Lumian ignorou o silêncio atordoado que se seguiu à sua pergunta. Um sorriso irônico brincou em seus lábios enquanto ele se dirigia ao grupo,
— Então, onde um sujeito pode encontrar algumas bugigangas místicas por aqui?”
Ao ouvir essa pergunta, Batna Comté não conseguiu evitar levantar a mão direita e terminar seu Golden Somme restante.
“De onde veio esse punk?”
“Como ele pôde fazer uma pergunta dessas em público?”
“Mesmo que ninguém o denunciasse, eles só o veriam como um tolo!”
Por um momento, Batna se arrependeu de ter aceitado o convite de Louis Berry. Esse sujeito mancharia sua reputação por associação.
Percebendo as expressões estranhas ao redor do bar, Lumian deu de ombros indiferente. Ele guardou seu revólver e anunciou:
— Então parece que vocês são pessoas comuns.
Com isso, ele saltou da plataforma de madeira, navegando pela multidão assustada de volta ao balcão.
Os dois bêbados que ele expulsou, junto com os outros que ficaram assustados com ele, mediram sua força e armas, optando por não retaliar.
De volta ao seu banco, Lumian pediu um Lanti Proof com um sorriso para Batna.
— Porto Farim é certamente mais aberto que Trier.
Batna estudou Louis Berry com uma expressão de “você está falando sério?”, forçando um sorriso.
— Devemos seguir a carreira de Gehrman Sparrow, não suas ações.
“Esse sujeito é tão obcecado por Gehrman Sparrow que imita seu comportamento frio e imprudente?”
“Gehrman Sparrow, pelo menos, teve força para sustentar sua loucura. E você?”
“Além disso, Gehrman Sparrow exala uma loucura fria e indiferente, enquanto você é imprudente, tolo e sem cérebro. Como os dois podem ser iguais?”
Lumian ignorou a provocação de Batna e mudou a conversa para o recente aumento da atividade pirata no Mar da Névoa.
Após terminar seu Lanti Proof, ele se despediu de Batna e saiu. Caminhando pelo movimentado mercado ao ar livre, ele seguiu em direção ao porto.
Assim que Lumian retornou à praça coberta de anúncios, um choque repentino o fez girar.
Um habitante da ilha, usando uma cartola e uma jaqueta preta empoeirada, aproximou-se hesitante, com um sorriso forçado estampado no rosto.
— Eu vi você no bar mais cedo.
— Vamos direto ao ponto — Lumian insistiu impacientemente.
O ilhéu, com sua pele marrom-escura esticada sobre um rosto magro, inclinou-se e baixou a voz.
— Procurando por itens místicos, não é? Eu conheço o lugar certo.
— Sério? — Lumian perguntou incrédulo.
— Não posso prometer nada, mas vale a pena tentar. Só não compre nada se não for adequado. — O olhar do ilhéu foi para a axila esquerda de Lumian. — Além disso, você está armado e é perigoso. Não é exatamente um alvo fácil para roubo, certo?
— É verdade. — Lumian contemplou isso por um momento, então deu um aceno lento. — Qual é seu nome?
— Carmel. — O ilhéu gesticulou em direção a uma rua estreita que se ramificava da praça. — Siga-me. É perto.
Lumian seguiu Carmel despreocupadamente, seu caminho cruzando duas ruas antes de chegarem a um distrito que lembrava assustadoramente a Rue Anarchie.
Prédios em ruínas se amontoavam, novas construções disputavam espaço no meio da estrada estreita.
Carmel levou Lumian para dentro de uma lavanderia mal iluminada, seu interior coberto de roupas úmidas. Eles navegaram pelo labirinto de roupas penduradas, chegando finalmente bem no fundo do quarto escuro.
Havia uma porta ali.
— Disfarce-se primeiro — Carmel instruiu, recuperando duas vestes pretas com capuz de um gancho próximo. — Aqueles que se envolvem com essas coisas preferem manter suas identidades em segredo.
Lumian vestiu o robe, puxando o capuz para baixo sobre o rosto. Carmel então bateu na porta em um ritmo específico.
Ela se abriu com um rangido, revelando uma sala de estar improvisada, mobiliada com um sofá velho, poltronas puídas e uma variedade de móveis descombinados.
Seis pessoas, vestidas com vestes idênticas, estavam sentadas em várias posições, com os rostos obscurecidos pelas sombras.
Lumian educadamente fechou a porta atrás de si enquanto Carmel fazia uma breve apresentação.
Depois que os dois puxaram um banquinho e se sentaram, um homem com o capuz abaixado se inclinou para frente e sussurrou:
— Preciso de um cristal de veneno de água-viva real. Posso oferecer 5.000 verl d’or.
Silêncio.
O próximo participante vendeu um globo ocular da estranha águia marinha que ele havia adquirido.
Vendo que a discussão estava no ponto, Lumian se levantou e observou a reunião.
— Preciso de um cérebro de Esfinge. Diga seu preço.
O homem que procurava o cristal de veneno da Medusa Coroa controlou cuidadosamente a voz enquanto ele respondia: — Acontece que eu tenho um. Se você me pagar 30.000 verl d’or, ele é seu.
— Como posso ter certeza da autenticidade? — Lumian perguntou diretamente.
O vendedor de globos oculares da Estranha Águia Marinha interrompeu com uma voz rouca: — Posso autenticar para você.
— Excelente. Deixe-me dar uma olhada nas mercadorias primeiro — Lumian sorriu, aproximando-se do vendedor.
O homem respondeu calmamente: — Um item místico tão valioso, você não esperaria que eu o carregasse por aí, esperaria?
— Só trarei para você se você pagar um depósito de 50% primeiro. Está lá em cima. Você pode me seguir e garantir que eu não escape. Você pode até mesmo colocar o depósito com o Notário para guarda segura.
— Muito razoável. — Assim que Lumian terminou de falar, ele de repente investiu contra o comerciante com a velocidade de uma chita, um gancho de direita atravessando o ar.
Estrondo!
O homem caiu no chão, seus dentes voando em um jato de sangue.
Os outros participantes, incluindo o Notário e Carmel, ficaram momentaneamente atordoados antes de correrem para a porta.
Nenhum deles desafiou o ataque de Lumian, nem tentou usar seus poderes. O único foco deles era escapar.
Carmel, o mais próximo da saída, abriu a porta e saiu correndo.
Num instante, sua visão ficou turva, e ele se viu de volta à simples sala de estar, ao lado de outros dois que haviam sofrido o mesmo destino.
Todos pareciam perplexos, como se estivessem testemunhando um conto popular ganhando vida.
Estrondo!
Uma bala amarela atingiu a porta de saída.
As pessoas encapuzadas se abaixaram, cobrindo suas cabeças com movimentos treinados.
Lumian se virou, puxou o capuz do comerciante e pressionou o cano do revólver contra sua testa.
— Não é um golpe ruim — disse Lumian com um sorriso.
Ele havia orquestrado uma conspiração improvisada, chamando a atenção com um tiro no bar e expressando publicamente sua necessidade por um item místico. Isso permitiu que ele identificasse quaisquer piratas gananciosos ou vigaristas locais que pudessem possuir conhecimento além do alcance de cidadãos comuns, incluindo informações do mercado negro.
Era também uma forma de digerir a poção.
O vendedor era um típico ilhéu, com pele morena-escura, rosto comprido, feições gentis e olhos âmbar escuros.
— Eu não estava mentindo para você! — ele insistiu ansioso e irritado.
— Sério? — Lumian engatilhou o cão do revólver.
Antes de fechar a porta, Lumian criou uma Garrafa de Ficção, estabelecendo uma condição de que somente Beyonders poderiam entrar.
Nenhum dos participantes conseguiu “escapar” com sucesso, o que confirmou a ausência de Beyonders.
“Se você não é um Beyonder, por que mencionar o ingrediente principal da poção Conspirador? Só por diversão?
O vendedor tremeu e gaguejou: — E-eu sinto muito. Nós só queríamos roubar algum dinheiro. Nós-nós não sobreviveríamos de outra forma!
Lumian não estava interessado nos motivos deles. Ele olhou para os cúmplices perfeitamente alinhados e deu um tapinha na testa do comerciante com o cano da arma.
— Qual o seu nome?
— Roddy — respondeu o vendedor, engolindo em seco.
Outro tapinha na testa.
— Onde você ouviu falar sobre o cérebro da Esfinge, o cristal de veneno da Medusa Coroa e o Notário?
Essas informações eram inacessíveis às pessoas comuns.
— E-eu não sei dizer. — Uma camada de suor frio apareceu na testa de Roddy.
“Acordo de confidencialidade ou outras restrições?” Lumian estudou Roddy por alguns segundos e sorriu.
— Então me diga quem é seu mestre.
Roddy congelou, seus olhos se arregalaram de medo.
Ele não esperava que a outra parte tivesse tanta certeza de que ele tinha um mestre, que ele era servo de outra pessoa.
— Três, dois… — Lumian começou a contagem regressiva.
— É Sr. Morgalla — Roddy deixou escapar.
— Então me leve ele — Lumian pediu calmamente.
A transpiração de Roddy se intensificou.
— Não, não, sou o assistente do Monsieur Fidel.
— Ele é o vice-presidente da Câmara de Comércio Conjunta de Porto Farim.
“Participou de inúmeras reuniões de misticismo organizadas por Fidel como um assistente? Embora ele não possa divulgar as informações correspondentes a outros, ele pode usar as informações que obteve para enganar aventureiros?” Lumian se levantou pensativamente, desfez a Garrafa de Ficção e levou Carmel e seus cúmplices vigaristas para fora. Ele os interrogou um por um e confirmou que Roddy era de fato o assistente de Fidel Guerra.
Uma das principais tarefas do vice-presidente da Câmara de Comércio Conjunta de Porto Farim era ajudar os piratas a lidar com cargas sensíveis e ilegais.
…
Porto Farim, Quartier des Black Pearls, Gabinete do Governador-Geral, Rue Coreas, n°16.
Lumian deu um tapinha em Roddy, agora vestido com seu traje vermelho de assistente com enfeites dourados e calças brancas impecáveis. Um sorriso brincou nos lábios de Lumian enquanto ele falava.
— Diga ao Monsieur Fidel que estou interessado em comprar alguns ingredientes místicos e gostaria de ter a oportunidade de discutir o assunto mais detalhadamente.
— Tudo bem. — Roddy ansiava por fazer um único apelo: — Se você pudesse gentilmente remover o revólver das minhas costas, eu ficaria eternamente grato.
Encostado na parede desgastada de uma casa próxima, Lumian observou o vigarista entrar nervosamente no n°16, o prédio de quatro andares com telhado cinza e adornado com inúmeras estátuas.
No momento em que Roddy entrou, escapando da mira direta do revólver, seu primeiro instinto foi enterrar todo o incidente e esquecer que ele havia acontecido.
Mas então se lembrou do aviso assustador dado pelo homem que atirou sem hesitação: um silêncio de dez minutos de Fidel, e as verdadeiras cores de Roddy como vigarista seriam pintadas em alto e bom som do outro lado da rua.
“Devo mentir e dizer que Monsieur Fidel não está disponível? Mas ele não parece ser facilmente enganado. Uma reação drástica poderia ser pior…” Roddy, preso em um dilema, cerrou os dentes e bateu na porta do escritório.
Fidel Guerra, um homem descendente de sangue de Intis e Feynapotter, possuía cabelos pretos cacheados que começavam a mostrar sinais de idade, olhos castanhos escuros e pele escurecida pelo sol. Embora outrora conhecido por seu comportamento refinado, o tempo havia gravado sua marca em seu rosto, deixando para trás uma juba de cabelos brancos manchados e rugas proeminentes.
Vestido com uma camisa branca impecável e um colete marrom, ele sorveu seu vinho silenciosamente enquanto Roddy, tremendo de medo, gaguejava sua confissão. Ele falou de suas más intenções, de sua tentativa de enganar o novo aventureiro.
Assim que Roddy mencionou Lumian pulando na plataforma de madeira, disparando um tiro para chamar a atenção e perguntando corajosamente sobre a obtenção de um item místico, o comerciante suspirou e interrompeu seu atendente perturbado.
— Não há necessidade de explicar mais. Ele quer me ver agora?