Quatro anos antes, os olhos de Eward brilharam ao ver a magia conjurada por Lovellian. Ele tinha uma pura paixão e interesse pela magia. Nascido como o filho mais velho da linha direta do clã Lionheart com uma quantidade excessiva de expectativas colocadas sobre ele, Eward tinha um interesse muito maior em ler livros e aprender magia do que em aprender a brandir uma espada e mover seu corpo.
No entanto, só porque ele estava interessado, não significava que tinha talento para isso. Era realmente muito comum. A maioria das pessoas infelizmente não tinha muito talento para as coisas que realmente gostavam e queriam fazer.
Mas Eward se sentiu traído. Da mesma forma que uma vez ele sentiu amor e esperança de aprender magia, Eward se sentiu frustrado por quão diferente sua realidade era de seu ideal.
O sofrimento de Eward não era particularmente cruel ou incomum. Foi algo que aconteceu com muita gente.
Embora Eward tivesse uma grande paixão e interesse pela magia, chegando ao ponto de nutrir amor por ela, a magia não retornou o afeto de Eward.
Gilead não esperou o amanhecer, embora já fosse tarde da noite. Poucos minutos depois da meia-noite, Gilead chegou à capital de Aroth. Então imediatamente foi para a Torre Mágica Vermelha.
E Gilead não foi o único a ir para lá àquela hora.
No último andar da Torre Mágica Vermelha, junto com Lovellian e Eugene, um homem de óculos de armação preta esperava em seu assento.
— Prazer em conhecê-los. — O homem os cumprimentou educadamente.
Seu nome era Balzac Ludbeth.
Ele era um poderoso mago negro que ocupava a cadeira de Mestre da Torre Mágica Negra nas últimas décadas. Ele se levantou da cadeira e inclinou a cabeça profundamente para Gilead.
— Meu nome é Balzac Ludbeth. — Ele se apresentou.
— Sou Gilead Lionheart. — Gilead relutantemente retribuiu a saudação.
Olhando para Balzac, Gilead fez uma ligeira inclinação de cabeça para o homem, depois trocou um breve olhar com Eugene.
Theonis, que havia acompanhado Gilead, recusou-se absolutamente a inclinar a cabeça para o homem. Mordendo o lábio inferior, ela olhou para Eugene e Balzac.
— O que você está fazendo aqui? — Ela exigiu asperamente.
Theonis não conseguiu conter suas emoções crescentes. Eward era seu único filho, aquele que deveria se tornar o próximo Patriarca da família principal. Mas por ele estar mais interessado em magia do que artes marciais, ela relutantemente o liberou de seu olhar atento para que ele pudesse ir e ficar forte. Mas seu amado filho realmente tentou aprender magia negra. Theonis recusou-se absolutamente a aceitar uma realidade tão terrível.
— Por favor, acalme-se. — Pediu Lovellian com a voz sombria.
— Este incidente não tem nada a ver com o Mestre da Torre Negra.
— Que tipo de bobagem é essa?! — Theonis gritou.
— Você não disse que Eward ficou tentado em usar magia negra?! Realmente vai me olhar nos olhos e esperar que eu acredite que o Mestre da Torre Negra não teve nada a ver com isso?!
— A Torre Mágica Negra não detém autoridade sobre todos os magos negros em Aroth. — Ao sentar-se, Balzac continuou a falar:
— Quanto ao mago negro responsável por este infeliz caso… Embora agora saibamos que seu nome é Gavid, ele não é membro da Torre Negra. É apenas um membro da Guilda dos Magos.
A Guilda dos Magos era conhecida como a maior comunidade de magos do mundo. No entanto, não tinha tanto prestígio quanto tinha tamanho. Ao contrário da guilda, que permitia que qualquer pessoa se juntasse desde que pudesse usar magia, as Torres Mágicas eram muito mais exclusivas e só aceitavam aqueles com habilidades genuinamente excepcionais.
— Embora estritamente falando, eu também possa ser um membro da Guilda dos Magos, isso não me faz considerar Gavid sequer merecedor de ser um associado. Não concorda que esse é o caso?
Enquanto empurrava os óculos para cima do nariz, ele deu uma olhada para Lovellian.
— Por exemplo, enquanto nós dois podemos ser magos pertencentes à guilda, temo que o Mestre da Torre Vermelha e eu não nos consideramos parte da mesma fraternidade.
Embora permanecesse em silêncio, Lovellian assentiu com a cabeça. Ainda furiosa, Theonis tentou continuar falando, mas Gilead ergueu a mão para impedi-la.
— Mas você ainda não explicou por que está aqui. — Gilead apontou com uma voz fria.
Se ele alegou que a Torre Negra não estava envolvida neste incidente, por que Balzac insistiu em estar aqui? A raiva oculta de Gilead fez o ar da sala esfriar.
No entanto, Balzac não ficou impressionado com a hostilidade de Gilead e, em vez disso, admitiu calmamente:
— A razão pela qual estou aqui é assumir a responsabilidade por esse assunto.
Como o Patriarca da família principal do Clã Lionheart, Gilead era uma das poucas pessoas mais fortes do continente.
Mas Balzac também. Décadas antes, ele estava originalmente na fila para se tornar o próximo Mestre da Torre Mágica Azul. Agora ele era um dos três magos negros lendários a assinar um contrato pessoal com o Rei Demônio do Encarceramento.
Balzac continuou:
— Embora Gavid não seja membro da Torre Mágica Negra, como Mestre da Torre Negra, pretendo assumir a responsabilidade pelos problemas que Gavid causou.
— Responsabilidade? — Gilead questionou.
— Sim, por tentar Eward a aprender magia negra e conseguir tal contrato. — Confirmou Balzac.
— Estritamente falando, estes não podem ser considerados ‘crimes’.
Centenas de anos atrás, apenas aprender magia negra faria com que alguém fosse condenado como criminoso e executado. No entanto, depois que o acordo entre o Grande Vermouth e os Reis Demônios foi assinado, aprender magia negra tornou-se um direito pessoal.
Balzac elaborou.
— Embora esse possa ser o caso… Espero mostrar a devida consideração à posição do clã Lionheart sobre este assunto.
— Não gosto muito do som de suas palavras. — Gilead cuspiu.
— Parece que você está dizendo que, por causa do prestígio do clã Lionheart, está disposto a inclinar a cabeça em desculpas, mesmo que realmente não precise. Entendi certo?
— Sim. — Respondeu Balzac imediatamente, sem qualquer tentativa de negar.
Pop.
Os nós dos dedos de Gilead se apertaram. Sua intenção de matar aumentou um nível, fazendo o próprio espaço tremer. Enquanto Eugene avaliava a intenção de matar no ar, ele olhou para os arrepios em seus antebraços. Sentiu tais níveis de intenção assassina inúmeras vezes em sua vida passada. Mas o corpo em que ele havia reencarnado, que só havia experimentado esta vida, estava tremendo diante da intenção.
— Não é algo que eu precise assumir estritamente, e espero que entenda isso. Uma onda medonha de intenção assassina tomou Balzac. Ainda assim, mesmo no meio disso, seu rosto permaneceu calmo enquanto ele continuava.
— No entanto, desejo assumir a responsabilidade de qualquer maneira, como um colega mago negro. Porque não desejo perder a atual paz amigável que mantemos com o Clã Lionheart por causa deste incidente.
— Se é assim que realmente se sente, que tal ficar de joelhos? — Theonis exigiu em um tom cortante.
Balzac imediatamente se levantou da cadeira e, sem hesitar, disse:
— Se é isso que deseja.
Quando Balzac estava prestes a se ajoelhar, Gilead balançou a cabeça violentamente e gritou:
— Pare, não há necessidade disso.
Relutantemente, Gilead continuou:
— Aceito com gratidão sua oferta de responsabilidade não obrigatória. Mas há uma coisa que me preocupa. Temo que você possa estar tentando encobrir este incidente em nome de assumir a responsabilidade.
— Crimes envolvendo drogas são regidos pela lei de Aroth. Todos que forem pegos no antro de drogas serão confinados na prisão de Aroth, deixando-me incapaz de esconder qualquer coisa. — Balzac parou por um momento para dar uma olhada em Gilead.
— A menos que queira decapitá-los você mesmo?
— Tais palavras parecem um insulto à minha honra. — Resmungou Gilead.
— Tudo que peço é que as leis de Aroth sejam aplicadas de forma justa. Com que direito eu deveria, como estrangeiro, tentar julgar as leis de Aroth?
— Fiz-lhe uma descortesia. — Disse Balzac como desculpa.
Gilead mudou de assunto.
— O que vai acontecer com as súcubos?
— O negócio que eles estão operando não é ilegal. Mesmo os alucinógenos que usam em sua loja não são considerados drogas, mas… Haverá sanções impostas a eles por permitirem maus-tratos a seus clientes.
— Então como exatamente você deveria estar assumindo a responsabilidade? — Theonis exclamou.
Quando Balzac se sentou mais uma vez, ele respondeu:
— Providenciei para que o íncubo com quem Gavid atualmente possui um contrato e que tentou assinar um contrato com Sir Eward seja decapitado.
— Perdão?
— Barão Olpher, um íncubo que serve à Duquesa Giabella. Como ela não esteve envolvida neste esquema, não pode reivindicar qualquer responsabilidade por isso, mas… Aquele que esteve diretamente envolvido com Gavid, o Barão Olpher, perderá a cabeça.
Balzac ergueu a mão. Com esse movimento, Gilead inclinou o corpo ligeiramente para mais perto de Theonis. Isso era para protegê-la caso algo inesperado ocorresse.
Embora as ações e atitudes de Gilead mostrassem descaradamente sua cautela e desconfiança em relação a Balzac, Balzac não se sentiu ofendido por isso. Com uma expressão completamente serena, ele apenas passou o dedo pelo ar.
Fwoosh.
Uma explosão negra de chamas acendeu no ar e um pergaminho apareceu.
Depois de esperar o fogo apagar, Balzac pegou o pergaminho e declarou:
— O Rei Demônio do Encarceramento enviou uma mensagem pessoal.
Eugene segurou firme seu corpo que estava prestes a reagir inconscientemente. Ele segurou sua raiva. Nada de bom aconteceria se mostrasse inutilmente uma reação nessa situação. Sua mente começou a correr no lugar de seu corpo congelado.
O Rei Demônio do Encarceramento era um dos dois Reis Demônios restantes de Helmuth. Em sua vida passada, Eugene não conseguiu invadir seu castelo.
— O Rei Demônio do Encarceramento gostaria de transmitir sua imensa decepção por causar tanto sofrimento à família de seu bom amigo Vermouth. — Balzac leu.
“Seu bom amigo Vermouth?!”
Essas palavras fizeram o estômago de Eugene revirar. Ele queria pular imediatamente de seu assento e agarrar Balzac pelo colarinho. Queria gritar com o homem para ir e dizer ao Rei Demônio que ele servia, para parar de falar tanta besteira e apenas manter sua boca fechada.
Eugene não foi o único cuja expressão se contorceu com essas palavras. Gilead também começou a encarar Balzac enquanto mordia os lábios.
Mesmo ignorando esses olhares, Balzac continuou falando:
— Como tal, ele declara que decapitará pessoalmente Eoin Olpher e, se desejar, poderá entregar a cabeça diretamente ao clã Lionheart.
— Não há necessidade disso. — Gilead resmungou essas palavras com uma careta.
— Se for esse o caso, vou informá-lo que apenas decapitar o barão será suficiente. — Disse Balzac, levantando-se mais uma vez.
— Mais uma vez, permita-me inclinar minha cabeça em desculpas. Embora este arranjo possa não ser suficiente para aplacar sua raiva, Lorde Patriarca, por favor, saiba que nem o Rei Demônio do Encarceramento nem a Torre Mágica Negra têm qualquer desejo de ofender o Clã Lionheart.
— …
Gilead ficou em um silêncio sombrio.
— Pois então… Estou ansioso para reencontrá-lo em circunstâncias mais agradáveis. — Com esta despedida, Balzac fez menção de partir.
Antes de sair da sala, ele lançou um olhar para Eugene. Eugene sentiu esse olhar, mas não retribuiu imediatamente o olhar de Balzac.
Houve um curto silêncio.
— Vou levar Eward comigo para a propriedade principal quando voltar. — Gilead foi o primeiro a falar. Enquanto esfregava as bochechas rígidas, soltou um longo suspiro e disse:
— Mestre Lovellian… Receio ter cometido um grave erro. Tudo isso é minha culpa.
— De jeito nenhum. Se eu tivesse sido mais rigoroso com Eward, algo assim não teria acontecido.
Lovellian confessou com um suspiro igualmente longo. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro antes de inclinar a cabeça para Theonis.
— Minhas sinceras desculpas.
— Eward… O que aquela criança está fazendo agora? — Theonis perguntou, seus olhos transbordando de ressentimento.
Ela realmente acreditava que Lovellian era o culpado pelo erro de Eward. Se ele tivesse aceitado Eward como seu discípulo e tivesse ensinado Eward com um zelo sincero, então não havia como o filho dela ter saído e feito algo assim.
Eward não tinha talento suficiente para ser seu discípulo? O que isso significava mesmo? Não havia nenhuma maneira que seu filho, Eward, pudesse ser carente de qualquer forma.
— O mandei descansar no quarto. — Respondeu Lovellian.
— Gilead. — Depois de olhar para Lovellian, Theonis virou-se para o marido.
— Nós realmente não precisamos levar Eward de volta para casa conosco, não é? Eward não é… Ele realmente não se interessou por magia negra. Apenas fez uma tentativa, isso é tudo.
— …
Gilead permaneceu em um silêncio de pedra.
Theonis implorou:
— Como ele sabe que cometeu um erro, não fará algo assim novamente. Se tratarmos isso como uma lição, ele pode até trabalhar mais a partir de agora. Então não podemos simplesmente…
Theonis não pôde deixar de se sentir desesperada. Cyan e Ciel estavam esperando por eles na propriedade principal. Enquanto Eward estava em Aroth, Cyan e Ciel estavam ocupados ganhando a aprovação dos membros da família principal. Era impossível para o filho mais velho, que havia retornado depois de causar um escândalo, obter a aprovação dos principais membros da família neste momento.
Foi por isso que Eward foi enviado para Aroth em primeiro lugar. Como ele não poderia receber nenhum reconhecimento permanecendo na propriedade principal, Theonis queria que ele ganhasse a aprovação de outros em Aroth. Ela esperava que, tornando-se discípulo do Mestre da Torre Vermelha e interagindo com outros magos notáveis, ele pudesse formar laços e obter poder que não estaria disponível para ele na propriedade principal.
Ela precisava que Eward de alguma forma permanecesse em Aroth. Se ele se tornasse discípulo de Lovellian, poderia usar o apoio do Arquimago para se desenvolver ainda mais. Este escândalo também se tornaria apenas uma questão trivial a ser esquecida.
Theonis tentou persuadir Gilead.
— Se tiver as condições certas, Eward pode fazer melhor. Ele tem talento para isso. Sabe disso, né querido? Eward sempre gostou de livros e magia desde que era jovem—
— Chega. — Gilead estava cansado de ouvir essa conversa.
Estava bem ciente de como Eward havia passado seus dias em Aroth. Os resultados dos quatro anos de Eward ali foram fúteis e inúteis. Embora ele tivesse recebido todas as conveniências e recebido muito apoio, as habilidades mágicas de Eward não superaram o Terceiro Círculo.
Considerando que ele havia sido treinado em controlar mana desde que era jovem, este era um nível terrível de habilidade. Ele mal podia ser chamado de mago do Terceiro Círculo; em termos de sua compreensão e suas habilidades em magia, ele era realmente muito pior do que isso.
Com uma voz dolorida, Gilead comentou:
— Em mais de trezentos anos de história do clã Lionheart, nunca houve um único membro da família principal que se tornou um mago negro.
— Isso é… É apenas uma loucura da juventude. — Os olhos de Theonis vacilaram enquanto ela debilmente tentava convencer a si mesma e aos outros.
Em vez de responder imediatamente, Gilead trocou olhares com Eugene.
— Sinto muito, Eugene. Posso pedir-lhe para sair por um minuto?
— Sim, senhor.
Eugene estava tão relutante em continuar ouvindo uma conversa tão difícil.
Quando Eugene se levantou, Theonis se virou para encará-lo.
— Eu disse para você se dar bem com Eward. Mesmo que eu tenha pedido para cuidar do seu irmão mais velho—!
— Theonis. — Os olhos de Gilead se arregalaram para encará-la.
— Eugene não fez nada de errado. Então, por que está descontando isso nele?
Theonis argumentou:
— Esse pirralho poderia ter parado Eward…! Mas em vez de cuidar do problema antes disso, ele apenas esperou em silêncio e permitiu que as coisas chegassem a—!
— Não diga mais uma palavra! — Gilead de repente rugiu.
Embora Eugene, que estava parado lá pacientemente, se perguntasse se deveria ou não dizer algo à Theonis, no final, não se atreveu a fazê-lo e apenas abaixou a cabeça.
— Vou me despedir agora. — Disse Eugene enquanto se virava para sair.
Ficar aqui apenas para agir como alvo do ódio dela seria um assunto exaustivo. Depois que Eugene saiu, a mulher olhou para a porta fechada e respirou fundo.
— Posso ter feito uma observação imprópria. — Admitiu Theonis.
— Mas Gilead, por favor, reconsidere.
— Não vou mudar minha decisão. Mesmo que Eward seja meu filho, o que essa criança fez manchou o nome do clã. Não posso permitir que o menino permaneça em Aroth. — Afirmou Gilead.
— Mas que lugar resta para nosso filho na propriedade principal?!
Theonis não implorou mais ao marido e, em vez disso, desabafou todos os seus sentimentos de ressentimento e frustração com ele:
— Você não fez nada para garantir a posição de Eward. Em vez disso, apenas ouviu todas as demandas daquela maldita Ancilla e seus filhos, bem como daquela criança adotiva que não compartilha nem uma única gota de sangue com você…!
— realmente acredita nisso? — Gilead perguntou baixinho, liberando a raiva. Ele olhou para Theonis com olhos desapontados e disse:
— Dei aos meus filhos tudo o que eles pediram. Enviei Eward para Aroth porque ele queria aprender magia—
— Se isso realmente fosse por causa de Eward!
Theonis saltou de seu assento com esta explosão alta. Enquanto ofegava, alternadamente olhou para Lovellian e Gilead.
— Então você deveria ter se assegurado de que Eward se tornasse discípulo de Lovellian, não importa como…! E se estava realmente preocupado com o fato de Eward dar errado, deveria ter enviado alguém para monitorar e controlar aquela criança…!
— Por favor, apenas pare. — Gilead soltou um longo suspiro e deixou cair o rosto entre as mãos.
Monitorar e controlar? Não foi porque Eward odiava tais restrições que ele deixou a propriedade principal e foi para Aroth em primeiro lugar? Gilead depositou a confiança em seu filho mais velho. Como Eward havia sido constantemente monitorado e sobrecarregado com expectativas durante toda a sua vida, Gilead acreditava que uma vez que chegasse a Aroth, ele seria capaz de desfrutar de uma vida melhor, vivendo sozinho.
Os rumores sobre Eward se aproximar de súcubos e demônios — Gilead já estava ciente deles. Mas se isso era tudo… Gilead ainda podia permitir.
No entanto, magia negra e drogas estavam indo longe demais.
— Por favor, não traga mais vergonha para o clã Lionheart… E para mim mesmo. — Suplicou Gilead.
Theonis gritou:
— Vergonha? Não seja ridículo. Se ele voltar para a propriedade principal assim, serei eu que não suportarei a vergonha de tudo isso. Eu preferiria morrer a ver isso acontecer.
Gilead tentou convencê-la:
— Também não acredito que permanecer em Aroth seja bom para Eward. Se ele ainda tiver algum desejo de aprender magia, então na propriedade principal, podemos—
— Se está determinado a levar Eward de volta, então vou levar ele de volta para a propriedade da minha família. — Theonis se recusou a ceder.
Se eles voltassem para a propriedade principal assim, todos os seus planos seriam confusos. Eward seria empurrado para fora de sua posição pelos gêmeos, e Theonis por Ancilla, transformando-os em um par de figurantes.
— Eu definitivamente nunca permitirei que Eward fique preso na propriedade principal. Eu preferiria que ele ficasse na casa da minha família, onde pode aprender magia sem medo de ser oprimido. — Theonis disse, suas palavras mostrando total sinceridade.
Ela não desejava receber a ridicularizarão de Ancilla, e ainda havia tempo para decidir quem seria o próximo Patriarca. Como tal, não importa como, Eward precisava desenvolver força suficiente para solidificar sua oferta pela posição. Se ele voltasse para a família principal assim, seria impossível virar a mesa contra seus irmãos.
— Se é isso que deseja.
Gilead suspirou enquanto fechava os olhos. Ele não conseguiu decidir qual curso de ação estava correto, então cedeu.
— Contanto que Eward concorde, você pode fazer o que quiser.
Essa foi a única coisa que ele conseguiu dizer.
— Sir Eugene Lionheart. — Balzac cumprimentou Eugene de onde estava do outro lado do corredor.
Embora o homem tenha saído da sala primeiro, não partiu imediatamente e preferiu esperar por Eugene.
— Dadas as circunstâncias, não conseguimos conversar confortavelmente, apesar de ser nosso primeiro encontro. — Observou Balzac.
Eugene respondeu sem rodeios: — Não desejo ter uma conversa confortável com você, Mestre da Torre Negra.
Em vez de abaixar a cabeça em saudação, Eugene inclinou a cabeça em um ângulo como uma forma de mostrar abertamente seu desagrado. Vendo essa reação, Balzac apenas sorriu.
— Parece que não gosta muito de mim. — Observou Balzac.
— Não é apenas o Mestre da Torre Negra que eu não gosto; desprezo todos os magos negros. — Admitiu Eugene.
— É mesmo? Consigo entender o porquê. Embora trezentos anos tenham se passado, a percepção do público sobre a magia negra ainda não é muito agradável. — Ao dizer isso, Balzac deu de ombros: — Como um mago negro, não posso deixar de sentir que é lamentável. Embora possa parecer pouco confiável vindo de meus próprios lábios, não fiz nada de errado.
Eugene respondeu:
— Mesmo que o próprio Mestre da Torre Negra não tenha feito nada de errado, não há muitos magos negros por aí fazendo más ações?
Este era um fato inegável. Infelizmente, ainda havia muitos bruxos negros vagando livremente pelo mundo, violando a proibição de experimentação humana. Embora as leis de Aroth e da Torre Mágica Negra impusessem severamente essa proibição, havia muitos lugares para magos negros escaparem dessas leis estritas neste vasto mundo.
— Mas os magos negros não são os únicos, são? — Balzac apontou enquanto mostrava os dentes em um sorriso.
— Pessoas como magos podem facilmente sacrificar algo como moral para satisfazer sua própria curiosidade e desejo. Ou, para colocar em termos simples, existem muitas vezes mais ‘magos’ corrompidos do que magos negros corrompidos.
— Bem, você pode estar certo sobre isso, mas… — Eugene concordou hesitante.
— Eward não é um desses exemplos? Ele é apenas um ‘mago’, não um mago negro. Estava apenas tentando usar a magia negra como um meio para alcançar seus próprios fins. Embora possa não ter dado certo… Esse caso com Eward não começou por causa de magia negra, mas por causa de seus próprios desejos.
— O que exatamente você quer ouvir de mim? — Eugene perguntou impaciente.
— Só espero que concorde em não transferir sua aversão à magia negra para mim. — Com uma risada, Balzac foi até Eugene e estendeu a mão.
— Ouvi muito sobre você, Sir Eugene. Seu desempenho na Cerimônia de Continuação da Linhagem Sanguínea é famoso há vários anos… E também ouvi dizer que recentemente mostrou algumas grandes realizações em magia.
Eugene franziu a testa.
— Acho que não fiz nada que possa ser considerado ‘uma grande conquista.’
— Você não conseguiu que o Mestre da Torre Vermelha escrevesse uma carta de recomendação para Acryon? — Balzac ergueu uma sobrancelha.
— Isso por si só deve significar que suas realizações foram grandes o suficiente para merecer tal reconhecimento, Sir Eugene.
Eugene se recusou a pegar a mão estendida de Balzac. Enquanto casualmente abaixava a mão, Balzac olhou para Eugene. Ele então mudou de assunto:
— Embora eu não tenha conseguido lhe dizer isso dentro da sala, parte da ‘responsabilidade’ que decidi assumir por este incidente também envolve você, Sir Eugene.
— O que quer dizer com isso? — Eugene perguntou cautelosamente.
— Será difícil para você se qualificar para admissão em Acryon com apenas uma carta de recomendação do Mestre da Torre Vermelha. Porque, infelizmente para você, Sir Eugene, os outros mestres de torre e magos envolvidos na decisão irão rejeitá-lo alegando que não possui as qualificações necessárias.
— E daí? Está dizendo que vai me escrever uma carta de recomendação também, Balzac, Mestre da Torre Negra?
— Tenho grande interesse em seu talento, Eugene. E, bem, esse não é o único fator… — Balzac olhou para a porta fechada antes de continuar a falar.
— Outro fator é que não tenho as melhores relações com o Mestre da Torre Vermelha, Lovellian. Embora não tenha nenhum ressentimento em relação a ele, o Mestre da Torre Vermelha não gosta de mim, só porque sou um Mago Negro. Além disso, sinto que posso receber a inimizade do clã Lionheart por causa desse incidente…
— Então, por causa disso, está dizendo que vai me escrever uma carta de recomendação?
— Sim. Honestamente falando, mesmo que eu escreva uma carta de recomendação que apoie a proposta do Mago Chefe Lovellian… Bem, não espero que só isso seja suficiente para fazer você gostar de mim, mas pelo menos não vai reduzir sua antipatia por mim? Também mostrará minha sinceridade para me dar bem com o clã Lionheart.
— Se está se oferecendo para escrever uma carta para mim, aceitarei com prazer sua ajuda. — Respondeu Eugene franzindo a testa.
Embora ele não gostasse de magos negros, isso não significava que ele acreditasse que sua antipatia deveria se estender aos presentes que ofereciam.
— Mas mesmo que o faça, não posso prometer ser seu amigo, Balzac. — Avisou Eugene.
— Contanto que não goste de mim tanto quanto agora, isso será o suficiente. — Com um sorriso largo, Balzac deu um passo para trás, permitindo que Eugene saísse.
— Isso é tudo o que eu queria dizer. Minhas desculpas por mantê-lo aqui.
— Realmente não teve nada a ver com o problema do meu irmão mais velho? — Ao passar por Balzac, Eugene decidiu fazer essa pergunta abertamente.
Com essas palavras, Balzac caiu na gargalhada.
— Tenho muito orgulho de ser um mago negro. — Disse ele, os olhos escondidos atrás dos óculos brilhando.
— A existência de um mago negro incompetente é apenas uma vergonha para a magia negra. Mesmo que ele seja o filho mais velho da família Lionheart, contanto que não possua um talento surpreendente, eu nunca consideraria o oferecer uma chance de se juntar a nós. Isso é suficiente para responder à sua pergunta?
— É sim.
Eugene estalou a língua ao recordar a visão de Eward tremendo enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto.
“Idiota patético.”
Obrigado pelo cap