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Circle of Inevitability – Capítulo 246

Determinação

Enquanto os primeiros raios da aurora iluminavam o quarto, Lumian abriu lentamente os olhos, despertado pelo suave toque dos sinos da Igreja do Santo Robert.

Na noite anterior, ele havia se hospedado no Auberge du Coq Doré.

Ele levantou a mão direita para tocar a cabeça. Na sua cabeça calva cresceu cabelo grosso e saudável novamente.

Saindo do conforto de sua cama, Lumian foi até o espelho de corpo inteiro e viu um reflexo que parecia familiar e desconhecido ao mesmo tempo.

Em Cordu, seu cabelo nunca havia sido tingido de dourado.

Mas, na luz da manhã, ele não conseguiu deixar de sorrir, sentindo-se melhor do que há muito tempo.

No mínimo, não viu fracasso em tudo que fez. Matar e se vingar não representava problema.

Depois do café da manhã em um ambulante, Lumian planejou encontrar uma barbearia no Quartier de l’Observatoire ou no Quartier de la Cathédrale Commémorative para reverter a cor do seu cabelo para dourado. Mas antes que pudesse sair, passos apressados ​​se aproximaram de seu quarto.

Ele se preparou, pensando que alguém poderia chutar a porta, mas, em vez disso, houve uma batida.

Era Franca, que raramente acordava tão cedo. Ela não conseguiu esconder sua surpresa ao ver o cabelo preto puro de Lumian.

— Você tingiu de novo? — ela exclamou.

— Mais ou menos, — respondeu Lumian, observando Franca enquanto ela entrava no quarto 207 e fechava a porta atrás de si.

Sem rodeios, Franca o confrontou: — Você matou o secretário assistente de Hugues Artois? E avançou para Piromaníaco ontem à noite?

Lumian se levantou, sorrindo.

— Sim.

Franca ficou momentaneamente sem palavras diante da fácil admissão.

Depois de alguns segundos, ela sibilou e disse: — Seu pirralho, você me prometeu que iria se segurar e aguentar, mas no momento seguinte, você foi em frente sem hesitar. Você realmente não consegue suprimir seu ódio por uma noite, consegue?

— Se você continuar assim, duvido seriamente que sobreviva este ano… não, este mês!

Lumian explicou simplesmente, — Na verdade, eu não pretendia matar Tybalt ontem à noite. Eu só queria monitorá-lo, reunir informações e planejar uma abordagem adequada para lidar com ele junto com você. Mas uma oportunidade se apresentou, e era boa demais para deixar passar. Eu não consegui me convencer a me segurar.

— Certo, fiz preparativos em todos os aspectos, incluindo medidas contra adivinhação e rastreamento.

Aliviada, Franca perguntou: — Aquele tal Tybalt parecia fraco. Foi fácil para você lidar com ele?

— Ele transmitia doenças principalmente por contato, e os Piromaníacos contrariam essa habilidade. Se não fosse por meus preparativos anti-adivinhação e anti-canalização de espíritos, eu poderia ter cuidado dele em dez segundos, — Lumian lembrou.

Franca suspirou, admitindo: — Você teve sorte. Já considerou a possibilidade de que seu alvo pode ser muito mais forte?

— Meu julgamento inicial foi que ele não seria tão formidável. Se ele excedesse um certo limite, eu estava preparado para usar meu punhal, — Lumian respondeu antes de perguntar: — Por que você acordou tão cedo?

— Gardner me acordou! — Franca respondeu com os dentes cerrados. — Ele me instruiu a reunir os líderes do Savoie Mob e encontrar a pessoa responsável por matar o secretário assistente de Hugues Artois. Quando ouvi os detalhes, instintivamente pensei em você! Ontem à noite, eu disse para você ficar na condição certa antes de beber a poção do Piromaníaco, mas você foi em frente e a consumiu de qualquer maneira.

Lumian falou seriamente, sua voz cheia de sinceridade. — Eu acreditava que estava no estado perfeito para avançar para Piromaníaco, então rapidamente preparei a poção. O chefe vai suspeitar de mim?

— Por enquanto, não, — Franca respondeu, balançando a cabeça. — Além de você, ninguém esperava que você consumisse a poção ontem à noite. Além disso, você astutamente incriminou a Ordem Aurora. Gardner não vê nenhum motivo em você.

Franca olhou para a cabeça de Lumian e sugeriu: — Venha aqui, vou ajudá-lo a restaurar sua cor original de cabelo. É melhor não fazer nenhuma mudança em um momento como esse para evitar levantar suspeitas.

— Tudo bem, — Lumian concordou, sentindo-se feliz por economizar algum dinheiro.

De manhã, a enfermaria fervilhava com mais atividade em comparação à melancolia da noite. Ecoando pelo ar, estavam os gritos daqueles que estavam sendo levados, a presença de parentes escoltando entes queridos de volta para casa e a determinação de alguns pacientes que desafiaram os gritos, escolhendo partir dos confins do hospital.

Jenna e Elodie — que haviam acordado — observaram a cena em silêncio. Elas entenderam a dolorosa realidade que se desenrolava diante delas.

Nem todos conseguiam suportar o peso das despesas médicas intransponíveis, nem queriam arrastar suas famílias para as profundezas do desespero.

Às vezes, o paciente se rendia enquanto a família persistia. Outras vezes, era a família que desistia, deixando o paciente sem escolha a não ser aceitar seu destino. Às vezes, o paciente e a família deixavam a enfermaria tacitamente, trocavam olhares silenciosos e eram incapazes de conter as lágrimas enquanto choravam ou lamentavam.

Depois de um tempo, quando a enfermaria recuperou uma aparência de tranquilidade, Elodie, que conseguiu se sentar, sussurrou suavemente: — Quanto tempo terei que ficar aqui para tratamento?

Jenna ponderou por um momento antes de decidir contar a verdade à mãe. Era algo impossível de esconder. As rondas dos médicos, tratamentos e exames posteriores inevitavelmente revelariam alguma informação. Além disso, Elodie descobriria tudo com base em sua condição física e no fato de que ela não tinha recebido alta depois de vários dias.

Organizando seus pensamentos, Jenna explicou: — O médico disse que você ficará aqui por meses, possivelmente até meio ano. Seus ferimentos externos não são graves, mas seu corpo sofreu danos significativos. A menos que você se recupere totalmente, sua condição pode piorar.

Antes que Elodie pudesse responder, Jenna sorriu tranquilizadoramente e continuou: — Já assegurei os fundos para seu tratamento. Peguei o dinheiro emprestado de Franca. Ela não tem escassez de recursos. Ela prometeu a Julien e a mim que poderíamos pagar em dois ou três anos, em parcelas. Até lá, a indenização do acidente do papai certamente terá sido paga. Pode até haver esperança para a sua.

A expressão de Elodie vacilou por um momento. Depois de alguns segundos, ela falou com cansaço na voz, — Por que vai demorar tanto…

— Com uma explosão tão grande e gases químicos, é um milagre que você tenha sobrevivido, — Jenna disse antes de perguntar. — O que exatamente aconteceu lá?

Elodie refletiu por um momento e respondeu cansada: — Não sei. A explosão aconteceu tão de repente, e eu perdi a consciência.

— Acho que se originou perto do tanque de metal. Fuuu, muitas das instalações da fábrica são velhas e propensas a quebras. Elas precisam de reparos, mas o chefe se recusa a investir em substituições. Fuuu…

Depois de conversar um pouco, Jenna notou que a energia da mãe estava diminuindo. Ela aconselhou Elodie a descansar um pouco e foi em direção ao banheiro no final do corredor.

Assim que Elodie testemunhou a saída de Jenna da enfermaria, ela reuniu todas as suas forças, desconectou o soro e se apoiou na parede. Ofegante, deu dois passos em direção à enfermaria diagonalmente oposta, onde médicos e enfermeiros examinavam meticulosamente cada indivíduo ferido.

Elodie localizou o médico, informou o número da enfermaria e do leito e perguntou: — Quanto tempo durará meu tratamento?

O médico folheou seus registros e respondeu: — Ainda não temos todos os resultados, mas estimamos que levará de cinco a sete meses.

— Qual será o custo do tratamento a cada mês? — perguntou Elodie.

O médico ponderou por um momento e respondeu: — Vamos esperar pela avaliação completa. Se tudo correr bem, deve chegar a cerca de 200 verl d’or por semana. Conforme o tratamento progride, o custo diminuirá. No entanto, se sua condição não for muito favorável, pode variar de 300 a 400 verl d’or por semana. Além disso, mesmo depois de deixar o hospital, você deve priorizar o descanso e evitar se esforçar.

Elodie se viu sem palavras. A enfermeira a ajudou a voltar para a enfermaria e reinseriu a agulha em seu braço.

Pouco antes do meio-dia, Julien correu para a enfermaria, sua preocupação com sua mãe era evidente em seus olhos.

Depois de conversar com ele por um tempo, Jenna anunciou: — Vou até o refeitório do hospital e trago um pouco de comida para você.

Com isso, ela saiu da enfermaria, descendo as escadas rapidamente.

Graças à orientação de Lumian, Jenna percebeu que possuía habilidades extraordinárias como Beyonder. Ela não era mais uma pessoa comum. Com disposição para assumir riscos calculados, ela tinha inúmeras maneiras de ganhar dinheiro.

Consequentemente, as despesas com o tratamento de Elodie e a dívida esmagadora não tinham poder sobre ela. O fato de sua mãe ter sido salva era motivo de comemoração, uma razão para louvar o sol.

Na enfermaria, Elodie olhou para Julien, que estava sentado ao seu lado, e fez uma pergunta com uma expressão terna: — Você tem quase 23 anos, não é?

— É isso mesmo, — Julien respondeu, com um sorriso enfeitando seu rosto. — Sou um provedor para a família há algum tempo. Mas aos seus olhos, ainda sou um jovem.

Elodie ofereceu um sorriso fraco e falou: — Isso porque meus critérios para a verdadeira vida adulta diferem dos outros. Sempre acreditei que alguém só pode ser considerado adulto quando possui uma habilidade que lhe rende dinheiro consistentemente. Você ainda está a um ano disso, e Celia tem mais um ano e meio pela frente.

— Você suportou tanta coisa nesses últimos anos.

— Foi você quem suportou, — Julien respondeu com um suspiro. — Antes que eu pudesse realmente ajudar, você trabalhou em três empregos por dia durante um ano inteiro, das 6 da manhã até a meia-noite.

As emoções surgiram dentro dele, fazendo-o dizer abruptamente: — Nós definitivamente vamos curar você!

Elodie riu de alegria, enquanto sua mão acariciava gentilmente seu cabelo louro.

— Infelizmente, minha peruca sumiu.

— E sua irmã. Ela nos enganou anteriormente, alegando que o teatro exigia que ela tingisse o cabelo de um tom amarelo-acastanhado. Na verdade, era para evitar que a reconhecessem quando fosse cantar no salão de dança. Não sei o que fazer com ela.

— Fuuu, eu realmente não quero que você assuma mais dívidas. Isso vai desperdiçar anos. Até lá, você não será mais jovem…

Julien rapidamente consolou sua mãe, assegurando-lhe que ele era excelente em seu trabalho e que, sem dúvida, receberia um aumento de salário no ano que vem.

Depois de divagar por alguns minutos, Elodie agarrou o peito e implorou a Julien: — Não estou me sentindo bem. Por favor, encontre um médico para mim.

— Ok. — Julien se levantou abruptamente e saiu correndo da sala.

Elodie prontamente removeu a agulha intravenosa e cambaleou em direção à janela da enfermaria, apoiando-se nas camas próximas.

Enquanto isso, no primeiro andar do Hospital do Palácio Sagrado.

Jenna saiu do refeitório carregando uma lancheira de madeira e começou a subir as escadas.

De repente, pelo canto do olho, ela viu uma figura caindo rapidamente, o que provocou um baque retumbante.

O coração de Jenna pulou uma batida, sua mente cheia de inquietação. Rapidamente, ela se virou, incerta sobre a fonte de sua apreensão. Ela saiu correndo do corredor e se aproximou do local onde a pessoa havia pulado, manobrando através da multidão reunida.

No instante seguinte, viu um líquido vermelho escorrendo e um rosto familiar adornado com rugas delicadas.

Com um baque, a lancheira escorregou de suas mãos, caindo no chão. Seus olhos ficaram vagos, refletindo um vermelho vivo.

O corpo sem vida pertencia à sua mãe, Elodie.

A pessoa que pulou do prédio era sua mãe, Elodie.

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