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Circle of Inevitability – Capítulo 510

Primeiro dia no mar

Em meio à fumaça ondulante, o Pássaro Voador cortou o Mar da Névoa, indo para o oeste em direção à colônia Intis no Arquipélago do Mar da Névoa. Eram as mesmas ilhas do ditado, “nunca confie em um ilhéu”. De lá, ele viajaria para o sul até Porto Santa, a noroeste do Reino Feynapotter.

Embora o Mar da Névoa fosse famoso por sua névoa pesada, as áreas costeiras foram menos afetadas. Lumian passou as próximas três horas sob o sol brilhante, imerso em um livro — um livro didático introdutório para a língua escocesa do Reino Feynapotter. Enquanto ele tinha Lugano, seu tradutor e guia, Lumian não queria depender completamente dele para informações e comunicação. Se algo acontecesse com Lugano, ou se ele manipulasse deliberadamente as traduções, Lumian ficaria vulnerável.

Dominar algumas frases básicas em escocês antes de chegar a Porto Santa permitiria a Lumian verificar a precisão das traduções e lhe daria alguma independência.

Normalmente, aprender escocês em menos de dez dias era quase impossível para Beyonders que não fossem do caminho do Leitor. No entanto, Lumian tinha uma vantagem significativa: seu conhecimento do antigo Feysac, a língua original da qual escocês evoluiu. As duas línguas compartilhavam muitas semelhanças na estrutura das frases, significado, gramática e estrutura das palavras, permitindo que Lumian aprendesse escocês muito mais rápido.

— Quando o jantar pode ser entregue? — Ludwig andava inquieto de um lado para o outro em frente à poltrona de Lumian, frustrado porque o atendente exclusivo ainda não tinha chegado com o jantar, apesar do céu escurecer.

Lumian fechou seu livro enquanto o sol mergulhava no horizonte, projetando longas sombras iluminadas pela lamparina de querosene. Com uma risada, ele disse: — Culpe-se por pedir tanto. Eles precisam de tempo para cozinhar tudo. Felizmente, a cabine de primeira classe tem uma cozinha independente, caso contrário, eles ficariam sobrecarregados…

Antes que ele pudesse terminar, a campainha tocou.

Enquanto os sinos ecoavam, Lugano abriu a grossa porta vermelha e encontrou o jovem atendente empurrando um carrinho de jantar para dentro da sala, cuja superfície estava coberta por um grosso tapete marrom-amarelado.

Sob o olhar ansioso de Ludwig, o atendente calmamente estendeu a toalha de mesa e os utensílios.

— Esta é uma iguaria local, o arenque Gati. Envolve marinar filés de arenque macios defumados, cebolas e fatias de cenoura em azeite de oliva, tomilho, folhas de louro e outros temperos por 24 a 48 horas. É perfeito com salada de batata morna.

— E essas são batatas fritas. Na Província Costeira Superior, há um ditado: sem batatas fritas, não há céu…

— Também tem pão com creme de passas…

— Estas são ostras e mariscos frescos…

— Este é o burrito de peru, presunto e cogumelo de Faust. Este é o waffle de baunilha com carne moída de pato e açúcar mascavo grosso do Umu…

— Este é um queijo laranja tradicional… e também tem um queijo cinza pungente. Gostaria de experimentar?

— Esta é a sidra de maçã preferida da Província Costeira Superior…

Lumian ouviu com interesse genuíno enquanto o atendente descrevia cada prato. Ele notou que, apesar da impaciência, Ludwig não atacou sua comida imediatamente. Em vez disso, esperou pacientemente até que o atendente terminasse antes de provar o pão pré-refeição e saborear o arenque em conserva.

“Algo despertou nele?” Lumian olhou para a criança em confusão.

— Nada mal — Ludwig comentou com ar profissional. — O sabor defumado é perfeito. Combina perfeitamente com a fragrância e o tempero…

Apesar dos elogios, Lumian não conseguiu deixar de achar cômica toda a cena do rosto gordinho e jovem de Ludwig e seu comportamento sério.

Porto Gati, por estar perto do mar, ostentava excelentes frutos do mar. As ostras e outros mariscos não eram apenas mais saborosos do que a maioria dos restaurantes em Trier, mas também consideravelmente mais baratos. Lumian tomou um gole de sua sidra de maçã fermentada, apreciando os sabores locais únicos.

Com o apetite impressionante de Ludwig, o jantar para oito pessoas logo terminou, deixando apenas pratos limpos e ossos para trás.

Lumian e Lugano, apesar de não serem pequenos comedores, se viram ofuscados pelo consumo de Ludwig, apesar de comerem duas porções cada. Isso foi especialmente impressionante considerando que ele já havia devorado o chá da tarde e a sobremesa mais cedo.

“Não vejo você indo ao banheiro com frequência… Para onde vai toda a comida? Você tem um estômago sem fundo?” Lumian refletiu, avaliando Ludwig. Ele se levantou e se virou para Lugano.

— Estou com vontade de beber alguma coisa. Quer se juntar a mim no bar do navio?

— Não consegui dormir ontem à noite. Planejei ir dormir cedo hoje. — Lugano não conseguia entender a energia ilimitada de seu empregador. Apesar de uma noite sem dormir e um dia inteiro de viagem, Lumian estava agitado, pronto para ir ao bar.

“Poderia ser porque sua sequência é maior?”

“O garoto com um apetite estranho também parece bem animado…”

Lumian não insistiu. Depois de deixar um lanche de fim de noite para Ludwig, ele trocou para uma jaqueta marrom escura simples e saiu do quarto, indo para o bar da primeira classe.

O bar exalava elegância, preenchido com as melodias suaves de uma pequena banda. Poucos clientes se espalhavam por ali, absorvendo a atmosfera tranquila.

Lumian examinou a cena por um momento da entrada, então balançou a cabeça e saiu.

Ele desceu as escadas até o convés e entrou no bar que atendia as cabines de terceira classe e a tripulação regular.

Um caos de barulho — gritos, aplausos, palmas e cantos aleatórios — saturava o ar, ecoando ao redor de Lumian.

Ele imediatamente sentiu uma sensação de retorno ao lar. Uma onda de facilidade o invadiu, e cada célula do seu corpo se acelerou um pouco.

“É mais ou menos isso…” Um frequentador experiente do Antigo Bar desde jovem, Lumian cambaleou um pouco enquanto se aproximava do balcão do bar.

— Uma taça de La Fée Verte. — Ele bateu na superfície de madeira.

O barman, um jovem com feições de Feynapotter, cumprimentou Lumian. Seu rosto era magro, adornado com cabelos pretos, olhos e contornos distintos. Sua pele levemente amarelada destacava suas atraentes feições faciais.

— Tudo bem, 10 licks — respondeu o barman em intisiano, com seu sotaque estrangeiro aparente.

“Os preços do navio superam até mesmo os de Trier…” Enquanto Lumian contava as moedas, ele notou que o barman desviou sua atenção e se envolveu com sinceridade e entusiasmo.

— Madame, o que você gostaria de beber?

— Uma taça de vinho de cereja — respondeu uma mulher com um vestido amarelo grosso, exibindo um rosto bonito e olhos verde-claros.

— Tudo bem! — O barman, sem esperar pagamento adiantado, preparou-se para servir a moça.

— Eu cheguei aqui primeiro — Lumian lembrou ao barman com um sorriso.

Sem hesitar, o barman respondeu: — Esta é uma mulher tão linda e deslumbrante. Meu coração me diz para servi-la primeiro.

“Ah, ele é mesmo de Feynapotter…” Lumian não ficou chateado. Em vez disso, parecia que estava assistindo a um ato de circo.

Os feynapotterianos, com sua natureza romântica e busca incansável por amor, depositavam sua fé na Mãe Terra, enfatizando a importância das mulheres. Os homens neste reino elogiavam qualquer mulher que encontrassem, perseguindo abertamente aquelas que eles gostavam.

Aurore mencionou uma vez que os homens de Feynapotter eram mestres do romance. Apesar de sua breguisse e sinceridade aberta, eles não pareciam cafonas; em vez disso, exalavam um tipo diferente de elegância.

Em comparação, os românticos intisianos pareciam carentes.

No entanto, influenciados pela tradição e pela fé, a maioria dos feynapotterianos dava grande importância à família, à reprodução e às crianças, preferindo vidas familiares estabelecidas. A menos que entrassem em casamento sem coerção, eles eram semelhantes aos conservadores loeneses, achando desafiador aceitar casos extraconjugais.

Embora existam exceções, mesmo no mais conservador Reino de Loen, a prevalência do adultério não era tão exagerada ou comum quanto em Intis. Muitos acreditavam que o amor não necessariamente prosperava dentro dos limites do casamento.

Depois que a moça pagou a conta e saiu com o vinho de cereja, o barman serviu Lumian La Fée Verte, decorando-o com uma folha de hortelã.

Ele comentou sem um pingo de culpa: — Minha avó sempre disse para dar um tratamento especial a cada mulher, especialmente às bonitas.

— Entendi. — Lumian voltou ao seu papel de frequentador regular do Antigo Bar. Bebendo seu absinto, ele inventou uma história. — Uma vez tive várias companheiras lindas, ainda mais deslumbrantes do que a última dama. Infelizmente, sendo apenas uma pessoa, não pude me casar com todas elas simultaneamente…

O barman de repente sentiu uma camaradagem.

— Eu frequentemente sinto os mesmos arrependimentos. Há muitas mulheres bonitas neste mundo, e eu sou apenas uma pessoa.

— Qual o seu nome?

— Louis, me chame de Louis. — Lumian forneceu seu pseudônimo.

Sua identidade atual era Louis Berry.

— Eu sou Francesco — o barman compartilhou com Lumian.

O cenário familiar, a ostentação habitual e o ambiente vibrante deixaram Lumian um pouco tonto, apesar de não ter bebido muito.

Se não fosse pela catástrofe do misticismo, se Aurore ainda estivesse viva, se ele já tivesse entrado na universidade sem outras preocupações, não seria legal relaxar em um bar?

Viajantes do mar não conseguiam deixar de falar sobre piratas. O barman Francesco informou a Lumian: — Com o uso generalizado da tecnologia de navios de guerra blindados em navios mercantes, ficou difícil para os piratas. Seus veleiros não conseguem se igualar a esses monstros de casco de ferro navegando a 16 a 17 nós. Eles não conseguem saqueá-los, mesmo que tentem!

Abaixando a voz, Francesco continuou, — A estratégia dos piratas agora é enviar indivíduos disfarçados de passageiros para embarcar em navios de diferentes portos. Quando eles atingem uma área designada no mar, criam um caos interno, ganhando o controle inicial e permitindo que um navio pirata próximo se aproxime.

— É mesmo? — Lumian perguntou com interesse. — Alguém tem algum palpite sobre quem pode ser um pirata disfarçado neste navio?

Francesco ficou surpreso.

— É só o primeiro dia. Como posso saber?

Lumian sorriu, provocando: — Já passou por algo assim antes?

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