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Circle of Inevitability – Capítulo 769

Cadáver Incompleto

Ao contrário do deserto por onde Lumian e companhia passaram antes, coberto de pedras branco-acinzentadas, o solo deste lado do Rio Estige era preto como breu. Não havia flores murchas cor de sangue, nem esqueletos fantasmagóricos, nem cadáveres em decomposição para serem vistos.

O céu acima não era mais iluminado pela “luz do sol” pálida, fraca e fria. Em vez disso, uma escuridão intensa dominava esse mundo sem limites.

Nas profundezas da escuridão, aglomerados de chamas branco-claras e esverdeadas pairavam silenciosamente no ar, bem espaçadas umas das outras, como se servissem como postes de luz.

Usando a iluminação da chama pálida mais próxima, Lumian saltou rapidamente do barco sombrio para a costa.

Assim que seus pés tocaram o chão firme, seu coração se estabilizou consideravelmente. Ao cruzar o Rio Estige, o cheiro da morte em seu corpo morto-vivo se tornou mais intenso e evidente, enquanto seu espírito e consciência, firmemente protegidos pela máscara dourada da família Eggers, sentiram um leve calafrio.

Depois disso, uma frieza sinistra tomou conta de seu corpo, mas o barqueiro extremamente decaído, com seus olhos fundos, simplesmente reinseriu seu longo remo na correnteza do rio.

Não fez nenhum novo movimento para atacar Lumian. Parecia incapaz de atacar alvos na costa.

Observando o barco sombrio e o barqueiro, agora de costas para ele, se afastando lentamente, Lumian refletiu: — Não vai acabar com isso? Com ​​sua classificação, aquela pele humana decadente combinaria muito bem com seu mensageiro. — Isso se referia à mensageira do Cavaleiro de Espadas, a Meia-Fada, um ser espiritual sem a metade externa do corpo, o que significa que ela estava precisamente sem pele humana, enquanto o barqueiro era apenas a pele descascada de um semideus do caminho da Morte.

O Cavaleiro de Espadas ficou em silêncio por alguns segundos, deixando sua voz ecoar nos ouvidos de Lumian: — Só lhe falta a própria pele.

A resposta foi curta e contida, mas Lumian quase ouviu o Cavaleiro de Espadas rugir: Não encontre qualquer pele para minha mensageira vestir!

Parando por um segundo, o Cavaleiro de Espadas continuou: — Talvez precisemos retornar através do Rio Estige, e não sabemos quantos barqueiros ainda existem lá.

“Uma necessidade de retornar através do Estige?” Lumian então ponderou uma questão muito séria e importante.

— Depois de lidar com o filho de Oxyto, como deixamos o Submundo?

Claramente, isso não era algo que poderia ser resolvido por teletransporte.

— Nossos aliados no mundo exterior devem buscar ajuda de um Sequência 5: Porteiro do caminho da Morte ou de um semideus correspondente, o que pode exigir nosso retorno às áreas periféricas do Submundo em que estávamos antes, para acessar as portas de bronze do Submundo.

Lumian assentiu, seguindo uma vaga sensação provocada pela marca preta em seu ombro direito, e deu um passo à frente.

Ele não perguntou ao Cavaleiro de Espadas e ao semideus da facção da temperança se ele estava se desviando do caminho para encontrar o filho de Oxyto.

Se ele estivesse errado, eles o informariam.

Ao chegar à chama pálida mais próxima, Lumian percebeu que ela realmente servia como um poste de luz.

Ele foi feito de ouro, com o formato de uma pessoa ajoelhada com as mãos amarradas atrás das costas, a cabeça inclinada para trás e o tronco dobrado para fora.

Um pavio escuro e sinistro projetava-se da boca da estátua, coberto por uma camada de graxa translúcida amarelo-clara. A chama branco-clara queimava silenciosamente, aparentemente por milhares de anos sem um sinal de extinção.

A partir desta lâmpada em forma humana, o chão ficou coberto de lajes de pedra escuras e rachadas. Lumian podia imaginar quão solene deve ter sido o caminho para o palácio da Morte.

Ele caminhou pelo caminho, que estava inexplicavelmente rachado e destruído, avançando rápida, mas cautelosamente, mais profundamente na escuridão, em direção ao local suspeito de conter a parte do corpo da Mão Abscessada.

O caminho também apresentou uma trajetória ligeiramente descendente.

Isso fez Lumian se lembrar do Hotel Orella onde ele havia se hospedado, relembrando as palavras ditas por Iveljsta, um descendente da Morte. Muitos acreditavam que o verdadeiro inferno e a origem da morte ficavam no subsolo, então era preciso descer continuamente, cavando cada vez mais fundo.

“Isso se reflete no Submundo também…” Depois de caminhar por um tempo, Lumian de repente conjurou uma grande chama branca e brilhante em sua mão.

A luz brilhante rapidamente dissipou a escuridão mais distante, permitindo que Lumian visse claramente os arredores: edifícios no estilo Mausoléu estavam completamente desabados ou meio caídos, mortalmente silenciosos, sem ossos ou corpos. Esses edifícios variavam em cor, não apenas preto, mas também branco-claro, dourado, vermelho-escuro e verde sinistro.

— Os Abençoados da Morte já viveram nessas casas? — Lumian perguntou ao Cavaleiro de Espadas, que era bem versado na história do Continente Sul e nas lendas do Submundo.

O Cavaleiro de Espadas respondeu sucintamente: — Não sei. — Então acrescentou: — Somente encontrando uma criatura que entrou e saiu do Submundo antes da queda da Morte podemos ter certeza.

— Tudo bem… — Lumian não pressionou mais e acelerou o passo.

Isso porque ele sentiu que a parte do corpo da Mão Abscessada não estava muito à frente! Sua mão direita voltou para a Bolsa do Viajante, pronta para sacar a Espada da Coragem a qualquer momento.

Quanto ao anel do Sussurro do Diabo, não planejava usá-lo ainda; ele não achava que se tornar um morto-vivo o imunizaria contra os efeitos malévolos liberados por aquele Artefato Selado.

Seres mortos-vivos também podem ter malícia!

Afinal, seres mortos-vivos, como espectros e espíritos malignos, foram formados em torno do núcleo de suas próprias obsessões e malícia residual.

Além disso, o espírito e a consciência de Lumian ainda estavam protegidos pela máscara dourada da família Eggers, permanecendo em estado vivo.

Depois de uma corrida rápida, guiado pela chama branca-pálida dos postes de luz em formato humano e pelo orbe branco brilhante acima, Lumian descobriu uma grande estrutura ao longo das lajes de pedra rachadas.

Parecia uma catedral, toda preta e com cerca de cinquenta a sessenta metros de altura, mas sua metade superior já havia desabado sobre a parte inferior.

Lumian se concentrou, escutando atentamente, e ouviu sons fracos e estranhos emanando da grande, porém em ruínas, catedral.

Era como se alguém estivesse usando uma espada cega para cortar carne e serrar ossos, causando dor de cabeça ao ouvinte.

— Tenho outro assunto para resolver dentro desta catedral — Lumian finalmente revelou sua intenção ao Cavaleiro de Espadas e à semideusa da facção da temperança.

Ele então acrescentou com firmeza: — Deve ser rápido.

Ele se lembrou do que a Madame Mágica havia dito: o verdadeiro perigo da Mão Abscessada só se manifestaria quando todas as suas partes estivessem reunidas, e atualmente, duas partes ainda estavam na Cidade dos Exilados Morora, então não havia necessidade de se preocupar com isso.

O próximo inimigo que ele pode enfrentar pode ser o morto-vivo que está criando o som que acabou de ouvir.

— Tudo bem — o Cavaleiro de Espadas não perguntou sobre os detalhes.

— Obrigado — Lumian respondeu sinceramente.

O Cavaleiro de Espadas e a semideusa da facção da temperança não se opuseram nem se afastaram do corpo de Lumian, indicando sua aprovação tácita para fornecer a assistência necessária quando necessário.

Lumian apagou o orbe branco brilhante que pairava sobre sua cabeça para evitar provocar os mortos-vivos dentro da catedral em ruínas.

Ele se transformou em uma sombra, misturando-se às áreas não iluminadas pelas chamas branco-claras, e silenciosamente se infiltrou no edifício cuja metade superior havia desabado completamente para dentro.

Das sombras, Lumian viu colunas cravadas no chão, uma cúpula quebrada em pedaços e uma estátua de pássaro quebrada ao meio.

Depois de percorrer as ruínas por um tempo, o caminho de Lumian de repente se iluminou.

Dez metros à frente, em uma parede em ruínas, várias tochas de osso queimando com chamas verde-claras foram inseridas, a densa escuridão acima fluindo através de um grande buraco criado pela cúpula desmoronada, bloqueada do lado de fora por esta luz fraca.

Abaixo das tochas de osso, uma longa mesa feita de pedra branco-acinzentada foi colocada, sobre a qual estava um meio-cadáver, com a cabeça decepada e aberta verticalmente. O cadáver não usava roupas, seu corpo estava preto-azulado e inchado pela decomposição, escorrendo pus vermelho-amarelado por todo lugar.

Parecia significativamente maior do que um humano normal, não estando claro se era um meio-gigante em vida ou apenas inchado por gases post-mortem.

Lumian reconheceu imediatamente: era o corpo da Mão Abscessada!

Ela compreendia a metade esquerda, incluindo uma mão e um pé.

Em frente ao cadáver da Mão Abscessada estava uma pessoa imponente, com cerca de quatro metros de altura. A pele da pessoa era preta como breu, gravada com vários padrões sinistros, a maioria dos quais havia se deteriorado, expondo ossos brancos fantasmagóricos nus ou aparecendo como tecido viscoso meio derretido.

Naquele momento, essa pessoa, curvada, estava lentamente cortando o meio-cadáver da Mão Abscessada com um osso da perna ainda maior, branco-claro, provavelmente de outra fonte desconhecida.

Lumian notou dois chifres de cabra pretos, curvos e esfarrapados, crescendo na cabeça da pessoa, cujo perfil lembrava uma fusão de características humanas e de cabra, tornando-se cada vez mais assustador quanto mais ele olhava.

“Um morto-vivo transformado de um Beyonder do caminho do Diabo após a morte?” Assim que Lumian teve esse pensamento, ele viu o gigante com cara de bode cortar um pedaço de carne em decomposição preto-azulada e enfiá-lo na boca, mastigando vigorosamente, fazendo com que pus amarelo-claro espirrasse.

No meio-cadáver da Mão Abscessada, a carne em decomposição se contorcia e crescia, preenchendo os cortes feitos.

“Um ciclo de refeição e regeneração?” Lumian estava ponderando um plano para pegar o cadáver da Mão Abscessada quando o morto-vivo parecido com um Diabo de repente se virou, olhou para as sombras onde estava escondido e falou em uma linguagem ininteligível usando uma voz oca e decadente.

Embora não conseguisse entender as palavras, Lumian sentiu uma estranha pulsação em sua carne, obrigando-o a deixar sua forma de sombra e retornar à sua aparência de morto-vivo com a máscara dourada.

Entretanto, o demônio decadente com cara de bode não aproveitou a oportunidade para atacar.

Após dois segundos, a voz do Cavaleiro de Espadas chegou aos ouvidos de Lumian: — Ele está perguntando: ‘Você precisa de carne?’

“Você precisa de carne?” Lumian ficou primeiro atordoado, depois aliviado por ter um tradutor.

Olhando para o gigante morto-vivo curvado, parecido com um demônio, Lumian de repente teve um pensamento estranho: “isso é considerado um acordo com um demônio?”

“Os efeitos colaterais do uso da Transação Secreta do Detentor da Autoridade finalmente me pegaram?”

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