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Circle of Inevitability – Capítulo 231

O propósito do Sr. K.

Os olhos de Jenna dispararam ao redor, o braço levantado no ar.

— Este é um requisito para minha aula de atuação teatral!

Suas palavras pareceram aliviar sua tensão, e seu sorriso assumiu uma qualidade mais natural.

— Eu não mencionei que trabalho meio período como garçonete em um bar para sobreviver? Este é meu chefe. Estou aqui para discutir um aumento de salário com ele!

Jenna apontou confiantemente para Lumian, parado perto da porta do quarto 207.

Elodie olhou para Lumian, depois fixou o olhar em Jenna por alguns momentos antes de concordar. — Não se esqueça de voltar para casa esta noite.

O sorriso de Jenna vacilou momentaneamente antes de ela responder: — Tudo bem.

Ao ver Elodie retornar às suas tarefas, limpando o outro lado do segundo andar, Jenna desceu as escadas na ponta dos pés e saiu do Auberge du Coq Doré.

Não demorou muito para que ela avistasse Lumian a alcançando, o que a fez resmungar: — Droga! Por que minha mãe está no Auberge du Coq Doré?

Lumian contemplou por um momento antes de responder. — A culpa é do Teatro da Velha Gaiola de Pombos. Monsieur Ive, o proprietário do Auberge du Coq Doré, precisava uma faxineira de meio período que trabalha lá. E sua mãe é uma visitante regular do Thtre de l’ ‘Ancienne Cage à Pigeons para peças teatrais.

Jenna cerrou os dentes e exclamou: — Aqueles malditos hereges!

Ela então ergueu o braço.

— Hoje à noite, direi a verdade a ela. Direi que estou trabalhando meio período como cantora para economizar para as mensalidades do próximo ano, e ganho bastante!

Lumian olhou para o perfil lateral de Jenna, curioso. — Você não parece muito nervosa ou com medo?

Jenna cuspiu.

— Essa é minha mãe, não um monstro devorador de homens.

— Ela é bondosa e compreensiva. Eu não contei a ela o que eu estava fazendo antes porque não queria que ela se preocupasse.

— Mas agora ela vai ficar preocupada, — Lumian a lembrou.

Ser uma cantora em salões de dança e bares frequentemente envolvia lidar com pessoas ruins. Ser “usada” era uma realidade infeliz de tempos em tempos.

O sorriso de Jenna era travesso quando ela comentou brincando: — Eu sou a amante de Ciel Dubois, um líder do Savoie Mob e guardião de Salle de Bal Brise. Quem ousa mexer comigo?

Lumian riu. — Isso é ainda mais perigoso.

Jenna desviou o olhar e observou os vendedores ambulantes na Rue Anarchie.

— Se minha mãe não aceitar, pretendo demonstrar minhas habilidades atuais e convencê-la de que posso me proteger.

— Sério? — Lumian não deu o exemplo do pervertido Hedsey.

Jenna se recompôs e disse com a voz pesada: — Ela passou por tanta coisa. Ela trabalhou incansavelmente por anos. Quero ajudá-la a carregar um pouco do fardo para que ela não se quebre.

Lumian refletiu por um momento antes de responder. — Desde a morte do seu pai?

O olhar de Jenna se voltou para o chão, e ela confirmou sucintamente: — Houve um acidente na fábrica. Meu pai ficou gravemente ferido e passou mais de dez dias no hospital. No final, não pôde ser salvo.

— Esgotamos todas as nossas economias e ainda devemos uma quantia significativa de dinheiro. Há alguns anos, eu poderia ter seguido a carreira de teatro e estudado atuação. Mas foi só no início deste ano que conseguimos pagar quase metade da nossa dívida e poupar algum dinheiro para a minha educação. Minha mãe insistiu que não poderíamos demorar mais. Se continuássemos atrasando, eu ficaria velha demais.

Lumian ouviu atentamente, com a testa franzida em perplexidade. — Nenhuma compensação pelo acidente de fábrica?

— Sim, mas aquele canalha ainda não nos compensou! — Jenna cerrou os dentes. — Ele continua apelando, e os tribunais sempre demoram. Porra, ele está tentando arrastar isso até que todos nós estejamos mortas?

Lumian ficou em silêncio brevemente antes de mudar de assunto. — Sua mãe era realmente uma atriz de teatro?

— Sim. — A expressão de Jenna suavizou-se gradualmente. — Ela tinha grandes habilidades de atuação e era linda, mas a maioria dos gerentes, patrocinadores e donos de teatro eram homens. Eles caçavam atrizes no teatro como leões patrulhando seu território. Aquelas que se recusavam a se submeter a eles não conseguiam bons papéis. É irritante, todo mundo acha que é normal, até a polícia e os tribunais!

— Minha mãe tem uma natureza gentil, mas é ferozmente teimosa. Ela só conseguiu papéis coadjuvantes e até foi demitida uma vez. Quando o teatro em que trabalhava faliu, ela perdeu a chance de retornar aos palcos temporariamente. Ela teve que fazer bicos como camareira de motel e lavadeira.

— Foi quando conheceu meu pai. Eles se uniram e se tornaram marido e mulher na presença de Deus. Louvado seja o Sol. Naquela época, meu pai estava trabalhando duro para se tornar um trabalhador qualificado. Minha mãe conseguiu vários empregos e economizou dinheiro enquanto procurava uma oportunidade para voltar ao teatro. Esses foram os dias que ela mais apreciou.

— Mais tarde, meu irmão e eu nascemos. Mamãe e papai ficaram mais ocupados, lutando para sobreviver e nos dar uma chance de buscar uma educação.

— Quando nos tornamos autossuficientes, minha mãe já estava velha e não podia voltar aos palcos. Ela depositou suas esperanças em mim. Ela queria me ver me tornar uma atriz excepcional, mesmo que isso significasse interpretar papéis secundários. Meu pai queria que meu irmão se tornasse um trabalhador qualificado.

Essas palavras estavam guardadas no coração de Jenna há muito tempo, e só agora ela encontrou a oportunidade de expressá-las.

Lumian esperou pacientemente que Jenna terminasse antes de fazer uma pergunta. — Você aspira ser uma atriz de teatro?

Jenna sorriu com orgulho e contentamento. — É difícil não amar teatro quando sua mãe é uma fã tão dedicada e uma atriz talentosa.

Seu sorriso inexplicavelmente evocou uma pontada de ciúme em Lumian.

Suspirando com um toque de emoção, ele comentou: — Posso dizer que sua mãe tem uma paixão genuína por teatro. Mesmo como faxineira, ela se enfeita com maquiagem e usa perucas lindas.

Jenna assentiu levemente e compartilhou: — Ela diz que isso a faz se sentir jovem, como se estivesse de volta aos palcos. Aos seus olhos, ela continua sendo uma verdadeira atriz de teatro, e seus outros empregos são apenas empreendimentos de meio período.

— Ela sempre foi assim. Ela me leva para testemunhar o nascer do sol, me lembrando que a escuridão sempre dará lugar à luz. E me diz que mesmo nos momentos mais sombrios, devo encontrar uma maneira de acender minha própria luz interior. Somente então poderei esperar pacientemente o nascer do sol.

O anseio de Jenna pelo futuro tornou-se palpável.

— Se eu continuar como cantora por mais um ano, economizarei o suficiente para as mensalidades do próximo ano e farei um progresso significativo no pagamento de nossas dívidas. Com os ganhos combinados de minha mãe e de meu irmão, não seremos mais sobrecarregados. Em breve, ela não terá que conciliar vários empregos e meu irmão terá a oportunidade de aprender habilidades com outras pessoas!

Enquanto Jenna falava, sua excitação aumentava, e ela não conseguia deixar de levantar o braço, como se tentasse agarrar a beleza do futuro.

Lumian observou Jenna em silêncio, e uma onda de emoções reprimidas dentro dele pareceu se dissipar.

Ter esperança. Uma palavra tão profunda e comovente.

Após alguns momentos de alívio, Jenna de repente sentiu uma inexplicável sensação de constrangimento. Ela virou a cabeça e lançou um olhar acusador para Lumian.

— Por que você está olhando para mim? Você nunca viu alguém ficando animado antes?

Lumian zombou, mas preferiu não responder.

Jenna o estudou atentamente e murmurou para si mesma: — Por que sinto que você está de melhor humor?

— Não, — Lumian respondeu sucintamente.

Naquele momento, os dois já haviam entrado na Avenue du Marché. Cartazes comemorando a eleição bem-sucedida de Hugues Artois como membro do parlamento adornavam os arredores.

“Hugues Artois, o apoio conjunto do Savoie Mob e do Poison Spur Mob, tornou-se de fato membro do parlamento… Eu me pergunto que mudanças ele trará para o distrito comercial…” Lumian desviou o olhar do pôster, sua mente ecoando as palavras de Franca: Lady Lua, uma seguidora da Grande Mãe, acreditava que Hugues Artois era um indivíduo de mente aberta.

À tarde, antes de embarcar em sua jornada até a Avenue du Boulevard em busca do Sr. K, Lumian arrumou um altar no quarto do segundo andar do Salle de Bal Brise.

Com a parede da espiritualidade convocada, Lumian acendeu três velas na ordem da divindade para o humano, da esquerda para a direita. Depois de pingar cuidadosamente óleos essenciais e extratos, ele deu alguns passos para trás, envolto em uma atmosfera enevoada, e entoou com uma voz profunda: — O Tolo que não pertence a esta época, o misterioso governante acima da névoa cinza; o Rei do Amarelo e do Preto que exerce boa sorte.

Uma tênue névoa cinza surgiu, acompanhada por uma aura inquietante.

Suprimindo a lentidão de seus pensamentos e a sensação de formigamento sob a pele, Lumian fixou o olhar na chama preto-azulada da vela. Seguindo as instruções da Madame Mágica, recitou o encantamento subsequente na antiga língua de Hermes.

— Eu imploro, eu imploro sua proteção…

Após uma série de gestos, Lumian avistou o anjo divino, aparentemente materializado em pura luz.

Simultaneamente, ouviu vagamente uma respiração sonhadora.

Um suspiro originado de uma altura infinita.

Descendo do alto em forma resplandecente e etérea, o anjo estendeu os braços para abraçar Lumian.

Asas de luz radiante o envolveram.

Quando Lumian recuperou a consciência, tudo havia retornado ao seu estado normal.

Ao cair da noite na Rue Scheer, Avenue du Boulevard, nº 19, Lumian mais uma vez se viu no porão, cara a cara com o Sr. K.

Vestido com seu habitual capuz volumoso e manto preto, o Sr. K sentou-se silenciosamente em uma cadeira com encosto vermelho.

Encontrando o olhar de Lumian, o Sr. K assentiu gentilmente e falou em voz baixa e rouca: — Estou muito satisfeito com sua habilidade em ação. Além do mais, sem saber, suas ações se alinham com os ensinamentos de meu senhor, contrariando aqueles Favorecidos dos seres malignos!

Parando momentaneamente, o Sr. K perguntou: — Você pensou o suficiente sobre isso?

— Sim, — respondeu Lumian, abaixando a cabeça. — Você me revelou a magnificência do Senhor.

— Haha! — O Sr. K explodiu em uma gargalhada maníaca, como se sua sanidade tivesse desaparecido.

Depois de alguns segundos, recuperou a compostura e ignorou os atendentes, garantindo que eles permanecessem no lugar. Ele continuou: — O nome honroso do meu senhor é o Senhor que criou tudo, o Deus onipotente e onisciente, o Senhor que reina por trás da cortina de sombras, o governante do mundo mental e a natureza degenerada de todas as coisas vivas. Escolha três frases e ore a Ele em Hermes.

A mera descrição do Sr. K fez com que as roupas, a pele, a carne e os ossos de Lumian se dissolvessem completamente, deixando para trás uma sensação enervante de pura consciência e autoconsciência.

Tremendo involuntariamente, Lumian recitou instintivamente: — O Senhor que criou tudo, o Deus onipotente e onisciente, o Senhor que reina atrás da cortina de sombras…

A mente de Lumian estava sobrecarregada demais para pensar e ele inconscientemente selecionou as três primeiras frases.

Quase instantaneamente, o ambiente ao redor escureceu, como se estivesse envolto por uma cortina pesada.

Além do ilusório e profundo véu sombrio, um par de olhos fixou-se em Lumian, penetrando sua consciência e quase o deixando inconsciente.

Após um período indeterminado, Lumian recuperou suas faculdades, seu corpo encharcado de suor frio.

Levantando-se de seu assento, a voz profunda do Sr. K parecia acompanhada de um sorriso.

— De agora em diante, você é nosso irmão, verdadeiramente um de nós.

— Somos uma organização secreta que acredita no Verdadeiro Criador. Atendemos pelo nome de Ordem Aurora.

— Ordem Aurora? — Lumian ficou surpreso.

“Não foi esta a organização terrorista que assumiu a culpa por mim?”

“Parece que os Beyonders oficiais não identificaram erroneamente seu alvo…”

“Eu realmente me tornei um membro da Ordem Aurora…”

Dispensando os atendentes do porão, o Sr. K dirigiu-se a Lumian: — Gardner Martin é membro da Ordem da Cruz de Ferro e Sangue. Esta organização secreta já reverenciou nosso senhor, mas nos últimos anos, eles se distanciaram de nós e cessaram suas frequentes orações. Eles parecem estar tramando algo de grande significado.

— Eu designei você para se infiltrar nas fileiras deles, pois espero que você possa descobrir a causa por trás de suas ações e desvendar suas intenções.

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