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Damn Reincarnation – Capítulo 293

A Pegada do Deus da Terra (7)

Eles não fizeram nenhum prisioneiro.

A noção de extermínio completo pode ter parecido inegavelmente severa para alguns, mas nem um único indício de hesitação passou pela mente de Ivatar, o chefe da Tribo Zoran, e dos chefes das tribos aliadas.

Eugene, um estranho não familiarizado com os costumes da floresta, absteve-se de interferir nos assuntos deles, assim como o resto do grupo. A tribo Kochilla há muito abraçou o canibalismo e os sacrifícios humanos como algo habitual em sua existência.

Como tal, mesmo de uma perspectiva externa, eram bárbaros que não podiam ser mantidos vivos.

— Você foi de grande ajuda.

Tendo completado a árdua tarefa de arrumar o campo de batalha, os restos da destruição ficaram evidentes para todos. Apesar do formidável poder da magia divina de Kristina, os aliados não saíram ilesos. O número de vítimas foi substancial, com um número considerável de vidas perdidas e numerosos indivíduos feridos e com dores.

Todos os guerreiros da tribo Kochilla morreram, sem deixar sobreviventes em seu rastro. Foi um triunfo inequívoco para os Zorianos e suas forças. Ivatar, dominado por uma sensação de satisfação, sorriu e fez uma graciosa reverência de gratidão ao grupo de Eugene.

— Se você não tivesse ajudado, nunca teríamos tido chance na guerra.

Embora o conflito dentro dos terrenos sagrados da Pegada do Deus da Terra tenha chegado ao fim, as forças de Ivatar votaram contra um retorno imediato a Zoran. Em vez disso, optaram por avançar, firmes na sua marcha em direção ao coração da capital da tribo Kochilla. As tropas de elite dos Kochillas foram derrotadas, deixando um caminho desprovido de oposição formidável. Além disso, a influência generalizada da sinistra magia negra de Edmond na capital garantiu que o número de sobreviventes seria escasso.

Ivatar planejou aproveitar o impulso para conquistar completamente a tribo Kochilla. Com uma vitória tão esmagadora, os líderes das tribos aliadas apoiaram totalmente a sua decisão.

Uma risada escapou dos lábios de Eugene ao observar os chefes olhando para Ivatar com uma mistura de admiração e reverência. Ele achou a situação bastante divertida, considerando que não muito tempo atrás, a maioria desses mesmos chefes havia sofrido a perda de um braço nas mãos de Ivatar.

— Eugene, meu respeitado amigo. Obrigado. Ainda estou me perguntando como posso retribuir o que você fez por nós, mas saiba de uma coisa. Darei a você todos os despojos obtidos ao conquistar a tribo Kochilla. — Disse Ivatar.

— Tudo é demais. Metade ficará bem. Você também deveria ganhar algo com a guerra. — Respondeu Eugene.

—  E quanto a mim? — Melkith não perdeu tempo em intervir. No entanto, quando ela se aproximou, um odor pungente e queimado emanava dela, fazendo com que Eugene recuasse instintivamente, com uma carranca gravada em seu rosto.

— Você com certeza é gananciosa. Graças a esta guerra, você conseguiu assinar um contrato com o Espírito Rei do Fogo. O que mais quer? — Disse Eugene.

— Tecnicamente falando, consegui o contrato com Ifrit, porque fui ótima. — Melkith falou, erguendo orgulhosamente o peito, as mãos cruzadas na cintura. No entanto, quase imediatamente recuou com uma expressão servil. — Ah… Tudo bem, tudo bem. Não aceito mais nada, então vamos manter o contrato, hein? Vamos lá, você ficou feliz interiormente depois de assinar aquele contrato comigo…

Suas palavras não foram dirigidas a Eugene. Parecia que Ifrit estava bastante descontente com a forma como Melkith estava sendo gananciosa. Ela continuou a rastejar para trás enquanto implorava a Ifrit.

— E o contrato de um Rei Espírito não é algo que possa ser retirado tão facilmente, certo…? Eu… Farei melhor. O que você diz? Certo, e se eu mudasse o nome da minha assinatura? Em vez da Força do Infinito, posso fazer algo que faça você se destacar um pouco mais. E quanto à Força Ifrit…? Posso até fazer uma assinatura só para você… E-E darei tratamentos especiais aos magos da Torre Branca que têm contratos com espíritos do fogo…

Suas palavras foram verdadeiramente idiotas e obsequiosas, fazendo Tempest tossir em desaprovação. Eugene também se afastou de Melkith.

— Ehem... Enfim, Eugene, devo muito a você. Primeiro, como você disse, eu lhe darei metade dos despojos, e que tal discutirmos o resto depois que a conquista terminar? — Perguntou Ivatar.

—  Claro.

Ivatar não fez nenhum pedido para que Eugene o acompanhasse, reconhecendo que o papel de Eugene na guerra havia chegado ao fim. Da mesma forma, ele se absteve de procurar ajuda de qualquer companheiro de Eugene.

Os cadáveres dos guerreiros da tribo Kochilla foram empilhados em uma colina e depois encharcados com óleo antes de serem incendiados.

Ivatar e os outros guerreiros não lamentaram os muitos corpos e não se importaram se o Deus da Terra abraçaria suas almas. No entanto, eles lamentaram a morte de seus aliados.

Com um semblante solene, Kristina ajoelhou-se, o rosto marcado pela exaustão, e ofereceu orações pelas almas que partiram. Testemunhando essa visão, Ivatar ficou profundamente comovido e se viu compelido a se juntar a ela de joelhos. Ele ficou comovido ao ver uma sacerdotisa, que vinha de uma terra estranha a Samar e não adorava o Deus da Terra, orando sinceramente pelos guerreiros caídos.

Seguindo o exemplo de Ivatar, todos os guerreiros presentes, dominados por um profundo sentimento de emoção, se ajoelharam em uníssono. O impacto das ações de Kristina tocou-os profundamente, pois ela não só ofereceu orações, mas também contribuiu para salvar muitas das suas vidas, tirando-as do precipício da morte.

Kristina ficou chocada quando abriu os olhos depois de orar intensamente. Não foi surpreendente, visto que ela encontrou milhares de nativos rudes ajoelhados diante dela como se a adorassem.

Ivatar e os guerreiros foram os primeiros a deixar a Pegada do Deus da Terra. O grupo de Eugene optou por não partir imediatamente, optando por permanecer mais um pouco e conduzir uma inspeção mágica completa.

Com a morte de Edmond, a intrincada rede de Veias Terrestres recuperaria gradualmente o seu ritmo inerente, voltando ao curso natural que há muito lhe havia sido negado. No entanto, apesar desta mudança, a realidade cruel permaneceu — resgatar as almas sacrificadas durante o ritual era uma tarefa intransponível, uma vez que a maioria já tinha desaparecido no ritual.

[Não tem jeito. Não há nada que possamos fazer…] Anise falou depois de sentir a tristeza de Kristina. [Eu não te contei, Kristina? Mesmo sendo a Santa, salvar a todos é impossível.]

Kristina abaixou a cabeça, um suspiro pesado escapando de seus lábios. Anise, atenta observadora, reconheceu o peso gravado no semblante de Kristina. Anise também não era estranha a essa tristeza familiar, tendo-a experimentado inúmeras vezes no seu passado distante, há três séculos.

[Não conseguimos salvar todos, mas salvamos muitas pessoas. Não sei como você reagiria, mas… Tenho que dizer isso agora.]

“O que foi, irmã?”

[Você fez um bom trabalho.]

Um brilho suave emanava do rosário pendurado no pescoço de Kristina, sua leve iluminação subindo pelo ar. Anise era a responsável pelo brilho. Gradualmente, a luz etérea cresceu além do rosário e envolveu Kristina, contornando sua forma em um abraço caloroso.

[Você fez o seu melhor nesta guerra cruel, Kristina. Você salvou aqueles que teriam morrido, assim como muitos outros. Você protegeu aqueles que você mais ama.]

“É porque você me ajudou, irmã.”

[Mesmo assim, apesar de ter morrido há séculos, só consegui ver as costas de Hamel e iluminar ele com minha luz por sua causa, Kristina.]

O coração de Anise se encheu de gratidão, pois ela percebeu que mesmo na morte ela poderia trazer consolo ao espírito cansado de Kristina. Refletindo sobre sua própria existência tumultuada três séculos atrás, Anise relembrou a profunda ausência de afirmação ou consolo concedido a ela pelo Deus da Luz.

— Bom trabalho. — Disse Eugene.

No entanto, embora o Deus da Luz nunca tenha proferido palavras tão reconfortantes para Anise, ela encontrava consolo no fato de que seus companheiros, seus aliados inabaláveis, lhe concederam tais palavras.

Eugene se aproximou de Kristina e estendeu a mão.

[Ele só é perspicaz em momentos como este.]

Anise murmurou enquanto se sentia amada. Da mesma forma, as bochechas de Kristina coraram com uma emoção terna, entrelaçando-se com o sentimento de Anise. No entanto, sob o afeto florescente, ela ficou preocupada.

Eugene era uma pessoa verdadeiramente preciosa para ela.

Os olhos de Kristina sempre estiveram colados em Eugene durante a batalha. Embora ele tenha provado seu valor e precisasse de pouca ajuda, Kristina, sintonizada com cada movimento seu, guiava a luz radiante em seu auxílio sempre que ele enfrentava o perigoso ataque de magia negra ou outros perigos iminentes. Foi possível para ela ajudá-lo nesta batalha. No entanto, Kristina sabia que seria uma tarefa intransponível proteger Eugene de perigos no futuro.

Anise compartilhava das preocupações de Kristina. Assim como Kristina, Anise realmente valorizava Eugene.

O sentimento idêntico ressoou no coração de Anise quando se tratava de Sienna. Um desejo avassalador surgiu dentro dela, ansiando por resgatar Sienna. Ela podia imaginar o alegre reencontro, as conversas animadas e as libações compartilhadas que eles poderiam desfrutar novamente.

No entanto, Anise confrontou a dura realidade de que aventurar-se para salvar Sienna estava além de seu alcance. Sua existência mortal havia sido extinta três séculos antes e Kristina também não poderia acompanhar Eugene.

[Fé.] Anise murmurou após um longo suspiro.

Kristina assentiu enquanto apertava ainda mais o rosário.

— Adaga. — Disse Eugene, olhando para Balzac, que permanecia com uma postura torta. A adaga mágica ainda estava posicionada no coração de Balzac. Se Eugene quisesse, poderia rasgar o coração de Balzac num piscar de olhos.

— Posso manter ela aí dentro? — Eugene perguntou, seu olhar mudando entre a adaga apertada em sua mão e Balzac parado diante dele. Lovellian, o responsável pela inserção da adaga, ficou parado, parecendo perturbado com a ousadia de Eugene.

Lovellian era pragmático e perspicaz e de fato planejava extrair a adaga de sua posição mortal após a morte de Edmond. Falando logicamente, não parecia haver nenhuma razão convincente para abster-se de fazê-lo. Afinal de contas, Balzac não exibiu qualquer comportamento abertamente suspeito, nem incitou quaisquer perturbações durante a guerra. Pelo contrário, os seus esforços desempenharam um papel significativo na queda de Edmond Codreth.

— Se é isso que você quer, Sir Eugene, não vou me opor. — Balzac respondeu com um amplo sorriso, embora o que Eugene disse fosse nada menos que violência. — Isto é, se você continuar confiando em mim por causa dessa adaga, Sir Eugene.

— Não vou tirar, porque não confio em você. — Retrucou Eugene.

— Mas enquanto esta adaga estiver em mim, você será menos cauteloso comigo, não é? — Disse Balzac.

Suas palavras não puderam ser refutadas, mas Eugene achou mais suspeito que Balzac estivesse dizendo tais palavras. Como alguém poderia ser tão indiferente com uma adaga mágica apontada para o coração, ameaçando acabar com sua vida em um piscar de olhos?

“Não, talvez ele esteja tentando me fazer pensar dessa maneira…”

Sem dúvida, a experiência de Balzac em guerra psicológica brilhava, subvertendo habilmente os planos de Edmond.

No entanto, uma perspectiva alternativa começou a tomar forma na mente de Eugene. E se a adaga mágica tivesse pouca influência sobre Balzac, servindo como uma mera fachada para acalmar Eugene com uma falsa sensação de segurança? Surgiu a inquietante noção de que talvez Balzac pretendesse baixar a guarda de Eugene através da adaga, preparando o terreno para uma traição traiçoeira num momento posterior.

Eugene não conseguia se livrar da triste percepção de que ser traído depois de promover até mesmo um mínimo de confiança seria muito mais mortal do que enfrentar uma ameaça aberta desde o início.

— Vamos tirar ela. — Eugene cuspiu com uma carranca.

Ele lutou com o enigma diante dele, sem saber a verdadeira resposta. Embora a solução mais simples fosse empregar a adaga para extrair impiedosamente o coração de Balzac, até mesmo Eugene, apesar de toda a sua determinação, hesitou em cometer um ato tão descarado.

Por um lado, era verdade que Balzac não os traíra de forma alguma neste assunto, e também era verdade que sempre agiu amigavelmente com Eugene, ajudando-o.

Não estava claro qual seria sua posição no futuro, mas até agora Balzac nunca foi inimigo de Eugene.

Ainda era inegável que Balzac era um mago negro contratado pelo Rei Demônio do Encarceramento, o inimigo de Eugene. Algum dia, Balzac poderá muito bem se tornar inimigo de Eugene. Mas esse não era o caso por enquanto, e ainda não. Portanto, Eugene decidiu não considerar Balzac como inimigo.

— Hum… Entendo. — Lovellian imediatamente pegou o peito de Balzac. Ele, por exemplo, achava que era um curso de ação natural.

Fwoosh!

A adaga mágica escapou de seu peito. Quando a adaga se dissipou em luz, Balzac sorriu enquanto acariciava seu peito.

— Obrigado por confiar em mim. — Disse Balzac.

— Tirei, porque não confio em você. — Retrucou Eugene.

— Bem, acho que você poderia me matar quando quisesse, Sir Eugene. — Balzac disse encolhendo os ombros. Eugene havia ponderado a possibilidade de Balzac atacar ou fugir imediatamente após ter a adaga retirada, mas para sua decepção, Balzac não fez nada.

— Agora que Edmond está morto, não cabe mais ser chamado de Três Magos do Encarceramento, certo? Ou alguém substituirá o assento de Edmond? — Eugene perguntou.

— Bem, se houver um mago negro que Sua Majestade esteja de olho, ele poderá assinar um novo contrato. No entanto… Não sei nada sobre esse mago negro. — Respondeu Balzac.

— Mas o título de Cajado do Encarceramento não pode ficar desocupado, certo? Vladmir também foi resgatado. — Eugene disse, depois olhou para Balzac. — Não me diga que você foi escolhido como o próximo Cajado do Encarceramento?

— Você acha que cooperei no assassinato de Edmond por esse título? — Perguntou Balzac.

— Não está fora de questão. — Respondeu Eugene.

— Haha… Parece difícil para mim, provar minha inocência a partir de suas suspeitas… Balzac pensou brevemente enquanto esfregava os óculos. — Se posso falar um pouco sobre mim, não tenho interesse no nome de Cajado do Encarceramento. Vladmir é definitivamente um cajado atraente, e a autoridade que ganharia ao possuí-lo seria grande, mas… Em vez de ser o Cajado do Encarceramento, estou obcecado em ser o Chefe da Torre Negra. Não, pelo contrário, estou obcecado pelo nome de Balzac Ludbeth.

— Você está dizendo que não está interessado em status? — Perguntou Eugene.

— Estou dizendo que a fama que busco é diferente de me tornar o Cajado do Encarceramento. O Cajado do Encarceramento é um título que representa o mago negro mais brilhante da época. Em outras palavras, no momento em que você se torna o Cajado do Encarceramento, você não tem mais um nome para perseguir. — Balzac explicou.

Eugene não conseguiu entender imediatamente suas palavras.

Balzac continuou enquanto olhava nos olhos de Eugene.

— Pense em Edmond. Mesmo sendo humano, Edmond estava insatisfeito com sua existência como humano. Ele tentou se tornar um Rei Demônio, porque estava convencido de que não tinha mais nada a perseguir como humano e mago negro. Mas isso não é verdade para mim. O que busco não é me tornar algo que não seja humano, nem estar no auge dos magos negros. Portanto, não quero me tornar um Rei Demônio e também não quero me tornar o Cajado do Encarceramento.

— Então o que é que você persegue? — Eugene perguntou.

— Hum. — Balzac sorriu. — Pensando bem, prometi contar a você depois de atingir nosso propósito. Minha meta é… Haha, é um pouco constrangedor dizer isso pessoalmente… É me tornar uma lenda. — Respondeu Balzac.

— Uma lenda?

— É um absurdo, mas para ser um pouco mais específico… Certo, é se tornar um mago como a Sábia Sienna. Quero me tornar um mago cujo nome ficará gravado na história da magia por centenas de anos. — Continuou Balzac.

Foi uma resposta inesperada, e não foi apenas Eugene quem foi pego de surpresa pela resposta de Balzac. Tanto Lovellian quanto Melkith olharam para Balzac com expressões atônitas.

— Você está falando sério? — Perguntou Melkith. — Você quer se tornar uma lenda? O maior mago… Do mundo? Balzac, quantos anos você tem para dizer uma coisa dessas?

— Definitivamente é um sonho de infância para todo mago… — Lovellian murmurou com uma expressão estranha.

Uma risada sutil escapou dos lábios de Balzac enquanto ele balançava a cabeça, ressoando em tom baixo.

— Sim, você tem razão. Em particular, qualquer mago que estudou em Aroth teria sonhado em se tornar um mago como a Senhorita Sienna. É o mesmo para mim.

— Então por que você se tornou um mago negro quando a tomou como desejo? — Perguntou Melkith.

— Mestra da Torre Branca. Você não assinou contratos com três Reis Espíritos? — Perguntou Balzac.

— Isso porque… Eu sou uma mestra em magia espiritual. Minha ambição não era me tornar a maior maga, mas a maior mestra da Magia Espiritual, embora se possa dizer que já realizei meu desejo. — Melkith bufou com um sorriso presunçoso.

— Sim, e por isso, tenho grande consideração por você. Por que eu assinei um contrato com o Rei Demônio…? Hmm, já que vocês não são magos negros, podem pensar o contrário, mas não vejo muita diferença entre assinar um contrato com o Rei Demônio e um Rei Espírito. — Disse Balzac.

— Você está realmente dizendo isso na minha cara? — Disse Melkith.

— Pelo contrário, penso que a senhora possa simpatizar ativamente com a minha opinião. Não é muito hipócrita dizer que firmar um contrato com uma existência que pode me conceder o poder que eu nunca alcançaria e a possibilidade de mudar meu futuro é incondicionalmente errado? — Perguntou Balzac.

As palavras de Balzac ecoaram na memória de Eugene, pois ele de fato expressara um sentimento semelhante no passado. Balzac transmitiu sua preferência por uma existência tangível, alinhando-se com o Rei Demônio em vez de abraçar a natureza efêmera e indescritível de uma divindade. Na perspectiva de Balzac, o ato de forjar um contrato, mesmo que isso significasse oferecer sua alma como garantia, parecia mais valioso do que confiar em milagres alimentados pela fé, crença e outras forças intangíveis.

—Os magos negros são utilitários que buscam extrema eficiência. Como você sabe, Sir Eugene, a magia é um estudo duro, malicioso e absurdo. Não importa o quanto você tente e deseje, tornar-se um mago sem talento é impossível.

—Para essas pessoas, a ideia de firmar um contrato com demônios certamente será muito atraente. Eles podem vender suas almas em troca da magia que desejam… Eles seriam os únicos que enfrentariam o ônus do contrato. Não faz mal aos outros. A única razão pela qual acabam cometendo crimes, é porque não conseguem estar satisfeitos consigo mesmos.

Edmond provou que ele estava certo, assim como Hector.

Eles desejavam um poder maior do que aquele que receberam de seus contratos. Então, prejudicaram outras pessoas, fizeram sacrifícios e cometeram pecados.

Esse era o caso da maioria dos magos negros.

—Se os benefícios de trair os princípios humanos fossem claros, eles poderiam buscar benefícios práticos comprometendo-se.

Mas também não eram apenas magos negros. Houve muitos magos que cometeram crimes semelhantes para seus próprios objetivos.

— Você está dizendo que assinou um contrato com o Rei Demônio para se tornar um grande mago? — Eugene perguntou enquanto relembrava sua conversa com Balzac no passado.

Balzac assentiu com um sorriso.

— Eu desejava mais do que poderia ganhar naturalmente.

Foi a mesma resposta de antes.

— Eu não sou a Sábia Sienna. Ela era amada pela magia. Ela era uma maga que poderia ameaçar os Reis Demônios, e nenhum desses magos nasceu depois dela. Como você disse, Sir Eugene… Assinei um contrato com o Rei Demônio para me tornar um grande mago. Minha força por si só era insuficiente, então abri um caminho que era originalmente impossível para mim ao assinar um contrato com o Rei Demônio do Encarceramento. — Depois de dizer isso, Balzac balançou a cabeça como se estivesse envergonhado. — Bem, no final das contas, eu estava preso às minhas ambições infantis, então tentei o meu melhor para encontrar uma resposta à medida que fui crescendo. Mas mesmo assim, sou puro e desesperado pelo meu desejo. É por isso que não quero me tornar o Cajado do Encarceramento ou uma existência que não seja humana. O que eu quero me tornar, o grande mago, deve ser totalmente humano.

— Você tem que ser humano?

— Porque sou humano agora. Além disso, quero deixar meu nome na magia dos humanos. Não terá sentido se eu me tornar outra coisa. Não é verdade? Você não concorda? Suponha que eu me transformasse em um elfo de longa vida, um dragão exercendo magia sem esforço, ou um demônio ou um Rei Demônio exercendo o poder da magia negra através do Poder Negro. Eu realmente deixaria uma marca duradoura na história como um grande mago?

Eugene não pôde deixar de pensar que ele era um homem estranho.

Balzac Ludbeth era um humano distorcido e puro ao mesmo tempo. Mesmo assim, não havia falsidade nos ideais de que falava. Em vez disso, Eugene podia sentir uma forte paixão e crença.

— Sua Majestade, o Rei Demônio do Encarceramento, sabe o que procuro, então ele não me aceitará como Cajado do Encarceramento. É provável que Vladmir caia nas mãos de Amelia Merwin. — Disse Balzac antes de lançar um olhar para Eugene. — E…. Bem… É provável que o Cavaleiro da Morte que você matou ainda esteja vivo, Sir Eugene.

— Que porra é essa? — Eugene xingou.

— Mesmo que o corpo tenha sido completamente destruído, a alma teria retornado para Amelia. Estritamente falando, aquele não era um Cavaleiro da Morte adequado. O corpo era um cadáver em movimento e a alma foi sintetizada… Pode haver um recipiente de vida que ressoou com a alma na posse de Amelia. — Continuou Balzac.

— Isso é bom. — Eugene sentiu uma onda de raiva, mas rapidamente se acalmou. — Pelo menos consegui destruir o corpo.

Ele se sentiu enjoado e cansado.

Ele destruiu o corpo de Hamel. Era possível que o maldito aparecesse mais uma vez com um novo corpo, mas o corpo não seria mais o de Hamel.

Eugene poderia estar satisfeito com isso por enquanto.

“Talvez da próxima vez eu não tenha que sujar as mãos…”

A imagem de Sienna, consumida pela ira, enfurecida, passou vividamente pela mente de Eugene. Ele não conseguia imaginar que Sienna alguma vez perdoasse um parasita que habitava o corpo de Hamel, disfarçando-se do próprio Hamel e proferindo palavras sem sentido. O simples pensamento causou um arrepio involuntário na espinha de Eugene.

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