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Circle of Inevitability – Capítulo 549

Verdadeiro Propósito

O jovem que apoiava Juan Oro olhou para Lumian, que estava sentado ao lado do cocheiro com uma perna dobrada e a outra apoiada. Seus olhos brilhavam com raiva indisfarçável.

O cocheiro pulou de susto e tentou desesperadamente se distanciar de Lumian. No entanto, com um cavalo na frente dele e Lugano à sua esquerda, esquivar-se provou ser impossível em sua pressa.

Lugano engoliu em seco, culpando seu empregador por ser excessivamente agressivo.

“Ele está tentando imitar Gehrman Sparrow?”

“Mas seu empregador nunca havia demonstrado tamanha loucura antes; em vez disso, ele parecia inteligente!”

Juan Oro, um homem idoso com cabelos pretos manchados, parecia alheio ao revólver apontado para sua testa. Ele virou a cabeça, se afastou da arma de fogo e continuou em frente.

Observando isso, Lumian puxou o gatilho sem hesitar.

Estrondo!

Uma bala amarela disparou do revólver, indo direto para o lado da cabeça de Juan Oro.

Em algum momento, uma mão interceptou a bala, fazendo-a desacelerar e girar. A bala parou na mão, parecendo ter caído em um pântano espesso.

A mão larga e bronzeada pertencia ao jovem que apoiava Juan Oro. Ele olhou para Lumian, seus lábios se curvando em desdém. Então, ele berrou: — Você perdeu a cabeça?

Antes que ele pudesse terminar, orbes carmesins flamejantes, quase brancos em matiz, materializaram-se bem na frente dele, a apenas um metro de distância. Eles o cercaram em chamas.

Quase instantaneamente, Lumian sentiu como se tivesse sido arrancado da realidade. A carruagem desapareceu debaixo dele, o chão sumiu de sua vista, e ele se viu em um vazio infinito de escuridão.

As bolas de fogo vermelhas, quase brancas, foram controladas por uma força invisível e mudaram de direção, saindo rapidamente de seu caminho original.

Estrondo!

Elas colidiram com a beira da estrada a dezenas de metros de distância, abrindo crateras profundas e enormes.

Os cavalos, assustados, empinaram-se, relinchando de terror. O cocheiro instintivamente puxou as rédeas, lutando para acalmar os animais em pânico.

A “ilusão” que Lumian experimentou se dissolveu com a explosão. Ele viu Juan Oro e o rapaz novamente.

Juan Oro, profundamente enrugado, com a barba e os cabelos em pé, levantou sua bengala preta e rosnou em voz baixa: — Já chega.

Lumian sorriu e levantou seu revólver mais uma vez, apontando-o para o presidente da Guilda dos Pescadores.

Naquele momento, a voz de Rubió Paco ecoou na carruagem traseira.

— Deixe-os passar — ele falou em intisiano.

Só então Lumian abaixou o braço e ofereceu um sorriso em intisiano.

— Minha empregaadora disse que você está livre para passar.

Ele agiu como se não conseguisse compreender Juan Oro e o escocês do rapaz.

Juan Oro o observou por um momento antes de desviar sua atenção. Usando sua bengala, ele circulou para o lado da carruagem. O rapaz que o apoiava lançou um olhar furioso para Lumian, mas ele estava sem palavras para xingar, já que Lumian não conseguia entender.

Juan Oro olhou para a janela e perguntou calmamente: — Martha, ouvi dizer que você não está se sentindo bem?

— Sim — respondeu a velha senhora fracamente através do vidro.

Juan Oro assentiu.

— O Governador lhe deu permissão para buscar tratamento? Você precisa da minha ajuda para defender seu caso?

— Ele já deu permissão — respondeu Rubió em nome de sua mãe.

— Isso é bom. — Juan Oro assentiu levemente e não insistiu mais.

Ele se virou e caminhou lentamente em direção ao prédio que abrigava a residência do Governador do Mar, usando sua bengala como muleta.

O jovem que o apoiava lançou um último olhar furioso para Lumian antes de voltar a se concentrar no velho.

Lumian ajustou sua postura, agindo como se nada tivesse acontecido. Ele disse a Lugano, — A carruagem pode continuar adiante.

Lugano saiu do seu transe e rapidamente ordenou ao assustado cocheiro que acalmasse os cavalos e saísse da Vila Milo o mais rápido possível.

Sem problemas, eles retornaram para a Rua da Santa Lana, nº 21.

Lumian reencontrou Ludwig, com a boca ainda brilhando de óleo, de Giorgia e sorriu para Rubió Paco.

— Lembre-se da sua promessa. Caso contrário…

Ele sorriu e deixou a declaração no ar.

— Não se preocupe — respondeu Rubió em intisiano.

Depois que Louis Berry, seu afilhado e o intérprete partiram, Giorgia suspirou de alívio e olhou para o marido.

— Nunca vi uma criança comer tanto. Ela deve ser anormal!

— Caso contrário, Louis Berry não o teria deixado ficar conosco tão facilmente — respondeu Rubió, imperturbável.

Rua Aquina, Motel Solow.

Depois de fechar a porta, Lugano não resistiu e perguntou a Lumian: — P-por que você foi tão agressivo? Ele é o presidente da Guilda de Pescadores de Porto Santa, um figurão. E nós estamos na Vila Milo!

Ele suspeitava que seu empregador tinha alguma intenção oculta.

Lumian lançou um olhar ao seu guia e sorriu.

— Por que não? Ao fazer uma cena em público, é improvável que ambas as partes possam dar tudo de si. É a chance perfeita para testá-los, ver do que são feitos. Tentar sob o manto da noite, quando ninguém se importa com a autoridade da Igreja Mãe Terra e o governo de Feynapotter? Isso seria muito arriscado.

Se Lumian descobrisse que Juan Oro tinha poderes divinos, ele precisaria agir rápido e pedir reforços!

— Ah, entendi… — Lugano teve uma epifania.

A loucura do seu empregador era apenas uma fachada. Cada movimento radical tinha um motivo oculto!

“Mas por que ele está em Porto Santa? Ele está planejando algo durante o ritual de oração do mar? Por que mirar em pessoas da Guilda dos Pescadores?”

“Isso parece muito perigoso!”

“Devo pedir demissão mais cedo e esquecer o salário restante?”

Lumian observou o intérprete silencioso e caminhou até uma cadeira reclinável na sala de estar, acomodando-se com um sorriso. Ele se recostou e relaxou.

O que ele disse a Lugano foi apenas uma camada das motivações por trás de suas ações recentes — a mais superficial.

Mais importante ainda, Lumian pretendia enviar uma mensagem clara com suas ações radicais:

Ele estava em Porto Santa para investigar o ritual de oração do mar, sem medo da Guilda de Pescadores ou da Vila Milo. Ele possuía a força e a coragem para apoiá-lo!

Invadir a residência do Governador do Mar ou apontar casualmente uma arma para a cabeça de Juan Oro e atirar — tudo isso era para transmitir essa informação.

Lumian acreditava que havia pessoas insatisfeitas em Porto Santa em relação ao ritual de oração do mar da Guilda de Pescadores. Afinal, os principais beneficiários eram pescadores, comerciantes marítimos e aqueles em indústrias relacionadas, não representativos de toda a população de Porto Santa.

Por exemplo, embora a Igreja da Mãe Terra e o governo de Porto Santa tenham permitido autonomia à Guilda dos Pescadores e excluído pessoas de fora do envolvimento, alguém ousado o suficiente para investigar, independentemente das consequências, pode levar outros a agir. Eles poderiam silenciosamente ou mesmo secretamente apoiar essa pessoa para causar problemas em seu benefício?

Da mesma forma, os beneficiários não seriam unidos. Alguns ganhando significavam outros perdendo; os poderosos tinham rivais invejosos. Embora não quisessem que o ritual de oração do mar acabasse, eles provavelmente desejavam que aqueles no poder sofressem e desocupassem suas posições.

Lumian, ao erguer uma bandeira para investigar o ritual de oração do mar e demonstrar determinação, firmeza e força, não precisou reunir pistas meticulosamente. De sua residência, ele podia receber várias informações, aberta e secretamente, e compará-las para determinar a autenticidade.

Para um estranho com tempo limitado, esta foi a maneira mais rápida e eficaz de descobrir todo o processo do ritual de oração do mar e a verdade sobre o acidente do ano passado.

Para o membro-chave da Reunião da Mentira, espreitando nas sombras, possivelmente preparando uma armadilha, esta foi uma jogada estratégica para chamar a atenção para o aventureiro Louis Berry e levantar suspeitas.

No devido tempo, munido das informações adquiridas e das pistas descobertas, Lumian teve a chance de expô-los por meio de sua própria armadilha.

Claro, a principal desvantagem desse plano era seu perigo relativo. Colocar-se no centro das atenções era um risco, mas na busca por uma presa, os riscos eram inevitáveis. Além disso, Lumian tinha muitos aliados.

Enquanto esses pensamentos corriam pela mente de Lumian, ele percebeu que se tornar um Conspirador lhe dera uma compreensão mais clara da situação e dos conflitos entre vários grupos. Usando um termo favorecido por Aurore, ele desenvolveu uma percepção mais profunda sobre conspirações: — A conspiração mais brilhante é uma conspiração conhecida!

Isso se tornou um princípio fundamental para sua atuação futura.

Por volta das 14h, Lumian avistou seu mensageiro, o Penitente Baynfel, emergindo do vazio e entregando-lhe uma carta.

Confuso, ele perguntou: — De quem é?

Aqueles com quem ele precisava se comunicar já não foram alcançados?

— É da Demônia — respondeu Baynfel.

“O que houve com Franca de novo?” Lumian pegou a carta e começou a ler.

“O homem que ela e Jenna encontraram no quarto nível das catacumbas é suspeito de ser do mundo onde o Mestre Celestial reside — o mundo antes de sua transmigração?” As pupilas de Lumian dilataram-se ligeiramente.

Isso era diferente dos membros da Sociedade de Pesquisa dos Babuínos de Cabelos Encaracolados; eles tinham transmigrado através de suas almas, mas esses indivíduos trouxeram seus corpos!

Em meio à surpresa, Lumian refletiu sobre uma questão crucial.

“Por que alguém assim se aventuraria no quarto nível das catacumbas?”

“Seria porque a Fonte do Esquecimento estava selado ali, junto com as águas transbordantes do Rio Estige que ligavam os dois mundos?”

“Indivíduos semelhantes já haviam entrado em nosso mundo antes? Se sim, por que não deixaram nenhum vestígio como o Imperador Roselle e os outros transmigradores?”

“A expedição de Franca e Jenna ao quarto nível das catacumbas parece carregada de coincidências. Elas não só descobriram um novo Fragmento do Mundo Espelhado, mas também encontraram tal pessoa.”

Depois de escrever uma carta para Franca, Lumian estava prestes a pedir a Lugano que traduzisse os jornais do dia quando passos ecoaram no corredor.

Suas sobrancelhas se contraíram enquanto ele puxava uma poltrona e ficava de frente para a porta.

Toc, toc, toc. Poucos segundos depois, uma batida ressoou na porta da suíte deles.

— Quem é? — perguntou Lugano.

Uma voz madura e gentil flutuou do outro lado da porta.

— Eu sou Noelia da Ordem da Fertilidade.

Ao ouvir esse nome, Lumian se inclinou um pouco para trás e sorriu.

Ele sentiu que sua digestão da poção do Conspirador havia progredido um pouco mais.

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