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Circle of Inevitability – Capítulo 460

Reação em Cadeia

Na Pedreira do Vale Profundo, no distrito das colinas, o porteiro “adormeceu” mais uma vez, levado por dois membros da Mente Coletiva da Maquinaria.

Vestido com uma túnica branca de padre e um gorro de clérigo, Horamick Haydn olhou para a entrada aberta da mina, seu rosto benevolente e gentil velado pelas sombras.

Depois que a Igreja do Deus do Vapor e da Maquinaria perdeu todas as suas dioceses no Reino de Loen, o antigo Arcebispo de Backlund, um membro do Conselho Divino, retornou à sede em Intis. Nos últimos anos, ele viajou para vários lugares como um bombeiro, lidando com vários incidentes sérios de Beyonder.

Ele entendia melhor do que a maioria dos clérigos da Igreja do Deus do Vapor e da Maquinaria que, apesar da aparência externa de paz, o mundo estava cheio de feridas purulentas. Problemas abundavam, e perigos ocultos espreitavam na escuridão. As Igrejas ortodoxas e as organizações governamentais só podiam se esforçar para manter a estabilidade.

Horamick reuniu seus pensamentos e suspirou silenciosamente. Ele se virou para o diácono da Mente Coletiva da Maquinaria ao lado dele e declarou: — Vamos agir. Deus nos protegerá. Pelo vapor! 

Enquanto falava, ele desenhou um Emblema Sagrado Triangular em seu peito.

O corpulento diácono da Mente Coletiva da Maquinaria emitiu o comando para purificação, e os membros entraram em ação. Alguns levantaram objetos em forma de cano preto como ferro, enquanto outros carregavam armas que lembravam armas de fogo a vapor, desprovidas de mochilas ou cintos de munição dourados. Ainda assim, outros produziram pergaminhos de couro, amuletos feitos de vários metais e alguns anéis pontudos, bengalas e outros objetos para a frente.

Estrondo!

A bola de fogo dourada em miniatura, parecida com o sol, foi a primeira a sair do cano de um canhão, caindo no coração da caverna da pedreira.

Atrás dela, seguiu-se uma cascata de “balas de canhão” coloridas e balas de vários formatos. As ondas leves e dispersas purgaram toda a Pedreira do Vale Profundo repetidamente, mantendo a integridade estrutural da caverna, resultando em apenas um leve colapso.

Após algumas rodadas de purificação, a caverna escondida dentro da pedreira foi aberta, revelando seu interior.

Os olhos de Horamick brilharam com uma luz vermelha escura e desumana. Ele podia discernir claramente que a névoa branca dentro da caverna secreta havia se dissipado quase completamente. Braços e pernas humanos estavam embutidos nas paredes de pedra de ambos os lados.

O arcebispo avançou, liderando dois esquadrões de membros da Mente Coletiva da Maquinaria através da pedreira e para dentro da caverna escondida.

Antes de entrar, ele lançou um olhar para o Claustro do Vale Profundo, próximo, monitorado de perto pelo arcebispo de Trier com Artefatos Selados.

Horamick estudou os braços e pernas humanos presos a engrenagens, virabrequins e outros componentes mecânicos, assemelhando-se a cobaias experimentais.

Sob as ordens do diácono, os membros da Mente Coletiva da Maquinaria iniciaram outra rodada de purificação. Eles persistiram até que os braços, pernas e maquinário se transformassem em cinzas ou fragmentos, permitindo que eles prosseguissem mais para dentro da caverna secreta e descessem o túnel.

Após várias iterações, Horamick e os membros do Mente Coletiva da Maquinaria, com seus cabelos brancos-claros escondidos por gorros de clérigo, chegaram a uma vasta câmara semelhante a um laboratório.

Aqui, braços humanos entrelaçados com máquinas, seguindo trilhos do teto, agarrando-se perpetuamente a armários, pias, mesas longas e caixas de ferro, movendo-os em direção ao fogo ardente na parte mais profunda do salão.

Alguns cadáveres humanos estavam empilhados na câmara, e uma figura humanoide feita inteiramente de máquinas estava entre eles.

Este ser mecânico estava a uma altura imponente de mais de três metros. Um de seus olhos cibernéticos parecia uma esmeralda, enquanto o outro parecia um rubi, suportado por vários componentes. Suas têmporas estavam envoltas em um material especial transparente, revelando o cérebro branco-acinzentado se contorcendo dentro.

O gigante mecânico lançou um olhar para Horamick e os outros, que estavam espalhados na entrada da câmara, e soltou uma risada metálica.

— Surpreso, não é? Eu não preciso de vapor para me energizar ou de um corpo humano para me controlar. Eu posso executar qualquer tarefa como uma pessoa normal, incluindo combate. Infelizmente, minha Sequência não é alta o suficiente para substituir o cérebro humano.

— Vendo isso, vocês não têm razão para duvidar, certo? Nós somos os filhos escolhidos de Deus. Nós seguimos os verdadeiros ensinamentos de Deus, enquanto seus espíritos e carne foram contaminados pelos prazeres e indulgências do mundo mortal, fazendo com que vocês abandonem o trono de Deus!

Horamick examinou os arredores e notou que os membros da Mente Coletiva da Maquinaria presentes permaneciam extraordinariamente vigilantes e resolutos. Ele assentiu em aprovação.

Voltando sua atenção para o gigante mecânico, sua expressão benevolente permaneceu imperturbável.

— Você usou uma joia da espiritualidade, não é?

— Usar humanos para refinar joias espirituais é ainda mais cruel e dispendioso do que usar vapor para movê-las.

— Claude, pensei que você estivesse momentaneamente perdido e gradualmente retornaria aos seus sentidos dentro do Claustro do Vale Profundo. Não imaginei que você se tornaria um herege!

— Herege? — O gigante mecânico riu. — Vocês são os hereges! Quando foi a última vez que algum de vocês recebeu uma revelação?

— O tempo todo — Horamick respondeu com compostura. — Claude, me diga, onde fica o Albergue? Você está em conluio com aqueles deuses malignos para encontrar a Trier da Quarta Época?

Em sua forma mecânica gigante, os olhos de Claude emitiam luzes vermelhas e verdes enquanto ele falava com solenidade:

— Você se desviou dos ensinamentos de Deus. Você não possui mais o espírito de sacrifício.

— O futuro deste mundo e a chance de uma divindade ascender ao pináculo estão dentro da Trier da Quarta Época. Quanto mais cedo a desbloquearmos, maior será nossa esperança!

Sem esperar pela resposta de Horamick, o gigante mecânico declarou friamente: — Eu mostrarei a vocês quem são os hereges e quem são os verdadeiros seguidores de Deus!

Assim que Claude terminou de falar, a luz em seus olhos cibernéticos brilhou, e a câmara inteira tremeu. Os sons de máquinas em operação ressoaram com uma aura enigmática.

Em um instante, os membros da Mente Coletiva da Maquinaria, que estavam prestes a liberar seu poder de fogo, testemunharam pinturas projetadas retratando a evolução dos humanos emergindo da obscuridade, avançando passo a passo e construindo civilizações em vários estágios.

Essas pinturas eram etéreas, pesadas, delicadas e magníficas. Horamick e seus companheiros pareciam se transformar nas pessoas dentro das pinturas, vivenciando a gravidade e o esplendor da civilização.

Naquele momento, um rosto apareceu “fora da pintura”.

Esta pessoa usava uma coroa imponente, com suas narinas decaídas a ponto de restarem apenas dois buracos negros. Seus olhos estavam cheios de incontáveis ​​mapas estelares sobrepostos, e eles olhavam avidamente para Horamick e os outros, assim como para sua civilização.

Silenciosamente, mais rostos pressionaram contra a superfície da pintura. Alguns tinham suas cabeças bissecionadas por uma régua, enquanto outros estavam adornados com papel amarelo coberto de símbolos estranhos. Alguns estavam cobertos de espigas de trigo e arroz, enquanto outros mal assumiam formas humanas, seus corpos adornados com vários símbolos.

Esses rostos eram maiores do que Horamick e seus companheiros juntos. Eles olhavam fixamente para a cena através da pintura.

Os membros da Mente Coletiva da Maquinaria que contemplaram esses rostos sentiram um medo profundo nas profundezas de seus corações, como se toda a sua civilização fosse destruída.

Quando estavam prestes a perder o controle, os rostos desapareceram misteriosamente, assim como haviam aparecido.

A cena diante dos olhos de Horamick voltou ao seu estado normal. O gigante mecânico Claude e a câmara operando freneticamente reentraram em seu campo de visão.

O arcebispo permaneceu imperturbável, embora sua voz ressoasse com raiva.

— Hereges!

Enquanto sua voz reverberava, ele flexionou o pulso esquerdo com a mão direita, revelando um tubo de metal preto, frio e pesado.

O som de engrenagens clicando encheu a câmara, iluminando-a tão intensamente quanto a luz do dia.

Os membros do Mente Coletiva da Maquinaria lançaram seus ataques em sucessão.

Estrondo!

A Pedreira do Vale Profundo sofreu um tremor distinto, como se um terremoto breve e violento tivesse ocorrido.

Em Trier, no subsolo, do lado de fora da porta de pedra pela qual os Carbonari desapareceram, bolas de fogo vermelhas pairavam no ar, lançando um brilho quente no túnel escuro.

Blazing Danitz, vestido com uma camisa de linho, uma jaqueta marrom, calças escuras e botas de couro pretas, tinha uma mão no bolso enquanto fixava o olhar na porta de pedra próxima.

Seus cabelos e sobrancelhas laranjas emolduravam seu rosto, e ele casualmente segurava uma erva na boca, observando os arredores com seus olhos azul-escuros, porém brilhantes.

Quase 20 homens, todos vestidos como marinheiros, silenciosamente se espalharam nas proximidades. Alguns giravam punhais, outros limpavam os canos de seus revólveres e alguns esticavam seus pescoços em antecipação.

Um marinheiro sorridente e de cabelos castanhos finalmente quebrou o silêncio e questionou Blazing Danitz: — Capitão, por que estamos ajudando o governo de Intis a perseguir os Carbonari? E por que estamos fazendo isso de graça?

Danitz olhou para ele, cuspiu a erva da boca e murmurou baixinho: — Malditos idiotas, vocês querem ver Trier em ruínas? Vocês, rapazes, ainda não são intisianos?

Enquanto falava, ele balançou o punho em direção à porta de pedra.

“Esse grupo de idiotas não sabe que seu capitão é dono de inúmeras propriedades em Trier?”

Sobre a superfície do punho cerrado de Danitz, chamas brancas ardentes se reuniram enquanto ele avançava. Eventualmente, elas se fundiram em uma bola de fogo emitindo uma aura destrutiva.

Estrondo!

O chão tremeu e a porta de pedra quebrou.

Jenna desceu graciosamente na escuridão aparentemente infinita, ocasionalmente roçando no cascalho, mas escapando de danos físicos.

Depois do que pareceu uma eternidade de descida, seus pés finalmente tocaram chão firme.

Seus lindos olhos azuis refletiam um edifício.

Era uma casa bege ligeiramente torta. Os três andares inferiores tinham as marcas arquitetônicas da era de Roselle, com paredes de pilares, arcos e grandes janelas. Os dois andares superiores, em forte contraste, pareciam grosseiramente acrescentados como uma reflexão tardia.

“Isto é…” Jenna ficou visivelmente surpresa.

Ela reconhecia muito bem o prédio à sua frente.

Era o Auberge du Coq Doré!

Naquele momento, a luz fluía de vários cômodos dentro do Auberge du Coq Doré. Jenna avistou um homem e uma mulher, parados na sacada do terceiro andar, envoltos no abraço um do outro.

O homem usava óculos de armação preta, seu cabelo castanho bem penteado acrescentava à sua aparência refinada. Quanto à mulher, ela usava um vestido azul-lago, seu rosto rechonchudo e olhos castanhos etéreos criando uma curiosa justaposição.

Thud, thud. O coração de Jenna disparou.

Ela nunca conheceu a mulher, mas conhecia o homem.

Era o dramaturgo desaparecido, Gabriel!

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