Esse cara realmente acabou de convidá-lo para compartilhar uma refeição?
Então, sem nem mesmo esperar por uma resposta, ele simplesmente saiu por conta própria. Dada a personalidade de Hamel, não teria sido estranho para ele dar um tapa na nuca desse cara insolente que parecia estar brincando com ele, mas a atmosfera única que Vermouth exalava suprimiu o impulso de Hamel de escolher a violência.
Hamel estava bem ciente do que era esse sentimento. Foi um aviso de que ele não deveria tocar nesse cara, que se lutassem, ele seria derrotado e, se possível, Hamel não deveria se envolver com ele.
— Porra. — Praguejou Hamel, sentindo-se aborrecido por se deixar conter por tal sentimento.
Não era como se esse cara tivesse mostrado qualquer hostilidade a ele, nem eles se encontraram no campo de batalha. Eles tinham acabado de se conhecer na rua. Não, pensando bem, esse cara apenas se aproximou unilateralmente de Hamel e, de repente, o convidou para compartilhar uma refeição.
Espere, não.
Em primeiro lugar, quem diabos eram eles? Eles se dirigiram a ele como Hamel Dynas, e sim, isso mesmo, esse era o nome dele. Então, por que diabos não haviam se apresentado? E quem diabos aquelas duas pensavam que eram, voando do céu e olhando para ele com aqueles olhos desrespeitosamente críticos? E, finalmente, por que aquele maldito desajeitado com músculos protuberantes estava olhando para ele com olhos brilhantes que não combinavam com a expressão feroz em seu rosto?
Tap.
Uma pedra prendeu o pé de Hamel. Como se os céus tivessem arranjado tudo, a pedra estava na posição perfeita para ele chutá-la. Mas não era natural que houvesse pedras em um lugar como este? Eugene olhou para a parte de trás da cabeça de Vermouth, que estava se afastando lentamente e para as costas de Sienna e Anise, que o seguiam enquanto continuavam a exalar um ar de desdém por ele.
Moron ainda estava ao lado de Hamel. Ao olhar para ele com um sorriso caloroso, Moron descobriu que o corpo de Hamel parecia ter sido projetado e desenvolvido exclusivamente para o conflito. Moron começou a imaginar o quão flexível e imprevisivelmente tal corpo seria capaz de se mover uma vez que a batalha começasse, e este cenário imaginado evoluiu para um confronto completo dentro de sua cabeça.
“Ele é forte, mas mesmo assim eu venço”, pensou Moron.
Não ‘eu posso vencer’, mas ‘eu venço’. A batalha deles já havia chegado ao fim dentro da cabeça de Moron, e ele acenou com a cabeça confiante com o resultado. Como um bravo guerreiro da tribo Bayar do norte, o Filho dos Campos de Neve, ele se aproximou de Hamel, que se tornaria seu novo companheiro e estendeu a mão.
— Vamos, vamos juntos. — Ofereceu Moron.
Hamel não respondeu e parecia perturbado com o súbito convite de Vermouth. Querendo construir uma amizade maravilhosa com um homem como Hamel, que se tornaria seu companheiro em um futuro próximo, Moron tentou dar um tapinha no ombro de Hamel como um sinal inicial de sua amizade.
Mas naquele momento…
Hamel de repente chutou a pedra em seu pé. O alvo desse chute era, claro, a nuca de Vermouth. Ele chutou a pedra com tanta força que, se acertasse, seria suficiente para explodir a cabeça de um homem comum.
Mas não tinha como acertar.
Antes de chutar a pedra, e depois também, Hamel já tinha essa expectativa. E de fato, assim foi. A pedra que Hamel chutou, depois de voar apenas um passo à frente, desapareceu como se nunca tivesse existido.
— Hoh. — Hamel bufou de espanto.
Ele tinha uma visão clara do que acabara de acontecer. A pedra voadora foi pega em uma teia de mana elaboradamente construída e então desapareceu. Mas o processo foi tão rápido que parecia que a pedra nem havia sido lançada voando.
— Hahaha. — Hamel riu com relutância.
Mesmo que eles já tivessem andado tanto à frente, foram capazes de preparar tal construção de mana sem qualquer aviso de ataque. Foi uma demonstração extravagante de habilidade usar tal construção apenas para bloquear uma única pedra. Embora sua brincadeira tenha sido impedida de imediato, Hamel se viu mais interessado do que envergonhado. Ele sempre confiou em suas habilidades de manipulação de mana, mas não tinha certeza se seria capaz de fazer algo tão furtivo e sofisticado quanto o que Vermouth acabara de mostrar a ele.
Embora não quisesse aceitar a oferta de Vermouth de compartilhar uma refeição juntos, o fato dele não olhar para trás nem uma vez depois de fazer algo assim fez Hamel seguir seus passos.
— Sienna, — Vermouth chamou o nome dela em voz baixa, ainda sem se virar para olhar para trás. — Não faça isso.
— Onde diabos você achou esse desgraçado? — Sienna xingou com um clique de sua língua enquanto cancelava o feitiço que acabara de preparar, fazendo desaparecer a lâmina afiada de mana que estava flutuando na frente deles. — Eu sei que os mercenários podem ser bárbaros, mas aquele maldito parece ser um dos mais perversos, mesmo entre os de sua espécie. Vermouth, você percebe o que ele acabou de tentar fazer? Aquele desgraçado acabou de tentar abrir sua cabeça.
— Mas isso não aconteceu. — Observou Vermouth.
— Você está certo, você está certo. É tudo graças ao quão habilidoso você é. — Sienna concordou sarcasticamente. — Você percebeu e cuidou disso rapidamente antes que eu precisasse fazer qualquer coisa. Mas sabe de uma coisa? Eu realmente não gosto daquele maldito, então primeiro quero ensinar uma lição a ele, fazendo-o comer terra. Eu deveria ter o direito de fazê-lo, não?
— Sienna.
— Tudo bem, entendi.
Sem mais reclamações, Sienna apenas fez beicinho. Ao fazer isso, ela olhou para Anise, que caminhava ao lado deles. Anise estava olhando para a frente com uma expressão calma, mas Sienna se lembrava claramente de como o canto da boca dela se contorceu levemente em diversão quando sentiu o ataque vindo de trás deles.
“Como sempre disse, sou a única pessoa normal nesse grupo”, pensou Sienna.
Embora Anise geralmente servisse Vermouth fielmente e sempre acrescentasse Sir ao seu nome, no fundo, ela parecia estar ansiosa para vê-lo ser atingido pela pedra que Hamel acabara de chutar.
O lugar para onde Vermouth levou Hamel era um restaurante comum que poderia ser encontrado em qualquer lugar. Nesse tipo de lanchonete de beira de estrada, alguns mercenários sempre podiam ser encontrados bebendo a essa hora do dia. Na verdade, um grupo envelhecido de mercenários realmente estava sentado junto e dando uma festa barulhenta no meio do restaurante.
Talvez por causa do barulho, esses mercenários eram os únicos clientes daquele restaurante. Então, por que escolheu este restaurante? Incapaz de entender o raciocínio por trás dessa escolha, Sienna lançou um olhar para o Vermouth, mas logo percebeu por que esse restaurante havia sido escolhido.
No momento em que esses mercenários, que tinham acabado de assobiar para Sienna e Anise com olhos lascivos, viram o rosto de Hamel quando ele entrou atrás das duas mulheres, seus rostos ficaram pálidos de horror como se tivessem acabado de encontrar um demônio. Hamel nem precisou dizer uma palavra ou olhar para eles, mas os mercenários silenciosamente largaram as garrafas de bebida que estavam bebendo e imediatamente se levantaram de seus assentos.
— Paguem a conta antes de irem. — Hamel lançou essas palavras aos mercenários quando estavam saindo do restaurante. — E não deixem de dar uma gorjeta generosa para o taberneiro que teve que abrir o restaurante logo cedo por causa de vocês.
Os mercenários responderam humildemente:
— S-Sim, senhor…
— Se vão pagar o homem, também ficarei muito grato se deixarem algo para cuidar da nossa conta também. — Acrescentou Hamel.
— Tudo bem… — Os mercenários concordaram impotentes.
No final, eles não tiveram escolha a não ser deixar todo o conteúdo de suas carteiras no caixa antes de partir. Antes mesmo de Vermouth escolher um assento, Hamel puxou um assento vazio e jogou a bunda nele.
— Você é mesmo um lixo, não é? — Sienna disse com uma fungada arrogante, ainda muito insatisfeita com Hamel. Inclinando a cabeça para o lado em um ângulo torto, ela olhou para Hamel e perguntou: — Você é um mercenário e eles são mercenários, então vocês não são colegas na mesma linha de trabalho?
— É porque temos um vínculo de colegas no mesmo ramo de trabalho que ficamos felizes em pagar a refeição uns dos outros. Então, não está bem se eu pagar pelas refeições desses desgraçados em outra hora? — Hamel argumentou.
— Como se você fosse fazer algo assim. — Zombou Sienna.
— Você não está sendo rude demais com alguém que acabou de conhecer hoje? Não só agora, na verdade. — Hamel apontou. — Além disso, fiquei pensando por um tempo… Por que você tingiu seu cabelo de roxo? É porque quer ser mais reconhecida no campo de batalha?
— Não é tingido! — Sienna gritou enquanto apertava os olhos com raiva e tirava o chapéu. Ela abaixou abruptamente a cabeça para mostrar a ele as raízes do cabelo no topo de sua cabeça e disse: — Eu tenho cabelo roxo desde que era jovem! Um mercenário tolo como você pode não estar ciente disso, mas seres como eu, que são amados por mana e magia, seu favor pode afetar fisicamente nossa constituição!
— Para que o favor da mana realmente deixe seu cabelo roxo… Isso é uma demonstração de favor bastante trivial. — Comentou Hamel.
Ela deveria apenas matá-lo? Chamas brilharam nos olhos de Sienna enquanto olhava para o homem.
— Você tem uma língua bastante afiada. — Disse Anise enquanto olhava para Hamel com os olhos semicerrados.
Com seu manto velho e gasto e as cicatrizes em seu rosto, sua aparência não era nem um pouco ‘polida’, e até mesmo a maneira como ele falava era abrasiva.
— Sir Vermouth, deve ser mesmo esse mercenário em particular? — Anise implorou.
— Como eu disse. — Vermouth confirmou com um encolher de ombros.
— Hamel pode ser mais fraco que eu, mas ainda é muito forte. Poderíamos provar isso a você se competirmos um contra o outro agora, mas não quero ferir o orgulho de Hamel competindo com ele quando ainda não me conhece muito bem. Um guerreiro deve respeitar seus companheiros guerreiros. — Moron, que casualmente se sentou ao lado de Hamel, disse sério enquanto estufava o peito com orgulho.
Em reação a essas palavras que pareciam ter saído do nada, todos se viraram para olhar para Moron.
— Por que essa pessoa de aparência selvagem de repente começou a falar como um idiota? — Hamel finalmente perguntou.
— Ei! Quem você pensa que é para chamar Moron de idiota? — Sienna aproveitou a chance para repreender imediatamente Hamel.
Ao mesmo tempo, ela sutilmente usou sua mana para pressionar Hamel e chegou ao ponto de usar seu cajado mágico, Akasha, que era mantido sob suas vestes para obter força extra. Se Hamel fosse atacá-la de repente como tinha feito antes, estava pensando em corrigir essa pequena peculiaridade dele e fazê-lo perceber a hierarquia entre eles.
— Qual é o problema de chamá-lo de idiota quando ele age como um…? Não, espere um segundo. Moron? Vermouth? — Hamel percebeu tardiamente o que aqueles nomes significavam e rapidamente girou a cabeça entre os dois homens.
Embora já tivesse se ouvido ser chamado de idiota várias vezes, Moron não demonstrou nenhuma ofensa e estava olhando fixamente para a cozinha. Sua única preocupação parecia ser quando os pratos que ele havia pedido seriam servidos.
— Moron Ruhr, Filho dos Campos de Neve. — Hamel finalmente disse.
— Você já ouviu falar da minha bravura? — A cabeça de Moron girou para trás enquanto respondia às palavras murmuradas de Hamel com olhos brilhantes.
No entanto, Hamel já havia desviado o olhar dele e estava olhando para Vermouth, que estava sentado na frente deles.
— E você… É Vermouth… Vermouth Lionheart, certo? O mestre da Espada Sagrada, o Herói da Luz? — Hamel perguntou em confirmação.
— É assim que me chamam. — Respondeu Vermouth com uma expressão gentil.
A essa altura, Hamel não teve escolha a não ser soltar um bufo e balançar a cabeça em descrença. Por que não os reconheceu imediatamente? Quando cada uma dessas quatro pessoas, mesmo quando consideradas individualmente, eram indivíduos extraordinários com aparências únicas?
Lá estava a bela e voluptuosa sacerdotisa loira com um rosto benevolente que parecia estar sempre sorrindo. Mas, em contraste com sua aparência, uma maça pesada estava pendurada em sua cintura.
Nesse tipo de era, não era incomum ver sacerdotes carregando armas, mas os que insistiam em usar túnicas clericais em vez de armaduras enquanto carregavam orgulhosamente uma maça não eram uma visão comum.
“A Santa da Luz, Anise Slywood.”
Quanto à bruxa que vinha discutindo com ele desde antes, enquanto estalava a língua — aquele rosto atrevido revelava descaradamente sua antipatia interna por ele, sem a menor intenção de escondê-la. Seu cabelo roxo não foi tingido, mas foi alterado para essa cor por sua poderosa mana. Finalmente, seus olhos verdes o lembraram de uma floresta.
“A arquimaga, Sienna Merdein.”
Cada um deles era um indivíduo famoso.
Moron Ruhr era o filho do chefe de guerra da tribo Bayar, famosa por ser uma tribo com um talento excepcional para a luta, mesmo entre as outras tribos nativas que viviam naquela terra fria do norte.
Anise Slywood era a Santa da Luz que o Império Sagrado mantinha escondida do resto do mundo. Dizia-se que a luz que Anise podia emitir sozinha era ainda mais intensa e brilhante do que a luz emitida por dezenas de sacerdotes trabalhando juntos. A magia divina que ela podia invocar era conhecida como a Realização dos Milagres, pois podia curar os aleijados, abrir os olhos dos cegos e até recolocar membros caídos em um instante.
Sienna Merdein; uma jovem bruxa que, apesar de ser humana, foi criada pelas mãos dos elfos. Um dia, ela repentinamente deixou a floresta Samar e desceu para os campos de batalha fora da floresta, onde monstros e bestas demoníacas corriam desenfreadamente. Lá, ela agiu como a própria encarnação de um desastre natural; relâmpagos, ventos e chamas varrendo o chão com cada brilho de seu cajado.
Finalmente, havia Vermouth Lionheart.
Um sobrevivente do Reino do Norte de Ashal. Ele havia sido capturado pelos demônios quando tinha apenas quinze anos. Então, ao ser transportado para Helmuth… Ele se revelou um gênio monstruoso quando, junto com Moron, aniquilou o povo demônio que o acompanhava e resgatou os outros escravos com a ajuda de uma única espada. Depois disso, se dirigiu ao Império Sagrado e recebeu o reconhecimento da Espada Sagrada, tornando-se o Herói da Luz.
— Bem, isso não é algo… — Hamel murmurou enquanto seus lábios se contraíam em um leve sorriso.
Eles eram todos heróis famosos sobre os quais tinha ouvido falar mais de uma vez. Podiam existir muitos rumores sobre eles, mas esta foi a primeira vez que Hamel os encontrou pessoalmente.
— Então, por que o famoso Herói da Luz e seus companheiros… Vieram em busca de um mercenário insignificante como eu? — Hamel perguntou sarcasticamente.
— Parece que você tem uma compreensão clara do seu lugar. Eu realmente não gosto muito de você, mas desde que esteja ciente de sua posição e saiba quando abaixar a cabeça, acho que posso aprender a tolerá-lo. — Disse Sienna com um sorriso.
Ele deveria bater nela apenas uma vez… Ele poderia bater nela? Enquanto cerrava os punhos embaixo da mesa, Hamel olhou para Sienna.
— Vamos parar de incitar uns aos outros. — Vermouth falou. O som de sua voz instantaneamente acalmou a atmosfera hostil que estava começando a ferver na mesa enquanto continuava. — A comida vai sair em breve.
— Oooh. — Moron grunhiu de excitação enquanto saltava de seu assento.
Então, de repente, ele pegou a mesa inteira e correu às pressas para a cozinha. Ele havia decidido que, em vez de pedir que trouxessem cada prato um por um… Seria mais conveniente simplesmente pegar toda a mesa de jantar e usá-la como bandeja.
Hamel murmurou. — Ele é um filho da puta insano–
— Moron é simplesmente gentil. — Falou Anise, interrompendo Hamel. Ela abriu a tampa de seu frasco de água benta, sacudiu-o suavemente, então levou-o ao nariz para sentir o cheiro que saía de sua boca enquanto continuava. — Você realmente acha que ele é tão idiota que tolamente permitiria que você continuasse chamando-o de idiota? Mesmo que a personalidade de Moron não seja tão selvagem quanto a sua, você realmente acha que ele continuará rindo baixinho se continuar sendo ridicularizado por ser um idiota?
— E daí? Ele vai tentar quebrar minha cabeça? — Hamel desafiou.
— Por que você mesmo não descobre a resposta? — Respondeu Anise. — Você será capaz de dizer se ele é um idiota ou um tolo por–
Craaash!
Um grande som soou por trás. Olhando para ver o que havia acontecido, eles perceberam que era o som da mesa sendo despedaçada, porque não aguentou a força do aperto de Moron. Os pratos que já haviam sido colocados na mesa caíram por causa disso, mas ele rapidamente pegou cada um dos pratos enquanto caíam com uma agilidade que parecia antinatural com seu grande volume e os jogou de volta no ar.
Os pratos lançados pelo ar pousaram na mesa que estava ao lado deles.
Boom!
O prédio balançou levemente em reação aos movimentos violentos de Moron que deixaram várias pegadas profundas no chão.
— Hmm… Vermouth pagará os custos do conserto. — Anunciou Moron.
— Que idiota…! — Anise suspirou e balançou a cabeça.
— Parece que ele está bem em ser chamado de idiota, porque realmente é um. — Hamel apontou sarcasticamente.
— Pode ser o caso, mas você, Hamel, não tem o direito de chamar Moron de idiota. Os únicos que podem dizer isso são os amigos e companheiros dele. — Declarou Anise.
— Isso mesmo! — Sienna falou. — Quem você pensa que é para continuar chamando Moron de idiota? É verdade que ele pode ser um, mas não é certo você chamá-lo de idiota, entendeu?
— Por que vocês me trouxeram aqui? — Hamel perguntou abruptamente, incapaz de entender a situação em que se encontrava, por mais que tentasse.
A expressão de Vermouth não mudou enquanto ele ouvia toda a conversa.
Mas assim que Moron esticou os braços e começou a carregar a nova mesa para onde o resto estava sentado, Vermouth perguntou de repente:
— Hamel Dynas, você está disposto a se tornar meu companheiro?
Moron não demonstrou nenhuma intenção de prestar atenção à conversa. Ele colocou a nova mesa no meio de seus assentos e imediatamente estendeu a mão para uma grande perna de porco assada. Com isso, Sienna, que estava sentada ao lado dele, deu um tapa nas costas de sua mão.
Após um sobressalto de surpresa, Moron acenou com a cabeça agradavelmente. Então estendeu suas grandes mãos à sua frente. Assim que fez isso, Sienna balançou o dedo e desenhou um círculo, conjurando um feitiço que cobriu as mãos de Moron com espuma borbulhante e água.
Depois de limpar as mãos, ele estendeu a mão para a perna de porco mais uma vez.
Slaaap!
Desta vez, Anise deu um tapa nas costas da mão de Moron. O golpe repentino o fez olhar para ela com uma expressão confusa. Enquanto olhava para ele com os olhos apertados, Anise abriu um guardanapo e o colocou sobre os joelhos. Então pegou uma faca e um garfo e os ergueu para Moron ver.
— Hmm…! — Moron grunhiu ao perceber e acenou com a cabeça enquanto colocava um guardanapo sobre os joelhos como Anise havia feito.
Mas por causa da espessura das coxas de Moron, o guardanapo não foi capaz de cobrir nem uma de suas pernas. Ele então pegou uma faca e um garfo em suas mãos grandes. Definitivamente não haviam sido feitos para serem segurados por mãos tão grandes, então Moron teve que segurá-los pelas pontas dos dedos para usá-los.
Creak, creeeeeak…
Moron começou a cortar pedaços da carne com olhos frustrados. A cada golpe da faca, a velha mesa emitia rangidos. Suas habilidades com a faca não mostravam nenhum traço de refinamento, mas Sienna e Anise, responsáveis por ensinar ‘etiqueta’ a Moron, tinham olhares felizes em seus rostos enquanto se entreolhavam.
Enquanto os três faziam tudo isso, Hamel estava ocupado pensando nas últimas palavras de Vermouth.
Vermouth queria que ele… Se tornasse um companheiro? Hamel não conseguia entender o que essas palavras significavam.
Vermouth, Sienna, Anise e Moron eram os heróis mais famosos de todo o continente, e seu grupo tinha força de combate suficiente para enfrentar uma das muitas legiões do povo demônio.
Quanto a Hamel… Ele já planejava pegar um navio neste porto e seguir para Helmuth. A maioria das guerras travadas nas terras de Turas havia terminado. O povo demônio e as bestas demoníacas agora haviam se retirado para Helmuth, e os monstros foram exterminados a tal ponto que não podiam mais reunir nenhum exército. Não havia mais campos de batalha nessas terras para Hamel participar.
No entanto, isso não era suficiente para ele. Hamel queria matar ainda mais monstros, bestas demoníacas e demônios. Se possível, queria eliminá-los até que não restasse nenhum neste mundo.
Era pelo bem da paz mundial? Não. O desejo de Hamel não nasceu de um senso de dever tão maravilhoso. Ele simplesmente os odiava. Queria matar todos eles. Para que nunca mais tivesse que colocar os olhos em um deles. Como tal, queria acabar com todas as bestas demoníacas, demônios e até mesmo os Reis Demônios.
Foi por uma razão incrivelmente pessoal que Hamel decidiu ir para Helmuth. Lá, todos os dias seriam repletos de batalhas intermináveis. Embora reforços estivessem sendo enviados para Helmuth de todo o continente, as próprias forças de Helmuth ainda estavam deixando para trás montanhas de cadáveres humanos dia após dia.
Hamel sempre atribuiu sua sobrevivência contínua até agora a vários fatores: o primeiro era que ele era forte, o segundo era que era um gênio e o terceiro era que tinha sorte. Mas sabia que uma vez que viajasse para Helmuth, talvez sua sorte acabasse. Mesmo que fosse forte e um gênio… Provavelmente morreria de qualquer maneira.
Mas, mesmo assim, Hamel sentiu que não importava. A dele era uma vida que já deveria ter sido perdida há muito tempo, de qualquer maneira. Ele teve a sorte de sobreviver até agora, mas em vez de continuar a viver em gratidão por sua sorte de sobrevivência, ele preferia viver de acordo com seus desejos e manter os olhos nos alvos de seu ódio para se vingar. Mesmo que acabasse morrendo em Helmuth, contanto que pudesse matar pelo menos mais um homem demônio ou besta demoníaca antes de morrer, sentia que poderia ficar satisfeito com isso.
— Um companheiro, você diz. — Hamel repetiu enquanto os cantos de sua boca se contraíam em um sorriso.
Se ele se tornasse um companheiro do famoso herói, Vermouth, poderia sobreviver por um longo período em Helmuth. Esse fato por si só poderia ser suficiente para Hamel estar disposto a se tornar companheiro de Vermouth.
— Não me importo com o que você quer de mim, mas eu realmente não quero ouvir as ordens de algum escroto que é mais fraco que eu, certo? — Hamel disse desafiadoramente.
Mas ele realmente não suportava as atitudes que todas as quatro pessoas à sua frente haviam mostrado até agora. Era como se realmente não sentissem que precisavam levar alguém como ele com eles. Mesmo Moron, apesar de toda a sua simpatia, parecia convencido de que era mais forte do que Hamel. Sienna e Anise mostraram claramente que não conseguiam entender por que Hamel estava qualificado para se tornar seu companheiro.
Hamel não estava satisfeito com nada disso. Não importava o quão fortes fossem, quão bem eles pensavam de si mesmos? Realmente parecia um escroto para eles?
“Estão apenas pedindo uma surra”, pensou Hamel.
— Puhaha! — Sienna, que estava cortando uma fatia de carne para si mesma, caiu na gargalhada. — O que aquele desgraçado acabou de dizer? E-Ele realmente acabou de dizer ‘escroto’? Vermouth, ele estava falando com você, certo? Certo? Ha, ahaha, ahaha!
Com a voz trêmula, Anise disse:
— S-Sienna, não, hum, não ria tanto. Se você começar a rir assim, eu vou… Puhu… Puhuhu, puhahaha…! R-Rir assim é…! Um grande, ahem, um grande insulto…
— Como esperado, você realmente é um verdadeiro guerreiro! — Moron disse enquanto olhava para Hamel com um grande sorriso.
Baaang!
Hamel inclinou a cadeira para trás e bateu com os dois pés em cima da mesa. Com essa ação, o riso de Sienna e Anise foi interrompido abruptamente.
Fwooosh.
— Vermouth. ,— Sienna pronunciou em um tom perigoso enquanto pequenas chamas se acendiam ao seu redor. — Ele é apenas um mercenário desgraçado que dá para encontrar em qualquer lugar. Existe realmente alguma razão para levarmos alguém como ele conosco?
— Eu não esperava tanto, mas ele não é muito bruto. — Anise entrou na conversa. — Sir Vermouth, em vez de um mercenário como este, que é apenas um cão selvagem, existem inúmeros outros guerreiros que seriam melhor escolher. Diz-se que o único filho do Cavaleiro Comandante do Império Kiehl tem uma ótima aparência e personalidade, além de habilidades excepcionais… Não seria melhor ir a Kiehl e recrutá-lo?
Em meio a essa atmosfera fria, Moron mais uma vez trouxe algo completamente irrelevante.
— Ouvi dizer que os guerreiros do Reino do Mar são homens verdadeiramente corajosos. Eu realmente gostaria de competir com eles.
— Tudo bem pessoal, menos você, realmente parecem não gostar de mim, não é? E também não quero viajar com malditos que não gostam de mim. Então, assim como aquela vadia da Santa ali disse, por que você não vai encontrar outro arrombado para levar com você? — Hamel zombou.
— Não. — Vermouth finalmente falou.
As faíscas que Sienna acendera foram apagadas. A luz que pairava sobre os pés de Anise também desapareceu.
Enquanto despejava um pouco de álcool em seu copo com um gesto gracioso, Vermouth continuou:
— Tem que ser você.
Ninguém foi capaz de entender o que ele quis dizer com essa afirmação.
Vermouth então disse:
— Se você realmente quer verificar minhas habilidades, que tal só terminarmos de comer primeiro.
— O quê? — Hamel perguntou confuso.
hamel ta certo… ok que ele esta sendo rude mas ser menosprezado na primeira vez os conhecendo é osso