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Circle of Inevitability – Capítulo 25

Sequências e Poções

Lumian entrou no Antigo Bar, seus olhos penetrantes examinaram o lugar mal iluminado. Para sua surpresa, a misteriosa mulher já estava sentada em seu canto habitual, saboreando um farto café da manhã.

Ela havia mudado de roupa mais uma vez, vestindo um longo vestido marrom plissado e um chapéu de veludo escuro que gritava ser da alta sociedade.

— Tão cedo? — Lumian se aproximou da mesa dela, acalmando seu coração acelerado.

A mulher olhou para cima, encontrando seu olhar.

— Existe a possibilidade de eu não ter dormido a noite toda?

— Talvez. — Lumian conhecia essa rotina muito bem: sua irmã, Aurore, muitas vezes passava a noite inteira quando os prazos de escrita estavam se aproximando. Mas qual foi a razão para a mulher enigmática falar isso?

Ao olhar para a mesa dela, encontrou uma pasta deliciosa, com um suflê de creme polvilhado com nozes, um muffin que parecia delicioso, um croissant, uma xícara de café preto e um biscoito de língua de gato.

“Que apetite!” Lumian pensou, impressionado. Mas como Cordu pode oferecer uma cozinha tão luxuosa? Somente Aurore ou os chefs da família do administrador poderiam preparar algo assim.

— É tudo sobremesa, — disse Lumian, sentando-se à sua frente.

A mulher assentiu, sua expressão séria pela primeira vez.

— As sobremesas do Intis não são realmente ruins e há muita variedade. Mesmo que eu tome algumas no café da manhã todos os dias, vou levar um mês sem repetir para terminar todas, — disse ela, mordendo o biscoito língua de gato. e fechando os olhos em êxtase. — Esse é um dos propósitos da viagem.

Lumian aproveitou o momento para investigar o passado da mulher. — Você não é de Intis? — ele perguntou.

A mulher sorriu enigmaticamente.

— Sou de Loen, mas dada a situação atual, isso não é importante.

“O que mais Loen tinha a oferecer além de máquinas a vapor, fábricas e um grande exército?” Lumian, sendo um Intisiano, não pôde deixar de se lembrar das palavras zombeteiras que todos usavam para insultar o Reino de Loen: cadeiras reclináveis, molho de menta, peixe frito e batatas e pura cerveja de fruta.

Mas ele rapidamente descartou o pensamento e voltou sua atenção para a tarefa em questão.

— Eu me livrei do monstro com a espingarda.

A mulher tomou um gole de café e acenou com a cabeça em aprovação.

— Nada mal.

Lumian sentiu uma emoção estranha emanando de seus olhos.

Ele não conseguia se livrar da estranha sensação que sentiu em suas interações anteriores. Havia algo nela que ele não conseguia identificar — uma mistura de jocosidade e emoções ocultas que o intrigava.

Implacável, ele prosseguiu com o assunto em questão.

— Obtive um objeto vermelho escuro anormal daquele monstro. Segurá-lo me deixa irritado e cheio de hostilidade.

— Acho que envolve poderes sobrenaturais, mas não me acompanhou até a realidade, — explicou.

A mulher sorriu enigmaticamente.

— Depois de entrar e sair tantas vezes, você não percebe que além de sua própria condição física, você não pode trazer mais nada?

Lumian ficou surpreso. — Você não disse que coisas sobrenaturais estão excluídas… — ele parou, percebendo que estava perdido.

Lumian não conseguia se livrar do desconforto físico que permanecia em seu sonho, junto com as memórias vívidas que se recusavam a desaparecer.

Após consideração cuidadosa, ele fez uma pergunta.

— Você quer dizer que depois de obter poderes sobrenaturais através da bolha carmesim e se transformar em um Beyonder, o estado correspondente que é diferente daquele de uma pessoa normal pode ser trazido à realidade?

— Não é uma causa perdida, — ela respondeu com indiferença, saboreando o suflê de creme.

— Mas a força correspondente não enfraquecerá por causa disso? Lumian pressionou, franzindo a testa. — Os ferimentos que sofri no sonho são muito mais leves na realidade.

— As condições trazidas pelas características de Beyonder não mudarão, — explicou a mulher, encontrando o olhar de Lumian. — É por isso que eu disse que itens extraordinários estão excluídos.

“Características de Beyonder…” Lumian refletiu sobre o termo, tentando juntar as peças do que sua irmã havia lhe contado sobre Beyonders.

“A obtenção de tais características permitiria que alguém se tornasse um Beyonder,” ele supôs.

E com base na explicação da mulher, ele teve um palpite sobre a natureza única do seu sonho.

“Essa ruína é real. Ou talvez já tenha sido real, mas agora está profundamente mergulhado no sonho de algum figurão e foi deixado para apodrecer. E meu sonho é como uma passagem secreta. Uma passagem que só é acessível através dos símbolos no meu peito e leva direto para aquela ruína.”

“Com base na minha teoria, minha casa no sonho é como uma marca deixada por nossa interação. É um reflexo do lugar onde me sinto mais seguro, no fundo do meu subconsciente. É por isso que não se parece em nada com a natureza selvagem ou com as ruínas que a rodeiam. É como se estivéssemos em dois mundos diferentes, eu e os monstros.”

“Mas esses monstros não podem entrar. Eles estão presos nas ruínas reais enquanto minha casa é uma mistura de sonho e realidade. Somente aqueles com símbolos especiais podem passar pela barreira correspondente.”

“Os símbolos só funcionam para mim e registram o estado do meu corpo antes de eu voltar à realidade. Quando eu acordar, as coisas que não envolvem o sobrenatural desaparecerão, mas as implicações permanecerão. Até a morte funcionará da mesma maneira.”

“Portanto, não deveria haver nada assustador esperando por mim em casa no sonho. Mas a origem desses símbolos e a fonte daquela voz aterrorizante simbolizam algo sombrio e horrível…”

Lumian ficou sentado em silêncio, observando a mulher à sua frente devorar seu café da manhã sem pressa. Ela não pareceu se importar.

Lumian finalmente perguntou, recuperando a compostura: — Posso perguntar como devo usar aquela bolha vermelha escura? É a característica de Beyonder que você mencionou?

No momento crítico, ele não pôde deixar de se dirigir a ela respeitosamente.

A mulher largou o café e olhou para ele.

— Eu posso te dar uma fórmula de poção. Basta segui-la.

O presente generoso deixou Lumian inquieto.

— Por que você está me ajudando?

A mulher riu.

— Você acreditaria em mim se eu dissesse que é por causa do destino?

“Não…” Lumian respondeu sem perceber mentalmente.

A anormalidade na aldeia, a pressão da tempestade iminente e o desejo por superpoderes giravam em torno de Lumian, ameaçavam dominá-lo. Ele suprimiu seu desconforto e falou em voz baixa: — Eu aceito.

Oportunidades como essa não apareciam com frequência e Lumian sabia que precisava agir de forma decisiva. Ele não podia se dar ao luxo de hesitar ou ter dúvidas.

O sorriso da mulher se alargou, as emoções obscuras que ele havia detectado em seus olhos anteriormente se intensificaram.

Ela tirou uma pilha de post-its e uma caneta-tinteiro prateada da bolsa e começou a escrever.

Finalmente, ela parou, arrancou a nota de cima e entregou a ele.

Lumian pegou e leu rapidamente.

“Fórmula da poção do Caçador:”

“Ingrediente principal: Uma característica de Beyonder do Caçador;”

“Ingredientes complementares: 80 mililitros de vinho tinto, uma Flor da Castanha Vermelha (pode ser uma amostra ou substituída por 10 gotas da essência correspondente), 5 gramas de pó de Folha de Choupo, 10 gramas de manjericão;”

“Uso: Beba diretamente.”

Satisfeito com a memorização, Lumian dobrou cuidadosamente o bilhete e guardou-o no casaco marrom.

Feito isso, ele perguntou, incapaz de conter sua curiosidade: — O que significa ‘Caçador’?

“Caçador no sentido sobrenatural?”

— A Sequência correspondente, — respondeu a mulher, tomando um gole casual de seu café. — Você não sabe muito sobre misticismo, então deixe-me explicar. Existem 22 caminhos comuns no mundo. Para acessá-los, você deve obter ingredientes com as características de Beyonder correspondentes e preparar poções. Cada caminho tem 10 Sequências, numeradas de 9 a 0. Quanto menor o número, maior o nível e mais forte a habilidade.

— A característica de Beyonder que você obteve pertence ao caminho do Sacerdote Vermelho. Ela só pode ser usada para produzir a poção de Caçador da Sequência 9 correspondente.

Lumian ouviu com atenção e deixou escapar: — Então a que sequência pertence minha irmã Aurore?

— Ela é uma Sequência 7: Bruxa1 do caminho do Eremita, — a mulher respondeu friamente.

Ela não mencionou como ela sabia.

“Aurore já está na Sequência 7? Isso é verdade. Ela já obteve poderes sobrenaturais há vários anos… Só estarei na Sequência 9 depois de consumir a poção. Ainda estou bem longe dela… Só espero não ser um fardo quando escaparmos de Cordu no futuro…” Lumian não pôde deixar de perguntar: — Posso beber poções de Beyonder de Sequência superior diretamente? beber a Sequência 9 hoje e a Sequência 8 amanhã?

— Teoricamente, sim. — A mulher acrescentou depois que Lumian revelou um olhar de alegria: — No entanto, a maioria dos que tentam isso acabam mortos ou como um monstro. Menos de uma em cada dez milhões de pessoas consegue.

— Transformar-se em monstros? — Lumian ficou alarmado.

A mulher riu e disse: — Sua irmã não te avisou sobre os perigos do caminho para a transcendência? Depois de beber a poção, se você não conseguir controlar o poder, você morrerá de um colapso físico ou se transformará em um monstro. Por que você acha que aquele que você encontrou tinha em forma humana?

“Não admira…” Lumian finalmente entendeu de que perigo sua irmã estava falando.

Mas ele estava disposto a enfrentar isso.

— Não há como reduzir esse perigo? — ele perguntou.

A mulher o considerou por um momento antes de responder: — Existe. Você precisa de uma vontade firme, boa condição física e um pouco de sorte. Quanto ao resto, você não precisa saber. Você ainda está tomando a primeira poção. 

— Boa condição física… — Lumian, que planejava voltar para recuperar o sono e beber a poção mais tarde, franziu a testa.

Ele ainda estava gravemente ferido no sonho.

A mulher à sua frente assentiu levemente e disse: — Não tenha pressa. Espere até o anoitecer e seu corpo estará quase totalmente recuperado antes de voltar aos seus sonhos.

— Uh… — A mente de Lumian fervilhava de perguntas. — Então, enquanto meu corpo estiver quase curado na realidade, os ferimentos do meu sonho irão se recuperar completamente?

Era preciso saber que seu corpo, na realidade, estava apenas um pouco dolorido. Era completamente diferente dos ferimentos do sonho!

— Sim. — A mulher confirmou o palpite de Lumian.

Ela continuou: — Há muito o que aprender sobre a poção e os caminhos divinos. Eu lhe direi quando você se tornar um Caçador.

“Os caminhos divinos…” Lumian perguntou perplexo: — Por que não me conta agora?

A mulher riu.

— Se você morrer ou se tornar um monstro, seria uma perda de tempo dizer tanto agora.

— … — Lumian ficou sem palavras.

Lumian se levantou e pediu licença, mas antes de sair perguntou mais uma coisa.

— Você sabe sobre a anomalia na aldeia?


Nota:

[1] em LDM 1 eu traduzi “warlock” como feiticeiro, simplesmente pq no PT-BR não tem muitas variações pra usar… e como o foco não era no caminho do caçador ou outros caminhos… acabou que teve muita sequências não mencionadas que só encontramos na WIKI de LDM, mas em LDM 2 ‘Warlock’ será “bruxo ou bruxa”.

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