Ninguém escutava atrás da porta. Poderia ter sido uma história diferente para Melkith El-Hayah, a Mestra da Torre Branca. No entanto, Carmen e Dezra aqui possuíam o entendimento básico de que não se deve bisbilhotar o aposento alheio.
Após garantir que ninguém estava do lado de fora, Kristina puxou Ciel pelo braço. Ainda atordoada e incapaz de reunir seus pensamentos, Ciel só pôde permitir-se ser guiada. Em questão de minutos, ela derramara mais lágrimas do que em toda a sua vida. Esses minutos pareciam mais angustiantes e dolorosos do que o treinamento rigoroso que suportara com os Cavaleiros Leão Negro e Carmen.
Ela, que nunca fora esbofeteada em sua vida, acabara de receber duas boas. Apenas esses fatos fizeram os passos de Ciel vacilarem. No entanto, Kristina não ofereceu seu apoio. Em vez disso, lançou um olhar feroz para Eugene, que se levantara para ajudar Ciel.
— Fique no quarto. — Ela ordenou.
— Mas eu não posso apenas—
Eugene tentou argumentar.
— O que Ciel precisa agora não é simpatia, mas compreensão. E eu lhe garanto, sou a única aqui que a compreende melhor. — Disse Kristina firmemente.
Eugene era a reencarnação de Hamel de trezentos anos atrás. Ele não podia evitar seu passado. Tendo vivido desde tempos antigos, Sienna não conseguia entender completamente Ciel, que nascera e fora criada nesta era. Mas Kristina era diferente. Mesmo que o espírito de Anise tivesse se instalado em seu corpo, como alguém nascida e criada nos últimos anos, Kristina era uma pessoa desta era.
[Kristina, você pretende revelar minha existência a ela?] Perguntou Anise.
“Sim, Irmã. Você vê algum problema nisso?” Kristina confirmou suas intenções.
[Nenhum problema. Hamel revelou sua reencarnação. Por que eu esconderia o fato de que eu, um espírito, estou ligada a você?] Anise ajustou suas emoções e estalou a língua. [Ciel não é do tipo que espalha rumores, de qualquer maneira.]
“Desculpe”, Kristina disse sinceramente.
[Por que pedir desculpas de repente?] Anise perguntou.
“Agi por conta própria sem consultar você, Irmã”, disse Kristina.
[Ah, Kristina, você não precisa se desculpar por isso. Na verdade, acho suas ações admiráveis e encantadoras.] Anise falou com completa sinceridade. Ela tinha vagado pelo Submundo, experimentando várias dificuldades. Ao longo de sua vida, houve inúmeras vezes de tristeza e lágrimas, mais do que momentos de felicidade. Apesar das tribulações, ela não se tornara insensível. Os anos que passou com seus companheiros no Submundo transformaram Anise Slywood de uma simples Santa em um ser humano.
[Kristina, sua existência, assim como a minha, se origina do primeiro Imperador Santo. No final, a Santa era mais uma ferramenta priorizada por seu valor e habilidade do que por sua personalidade. No entanto, transcendemos isso. Assim como fui salva, você também foi redimida,] Anise consolou. [Sua compaixão por Ciel não é algo negativo. A compaixão leva a estender a mão, e a salvação nasce desse ato.]
“Não tenho certeza se fiz a coisa certa”, Kristina começou antes de hesitar.
[Se você não tivesse usado sua mão…] Anise hesitou por um momento, tentando formular seus pensamentos. [Hmm… Se você não tivesse esbofeteado Ciel, ela poderia ter continuado chorando, caído no desespero e desistido. Mas por causa do seu ato violento incomum de esbofeteá-la e obrigá-la a se levantar, ela conseguiu sacudir aqueles sentimentos de desespero.]
“Sinto como se tivesse roubado o papel do Sir Eugene”, Kristina confessou seus medos internos.
[Meu Deus, Kristina! Do que você está falando? Se Hamel tivesse esbofeteado Ciel naquela situação, tudo teria acabado. Kristina, você era a única que poderia ter esbofeteado Ciel naquele momento. Sienna, aquela tola, chorava sozinha, sobrecarregada por sua culpa irracional, e eu… bem, ahem.] Anise decidiu parar convenientemente por ali.
Ela, também, havia chorado silenciosamente. Embora tenha minimizado como culpa irracional de Sienna, ela sentiu o mesmo. As emoções de Ciel, manifestadas como lágrimas e soluços, haviam sido profundas e intensas.
A porta já estava fechada há muito tempo. Eugene não conseguia ficar parado e circulava pelo quarto. Deveria ter seguido Ciel? Não deveria ter conversado mais com Ciel?
— Isso está me dando dor de cabeça, então sente-se e se recomponha. — Sienna fungou.
É claro que Eugene não fez o que ela disse. Mesmo que não pudesse mudar seu curso de ação, ele se recriminava por ser tão tolo. Não. Tinha que ser feito. Era melhor agir com decisão do que deixar as coisas vagas, especialmente pelo bem de Ciel.
— Eu não posso. — Ele disse, balançando a cabeça. Ele considerou ir atrás delas enquanto se dirigia para a porta.
— Para onde você vai? — Sienna exclamou.
De repente, a porta desapareceu devido à magia dela.
Eugene, alcançando a maçaneta da porta, encarou Sienna com as sobrancelhas franzidas. — O que você está fazendo?
— O que VOCÊ está tentando fazer? — Ela retrucou.
— Isso é meu problema. — Eugene disse hesitante.
— Seu problema? — As sobrancelhas de Sienna se contorceram, e a temperatura do quarto caiu. O frio era tão cortante que tirava o fôlego.
Surpreso, Eugene inclinou a cabeça.
— Por que você está fazendo isso?
— Isso não é apenas seu problema, Eugene Lionheart. — Com orgulho, Sienna colocou a mão no peito e declarou: — É NOSSO problema.
— O que você… — Eugene começou a dizer, apenas para ser interrompido.
— Se você não tivesse morrido tão estupidamente trezentos anos atrás e de alguma forma sobrevivido, nada disso teria acontecido, certo? — Sienna perguntou.
— Eu… isso… — Gaguejou Eugene, sentindo como se tivesse levado um soco no estômago.
— É por isso que é nosso problema. Anise e eu não conseguimos evitar sua morte tola. Talvez, apenas talvez, se você não tivesse morrido, você poderia ter derrotado o Rei Demônio do Encarceramento e até mesmo o Rei Demônio da Destruição. Então não haveria necessidade desse pacto desconhecido com Vermouth, e poderíamos ter salvadoo o mundo perfeitamente.
Você está se ouvindo?
As palavras lutavam para sair da ponta da língua de Eugene, mas ele se absteve de deixá-las escapar. Pensando logicamente, mesmo que Hamel não tivesse morrido naquela época, a batalha contra o Rei Demônio do Encarceramento provavelmente teria terminado em derrota. Entrar em uma batalha com um corpo mal diferente de um cadáver só teria prejudicado o grupo.
No entanto, a aparição de Vermouth havia falado naquela câmara escura. Se Hamel não tivesse morrido e tivesse ascendido ao topo de Babel com todos eles, não haveria necessidade de enfrentar o Rei Demônio.
Ele não sabia exatamente o quê, mas sabia que o plano de Vermouth foi interrompido devido à morte de Hamel — seu suicídio.
Assim, manteve os lábios selados.
— Se você não tivesse morrido naquela época — bem, soa excessivamente otimista, mas tudo poderia ter acabado bem. Você… você e eu… uh…
“Senhorita Sienna, reúna sua coragem. Depois de tudo que você fez e disse na frente da Senhora Ancilla, por que você agora está preocupada em manter sua aparência e se sentir envergonhada?” As intenções de Mer ressoaram com Sienna, mas as palavras de Mer apenas serviram para selar as palavras de Sienna.
— Tudo… poderia ter acabado bem! — Sienna gaguejou fracamente.
Você e eu poderíamos ter nos casado há muito tempo e vivido felizes para sempre.
Palavras que ela não podia expressar se dispersaram em sua mente. A temperatura congelante que havia dominado o quarto parecia voltar ao normal.
— E… bem, mesmo que você tenha morrido, se Anise e eu… Se Moron fosse mais forte… poderíamos ter derrotado o Rei Demônio do Encarceramento. Se tivéssemos conseguido resolver tudo direito, você poderia ter reencarnado para viver sem complicações. — Disse Sienna.
— Se tudo tivesse terminado trezentos anos atrás, eu não teria reencarnado. — Lembrou Eugene.
— Isso não é necessariamente verdade. — Retrucou Sienna. Ela franziu os lábios e virou a cabeça. — Mesmo se tivéssemos salvado o mundo, um mundo sem você é inaceitável. Foi assim que eu me senti. Os outros provavelmente sentiram o mesmo. Dizem que todo ser morre e renasce em um ciclo.
— Eu não teria tido memórias da minha vida passada. — Disse Eugene.
— Por que você sempre tem que contestar minhas palavras? É porque você é tão malditamente contorcido. De qualquer forma, isso não é apenas seu problema. É uma questão muito… uma questão muito complexa entrelaçada com várias causas e efeitos. — Ela disse novamente.
Sienna realmente acreditava nisso.
Se Hamel não tivesse morrido, ele nunca teria reencarnado como Eugene. Ciel teria sequer se apaixonado por Eugene? Mesmo que ele reencarnasse como Eugene, e se todos os Reis Demônios fossem derrotados? Se Anise tivesse ascendido ao céu sem ficar para trás e Sienna tivesse morrido trezentos anos atrás…
— Ah… — Sienna gemeu.
Não era um pensamento agradável, mas se fosse o caso, talvez Eugene tivesse aceitado Ciel.
“É porque eu sou perfeita demais”, pensou Sienna.
Ela era tão perfeita que, mesmo depois de trezentos anos, não havia morrido. Mesmo com um buraco enorme no peito, ela sobrevivera. Adicione a isso sua aparência impressionante e personalidade impecável; em comparação, qualquer mulher comum nem chamaria a atenção de Eugene.
É claro que Anise e Kristina eram as exceções absolutas…
— Estou… hmm… bem. — Disse Sienna.
— Isso é aleatório. O que está bem? — Perguntou Eugene.
— Estou bem com você manter Ciel por perto. — Disse Sienna.
A imagem de Ancilla piscou na mente de Eugene.
— Você perdeu o juízo? — Ele perguntou. Embora Sienna falasse sinceramente, Eugene não conseguia interpretar assim. Aceitá-la ao seu lado? — Ciel não é algum objeto! — Disse Eugene, parecendo chateado.
— Não foi isso que eu quis dizer. Apenas, você não precisa afastá-la à força por minha causa. — Sienna esclareceu.
— Eu não a estou afastando. Para mim, ela é… hm, como… não, ela é família. — Explicou Eugene.
— Mas seus pais não são os mesmos. — Retrucou Sienna.
— As famílias precisam compartilhar pais? Eu nunca pensei assim. O quê? Então, eu deveria mentir para ela? — Eugene perguntou, parecendo irritado.
— Não há necessidade para isso. Apenas não a afaste. — Disse Sienna.
— Quando eu fiz isso? Apenas… — Eugene suspirou fundo e baixou a cabeça.
Ele se importava com Ciel. No entanto, nunca foi uma afeição romântica. Embora Ciel pudesse ter ansiado por tais emoções, Eugene não conseguia corresponder. Portanto, ele tinha que recusar firmemente.
— Você está pensando demais. — Sienna fez beicinho e abraçou os joelhos. — Para a felicidade que eu imaginei, você tem que estar lá. Não importa quem mais esteja lá, contanto que você, Eugene, esteja ao meu lado, estou bem. Então, não fique aí parado, venha sentar.
Eugene suspirou profundamente novamente e voltou para o sofá. Ele obedeceu ao desejo dela e se sentou. Sienna olhou para Eugene com um sorriso amplo, depois disse:
— Kristina realmente sabe como dar um tapa, não é? Ainda não é totalmente como a habilidade manual de Anise.
— Por que você está falando sobre como se sente? Fui eu quem levou o tapa. — Reclamou Eugene.
— Só entre nós, Kristina não é um pouco aterrorizante? Ultimamente, ela parece até mais assustadora que a Anise. Sorrindo enquanto apunhala alguém no coração… Haah, por que estou mencionando isso mesmo? Ela olha para você com aqueles olhos de mel pingando, tentando te atrair como uma raposa. — Sienna não foi educada em suas reclamações.
— Ahem… — Eugene apenas limpou a garganta, sem saber o que dizer.
— Me pergunto o que Kristina pretende fazer com Ciel. Talvez ela a faça ajoelhar e implorar? Ou talvez a faça se deitar e rastejar? — Sienna continuou a fofocar.
— Sienna, o que você acha da Kristina…? — Eugene finalmente perguntou, sentindo a necessidade de defender Kristina.
— Você não sabe, porque é ingênuo. Garotas como Kristina geralmente agem como fantasmas para aqueles mais jovens e mais fracos do que elas. E Kristina realmente tem um fantasma preso a ela! — Sienna continuou, inabalável.
— Ela age como um fantasma para os mais velhos como você também… — Lembrou Eugene.
Mais velhos? Sienna deu um tapa na coxa de Eugene em resposta ao comentário dele.
Ele estava pedindo por isso. Eugene aceitou o golpe com humildade.
* * *
Ciel nem se ajoelhou, nem se humilhou.
Ela estava sentada em uma sala iluminada por uma luz suave. Encarava, incapaz até mesmo de piscar enquanto olhava para Kristina oposta a ela.
— Santa Rogeri—
Ciel começou.
— Irmã. — Kristina corrigiu.
— I-Irmã… dentro da Irmã… a Fiel Anise está residindo dentro da Irmã? — Ciel confirmou.
— Sim, é isso mesmo. Eu sou Anise Slywood.
Houve uma ligeira mudança no comportamento. Anise deu um sorriso gentil. O tom de sua voz era diferente, seu sotaque era sutilmente diferente e, acima de tudo, havia uma ligeira mudança na forma de seu sorriso. Embora a diferença não fosse tão marcante a ponto de ser imediatamente distinguível, saber a verdade e observar atentamente a tornava um pouco discernível.
— Isso é impossível… — Murmurou Ciel.
— Duas figuras de trezentos anos atrás ainda vivem. — Afirmou Anise.
A Sábia Sienna e o Bravo Moron.
— O falecido foi reencarnado. — Disse Anise.
Hamel, o Tolo.
— Por que negar fantasmas agora? Se algo, tais seres deveriam ser comuns. — Continuou Anise.
— Mas… espíritos são como os mortos-vivos, não são? Santa Anise… — Disse Ciel.
— Ahaha, estou apenas usando fantasma como uma metáfora. Estritamente falando, não me tornei um fantasma após a morte. Eu me tornei um anjo. — Disse Anise.
— Um anjo…? — Questionou Ciel.
— Sim, graças à misericórdia da Luz. — Anise sorriu solenemente enquanto desenhava o símbolo sagrado. — Ciel Lionheart, por favor, não entenda mal os sentimentos de Kristina por causa da minha existência.
Ciel ainda estava processando o influxo repentino de informações.
— O encontro entre Kristina e Hamel… Não, entre ela e Eugene foi… Destino, inevitável. A Santa e o Herói tinham que se encontrar. Mas na época, Kristina não estava ciente da minha presença, e Eugene não sabia que eu estava dentro dela. — Explicou Anise.
— Dizem que vocês duas se parecem muito. — Ciel não estava mais chorando. Ela encarou Anise com olhos vermelhos. — Mesmo que a Santa Rogeris não soubesse, Eugene teria sabido, certo? — Perguntou Ciel.
— Você não planeja chamá-la de Irmã, certo? — Comentou Anise.
Ciel só respondeu com silêncio.
— Hmm… Eu não posso negar o que você diz. Hamel… ahaha, me perdoe. Eu só estou acostumada a chamá-lo de Hamel. — Declarou Anise.
— Você está se exibindo na minha frente? — Questionou Ciel.
— Oh, querida, de jeito nenhum. — Anise sussurrou com um brilho fraco nos olhos. — Se exibir é um ato para alimentar o próprio ego. Uma arrogância exagerada para mostrar aos outros. Por que eu, que está por aí há trezentos anos, faria tais coisas mesquinhas para alguém tão jovem como você? O que eu faria com tais merdas mesquinhas?
— Merdas mesquinhas…? — Ciel perguntou com os olhos arregalados.
— Você acha que isso não é algo que a Santa deveria dizer? Mas o que você pode fazer sobre a verdade? Ciel Lionheart, eu não preciso me exibir para você. Afinal, eu conheço Hamel desde há trezentos anos. Eu estive ao lado de Hamel há trezentos anos. Eu amei Hamel por trezentos anos. Eu tinha um apego tão forte que não me permitia encontrar paz nem mesmo na morte. — Anise inclinou a cabeça com uma risada suave. — Tudo que eu sei é sobre Hamel.
— Você me trouxe aqui para me contar essas coisas…? — Ciel perguntou desafiadoramente.
— Não, eu só queria deixar minha posição clara. E garantir que você não entendesse errado. Isso não é sobre Kristina, mas sim sobre mim, Anise. Tudo que eu sei é sobre Hamel. — Disse Anise.
Ciel não sabia como responder a essa declaração.
— Tudo que eu sei é sobre Eugene Lionheart. — A atitude e expressão de Anise mudaram sutilmente. Ela deu um passo para trás, abrindo caminho para Kristina. — Embora seja inegável que Sir Eugene seja Sir Hamel, Ciel, eu, Kristina Rogeris, vejo apenas Sir Eugene. Minha salvação não veio do Hamel de trezentos anos atrás, mas do Eugene que conhecemos agora.
— Você acha… que é mais especial do que eu? — Questionou Ciel.
— Não seja tão defensiva. — Kristina balançou a cabeça. — Como eu mencionei antes, eu te entendo. Assim como você nutre afeto por Eugene, eu também.
— Então, o que você quer? Porque somos parecidas, devemos rir felizes e sermos amigas íntimas? — Ciel perguntou zombeteiramente.
— Sim. — A resposta de Kristina foi rápida e direta.
Ciel riu com uma voz rouca.
— Isso é absurdo.
— Você está confiante? — Kristina perguntou.
— O que… você quer dizer? — Ciel perguntou incerta.
— Você está confiante, Ciel Lionheart? Se não nos darmos bem, você sugere que lutemos, nos arranhando e mordendo, criticando e nos afastando? Ou você se aproximaria discretamente com uma faca escondida, pretendendo me esfaquear? — Kristina perguntou.
— Bem… — Ciel hesitou.
— Seu orgulho está ferido agora, afinal? O que foram aquelas lágrimas que você derramou antes? Você não se agarrou, clamando por que você não poderia ser a escolhida? — Kristina pressionou.
Ciel mordeu os lábios, incapaz de encontrar palavras em resposta.
Embora Kristina tenha falado tais palavras, será que elas realmente poderiam se dar bem? Ciel não conseguia imaginar tal cenário. Desde a juventude, ela lembrava de cenas de sua mãe, uma estranha em casa, constantemente desafiada pela primeira esposa, Theonis. Ela lembrava dos desafios que sua mãe enfrentava e como ela eventualmente os superava, conquistando até mesmo os cavaleiros da família para se tornar uma figura proeminente.
Ciel tinha ambições semelhantes. De alguma forma, ela chamaria a atenção e o amor de Eugene, eventualmente superando a velha maga de cabelos roxos e a sinistra Santa com o peito grande e gordo.
— Eu gosto de você. — Kristina sussurrou enquanto acariciava gentilmente os lábios, aproveitando um momento para organizar suas palavras e transmitir melhor seus pensamentos. — Senhorita Sienna e Anise compartilham experiências e emoções mútuas. Felizmente, Senhorita Sienna me aceitou, e Senhorita Anise me considera uma irmã. No entanto, minha essência é inerentemente diferente da delas. Eu não vivi trezentos anos atrás, e eu não conheço o Sir Hamel.
Ciel estava sem palavras.
— Mas eu conheço Sir Eugene. Assim como você, Ciel Lionheart. É por isso que eu gosto de você. Eu entendo e me identifico com você. — Kristina disse claramente.
— Você me trata como uma criança. — Ciel riu amargamente.
— Não, eu te vejo como minha igual. — Corrigiu Kristina.
— Mesmo? — Veio a resposta infantil de Ciel.
— Por que eu mentiria? — Kristina sorriu.
Por um momento, olhando para o sorriso radiante dela, iluminado pelas luzes suaves da sala e seus cabelos dourados cintilantes, seus olhos azuis brilhando como gemas, Ciel verdadeiramente viu a Santa em Kristina. Uma lágrima que ela estava segurando escorreu por sua bochecha. Pega de surpresa, Ciel rapidamente a enxugou.
— Quer conforto? — Kristina perguntou.
— Eu não… preciso disso. — Ciel recusou imediatamente.
— Então chore até se sentir melhor. Isso garantirá que você não chore amanhã. — Kristina então sorriu. — Ou talvez não. Chorar hoje não garante que não chorará amanhã. Mas pelo menos tente não mostrar suas lágrimas para o Sir Eugene amanhã. Você sabe tão bem quanto eu…
— Aquele rapaz tem um coração terno apesar de sua impetuosidade e palavrões constantes… — Disse Anise.
— Não é isso parte do motivo pelo qual você o ama? — Perguntou Kristina com um sorriso.
Ciel ficou em silêncio, tentando conter suas lágrimas.
— Sinto o mesmo. Assim como a Senhorita Anise, e provavelmente a Senhorita Sienna também. — Kristina expressou os pensamentos de todos.
Ciel apertou os lábios firmemente e abaixou a cabeça.
— Durma no meu quarto hoje à noite. Chorar sozinha parece solitário e triste. — Dizendo isso, Kristina pegou o livro sagrado da mesa, não olhando mais para Ciel, e o abriu no colo.
Em meio a esse cuidado negligente, Ciel chorou suavemente.
Rapaz o tanto de guria q vão tirar a fala da Kristina de contesto para fazer um shipp Yuri…