ainda há esperança, certo?

— Isso não é apenas um sonho passageiro. Durante minha discussão com Aurore, ela falou de coisas das quais eu nunca tinha ouvido falar, como a descrição de um nome honroso pode sugerir duas entidades distintas!

Seus olhos se fixaram na mulher, medo e esperança lutando enquanto ele examinava cada movimento dela.

Por fim, ela assentiu.

— De fato há esperança.

Os olhos de Lumian brilharam, esperando que ela explicasse.

Com uma voz gentil, a mulher explicou: — Na verdade, Aurore já morreu, mas misticamente, ela não desapareceu completamente.

— Você se lembra dos sons suaves e fracos que você ouve de dentro do seu corpo cada vez que realiza a Dança de Invocação? Você se lembra dos fragmentos de luz de Aurore e dos outros que voaram para seu peito no ritual da décima segunda noite?

— Esses são seus corpos espirituais, suas vozes? — Lumian interrompeu, a ansiedade enchendo sua voz.

A mulher respondeu, num misto de calma e pena: — Eles só podem ser considerados fragmentos de alma.

— No final da décima segunda noite, você se tornou um canal para a entidade oculta liberar seu poder horrível. Os crentes ao redor, incluindo os fragmentos de alma do sacrifício, foram absorvidos por você. Guillaume Bénet, que liderou o ritual, foi a única exceção.

— Mais tarde, esses fragmentos de alma e o potente poder corruptor foram selados no lado esquerdo do seu peito por meu senhor.

— É por isso que, à medida que você fica cada vez mais ‘acordado’ em seus sonhos e sente a data e o ciclo com mais clareza, Aurore e os outros aldeões parecem cada vez mais reais. Eles até demonstraram um certo grau de autoconsciência e cognição.

— Para realmente despertar do sonho e conter o poder do loop que consome as ruínas, você teve que confiar em si mesmo. Você teve que encontrar coragem para enfrentar a dor, encarar a verdade e perseguir a esperança ilusória.

— Se eu resolvesse isso, só havia uma opção: aniquilar completamente você e as ruínas de Cordu. Caso contrário, a corrupção dentro de você irá vazar incontrolavelmente, e Aurore e os outros irão realmente perecer no reino do misticismo.

Enquanto a mulher misteriosa mencionava o ritual da décima segunda noite, Lumian não pôde deixar de lembrar.

Uma dor aguda atingiu sua cabeça e apenas algumas imagens surgiram.

Aurore, com olhos vazios, empurrou-o para longe do altar.

Feixes de luz explodiram de Aurore e dos aldeões, espiralando no vórtice em seu peito.

Guillaume Bénet, o padre, revelou uma expressão chocada ao fugir do altar.

Além disso, Lumian não conseguia se lembrar de mais nada. Apenas os acontecimentos do sonho eram claros, como se alguma força o impedisse de se lembrar do resto.

Seu rosto se contorceu, seu corpo tremia.

— E-eu não consigo me lembrar de muita coisa

A mulher assentiu.

— Isso é normal. Em primeiro lugar, é uma autoproteção subconsciente para evitar que uma sobrecarga de memórias dolorosas e cenas intensas façam com que você desmaie e perca o controle. Em segundo lugar, há coisas que você não testemunhou e sobre as quais não sabe a verdade. Eu também não sei.

— Sim, eventualmente precisarei que você faça algo em Trier. Há um, não, dois psicólogos excepcionais que conheço lá. Posso marcar uma consulta para você e ver quem está disponível para tratá-lo. Eles podem ajudá-lo a lembrar mais e a relembrar os acontecimentos em Cordu tanto quanto possível.

As emoções de Lumian se agitaram enquanto ele ouvia, mas tudo o que conseguiu foi um suave: — Obrigado

Com os punhos cerrados, ele perguntou ansiosamente: — Então o que posso fazer para trazer Aurore e os outros de volta?

A mulher suspirou, admitindo: — Eu também não sei.

Vendo os olhos de Lumian escurecerem, ela acrescentou: — Mas você tem que acreditar que verdadeiros milagres existem neste mundo.

— E a grande existência que mencionei anteriormente é sinônimo de Milagre.

Desespero e esperança cresceram no coração de Lumian.

Embora soubesse que a mulher misteriosa diante dele provavelmente estava oferecendo conforto e esperança, ele não pôde deixar de dizer: — Você disse que assim que eu desvendasse o segredo do sonho, você me diria o nome honroso daquela grande existência.

Sua expressão tornou-se solene e seu tom sério.

— Eu vou te contar agora. Lembre-se bem disso.

— Seu nome honroso é: O Louco que não pertence a esta época, o misterioso governante acima da névoa cinza; o Rei do Amarelo e do Preto que exerce boa sorte.

Enquanto ela falava, Lumian sentiu sua consciência enfraquecer, como se pudesse ver uma névoa fina e cinza e um castelo iminente acima dela.

Um olhar pesou sobre ele.

Simultaneamente, toda a aldeia de Cordu estremeceu quando a névoa fina que envolvia a área recuou rapidamente.

No momento em que Lumian recuperou a clareza, a luz do sol já havia se infiltrado no céu, lançando manchas douradas sobre o pico da montanha carmesim e a terra desolada.

Lumian relembrou as três frases do nome honroso e sua conversa com Aurore em seu sonho.

Ele estremeceu, um sorriso amargo se formou ao dizer: — Achei que haveria uma descrição do passado, presente e futuro.

A enigmática mulher de vestido laranja respondeu sucintamente ao seu comentário.

— Deveria haver outro no futuro, mas se eu usar uma descrição diferente das três linhas para orar a Ele agora, não posso garantir que a resposta virá dele.

— Você deve saber que tal situação é muito perigosa.

Em silêncio por alguns segundos, Lumian então perguntou, com um brilho de esperança em seus olhos: — Se eu trabalhar diligentemente para você, poderei eventualmente convocar aquele grande ser para ressuscitar Aurore?

— Essa é uma maneira, — disse a mulher suavemente. — Você também pode explorar outros métodos. Eu não vou parar você. Estou apenas lembrando a você que muitas técnicas de ressurreição têm falhas graves.

Lumian assentiu, sinalizando sua compreensão.

Ele não se atreveu a perguntar, mas não pôde deixar de perguntar: — Existe uma chance significativa de ressurreição?

A mulher enigmática olhou para ele e suspirou.

— É muito, muito pequena, mas sei que você ainda vai persegui-la.

Lumian apertou os lábios, permanecendo em silêncio.

Não que ele não quisesse garantir a ela que faria tudo ao seu alcance para encontrar uma maneira de trazer Aurore de volta, mas temia que falar revelasse a tristeza que surgia em seu coração.

Depois de alguns segundos, ele perguntou com voz rouca: — O que você quer que eu faça em Trier?

— Junte-se a uma organização secreta e ajude-me a reunir algumas informações, — respondeu a mulher simplesmente. — Eu lhe direi como contatá-los quando estiver em Trier.

Ela acrescentou: — Além de descobrir a verdade a partir de suas memórias, você também pode investigar os ‘sobreviventes’ desta catástrofe.

— Sobreviventes? — Os olhos de Lumian se estreitaram.

A mulher assentiu.

— Além de você, há outros cinco: Madame Pualis, Béost, Louis Lund, Cathy, que deixaram Cordu antes da décima segunda noite, e Guillaume Bénet, que foi protegido pelo ritual como seu anfitrião. Eles escaparam antes que este lugar fosse completamente destruído.

— O padre ainda está vivo? — Os lábios de Lumian se curvaram.

A enigmática mulher olhou para ele e disse: — Se minha adivinhação estiver correta, eles deveriam estar escondidos em algum lugar de Trier.

— Muito bom. — Lumian sorriu, enxugando os cantos dos olhos.

A mulher então olhou para Ryan, Leah e Valentine, que dormiam perto da borda do quarto na espinhosa muralha da cidade, e perguntou a Lumian: — O que você planeja fazer com eles?

— Se eles saírem vivos, você sem dúvida será caçado pelo Departamento 8, Mente Coletiva da Maquinaria e pela Inquisição.

— De agora em diante, você só pode se esconder. Você nunca viverá abertamente sob o sol. Você estará para sempre acompanhado pela escuridão, sujeira e perigo.

Lumian olhou para Ryan e os outros, rindo com voz rouca.

— Matá-los trará Aurore de volta?

A mulher sacudiu a cabeça.

— Não.

Lumian zombou, baixando a cabeça com os olhos fechados.

Logo, ele olhou para cima e perguntou: — Qual é o nome da organização na qual estou prestes a ingressar? Como devo entrar em contato com você quando estiver em Trier?

A mulher suspirou fracamente.

— Eu te direi quando chegar a hora.

— Eu lhe darei o método de convocação do meu mensageiro e o meio correspondente mais tarde. Entre em contato comigo através disso.

Lumian ficou quieto por um momento antes de fazer outra pergunta. — Eu possuía o poder de prender Cordu em um loop?

— Estritamente falando, você não fez isso. Pelo menos não antes de receber a benção do Habitante do Círculo, — explicou a mulher casualmente. — Este lugar está corrompido por aquele ser oculto em todos os lugares, e o nível de poder selado em seu peito esquerdo é bastante alto. Portanto, quando suas emoções flutuam e você está em um estado subconsciente, você pode mobilizar a especialidade correspondente para redefinir esse lugar. — Ela fez uma pausa e acrescentou: — No entanto, você sempre esteve fisicamente confuso.

— A corrupção selada dentro do seu corpo permite que você reinicie seu estado às 6h todos os dias e retorne às 6h da décima segunda noite. Apenas as mudanças provocadas pelas características de Beyonder e as bençãos são mantidas.

“É esta a verdadeira razão pela qual me recupero sempre que acordo de ferimentos nas ruínas? Não admira que eu não tenha morrido de fome…” Lumian entendeu imediatamente.

Ele olhou para seu corpo, um sorriso autodepreciativo se formando.

— Será sempre aquele dia

— Aquele dia de pesadelo.

Sem esperar pela resposta da mulher, ele ergueu os olhos e perguntou: — Como devo me dirigir a você?

Ela sorriu, começando a responder: — Você pode me chamar de…

Antes que ela pudesse terminar, as cartas de repente dançaram no ar.

Cada carta tinha um padrão único, flutuando em direção a Lumian.

Instintivamente, Lumian estendeu a mão direita, tentando pegar algumas cartas.

Naquele momento, a maioria das cartas desapareceu, restando apenas uma.

A carta pousou suavemente na palma da mão de Lumian, virada para cima. Representava uma pessoa estendendo seu cetro para o céu e apontando para o chão com a mão esquerda.

Carta de tarô — Mágico!

Lumian ergueu os olhos em estado de choque, percebendo que a mulher enigmática havia desaparecido.

“Devo chamá-la de Madame Mágica?” Lumian inconscientemente virou a carta de tarô em sua mão, revelando fileiras de minúsculas escritas em Intis:

“O espírito que vagueia pelo infundado, uma criatura do mundo superior que é amigável aos humanos, um mensageiro que pertence exclusivamente à Mágica.”

Lumian estudou as palavras por um momento antes de guardar a carta de tarô.

Ele olhou para Ryan e os outros, depois se virou e cambaleou para longe da área.

Enquanto caminhava, Lumian não pôde deixar de olhar para trás, para o pico da montanha manchado de sangue e para a muralha espinhosa e retorcida da cidade.

A Cordu em sua memória já havia se transformado nisso. Não tinha nenhuma semelhança com o que já foi, mas Lumian ainda tentou o seu melhor para observar e pesquisar, na esperança de sobrepor a cena em sua mente com a realidade.

Ele queria dar outra olhada no gigante no topo da montanha, mas sabia que isso lhe causaria graves danos.

Involuntariamente, Lumian circulou lentamente o pico da montanha manchada de sangue e a muralha espinhosa da cidade, seu olhar examinou constantemente os objetos distorcidos e caóticos.

Ele sabia o que estava procurando e sabia que nunca o encontraria.

Só assim, Lumian chegou ao local onde a parede de madeira o havia bloqueado.

A maior parte da área desabou, revelando o jardim atrás dela.

O jardim era exuberante e vibrante, um forte contraste com o pico manchado de sangue, a muralha da cidade deformada e as ruínas do outro lado.

No centro havia um berço de madeira marrom, que lembrava aquele que Lumian vira no castelo de Madame Pualis.

Ele inconscientemente se inclinou e percebeu que havia um pequeno formato em forma humana no pano de algodão branco ligeiramente envelhecido do berço. Era como se um bebê tivesse estado aqui, mas seu paradeiro era agora desconhecido.

“O que isto significa?” Assim que esse pensamento passou pela mente de Lumian, ele sentiu a luz do sol brilhando no céu ficar muito mais brilhante.

Ele instintivamente olhou para cima e viu chamas douradas engolindo completamente o topo da montanha.

O gigante de três cabeças e seis braços apareceu no inferno, aparentemente derretendo.

Lumian ficou olhando fixamente por alguns segundos antes de levantar repentinamente as mãos para proteger o rosto.

luz solar era muito intensa.

No prédio semi-subterrâneo de dois andares à beira das ruínas.

Lumian caminhou até o quarto da irmã com 237 verl d’or e o 46 coppet que havia colecionado. Ele pegou uma mala marrom cheia de roupas e recordações e abriu a porta.

Ele estava aqui para dizer adeus.

Assim que entrou e viu a mesa com os manuscritos, sua cabeça latejou quando uma imagem surgiu.

Os olhos de Aurore dispararam ao redor, não mais vazios. Ela olhou para Lumian, que havia sido empurrado, e disse com dificuldade:

— Meu caderno…

“Caderno de bruxaria da Grande Irmã? Há informações importantes nele?” Lumian pressionou a testa, foi até a mesa e abriu a gaveta de baixo.

Cadernos escuros familiares saudaram seus olhos.

De repente, ele se lembrou de que Aurore lhe ensinara muitos conhecimentos de misticismo antes de Cordu ser destruída.

Em Dariege, na estação de locomotivas a vapor.

O bilheteiro olhou para Lumian e perguntou: — Onde estão seus documentos de identificação?

— Esqueci, — respondeu Lumian, vestindo camisa de linho, jaqueta escura e chapéu preto de aba redonda, enquanto segurava uma mala marrom.

Ele então se virou e se afastou da janela.

Um homem baixo, de meia cartola e terno preto, aproximou-se de Lumian, sussurrando: — Você quer pegar a carruagem do correio? Está indo para Bigorre.

— Requer identificação? — Lumian perguntou.

O homem baixo riu, respondendo: — Não há necessidade. Nosso negócio está prestes a ser esmagado pela locomotiva a vapor. Por que precisaríamos de documentos de identificação?

— Então, você vai aceitar ou não? Este é o último resquício do romance da era clássica!

Lumian assentiu levemente e perguntou: — Quanto?

O entusiasmo do homem baixo explodiu.

— 20 verl d’or para Bigorre, leva cerca de um dia. Existem cinco paradas durante. Cada parada permite um descanso, trocando cocheiros e cavalos. Duas das paradas também oferecem comida grátis.

Sem mais perguntas, Lumian seguiu o homem baixinho até uma rua deserta próxima.

Uma grande carruagem puxada por quatro cavalos estava estacionada na beira da estrada.

Ao embarcar, Lumian descobriu que o interior era bastante espaçoso. Assim como o transporte público, possuía duas filas separadas por um corredor, além de espaço para bagagens maiores.

Ele encontrou um assento perto da janela, colocou a mala no chão e tirou um livro com capa vermelha escura.

Enquanto os cavalos relinchavam lá fora, Lumian folheou o livro, iluminado pela luz do sol que entrava pela janela.

Ao lado dele estava sentado um homem de trinta e poucos anos, bigode bem cuidado, cabelos castanhos, olhos azuis e traje elegante.

Ele olhou para o livro nas mãos de Lumian e perguntou com interesse: — Amor Eterno? O livro de Aurore Lee? Aquele com a protagonista feminina chamada Kingsley e o protagonista masculino chamado Ciel?

— Sim. — Lumian assentiu.

O homem bigodudo ficou tagarela.

— Este livro é o primeiro trabalho de Aurore Lee. A escrita era bastante amadora, principalmente o diálogo entre os personagens. Não parece algo que as pessoas diriam na vida real. É tão emocionante que é desconfortável.

— De fato. — Lumian assentiu novamente.

Ele abaixou a cabeça e folheou as últimas páginas do livro, com o olhar pousado na passagem relevante.

“Em seu leito de morte, Kingsley agarrou a mão estendida de Ciel e olhou para sua expressão angustiada. Ela forçou um sorriso e disse com dificuldade: ‘Estúpido, viva bem’.”

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