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Circle of Inevitability – Capítulo 518

Confiança do comerciante

Rua Coreas, n°16

Girando a aba do seu chapéu de palha dourado, Lumian parou do lado de fora da porta do escritório e encontrou o olhar de Fidel Guerra do outro lado da mesa. O sorriso de Lumian era tudo menos amigável.

— Tomou uma decisão, não é? Mais rápido do que eu esperava.

Fidel Guerra, com suas feições parcialmente feynapotterianas, virou-se para Roddy e soltou um suspiro suave.

— Não esperava que meu assistente fosse o líder de um sindicato de golpistas.

— Talvez os salários que ele recebe de você não sejam condizentes com o estilo de vida que ele vê no dia a dia — Lumian retrucou habitualmente.

Fidel ignorou o golpe. Ele estudou Lumian, olhos semicerrados.

— Então aquele ato no bar foi só para enfeitar? Para enganar tolos como ele? 

— Digamos que sou grato pela doação de mil verl d’or deles. Parece que Porto Farim tem um futuro brilhante para vigaristas. — Nenhuma vergonha em sua bandidagem, nem um lampejo.

Roddy sentiu uma onda de arrependimento corroer seu interior.

Fidel assentiu e perguntou: — O que tem na sua lista de compras?

Lumian, fingindo indiferença, respondeu: — Estou procurando um frasco de veneno de Lagarto Barbudo de Chifres Coloridos.

“Não é o cérebro da Esfinge?” Roddy, que estava ouvindo, ficou surpreso.

Por um momento, ele não conseguiu deixar de se perguntar se ele era o vigarista ou o homem à sua frente.

Vestido com uma camisa branca e colete marrom, Fidel pensou por um momento antes de oferecer: — Não tenho em estoque, mas posso obtê-lo para você. Pode levar de dois a três dias. Quanto ao preço, ele varia, geralmente entre 3.000 a 4.000 verl d’or, dependendo do vendedor. Precisa da minha ajuda para adquiri-lo?

— Sem problemas. — Lumian, com os braços ligeiramente abertos, respondeu: — Louvado seja o Sol. Você é uma joia.

Fidel, desconfiando de escárnio, franziu a testa ligeiramente.

Ele manteve a compostura, afirmando: — Não sou caridoso; sou um homem de negócios. Por que não fazer um acordo lucrativo? Além disso, acho benéfico formar conexões com aventureiros como você. Com dinheiro e recursos, certos assuntos são mais fáceis para você lidar.

Fidel, sorrindo, questionou: — Você não está preocupado com produtos falsificados? Como você confirma a autenticidade na hora?

Lumian, com um sorriso de aprovação, gracejou: — Eu sei que você mora aqui. Isso é garantia suficiente. O famoso comerciante Fidel? Baleado seis vezes seguidas por enganar alguém em um acordo que valia alguns milhares de verl d’or. Não é o tipo de reputação que você chamaria de notícia respeitável.

Ele deixou a questão da confirmação da autenticidade do veneno do lagarto barbudo de chifres coloridos sem resposta.

Fidel manteve seu olhar impassível em Lumian antes que um sorriso irônico cruzasse seu rosto.

— Não me lembro da última vez que alguém ousou me ameaçar assim.

— Interessado em saber qual foi o destino daqueles que o fizeram?

— Curioso para saber se tenho coragem de fazer um movimento agora? — O olhar de Lumian estreitou-se um pouco. Seu sorriso permaneceu, mas gelou a sala em um instante.

Ele encontrou o olhar de Fidel sem hesitação.

Depois de um tempo, Fidel suspirou sem raiva e comentou: — Sua abordagem me lembra alguém: o lendário aventureiro Gehrman Sparrow.

— Sim, estou imitando-o — Lumian admitiu francamente.

Fidel riu.

— Imitando a loucura dele, então? Então, por baixo do ato, você é um indivíduo calmo, racional e astuto?

Lumian balançou a cabeça, sorrindo, e respondeu: — Não. Se eu não o imitasse, ficaria ainda mais louco.

A atmosfera no estudo ficou tensa mais uma vez.

Fidel, pegando e tomando chá preto perfumado de uma xícara de porcelana de osso, reconheceu: — Você é um jovem encrenqueiro. Seu vigor deixa até um velho como eu com um pouco de inveja.

— Que tal aceitar uma comissão? Pode render uma boa quantia e lhe render fama no mar, semelhante a Gehrman Sparrow.

Lumian, ajeitando seu chapéu de palha dourada, perguntou: — Qual é o trabalho?

— Elimine um pirata, Baronete Black, Class Khizi, capitão dos Nepos Dourados. A recompensa é de 65.000 verl d’or — Fidel declarou calmamente. — Ele costumava ser o terceiro imediato do Rei do Crepúsculo, Bulatov. Deixou a frota e começou a saquear por conta própria. Quatro meses atrás, ele roubou um lote dos meus produtos na Ilha do Santo Tick. Provavelmente já foi vendido. Não espero recuperá-lo. Só o quero morto. Que todos saibam que qualquer um que tocar nos meus produtos encontrará seu fim.

Lumian, provocando, perguntou: — E se foi o Rei do Crepúsculo quem fez isso?

Fidel ficou em silêncio.

Após uma breve pausa, Fidel ignorou a pergunta de Lumian e continuou: — Eu lhe darei atualizações regulares sobre Khizi… suas características, força, localização do navio e paradeiro em terra. Como bônus, darei 25.000 verl d’or extras como recompensa.

— Se você conseguir derrubar Khizi, eu agilizarei o processo para garantir a recompensa completa por meio das minhas conexões e ajudarei a espalhar sua reputação. Tudo o que Khizi possui será seu.

— Então, o que você diz? Elimine Khizi e você se tornará um dos aventureiros mais renomados do mar.

“25.000 em recompensas adicionais e suporte de informação…” Lumian pensou por um momento e perguntou com um sorriso: — Para quantos aventureiros você propôs isso?

— Sete ou oito, todos os quais tenho em alta consideração — Fidel respondeu candidamente. — Não há penalidade para o fracasso, contanto que você sobreviva.

Interiormente, Lumian refletiu: “Então, não importa se eu aceito a missão ou não?” Ele assentiu.

— Caçar piratas é o dever de todo aventureiro.

Com um acordo verbal estabelecido, Fidel abriu uma gaveta e tirou um envelope de papel pardo, que jogou para Lumian.

Lumian habilmente pegou-o com uma mão, desamarrou o fio e extraiu a informação, folheando-a rapidamente.

De repente, ele olhou para Fidel.

— Khizi foi visto em Porto Farim recentemente?

— Sim, tenho certeza dessa informação, embora seu esconderijo exato seja desconhecido, — respondeu Fidel com um leve aceno de cabeça.

Concordando em retornar em dois dias para atualizações sobre o veneno do Lagarto Barbudo de Chifres Coloridos e do Baronete Black, Lumian saiu da Rue Coreas, n°16, e foi em direção ao porto.

Roddy, temendo uma punição severa, ficou surpreso quando Fidel apenas o dispensou, instruindo: — Volte para seu quarto e reflita.

— Sim, Monsieur Guerra. — Roddy, aliviado, saiu do escritório e subiu as escadas mal iluminadas até o segundo andar.

No entanto, enquanto caminhava, um calafrio tomou conta dele e ele estremeceu.

A escuridão ao redor dele se aprofundou e, na luz fraca, algo emergiu de trás de sua sombra.

Tentando gritar por socorro, Roddy, tomado pelo terror, ficou para sempre sem voz.

Enquanto isso, Lumian não voltou diretamente para o Pássaro Voador. Em vez disso, sob o céu noturno refrescante, ele caminhou em direção a uma rua pela qual havia passado recentemente.

Ali ficava uma modesta catedral: a Catedral do Tolo.

Tendo visto anteriormente o Emblema Sagrado do Tolo na torre do sino, Lumian decidiu fazer uma oração ao retornar.

“Como esperado, a fé do Sr. Tolo parece prevalecer no mar. Porto Farim, sendo uma colônia de Intis, ostenta várias catedrais.” Lumian olhou para a luz quente que emanava da catedral, tirou seu chapéu de palha dourado e entrou.

Lá dentro, Lumian notou cerca de 20 a 30 indivíduos, provavelmente sem-teto, descansando na beirada do amplo salão. Alguns tinham cobertores esfarrapados, enquanto outros dependiam apenas de suas roupas para se aquecer.

O Arquipélago do Mar da Névoa não transformaria esses vagabundos em estátuas de gelo nesta temporada, mas a chuva espreitava, pronta para cair a qualquer momento. Encontrar abrigo era um refúgio cobiçado para esses vagabundos, e a catedral do Tolo oferecia consolo.

“Nos meus dias de vagabundo, quando o clima brutal chegava ou os dias sem comida me desgastavam, eu jogava os dados nas catedrais das duas igrejas. Se o bispo ou padre fosse decente, eles me davam uma refeição e um lugar para dormir. Mas ao amanhecer, eu tinha que desaparecer, ou acabaria naqueles centros de assistência podres…” Lumian relembrou, encontrou um assento e começou a rezar.

A catedral do Tolo abraçava o silêncio à noite. De vez em quando, pessoas entravam, murmuravam suas preces e saíam. Alguns usavam trajes de mercadores, outros ostentavam um visual de marinheiro e alguns até emitiam uma leve vibração pirata, mas nenhum perturbava a aura pacífica.

Lumian não sabia bem pelo que rezar. Quando ele ocasionalmente passava pela catedral do Eterno Sol Ardente, apenas ecoava pedaços das escrituras em sua mente, jogando desejos como moedas e esperando por bênçãos correspondentes. E se eles realmente se tornassem realidade?

Agora, ele sabia que tais rituais eram fúteis e tinha poucos desejos.

Mais importante, Lumian só tinha ouvido ensinamentos clericais sobre o Tolo algumas vezes. Ele não conseguia se lembrar de muita coisa da Bíblia, exceto dos oito Anjos e da autoridade do Sr. Tolo. Mas isso importava agora?

Ao relatar sua jornada desde a saída de Trier até a chegada em Porto Farim, as emoções de Lumian gradualmente se transformaram em uma sensação de tranquilidade.

— Que o Sr. Tolo me abençoe. Que todas as catástrofes sejam resolvidas. Que Aurore seja ressuscitada…

Após cerca de quinze minutos, Lumian concluiu sua oração com um simples desejo.

Enquanto ele se levantava, um estrondo distante ecoou. As janelas da catedral chacoalharam, e o prédio rangeu e balançou.

Lumian levantou as sobrancelhas. Em meio aos vagabundos assustados, ele andou até a porta e olhou para a fonte do barulho.

Perto do gabinete do governador-geral, nuvens de fumaça e chamas subiam para o céu, lançando um brilho assustador nos arredores.

Lumian não conseguiu evitar levantar a mão direita e coçar o queixo. Ele murmurou para si mesmo,

“Isso não deveria ter nada a ver com a minha chegada, certo?”

Parecia que algo significativo havia ocorrido em Porto Farim.

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