Não havia necessidade de entrar no território dos elfos, onde a Árvore do Mundo estava localizada. Isso porque eles puderam abrir a porta nas proximidades da Árvore do Mundo.
— Considerando a distância que percorremos, não deveríamos prestar nossos respeitos e visitar a Árvore do Mundo e a Senhorita Sienna? — Melkith expressou seu desapontamento por não poder testemunhar a majestosa Árvore do Mundo e explorar o reino dos elfos em primeira mão. No entanto, a resposta de Eugene foi resoluta quando ele balançou a cabeça com firmeza.
— Ela não está em condições de conhecer ninguém. A Senhorita Sienna também não gostaria disso. — Disse Eugene. Além disso, seria difícil para ele explicar o buraco no peito dela.
Sua maior preocupação, no fundo, residia na possibilidade de suas lágrimas escorrerem incontrolavelmente ao ver Sienna. Apesar de possuir um corpo reencarnado fisicamente atraente e robusto, ele estava sobrecarregado por uma doença incomum. Às vezes, lágrimas brotavam de seus olhos sem qualquer vontade de sua parte.
[Isso não é um distúrbio. Acho que você é apenas uma pessoa sentimental, Sir Eugene. Você chora muito,] Mer interrompeu com sua opinião.
“Não diga algo tão ridículo. Eu tenho muitas lágrimas? Eu provavelmente poderia contar com as mãos o número de vezes que chorei na minha vida anterior.”
[Tem certeza de que pode contar com as mãos? No mínimo, você não precisaria de todos os dedos das mãos e dos pés para contar quantas vezes chorou?]
“O que você sabe?”
[Que estranho. Tenho certeza de que também disse isso da última vez. Sei muito sobre você, Sir Eugene. Eu sei que você age de forma feroz e desagradável na superfície, mas você é surpreendentemente gentil e fofo por dentro, Sir Eugene.]
— Cale a boca. — Eugene verbalizou seus pensamentos acidentalmente.
Melkith estava prestes a propor outra visita à Árvore do Mundo, mas suas palavras foram abruptamente abafadas e sua boca ficou aberta de espanto enquanto ela fixava seu olhar em Eugene.
— Ei, Eugene… Ainda sou sua sênior e um pouco mais velha que você, então não é demais me mandar calar a boca?
— Eu não estava falando com você, Senhorita Melkith. — Eugene respondeu, mas Melkith não parecia convencida.
Ela se aproximou de Eugene com uma expressão de injustiçada. — É mesmo? Irmãozinho, você nunca mandou essa irmã mais velha calar a boca? Pelo menos deve ter imaginado, certo?
— Eu pensei muitas vezes e agora minha imaginação está prestes a se tornar realidade. — Respondeu Eugene.
— Eu sabia! E como meu irmãozinho basicamente me mandou calar a boca, posso ficar deprimida, certo? E acho que seria melhor ir ver a Árvore do Mundo para ajudar a aliviar a depressão desta irmã mais velha. — Melkith murmurou.
— Pare de falar besteira. Se você continuar fazendo isso, não vou levá-la junto da próxima vez. — Disse Eugene, olhando para ela de lado, fazendo com que o queixo de Melkith caísse em estado de choque.
Melkith agarrou Eugene pelos ombros e pulou de excitação.
— Irmãozinho! Você está dizendo que definitivamente me levará para a Árvore do Mundo da próxima vez, certo?!
— Ah, sim… Bem, isso é… Eu acho que você me ajudou desta vez, e—
— Certo! Certo?! Isso é uma bênção. Você não pode pensar em desfrutar da ajuda gratuita de Melkith El-Hayah, a queridinha do mundo e um gênio da magia espiritual com contratos com três Reis Espíritos. Prazer sem responsabilidade não faz sentido, certo? — Melkith exclamou.
— Mas se pensar bem, você não conseguiu assinar um contrato com o Ifrit por minha causa? Eu te dei a Pedra do Espírito do Fogo, e você nunca teria tido a chance de vir aqui se não fosse por mim. — Retrucou Eugene.
— Isso…! É verdade, mas… Eu ainda te ajudei e… Hng… Eu usei muita mana para que você pudesse se sair bem… — Lamentou Melkith.
— Bem, bem. Eu entendo. Vou levá-la na próxima vez, então pare de agir como boba. — Respondeu Eugene.
— Quando foi que eu agi como boba? — Melkith deu um passo para trás, um sorriso travesso adornando seu rosto. Eugene reconheceu que ela não era uma pessoa má, ainda… Ele não pôde deixar de expressar sua desaprovação com um clique exasperado de sua língua enquanto fixava seu olhar nela.
Na verdade, Eugene havia pensado em presentear Melkith com uma folha da Árvore do Mundo assim que sua missão fosse concluída. Ele considerou bastante problemático retornar até Samar apenas com o propósito de permitir que ela testemunhasse a magnificência da venerada Árvore do Mundo.
“Ela poderá entrar no território dos elfos com isso.”
Mesmo agora, as folhas da Árvore do Mundo tremiam dentro dos limites de seus bolsos, indicando sua proximidade com o território élfico. Mas as folhas não eram as únicas coisas que tremiam. Aninhada no manto de Eugene, firmemente enrolada no abraço protetor de Mer, Ramira estremecia incessantemente.
— Sir Eugene. — Lovellian aproximou-se de Eugene com um suspiro cansado, sinalizando a conclusão dos preparativos de última hora. Com o máximo cuidado, ele apresentou Akasha, embalando-o com as duas mãos, antes de continuar:
— Fiz tudo que pude.
Nos dias anteriores, tanto Lovellian quanto Melkith gastaram sua mana, canalizando-a para Akasha. No entanto, suas contribuições foram além de uma mera infusão de mana — eles a purificaram meticulosamente, garantindo sua prontidão para utilização imediata por Eugene. Eugene baixou humildemente a cabeça ao aceitar Akasha.
No momento em que Akasha se aninhou ao seu alcance, Eugene pôde discernir sua presença com atenção. Um tremendo reservatório de mana residia dentro do artefato, emanando uma magnitude e potência esmagadoras que lhe conferiam um peso palpável em suas mãos.
Tal fenômeno era de se esperar, dadas as circunstâncias. Duas figuras eminentes, os Chefes das Torres Mágicas de Aroth e Arquimagos talentosos que ostentavam domínio sobre os Oito Círculos de Magia, canalizaram sua mana para Akasha até que suas reservas estivessem quase esgotadas. Seus esforços coletivos infundiram no artefato uma abundância de poder bruto.
— Obrigado. — Eugene disse enquanto levantava a cabeça. Kristina se aproximou dele. Seu rosto estava um pouco magro, evidência de que ela mal dormiu nos últimos dias.
— Você está bem? — Eugene perguntou. Ela cambaleou impotente e Eugene a apoiou com uma expressão preocupada.
“Como essa daí poderia ser a Santa? Ela é mais como uma raposa astuta disfarçada…” Melkith não pôde deixar de pensar enquanto olhava de relance para Kristina. Ela foi impedida de falar por causa do mangual pesado e mortal pendurado na cintura e na coxa de Kristina.
— Sim, estou bem. — Respondeu Kristina. Na verdade, ela não estava atuando. Era verdade que ela quase não dormiu nos últimos dias e estava fraca e tonta por usar tanto poder divino na batalha.
Kristina mal conseguiu sorrir ao entregar a Espada Sagrada a Eugene.
— Armazenei o máximo de energia possível. — Ela transmitiu. Notavelmente, a Espada Sagrada emitiu um brilho suave, iluminando sem esforço os arredores, sem que Eugene precisasse exercer qualquer esforço. Enquanto Eugene segurava a Espada Sagrada, Kristina posicionou cautelosamente as mãos atrás do pescoço, desfazendo habilmente o nó do rosário que a adornava. — E… Isto contém nossos desejos e orações. Atrevo-me a perguntar: posso colocá-lo no pescoço de Sir Eugene?
— Sim. — Eugene reconheceu com um aceno de cabeça, abaixando ligeiramente sua postura para facilitar o alcance de Kristina. Olhando para a cabeça de Eugene, Kristina sentiu um desejo passageiro e inexplicável. Foi um impulso clandestino passar os dedos pelos cabelos grisalhos e lustrosos, um desejo de acariciar suavemente sua cabeça…
— O que você está fazendo? — Eugene perguntou.
— Hmm. — Kristina acreditava ter conseguido suprimir seus impulsos, mas a realidade desafiava seu autocontrole. Com audácia, Anise tomou a iniciativa, guiando a mão de Kristina e acariciando ternamente o topo da cabeça de Eugene.
— Que o cuidado da Luz esteja com você… — Kristina lidou com a situação inesperada sem mudar sua expressão.
“Ah, ela deve estar fazendo uma oração em meu nome”, supôs Eugene. Ele fechou os olhos com reverência, sem fazer uma única pergunta, permitindo-se receber a oração de Kristina em profundo silêncio. Naquele instante, um ar de solenidade e santidade os envolveu, permeando a atmosfera com uma presença etérea.
Com uma expressão séria, Kristina se inclinou para pendurar o rosário no pescoço de Eugene.
[Kristina. Eu tenho que ser aquela a fazer iss—] Anise interrompeu de repente.
“O quê? Por quê?” Perguntou Kristina.
[Porque este rosário foi um presente de aniversário de Hamel, e ele pendurou no meu pescoço. Portanto, é natural que eu use minhas próprias mãos para pendurá-lo no pescoço de Hamel.]
“Não posso aceitar isso, irmã. Se Sir Eugene pendurou o rosário no seu pescoço, significa que você já experimentou o prazer disso, certo? Então você deve admitir isso para mim.”
[Hamel vai resgatar Sienna, uma antiga colega e amiga minha. É uma bênção dada em seu caminho para salvá-la, então não posso desistir disso.]
Naquele breve instante em que Kristina se abaixou, ocorreu a colisão de pontos de vista díspares entre as duas.
[Então vamos fazer isso. Kristina, vou colocar o rosário no pescoço do Hamel agora, para que, quando ele o devolver, você possa recebê-lo dele. E aí vai poder aproveitar esse momento.]
“Meu Deus…! Irmã, você é um gênio?”
As duas chegaram a um acordo rápido e Kristina recuou calmamente, imaginando o momento em que receberia o colar de Eugene.
[Não se surpreenda com cada pequena coisa, Kristina. Vou mostrar agora o que realmente significa ser um gênio.]
Assumindo o domínio completo sobre o recipiente físico, Anise escondeu um sorriso malicioso enquanto esticava a cintura vagarosamente. Com intenção calculada, ela abaixou sutilmente o joelho e descaradamente se inclinou para frente, fazendo com que seu amplo peito pressionasse a cabeça de Eugene.
“Detalhe é a chave.”
[Meu Deus!] Kristina gritou. [Q-Que vergonha! Como, como você pôde pensar em tal coisa?]
“Lembre-se, Kristina. Sienna não pode fazer nada assim, mas nós podemos. Esta será a nossa arma poderosa.”
Anise pendurou o rosário no pescoço de Eugene, sentindo-se orgulhosa de sua ideia astuta e engenhosa.
Eugene não queria imaginar a identidade dos objetos macios, fofos e pesados que pesavam sobre sua cabeça e deliberadamente permitiu que sua consciência diminuísse pela metade. Os gritos penetrantes de Mer ecoaram em sua mente, mas ele encontrou um sentimento peculiar de gratidão por eles naquele momento.
— Está feito.
O peso foi lentamente levantado e Eugene ergueu os olhos surpreso. Ele viu um sorriso familiar.
Anise olhou para Eugene e moveu os lábios, “Hamel. Por favor, cuide de Sienna.”
Constrangida pela presença de outras pessoas, ela se absteve de falar em voz alta e, em vez disso, murmurou as palavras silenciosamente. Mesmo assim, Eugene compreendeu a mensagem tácita e respondeu com um aceno de compreensão.
— Claro.
Eugene recebeu Akasha, a Espada Sagrada e o rosário. Ele se levantou e respirou fundo.
— Aqui vou eu. — Disse ele.
— Uh… Certo. — Aos olhos de quem não conhecia os detalhes, o comportamento de Kristina foi extremamente repentino e pouco convencional, principalmente considerando que ela era a Santa. Mesmo Melkith, que ostentava experiência incomparável em tais assuntos, não conseguiu esconder seu espanto quando ficou boquiaberta de surpresa.
Cyan também ficou particularmente surpreso. O que ele acabou de ver? Depois de um momento, fechou a boca, pigarreou e se aproximou de Eugene.
— Tenha cuidado. — Ele avisou.
Ao contrário dos outros, Cyan não poderia ajudar Eugene armazenando seus poderes em um receptáculo. Em vez disso, ele pegou o Escudo de Gedon e entregou-o a Eugene. O escudo era o que Eugene mais precisava.
— Claro, terei cuidado. Não se meta em problemas enquanto espera aqui. Você sabe, proteja os mais velhos. — Respondeu Eugene.
— Mesmo que estejam exaustos, não acho que haverá necessidade de proteger os Mestres das Torres. — Respondeu Cyan.
— Você ainda deve estar com sua lâmina pronta. O que mais estaria fazendo entre pessoas cansadas? — Eugene disse, montando o Escudo de Gedon em seu braço esquerdo. Depois, colocou a mão no manto e bateu nas costas da mão de Ramira.
— Hieeek… — Ramira gritou enquanto instintivamente agarrava a mão de Eugene. Ela tremia incessantemente de medo.
Eugene deu um suspiro profundo e tirou Ramira do manto.
— N-Não… Eu não quero ir. E-Esta senhorita ainda não está totalmente preparada… O–Oh, por que não vamos amanhã em vez de hoje…? — Ela implorou.
— Amanhã? Depois que viemos até aqui? O clima já está definido para partirmos, então fique calma. — Disse Eugene.
— Não… Esta senhorita não está… Sniff. Qual é o problema com o ambiente? Se esta senhorita agraciasse vocês, humildes camponeses, com uma dança, poderíamos adiar isso para amanhã? — Ramira choramingou, sua voz cheia de relutância. Ela contorceu os ombros e até balançou os quadris, tentando demonstrar sua resistência. No entanto, seus movimentos desajeitados ficaram longe de serem classificados como uma dança.
Eugene olhou para Ramira com uma expressão horrorizada e depois balançou a cabeça.
— Pare… E você só precisa sair por um momento. Depois de entrarmos, você pode se esconder dentro do manto.
— Mas… Mas… Como filha dele, como eu poderia não cumprimentar o Dragão Negro…? — Choramingou Ramira.
— Que tipo de filha faz barulho assim porque tem medo do pai? Não se preocupe. Tudo vai ficar bem. Eu fiz uma promessa, lembra? — Disse Eugene.
— Verdade… Tem certeza de que vai ficar tudo bem? — Ramira olhou para Eugene com lágrimas nos olhos.
Eugene olhou para a joia vermelha em sua testa antes de concordar.
— Total certeza.
As palavras de Eugene pareceram ressoar em Ramira enquanto ela inspirava profundamente e recuava alguns passos. Eugene estendeu lentamente Akasha em direção ao filhote.
Era o feitiço Dracônico que ele executou várias vezes. Ramira fechou os olhos enquanto respirava e Akasha emitiu uma luz vermelha.
Wooooooo….
O feitiço Dracônico de Akasha se entrelaçou com Ramira, estabelecendo uma conexão profunda. Utilizando o filhote como catalisador, o feitiço aproveitou sua energia para revelar o portal para o reino interdimensional onde Raizakia aguardava.
À medida que o espaço ao redor deles se deformava e se contorcia, Eugene avançou cautelosamente em direção a Ramira, agarrando-a firmemente pelos ombros. Em um instante, eles foram envolvidos pelo domínio do reino distorcido, desaparecendo de vista.
Sua cabeça pulsava com uma dor desorientadora e uma onda de tontura tomou conta dela. Ela se esforçou para discernir se estava firme em seus próprios pés ou se estava esparramada no chão, seus sentidos emaranhados em uma névoa de confusão.
A sensação evocava a lembrança distante daquele encontro inicial com o álcool, há muito tempo. De uma maneira semelhante à intoxicação grave, ela se viu incapaz de recuperar suas faculdades. O estado atual de seu ser lhe escapou, escapando de seu alcance como uma miragem indescritível.
— Hieeeeeeeeeek.
Ela balançou a cabeça, tentando se livrar da desorientação. Ramira estava esparramada no chão. Suas pernas vacilaram embaixo dela e ela se agarrou com força à mão de Eugene.
Eugene lentamente recuperou o fôlego e levantou Ramira do chão.
— Entre. — Disse ele.
Sniff…
Uma sensação avassaladora de loucura tomou conta de Ramira, como se sua sanidade estivesse no limite. A joia vermelha incrustada em sua testa latejava incansavelmente, como se tivesse sido atingida repetidamente por um martelo invisível. Suprimindo a náusea crescente, Ramira rapidamente cobriu a boca com a mão, determinada a reprimir a sensação inquietante. Procurando consolo, ela buscou refúgio dentro dos limites do espaço escondido no manto de Eugene.
Só então Eugene olhou em volta.
A escuridão… Estava flutuando ao seu redor. Dentro desta escuridão etérea, inúmeras sombras e densidades se misturavam, parecendo um amálgama de incontáveis céus noturnos entrelaçados. Simplesmente olhar para ele ameaçava confundir sua mente.
Ele conseguiu entrar pela porta. Eugene engoliu em seco antes de prosseguir. Dentro de alguns passos, a escuridão que flutuava ao seu redor foi dissipada.
Eugene se viu imerso em uma escuridão abrangente, sem chão sólido sob seus pés. No entanto, uma inclinação sutil surgiu a uma curta distância à frente, descendo. Com vigilância, Eugene dirigiu seu olhar para baixo, recusando-se a deixar sua guarda vacilar.
Ele viu um grande e enorme dragão negro.
Era Raizakia. Assim como quando Eugene o viu pela primeira vez, o Dragão Negro estava enrolado dentro de sua grande cauda; a cauda preta e de escamas afiadas cobria seu rosto.
“Ele está dormindo…?”
Ele esperava que sim. Eugene ergueu lentamente a Espada do Luar em direção a Raizakia.
Naquele momento, a cabeça de Raizakia inclinou-se subitamente para cima.