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Circle of Inevitability – Capítulo 66

Berço

Leah olhou para o homem da foto, perdida em pensamentos.

— Depois de receber o pedido de ajuda, partimos dois dias depois para recolher informações relevantes, — disse ela.

— O nome completo de Madame Pualis é Pualis de Roquefort, não é? — ela parou por um momento antes de continuar: — Investigamos a família Roquefort em Dariège e não encontramos nenhum vestígio de Pualis.

Em Intis, a mulher podia optar por manter o nome de solteira após o casamento. Se houvesse um “de” em seu nome, significava que ela já foi uma nobre. O significado de “de” em Intis era “origem”, e o sobrenome por trás dele era o feudo.

— Nenhum? — Lumian ficou surpreso. Ele sabia que algo estava errado com Madame Pualis, mas não esperava que a identidade dela fosse falsa!

Ryan assentiu. — Em Dariège, Roquefort é uma família numerosa com muitos membros, incluindo um senador provincial. Estávamos com pressa e não tivemos tempo de realizar uma investigação mais detalhada. Só pudemos confirmar que não existia tal pessoa como Pualis, mas um homem chamado Pulitt estava desaparecido há mais de um ano.

— Pulitt? — Lumian perguntou. — Qual é a relação dele com Madame Pualis? Eles são parecidos.

Ryan balançou a cabeça. — Sem informações suficientes, é impossível adivinhar. O que sabemos é que Pulitt de Roquefort era um dândi1 popular em Trier e tinha muitos filhos ilegítimos. Muitas pessoas o odiavam e detestavam. Talvez seja por isso que ele não teve escolha mas sair ou foi forçado a deixar Dariège.

— Dândi? — Lumian não estava familiarizado com o termo.

Aurore assinava revistas e jornais voltados para mulheres ou focados em assuntos nacionais. Havia alguns materiais sobre o sobrenatural, mas nenhum envolvia assuntos masculinos.

Lia riu. — Para simplificar, é um raparigueiro que se veste na moda, fala com elegância e age livremente.

Lumian suspirou e zombou: — O povo de Trier certamente sabe como viver a vida. Eles empacotam seus assuntos como um pensamento, uma doutrina e uma tendência.

Quando se tratava de trapaça, Triers2 estavam na vanguarda. O padre? Diante dos Triers, ele ainda era uma criança.

……

— No ano passado, Trier construiu inúmeras arcadas3, — observou Aurore enquanto tomava seu chá preto de marquês, presenteando Madame Pualis, Nazélie e os outros com as últimas tendências de sua residência subterrânea de dois andares.

— O que é uma galeria? É uma rua coberta com telhado de vidro e piso de mármore. Lojas elegantes e deslumbrantes se alinham em ambos os lados. Durante o dia, a luz vem de cima e à noite, lâmpadas a gás iluminam a área. Carruagens são proibidas de entrar. O fliperama mais famoso é chamado de Ópera de Arcadas…

Madame Pualis, segurando uma xícara de porcelana branca cheia de chá preto, observava Aurore com seus brilhantes olhos castanhos, ouvindo atentamente com um sorriso.

— Parece algo que preciso ver… — Nazélie suspirou, imaginando a elegância, a moda, a limpeza e o brilho do fliperama.

O conhecimento de Aurore sobre as últimas tendências da Intis foi a principal razão pela qual aceitaram o convite para o chá da tarde.

Depois de conversar um pouco, a discussão voltou-se para o trabalho e os relacionamentos de Aurore.

— O amor é tão insondável e evasivo… — Madame Pualis refletiu em voz alta.

“Então é por isso que você se apaixona por tantos homens ao mesmo tempo?” Aurore não pôde deixar de criticar interiormente.

Madame Pualis olhou para ela com um leve sorriso e suspirou.

— Às vezes fico com muita raiva por causa dos erros dele. Eu gostaria de poder matá-lo e mandá-lo para a morte, mas quando ele está realmente enfrentando a morte, não posso evitar salvá-lo e me recuso a contar os laços com ele. Talvez isso seja amor…

……

No quarto principal da residência do administrador.

— Madame Pualis pode ter se apaixonado por Pulitt, um dândi, e se envolvido em um relacionamento proibido, resultando na rejeição de sua família. Ela então teve que se casar com alguém e usar as conexões de sua família para garantir o cargo administrativo em Cordu para ele. — Lumian deduziu isso com base nas histórias escritas por sua irmã.

Isto explicava por que a posição do Administrador Béost na família era relativamente baixa.

— Talvez, — Ryan respondeu simplesmente, — Continue procurando, mas não tente abrir o cofre ou qualquer coisa que possa disparar um alarme.

Lumian e seus companheiros se dispersaram imediatamente e procuraram em outro lugar.

Apesar da habilidade de Caçador de observar traços sutis, Lumian ainda não encontrou nada.

O mesmo aconteceu com Leah e os outros.

Eles não tiveram escolha a não ser ir para o escritório e procurar pacientemente.

Com o passar do tempo, os quatro chegaram ao final do corredor, onde havia uma sala fechada em frente a um solário aberto. Ao lado havia uma escada que levava a uma das torres.

Ryan, que havia terminado de revistar o solário, virou-se para Leah.

Leah tocou o pequeno sino prateado pendurado em seu véu, murmurando para si mesma enquanto caminhava em direção à porta de madeira bem fechada.

Desta vez, os quatro sinos não tocaram.

Leah deu um suspiro de alívio e gentilmente empurrou a porta de madeira.

Era um quarto vazio com um berço de balanço no meio.

O berço era feito de madeira marrom e instalado dentro de uma moldura de madeira. Estava coberto com panos de algodão limpos, mas ligeiramente gastos, que mostravam sua idade. O berço estava vazio.

Este era o berçário onde outrora dormiram os dois filhos de Madame Pualis. Além da cama, não havia brinquedos no quarto. Espalhados no chão estavam trigo, cevada, arroz, centeio e outras plantas, fazendo com que parecesse bastante estranho.

Além disso, essas plantas estavam bem preservadas, como se tivessem sido trazidas há poucos dias.

O corpo de Valentine brilhava quando ele entrou na sala e circulou.

Logo, voltou para a porta e balançou a cabeça para Ryan e Leah.

— Não há aura maligna.

— Tudo bem. — Leah olhou para Lumian. — Devemos ir para a torre a seguir?

Lumian sempre teve curiosidade pelas duas torres do castelo. Ele nunca esperou ter a chance de “visitá-las” hoje.

Valentine deixou o estranho berçário. Ryan agarrou a maçaneta e planejou fechar a porta de madeira e restaurá-la ao seu estado original.

Neste momento, o olhar de Lumian desviou-se para dentro.

O berço de madeira marrom balançava suavemente, mas as janelas bem fechadas do quarto e o solário oposto, com suas vidraças do chão ao teto, não deixavam entrar nenhuma brisa no corredor!

— O que… — As pupilas de Lumian dilataram.

Leah percebeu sua angústia e se virou para olhar.

O berço continuava a balançar, como se um bebê invisível estivesse deitado dentro dos panos.

Leah levou a mão à glabela, como se tentasse aliviar os olhos cansados.

Ela se preparou para ativar sua Visão Espiritual e ver o que havia dentro do berço.

De repente, os quatro pequenos sinos prateados em seu véu e botas tilintaram, como se estivessem prestes a estourar!

O rosto de Ryan congelou quando ele gritou: — Saiam daqui!

Com isso, ele correu para o solário, quebrando as janelas do chão ao teto na tentativa de criar um caminho de fuga do castelo.

Bang!

Um baque alto ecoou por toda a sala quando Ryan bateu nas janelas, mas não houve som de vidro quebrando.

Os rostos transparentes de crianças apareciam na fileira de janelas, alguns deles meros bebês com rostos pálidos e inexplicavelmente aterrorizantes.

Quando Ryan ‘esbarrou’ neles, abriram a boca em uníssono e soltaram um gemido assustador.

Seus gritos ecoaram pelo terceiro andar do castelo, lançando uma escuridão misteriosa sobre toda a área. As paredes e o vidro eram adornados com rostos translúcidos de crianças, algumas chorando enquanto outras olhavam fixamente para Lumian, Leah, Valentine e Ryan.

Lumian estremeceu de medo ao sentir seus olhares frios sobre ele.

De repente, o corpo de Valentine foi engolfado por uma luz dourada escura, que rapidamente se espalhou para envolver Lumian, Leah e ele mesmo.

Uma sensação de calor se espalhou pelo corpo de Lumian, dissipando seu medo e enchendo-o de coragem. Ele sacou seu machado preto como ferro com nova confiança.

Enquanto isso, Ryan parecia ficar mais alto e mais imponente.

Raios de luz semelhantes aos do amanhecer o cercaram, fundindo-se em uma armadura de corpo inteiro branco-prateada e uma enorme espada larga de luz.

Com um golpe poderoso, Ryan cortou as janelas do chão ao teto, dispersando os rostos brancos das crianças na fumaça enquanto elas gritavam.

Mas o vidro não quebrou e mais rostos apareceram, seus gritos estridentes atormentavam Lumian e seus companheiros.

— Quem se atreve a invadir o castelo?

A voz de uma mulher ecoou pelos corredores.

Quase imediatamente, Lumian avistou uma pessoa do outro lado do corredor, parada no segundo andar.

Ela era uma mulher de meia-idade com cabelos e olhos castanhos. Ela era bastante bonita, sem rugas. Era a parteira que ajudou no parto de Louis Lund.

Em sua mão, segurava uma tesoura enorme que poderia decapitar um humano enquanto vestia um vestido branco acinzentado. Era como se ela tivesse acabado de podar um galho do jardim.

Ela olhou para Lumian e seus companheiros e falou com uma voz profunda e ameaçadora.

— Você merece morrer!

……

Na residência subterrânea de dois andares, Madame Pualis estremeceu repentinamente e seu semblante alterou-se.

Ela colocou delicadamente a xícara de porcelana sobre a mesa e sorriu para Aurore.

— Minhas desculpas. Acabei de me lembrar de um assunto urgente que requer minha atenção imediata em casa.

— Huh? — Aurore ficou chocada.

Pualis levantou-se da cadeira, com uma expressão cheia de arrependimento.

— Eu pretendia ficar e discutir seu trabalho e seu belo e comovente retrato do amor.

Aurore respondeu rapidamente: — Por favor, você é mais que bem-vinda.

— Não posso, infelizmente. — Madame Pualis balançou a cabeça. — Isso diz respeito aos meus filhos.


Notas:

[1] indivíduo que se veste com elegância e requinte.

[2] habitantes de trier.

[3] sucessões de arcos.

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