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Damn Reincarnation – Capítulo 237

Lehain (8)

Glória era uma Espada Demoníaca concedida a Gavid Lindman pelo próprio Rei Demônio do Encarceramento, ganhando o título de Lâmina do Encarceramento. Dizia-se que era a única espada capaz de suportar o poder da Espada do Luar de Vermouth, que podia emitir uma luz ofuscante que poderia obliterar qualquer coisa em seu caminho.

Gavid Lindman quase não usou a Glória nos últimos trezentos anos. No entanto, apesar de permanecer intocada por muito tempo, a lâmina nunca perdeu o fio. Mesmo assim, Gavid limpava e afiava a lâmina de sua espada favorita todas as noites, sempre desejando mantê-la em perfeitas condições. Esta noite em particular não era exceção e, de fato, ele tinha um desejo maior de afiar sua lâmina esta noite.

Enquanto Gavid estava sentado em seu quarto, ele pensou em seu encontro com Moron apenas algumas horas atrás. O intenso espírito de luta que ele exalava causou um arrepio agradável nas costas de Gavid enquanto relembrava os eventos. Isso trouxe à mente memórias das batalhas que lutou trezentos anos atrás, e Gavid não pôde deixar de sentir uma sensação de nostalgia invadi-lo.

“Só um pouquinho”, pensou Gavid enquanto endireitava sua espada negra como breu.

Ele se lembrou do brilho opaco dos olhos de Moron. Trezentos anos não era pouco tempo, mesmo para os padrões dos demônios, e era um período de tempo extremamente longo para os humanos. Gavid não pôde deixar de refletir sobre como o tempo desgastava até mesmo o mais forte dos humanos. Assim como as rochas sofrem erosão sob as forças da natureza, os humanos também são incapazes de escapar dos estragos do tempo. Por mais forte e excelente que fosse um humano, eles se desgastariam com o passar do tempo, até mesmo Moron.

“Eu estava ansioso por isso.”

Gavid relembrou a decepção que sentiu quando Moron não o envolveu imediatamente na batalha, apesar de seu comportamento maníaco. Depois de trezentos anos de isolamento, Gavid esperava que a loucura de Moron se manifestasse como uma agressão violenta, mas estava errado. Em vez disso, Moron lançou insultos e xingamentos a Gavid, mas não fez nenhum movimento para sacar sua arma. Estava muito longe de suas batalhas anteriores, onde se enfrentaram em uma dança frenética da morte.

— Ele é humano, mas é diferente dos outros humanos.

Gavid Lindman olhou para a lâmina negra que devorava toda a luz, murmurando para si mesmo sobre Moron Ruhr. Ao contrário de outros humanos, havia algo especial nele. Sua energia acendeu o espírito de luta de Gavid, e ele esperava ansiosamente por uma batalha. Mas foi em vão; Moron o insultou, mas não desembainhou a arma. Decepcionado, Gavid não teve escolha a não ser sacar sua espada e aplacar seu desejo de lutar. A Espada Demoníaca Glória foi um presente do Rei Demônio do Encarceramento, e Gavid a honrou cuidando dela. Sempre que sentia vontade de se soltar, afiava e limpava a lâmina, como fazia agora.

A Glória tinha um efeito calmante na turbulência interna de Gavid Lindman, e ele não pôde deixar de se perguntar se Moron tinha algo semelhante. Não era exatamente uma sensação de parentesco, mas Gavid não conseguia se livrar da lembrança dos olhos ferozes de Moron enquanto ele se aproximava da fortaleza do outro lado do campo de neve. Eles queimavam com a fúria de uma fera pronta para dilacerar sua presa. Mas assim que Moron chegou ao portão, sua agressividade se dissipou como uma rajada de vento. Foi uma mudança estranha, e Gavid não pôde deixar de se sentir desapontado pela batalha antecipada com Moron não ter se concretizado.

“Foi porque seus descendentes estavam assistindo? Ou… Porque ele viu uma Imitação da Encarnação que se parecia exatamente com Anise Slywood? Se não for isso também, é porque ele sentiu o sangue de Vermouth Lionheart?” Gavid continuou a refletir.

Apesar de não compartilhar uma semelhança física, Eugene Lionheart possuía um brilho e talento que lembrava seu ancestral, Vermouth Lionheart. Era um dom de que poucos humanos podiam se gabar e que impulsionou Vermouth a grandes alturas, permitindo que ele se tornasse um Herói e alcançasse os Reis Demônios. Até Eugene sabia que havia herdado esse dom de seu ancestral e um dia alcançaria alturas semelhantes. O mesmo sangue que corria nas veias de Vermouth agora corria nas veias de Eugene, e ele sabia que era apenas uma questão de tempo até que ele também se tornasse o Herói.

Moron também teria sentido o sangue fluindo nas veias de Eugene Lionheart. Afinal, ele havia lutado junto com Vermouth no passado.

De qualquer maneira, Gavid sentiu que era uma pena. Se Moron tivesse cedido à sua loucura e o atacado, isso teria dado a Gavid a justificativa para lutar contra ele.

— Não fique aí parado. Entre. —disse Gavid enquanto colocava Glória de volta em sua bainha. A aba se abriu e Amelia Merwin sorriu do outro lado da entrada.

— Isso não é um pouco miserável para ser o aposento do Duque de Helmuth? — Perguntou Amelia.

— Este não é meu território, é? — Rebateu Gavid.

— Se você quiser, eles lhe darão um castelo. Ou você prefere que eu construa um castelo para você? — Disse Amelia.

— Você continua rude como sempre. — Gavid não pôde deixar de sorrir com a grosseria usual de Amelia. Ela tinha o hábito de se referir a todos como você, independentemente de sua posição ou status, exceto o Rei Demônio do Encarceramento, a quem ela se dirigia com o título apropriado. Gavid sempre achou divertido, mas sabia que não devia baixar a guarda com ela. Afinal, se Amelia tivesse ousado desrespeitar o Rei Demônio, Gavid teria sido o primeiro a derrubá-la.

— É uma oferta agradável e grata, mas terei que recusar. Estou me sentindo bastante confortável nesta tenda. — Gavid recusou com um sorriso.

Amelia soltou um bufo suave quando ouviu a resposta de Gavid. Sem dizer uma palavra, uma sombra escura surgiu debaixo dela e tomou a forma de uma cadeira. Ela graciosamente se sentou na frente de Gavid e cruzou as pernas, seu olhar penetrante fixo nele.

— Vejo que você ainda tem mau gosto. — Gavid disse sarcasticamente.

Hemoria, que estava atrás de Amelia com um osso na boca, olhou para a parte de trás da cabeça de Amelia com um olhar assassino e soltou respirações irregulares. No entanto, quando ela fez contato visual com Gavid, se encolheu como se tivesse medo de alguma coisa.

— Uma mistura de muitas coisas. — Gavid continuou enquanto olhava mais de perto para Hemoria, notando o tom carmesim de seus olhos e a nitidez de seus dentes. Ela segurava um osso na boca e havia algo nela que não parecia muito humano. Apesar de sua aparência externa, havia uma qualidade sobrenatural em sua existência que a diferenciava. Ele sabia que ela não era humana.

— Você ainda é obcecado por esse tipo de existência? — Gavid perguntou a Amelia.

— Esqueceu que odeio essa pergunta? — Retorquiu Amelia.

— Ah, que rude da minha parte. Faz tanto tempo desde a última vez que te vi. Já se passaram setenta anos desde a última vez que nos encontramos? — Perguntou Gavid.

As palavras de Amelia carregavam um tom misterioso enquanto ela sorria para Gavid. Seu olhar varreu as pernas de Hemoria, aparentemente encontrando diversão em sua presença. — Posso ter esquecido o passado distante. — Disse ela. — Mas por que você não me pergunta por que vim?

— Conheço você há duzentos anos. Embora eu não a tenha visto com tanta frequência quanto a conheço, sei que você é uma maga muito perversa. Se posso adivinhar com base nesse fato, acho que você está aqui para me pedir para acompanhá-la em um plano malicioso. — Respondeu Gavid.

Amelia retransmitiu com indiferença o propósito de sua visita, seus ombros subindo e descendo em um encolher de ombros.

— Eles estão planejando incorporar monstros em seu treinamento conjunto. Os magos de Aroth e Nahama estarão cuidando da invocação, mas pensei em dar uma mãozinha e invocar alguns eu mesma.

— É mesmo? — Disse Gavid.

— Se você investir apenas um pouco de mana, posso criar uma bagunça muito agradável e divertida aqui. O que você acha? Acho que você pode se divertir com isso. — Disse Amelia.

Gavid deu uma leve risada e acenou com a cabeça em concordância. — Essa é certamente uma proposta interessante, Amelia. — Disse ele, olhando-a com uma expressão curiosa. — Mas receio ter que recusar. Embora eu esteja pessoalmente intrigado com a ideia do caos que você planeja criar, sei que Sua Majestade, o Rei Demônio, não aprovaria tal aventura.

— Depois de vir até aqui? — Disse Amelia.

— Não vim ao norte para te dar força. Eu simplesmente queria ver o Herói e a Santa pessoalmente. Você não esperava que eu lhe desse essa resposta? — Respondeu Gavid.

Amelia não negou sua acusação, e seu sorriso não vacilou com a rejeição de Gavid. Afinal, ela esperava por isso. Sua proposta não foi feita com seriedade. Mesmo que invocasse uma legião de monstros selvagens, o poder combinado da Marcha dos Cavaleiros os dominaria facilmente.

“Se você não está disposto a ajudar, não há razão para eu seguir em frente com o plano.”

Ela imediatamente desistiu de seus sentimentos persistentes.

Amelia se inclinou para frente, seus olhos focados intensamente em Gavid.

— Deixe-me perguntar outra coisa. — Disse ela. — Tenho certeza de que você já esperava um pouco por isso, mas há algo que eu queria fazer há muito tempo. A mesma razão pela qual eu estava presa naquele deserto arenoso. — Seu tom era sério e ficou claro que o que ela estava prestes a dizer era importante para ela.

— Você está preocupado que eu possa intervir? — Perguntou Gavid.

— Nenhum outro duque interviria exceto você. Noir Giabella vai se divertir muito assistindo, assim como Raizakia, aquele dragão. Mas você é a Lâmina do Encarceramento, certo? Se eu fizer algo para quebrar a paz que o Rei Demônio do Encarceramento quer… — Disse Amelia.

— Sua Majestade respeita a liberdade de seus servos. — Respondeu Gavid.

Ele não sabia exatamente o que Amelia pretendia, mas sabia que ela havia se preparado por muito tempo. Ele também sabia que o Rei Demônio do Encarceramento não era irrelevante para o assunto.

Amelia Merwin não era a única assim. Todos os três Magos do Encarceramento assinaram contratos diretamente com o Rei Demônio do Encarceramento. Edmund Codreth e Balzac Ludbeth também compartilhavam desejos semelhantes como magos, o que Gavid considerava altamente presunçoso e arrogante. Apesar disso, o Rei Demônio do Encarceramento não restringiu os magos em suas aspirações. Pelo contrário, concedeu-lhes liberdade irrestrita para perseguir seus objetivos e até mesmo forneceu assistência material para alcançá-los.

— Não sei o que você está tentando conseguir. Sua Majestade deve saber, mas não me ordenou que a impedisse. — Disse Gavid.

— Gostaria que você me dissesse com certeza que não virá me matar não importa o que eu faça. — Disse Amelia.

— Isso não é algo que eu decida. Se… O que você fizer for exagerado e Sua Majestade ficar com o coração partido e me ordenar para trazer sua cabeça, não terei outra escolha a não ser obedecer a sua ordem.

Não era a resposta que Amelia esperava, mas ela entendeu que era a melhor resposta que poderia esperar da Lâmina do Encarceramento. Como tal, ela não prosseguiu e acenou com a cabeça em compreensão.

— Não darei tal ordem.

Amelia estava pronta para sair da tenda, já que não havia mais nada para discutir. Mas quando estava prestes a sair, uma voz emanou das sombras sob a luz, parando-a em seu caminho. A voz não continha nenhuma presença significativa ou peso. Era simplesmente uma voz. No entanto, Gavid e Amelia sabiam muito bem a quem pertencia a voz.

Os dois imediatamente pularam de seus assentos com expressões pálidas enquanto Hemoria inclinava a cabeça confusa, incapaz de entender por que estavam agindo tão confusos.

— Não quero atropelar seus esforços e trabalho duro. — Continuou a voz.

Um olho se abriu na escuridão. Ainda não havia presença a ser sentida, mas ao contrário da voz, o olho fez com que Hemoria caísse no chão inconsciente com apenas um olhar. No entanto, Amelia não conseguia desviar os olhos do olho.

— Vossa Majestade! Por que veio a um lugar tão miserável…?! — Disse Gavid, curvando-se profunda e respeitosamente.

Ele estava acostumado a ouvir a voz do Rei Demônio do Encarceramento descendo do último andar de Babel. No entanto, fazia muito tempo desde que Gavid sentiu pela última vez a existência do Rei Demônio do Encarceramento e se deparou com seu olho. Isso fez Gavid tremer de êxtase.

— Não estou aqui para repreendê-lo. — Disse o Rei Demônio do Encarceramento. Seu olho era a única coisa visível na escuridão.

Amelia cerrou o punho enquanto tremia.

— Então… Você está aqui para me repreender? — Ela perguntou.

— Eu já te disse. Não desejo atropelar seu trabalho duro e esforço. — Respondeu o Rei Demônio.

Gavid e Amelia ficaram em silêncio com essa confirmação.

— Se o seu desejo há muito acalentado se tornar realidade, você terá grande honra. Mas se falhar, terá que pagar o preço. Amelia Merwin, todos os meus subordinados assinaram o mesmo contrato, inclusive você. Esqueceste-te? — Perguntou o Rei Demônio.

— Como poderia esquecer? Afinal, vossa majestade está me fornecendo tanta mana quanto desejo. — Respondeu Amelia.

O contrato que ela tinha com o Rei Demônio do Encarceramento era simples, mas poderoso. Amelia poderia receber tanta mana do Rei Demônio do Encarceramento quanto desejasse. No entanto, esse poder não era algo para ser considerado levianamente, pois mesmo aqueles que tinham um contrato com o Rei Demônio poderiam ser facilmente destruídos por seu imenso poder. Felizmente, Amelia foi capaz de ajustar a quantidade de poder que recebeu, permitindo-lhe obter a quantidade certa no momento certo sem sobrecarregá-la. Ela não era a única com essa habilidade, já que todos os três Mago do Encarceramento eram capazes de fazer o mesmo.

Quando alguém fazia um pacto com um demônio, sempre havia um preço a ser pago. A moeda mais comum para tais acordos era a alma de alguém em troca de poder. Assim que o contratado morresse, sua alma seria propriedade do demônio com o qual eles fizeram um pacto. O contrato entre Amelia e o Rei Demônio do Encarceramento não era diferente. Amelia estava ciente de que quando sua hora chegasse, sua alma seria entregue ao Rei Demônio.

Isso não era tudo.

Os Reis Demônios eram seres únicos cujo poder prosperava na adoração. Assim como a fé e a adoração em um deus os tornavam divinos, da mesma forma, a admiração e a adoração dos Reis Demônios aumentavam seu poder e os tornavam quem eles eram. Era essa diferença fundamental que diferenciava os Reis Demônios de outros demônios. O Rei Demônio do Encarceramento prosperava no medo. A simples menção de seu nome era suficiente para causar terror nos corações das pessoas, e sua reverência por sua existência apenas aumentava seu poder. Para o Rei Demônio, o medo era um doce néctar, um tipo diferente de adoração que só servia para fortalecer seu domínio sobre o Domínio Demoníaco de Helmuth.

Como tal, se Amelia corresse loucamente para cumprir seu objetivo há muito acalentado, o mundo viria a conhecer seu nome e sua identidade como a maga negra que foi contratada pelo Rei Demônio do Encarceramento. O medo que atingiria os corações dos humanos seria transformado no poder do Rei Demônio do Encarceramento. E uma vez que Amelia morresse, a alma da maga negra que causou medo nos corações de muitos seria adicionada à coleção do Rei Demônio do Encarceramento. Ele ganharia o grande poder que ela acumulava e o medo que ela representava.

Amelia estremeceu com o mero pensamento de tal destino caindo sobre ela. A imagem de sua alma sendo possuída pelo Rei Demônio, como era o caso de todos os magos negros que haviam feito contratos com demônios, foi o suficiente para fazer seu sangue gelar. Ela não estava sozinha em seu medo; todo mago negro conhecia o horror de ter sua alma tirada. A morte não oferecia conforto para aqueles que haviam feito tais pactos, e era por isso que muitos deles buscavam desesperadamente mudar seu destino. Amelia não era exceção a esta regra.

— Moron está aqui? — Murmurou o Rei Demônio.

Boooom!

Assim que ele terminou de falar, uma grande força destruiu a tenda de Gavid. Mas a única coisa que voou foi a tenda. Foi o resultado de Gavid imediatamente erigir um feitiço para proteger o espaço.

— Impensável! — Gavid berrou, sua mão instintivamente alcançando o punho de sua espada.

Sua raiva era palpável, uma força fervilhante que ameaçava transbordar a qualquer momento. No entanto, não sacou sua lâmina. O Rei Demônio do Encarceramento não havia dado a ordem, e Gavid sabia que não deveria agir sem o comando de seu governante. Ainda assim, o peso de sua fúria foi suficiente para encher o ar, sufocando todos os presentes.

Antes que alguém percebesse, a Névoa Negra se reuniu atrás de Gavid e, uma vez que a névoa se dissipou, os cavaleiros demoníacos estavam ajoelhados em uníssono. Localizado dentro de um tentáculo de escuridão havia um olho carmesim. Nenhum dos Cavaleiros da Névoa Negra jamais encontrou o Rei Demônio do Encarceramento, mas eles instintivamente sabiam a quem pertenciam o olho e a escuridão.

— Moron Ruhr. — Disse a voz de dentro da escuridão.

O olho rolou e Moron se endireitou. Ele veio direto do topo do castelo fortaleza. Ele estava bebendo alegremente com Eugene e Anise até alguns segundos atrás, mas sua mente estava completamente clara agora. As únicas coisas que o ocupavam eram um grande ódio e a vontade de matar.

— Encarceramento…! — Moron cuspiu o nome do Rei Demônio como se fosse veneno, seus lábios torcidos em um rosnado de ódio e fúria.

Ele foi o primeiro a chegar, mas outros logo o seguiram, atraídos por sua determinação feroz e inabalável. Eugene pousou atrás de Moron, envolto em chamas roxas que dançavam e piscavam ao seu redor como uma coisa viva. Seus olhos brilhavam com uma intensidade feroz, combinando com os de Moron em seu foco inabalável. Anise pousou graciosamente atrás dos dois homens, suas Asas de Luz desdobradas atrás dela como uma auréola de puro brilho.

— Não desejo causar perturbação. — Falou a voz, e a escuridão se contorceu em resposta.

Logo, outros começaram a se reunir. Os primeiros a chegar foram os Cavaleiros da Cruz de Sangue do Império Yuras, com suas armaduras ressoando e suas armas prontas. Raphael estava na liderança e desembainhou sua grande espada ao ver a escuridão e o olho vermelho antes de saltar no ar como se estivesse pronto para atacar.

— Pare! — Gritou Anise.

O grito continha uma grande quantidade de poder divino e fez com que Raphael parasse no ar. Raphael olhou para Anise com uma expressão atônita, então deu um leve aceno antes de abaixar sua grande espada.

Os Cavaleiros da Cruz de Sangue estavam de frente para a Névoa Negra e, logo, membros da família Lionheart e os Cavaleiros Dragão Branco de Kiehl chegaram. Os cavaleiros, que continuavam a aumentar em número, cercaram a Névoa Negra para impedi-los de escapar.

Mas isso era apenas o que parecia na superfície. Eugene olhou para a escuridão enquanto cerrava os punhos.

Logo, os reis do continente começaram a chegar, cada um com suas reações únicas.

O Papa de Yuras engasgou de dor enquanto apertava o peito, sangue escorrendo de seus estigmas, apesar de não ter invocado nenhum milagre.

Os olhos injetados do Imperador de Kiehl permaneceram fixos na escuridão, mas seu corpo o traiu, suas pernas tremendo incontrolavelmente enquanto seus instintos entravam em ação. Apesar disso, ele se manteve firme, recusando-se a deixar seu medo aparecer, mas apenas por pouco. Embora o oponente fosse seu igual, o imperador de um império, ele também era o Rei Demônio que reinava por um período extremamente longo. Em particular, o Rei Demônio do Encarceramento era especial e mais poderoso, mesmo entre os Reis Demônios. As autoridades dos imperadores não tinham sentido diante do poder esmagador do Rei Demônio do Encarceramento.

— Não quero ser mal interpretado. — Murmurou o Rei Demônio do Encarceramento.

A escuridão de repente se contorceu.

Ahhhh!

Gavid gritou com uma voz cheia de admiração e se ajoelhou no local. Amelia também não aguentava mais. Por mais arrogante que fosse, ela não pôde deixar de se ajoelhar.

— Não estou aqui para quebrar minha promessa. — A voz do Rei Demônio ecoou no ar, e a escuridão assumiu a forma humana, revelando o Rei Demônio do Encarceramento. Sua pele pálida e sem sangue e olhos vermelho-rubi eram impressionantes, e sua beleza era inegável. O Rei Demônio do Encarceramento continuou enquanto acariciava o chifre em sua cabeça. — Se você está entendendo mal minha visita e está desconfiado de mim, espero resolver o mal-entendido.

Moron olhou para o Rei Demônio do Encarceramento com olhos injetados e falou:

— Ouvi dizer que você alertou o mundo. — A aparição do Rei Demônio o lembrou do encontro que ele teve trezentos anos atrás no último andar de Babel, que o deixou em desespero.

O Rei Demônio do Encarceramento acenou com a cabeça e respondeu:

— Sim, alertei. — Conforme ele movia as mãos, as correntes enroladas em seus pulsos produziam um som metálico. — Mas eu dei outra escolha. Se vocês, humanos, me mostrarem reverência, eu retribuirei com respeito. Enquanto a boa vontade que mostro não for violada, não tomarei a iniciativa de acabar com a paz.

De repente, uma voz interrompeu o silêncio tenso. Não era um dos reis, mas Gilead Lionheart, o chefe da família Lionheart. Suas pernas tremeram sob o peso da pressão do Rei Demônio, mas ele cerrou os dentes e se manteve firme.

— Rei Demônio do Encarceramento. — Disse ele, sua voz firme, mas cheia de determinação. — Eu sou Gilead Lionheart, patriarca da família Lionheart.

— Eu sei o seu nome. Caro descendente de Vermouth, o que você gostaria de me perguntar? — Disse o Rei Demônio do Encarceramento.

— Gostaria de lhe perguntar… Sobre o aviso. Você fez de meu filho adotivo o destinatário de seu aviso e disse que o fim do Juramento estava chegando. — Continuou Gilead.

O Rei Demônio do Encarceramento respondeu, inclinando a cabeça.

— O Juramento não foi feito para durar para sempre. — Seu olhar carmesim olhou de Gilead para Eugene. — Trezentos anos atrás, seu antepassado, meu querido Vermouth, fez um juramento comigo, um juramento de paz.

— …

— Não vou falar detalhes do Juramento já que não era isso que Vermouth queria. Mas descendentes dele, não interpretem mal o fim do juramento. O fim do Juramento é inevitável. Vocês podem mostrar respeito e admiração, e eu posso retribuir o favor, mas independentemente disso, algum dia, a paz obtida pelo Juramento terminará. — Disse o Rei Demônio do Encarceramento.

— Então…! Não poderíamos renovar o Juramento? Se necessário, então eu posso—

— Quem poderia substituir Vermouth? — Disse o Rei Demônio do Encarceramento com um sorriso. Suas palavras não foram dirigidas apenas a Gilead. Foi uma mensagem para todos que estavam neste lugar. Ele continuou enquanto olhava diretamente para o rosto de Eugene. — Ninguém pode substituir Vermouth. O Juramento foi feito, e só foi possível porque era Vermouth Lionheart.

O Rei Demônio do Encarceramento parou de repente, então desviou o olhar de Eugene e encarou Moron.

A voz do Rei Demônio do Encarceramento soou com um tom de comando, cortando o silêncio tenso. Moron Ruhr se esforçava para controlar a respiração, os músculos tensos e prontos para entrar em ação. Mas as palavras do Rei Demônio pareceram alcançá-lo, e ele hesitou.

— Não seja idiota, Moron. Pare com a bravata imprudente. — Continuou o Rei Demônio do Encarceramento, com os olhos fixos no homem agitado. — Me matar aqui e agora não trará o que procura. Isso só vai lhe trazer mais sofrimento.

 Krr…!

— Você não tem mais nada a fazer além de me matar? — Perguntou o Rei Demônio do Encarceramento.

Crack!

Os dentes de Moron quebraram e ele encarou o Rei Demônio do Encarceramento com os olhos vermelhos por um tempo, depois respirou fundo.

— Entendo. — Murmurou Moron, balançando a cabeça. Ele piscou algumas vezes, então deu um passo para trás com um escárnio. — Eu quero te matar agora. Quero terminar o que não consegui trezentos anos atrás.

— Você realmente acredita que pode conseguir o que falhou em fazer trezentos anos atrás, quando estava com Vermouth, Sienna e Anise? — Perguntou o Rei Demônio do Encarceramento.

— Não, não penso assim. Eu queria atacá-lo e queria morrer. — Respondeu Moron com franqueza. — Mas não posso morrer assim, pelo menos não agora. Então não vou atacá-lo.

O sorriso do Rei Demônio do Encarceramento mudou ligeiramente com a resposta de Moron. Ele olhou para o homem com o mesmo sorriso antes de assentir.

— Respeito sua decisão. — Então limpou o sorriso do rosto. — Moron Ruhr, também não me refiro apenas a você. Reis do continente, cavaleiros que os servem, mercenários que vagam pelo campo de batalha e outros guerreiros. Respeito todas as suas vontades. Eu sei porque todos vocês se reuniram aqui.

Ele continuou depois de baixar a voz para quase um sussurro.

— Então vou me despedir agora. Se vocês querem guerra, venham para o meu território. Assim como seus antepassados fizeram trezentos anos atrás, venham para o Pandemonium, escalem Babel e apontem suas lâminas para mim. —O corpo do Rei Demônio do Encarceramento começou a se espalhar na escuridão. — Se desejarem isso, ficarei feliz em esperar lá. Mostrei graça suficiente, Eugene Lionheart?

O Rei Demônio do Encarceramento de repente chamou o nome de Eugene, então olhou para ele com os olhos apertados enquanto desaparecia.

— Mestre da Espada Sagrada, descendente de Vermouth.

Eugene olhou para o Rei Demônio do Encarceramento sem responder.

— Você vai escalar Babel? — Perguntou o Rei Demônio do Encarceramento.

Eugene relembrou a visão de Vermouth da Sala Escura.

— Assim como eu, fique diante do Rei Demônio do Encarceramento e encontre seu verdadeiro corpo. O que acontecerá depois disso são coisas que você mesmo terá que experimentar.

— Sim. — Disse Eugene enquanto seus lábios se contorciam em um sorriso. Ele levantou o dedo médio em direção à figura que desaparecia do Rei Demônio do Encarceramento. — Não sei quando, mas vou me certificar de ir.

— Você! — Gritou Gavid com raiva.

Ele nunca imaginou que alguém seria louco o suficiente para mostrar um gesto tão desrespeitoso para com o Rei Demônio do Encarceramento.

No entanto, o Rei Demônio do Encarceramento apenas riu em resposta como se achasse divertido. Ele colocou a mão no ombro de Gavid e o impediu de correr para frente.

— Não seja rude.

— Mas Vossa Majestade…!

— Ele é meu convidado. — Sussurrou o Rei Demônio do Encarceramento, e Gavid curvou-se com uma careta. Pouco antes de desaparecer, o Rei Demônio do Encarceramento olhou para Eugene com olhos sorridentes e falou: — Estou ansioso pelo dia em que você vier para Babel.

Então desapareceu completamente. Até o momento em que não havia absolutamente nenhum vestígio do Rei Demônio do Encarceramento, Gavid manteve a cabeça baixa e os joelhos tocando o chão.

O Rei Demônio do Encarceramento havia chamado Eugene de convidado, e Gavid não tinha queixas. A blasfêmia que Eugene Lionheart mostrou merecia mil mortes extenuantes, mas seu senhor lhe ordenou que não fosse rude.

“Mas só até você chegar à Babel, claro”, pensou Gavid.

Gavid acalmou sua mente enquanto mastigava os lábios, então se levantou do chão. Ou, pelo menos, tentou se levantar. Mas pouco antes que pudesse fazer isso, a lâmina de Eugene Lionheart de repente caiu em direção à sua cabeça.

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Giovanne
Membro
Giovanne
14 dias atrás

O cara chegou botou o pau na mesa e mandou medir sem mais nem menos se é loko isso é ser forte

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