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Damn Reincarnation – Capítulo 397

Um Sonho (3)

Até agora, havia apenas uma Noir Giabella neste sonho, mas a partir de agora, haveria duas. Noir separou um clone de si mesma que continuaria agindo como narradora, recriando sua memória, enquanto ela mesma agora seria uma espectadora.

A razão para isso era simplesmente para que ela pudesse entrelaçar os braços com Eugene. Enquanto observava seu eu do sonho seguir os mesmos movimentos que ela havia feito em sua própria memória, Noir sussurrou para Eugene, que estava se debatendo ao lado dela:

— Embora seja um pouco estranho dizer isso, mas, Hamel, você não acha que eu pareço perfeita? — Noir quase soava como se estivesse se gabando.

— Solte. — Exigiu Eugene.

— Não há sentido em falar sobre detalhes óbvios, como meu rosto ou corpo. Todas as minhas características externas são, é claro, impecáveis. A propósito, Hamel, você sabia que eu posso atender e acomodar todos os gostos. Se você preferir seios menores em vez de maiores, então eu posso me transformar até certo ponto. — Noir ofereceu.

— Eu disse, me solte. — Insistiu Eugene.

— E eu realmente estou sendo sincera. Posso mesmo atender a todos os gostos que você possa ter. — Noir disse sedutoramente. — Mesmo que seja algo que você nunca falaria para mais ninguém… mesmo que seja o fetiche mais vergonhoso e distorcido. Além disso, eu realmente estou dizendo isso apenas no caso, mas, Hamel, se por acaso você for gay em vez de hétero, eu posso—

— Solte, sua maluca! — Eugene rugiu enquanto tentava torcer freneticamente seu corpo para se libertar.

Somente então Noir soltou o braço dele com um leve sorriso no rosto.

— É apenas uma brincadeira, Hamel. Por favor, não fique muito bravo comigo. — Noir pediu, apenas para sorrir maliciosamente logo depois. — Ou será que foi realmente uma piada? Comecei tentando ser séria, mas minha língua parece ter se soltado em algum momento. A verdade é que eu pareço perfeita. Não há espaço para argumentos nisso. Não apenas em termos de beleza externa, mas também em termos de personalidade e histórico.

— Você não sente vergonha ou constrangimento ao dizer tais coisas você mesma? — Acusou Eugene.

Se Mer tivesse ouvido essas palavras, teria rido enquanto apontava para a vergonha do próprio comportamento habitual de Eugene. No entanto, como Mer não estava presente agora, Eugene conseguiu acusar Noir sem sentir tais escrúpulos.

Noir levantou uma sobrancelha:

— O que há de tão vergonhoso e constrangedor em dizer algo assim quando eu só cheguei a tal avaliação após consideração séria?

Até certo ponto, a resposta de Noir conseguiu ressoar com o coração de Eugene e fazê-lo concordar com ela, mas a intenção assassina e a irritação que Noir despertou nele eram muito mais fortes do que tais tentações.

Eugene apenas a encarou em silêncio sem dar qualquer tipo de resposta. Os ombros de Noir tremiam lacrimejantes enquanto sussurrava para si mesma:

— No entanto, mesmo alguém tão perfeito como eu se tornou uma tola diante do amor.

Um xingamento repugnante subiu pela garganta de Eugene, mas em vez de deixá-lo explodir, Eugene apertou os lábios. Isso porque ele sentia que seria impossível tentar ter uma conversa sensata com uma idiota dessas.

Enquanto tudo isso acontecia, a Noir dentro do sonho havia chegado a algum lugar significativo.

Esta mansão, assim como todos os outros edifícios dentro da cidade de Ravesta, não tinha fonte de luz, e as paredes eram de um tom ainda mais escuro de preto.

Ao descer para um jardim que não tinha nem uma única lâmina de grama crescendo, ela riu involuntariamente.

— Au, au!

Este barulho de latido foi realmente feito por Noir.

Hemoria estava encostada com as costas em uma casinha de cachorro projetada para parecer um celeiro. Ela tinha uma coleira grande ao redor do pescoço e uma corrente grossa conectando a coleira a uma estaca no chão. Ela encarou Noir, recusando-se a fazer um barulho de latido semelhante de volta para Noir.

— Esse traje realmente combina com você, não é? — Noir elogiou enquanto sorria para Hemoria.

Esta era a Inquisidora que antes era chamada de ‘Guilhotina’ pelo Departamento de Inquisição do Império Sagrado, o Maleficarum. No entanto, depois de ser excomungada do Império Sagrado, ela agora se tornara alguém que não existia oficialmente e fora transformada em um animal de estimação de Amelia Merwin.

No passado, Hemoria sempre usava uma máscara de metal que já cobria toda a boca, mas sua máscara atual agora também tinha um focinho saliente semelhante ao de um cachorro.

Grk

O som de dentes rangendo podia ser ouvido vindo de dentro da máscara protuberante de Hemoria. Rindo de Hemoria, Noir se aproximou da porta da mansão.

— Vejo que ela ainda está rangendo os dentes. — Eugene comentou ao olhar para Hemoria com um clique de sua língua.

Vendo como seu cabelo estava uma bagunça e seus olhos estavam cheios de ressentimento venenoso, parecia que Hemoria havia passado por muitas dificuldades desde a última vez que ele a viu.

“Se ela tivesse apenas morrido naquela época, não teria que ter sofrido assim”, Eugene pensou consigo mesmo enquanto se virava para olhar para frente.

A Noir no sonho abriu a porta sem esperar permissão e entrou.

— Você tem uma personalidade bastante bondosa. — Disse Eugene sarcasticamente.

Noir aceitou o elogio com calma:

— Meu comportamento sempre foi excelente assim, mas o que te leva a trazer isso à tona tão de repente?

— Você deixou aquela vadia de merda em paz mesmo depois que ela te encarou. — Apontou Eugene. 

Ahahaha, eu estava me perguntando o que você estava tentando dizer. Hamel, se uma formiga rastejando no chão olhasse para você, você realmente sentiria a necessidade de pisoteá-la até a morte por causa disso? Além disso, em vez de encerrar sua miserável vida esmagando-a sob meu calcanhar, seria um destino muito mais doloroso ela continuar a viver rastejando no chão. — Noir explicou com uma risada enquanto seguia seu eu do sonho para frente.

Eugene mudou de assunto:

— Amelia Merwin. O que essa vadia podre está fazendo aqui e não em seu deserto? Alphiero afirmou que não há humanos vivendo em Ravesta, mas ela é humana, não é?

— Amelia Merwin na verdade não é humana. — Noir corrigiu.

Eugene ficou surpreso:

— O quê?

— Embora suas características humanas sejam proeminentes, ela é na verdade meio humana, meio demônio. — Noir explicou.

Os olhos de Eugene se arregalaram com essas palavras. Embora raças mistas nascidas entre diferentes espécies já fossem raras o suficiente, o mais raro de todos esses cruzamentos eram aqueles nascidos entre humanos e demônios. Eugene lembrou-se de Eileen Plott, a bispo meio-vampira de Alcarte.

Noir continuou a falar:

— A mãe de Amelia era um demônio de Ravesta que foi engravidada por um humano enquanto estava fora no mundo. Ela retornou mais tarde a Ravesta para dar à luz à sua criança, e voilà, assim nasceu Amelia Merwin.

— Hmm… — Eugene resmungou enquanto processava essa revelação.

— Por isso, Amelia é um caso especial. Ela é uma raça mista nascida entre um humano e um demônio. Mesmo que aqueles nascidos dessa mistura geralmente não consigam despertar seu poder negro como os demônios ordinários, Amelia conseguiu despertar seu próprio poder negro e se tornou uma maga negra. Isso significa que ela não viu a necessidade de seguir o exemplo de sua mãe para fazer um contrato com o Rei Demônio da Destruição. — Noir se virou para Eugene com um sorriso e disse: — Além disso, Amelia está atualmente aqui em Ravesta… porque ela está com medo.

— Com medo? — Eugene repetiu, franzindo a testa, sentindo-se confuso com o que Noir estava dizendo.

Enquanto caminhavam por um corredor escuro, Noir sussurrou para Eugene:

— Apenas pense nisso, Hamel. Até a Marcha dos Cavaleiros há alguns meses, Amelia Merwin nem sequer considerava você uma ameaça. Ela não sabe que você é realmente Hamel, e geralmente mantém aquele Cavaleiro da Morte que se autodenomina ‘Hamel, o Tolo’ ao seu lado para agir como sua guarda.

— Mesmo que aquele maldito seja tão malditamente fraco. — Eugene resmungou, ainda mantendo a testa franzida.

No entanto, na verdade, tal avaliação rude era praticamente cuspir em seu próprio rosto. Isso porque, excluindo o fato de que suas memórias foram alteradas, se você apenas olhasse para sua habilidade de combate, não havia dúvida de que o Cavaleiro da Morte estava no mesmo nível em que Hamel estava quando ainda estava vivo.

Noir assentiu.

— Isso mesmo, para você, que ultrapassou o nível que tinha em sua vida anterior, tenho certeza de que ele não é mais seu oponente. Amelia Merwin também percebeu a verdade disso. Afinal, Hamel, você derrotou o Cavaleiro da Morte quando matou Edmond na Floresta Samar. Então, o que você acha que foram os primeiros pensamentos de Amelia Merwin quando descobriu um fato assim?

Em vez de responder, os lábios de Eugene se contorceram em um sorriso irônico.

Olhando para o sorriso sarcástico no rosto de Eugene, Noir riu e continuou falando:

— Além disso, você até conseguiu ressuscitar a Sábia Sienna, não é? Agora que fez tudo isso, até mesmo Amelia, que costumava ser tão destemida, não pôde deixar de começar a sentir medo. Afinal, ela tem muitos motivos para se sentir culpada.

Era exatamente como Noir havia dito. Sienna nutria uma enorme mágoa em relação a Amelia pela profanação do túmulo de Hamel e especialmente de seu cadáver.

— Então, por causa disso, ela abandonou seu calabouço no deserto e veio parar aqui? — Eugene perguntou.

— Isso mesmo. — Noir confirmou. — Afinal, mesmo você acharia difícil se forçar a entrar aqui. E Hamel, você não planeja provocar o Rei Demônio da Destruição tão rapidamente, não é mesmo?

Seria insano sequer pensar em se dirigir ao Rei Demônio da Destruição antes de derrotar o Rei Demônio do Encarceramento. Não importava o quanto ele quisesse se livrar de Amelia, Eugene pelo menos tinha autocontrole suficiente para se abster de fazer isso.

No entanto, ele não pôde deixar de sentir uma onda de irritação por causa disso.

Enquanto o rosto de Eugene se enrubesceu em um cenho franzido, Noir, que ainda o observava, sussurrou com um sorriso:

— Se você quiser matar Amelia, não há necessidade de vir até aqui.

— O que você está tentando dizer? — Eugene perguntou desconfiado.

Noir acenou com a mão para a pergunta dele.

— Bem, você entenderá quando assistir um pouco mais.

O eu do sonho de Noir de repente interrompeu seus passos. Com uma risada silenciosa, ela girou para o lado e estendeu a mão. Com esse gesto, a escuridão no corredor se separou, e uma porta se abriu diante dela.

Mesmo de dentro do sonho, Eugene conseguiu sentir como a energia sombria pesada e violenta transbordante daquele quarto era. Ficando atrás de Noir, Eugene olhou por cima do ombro dela para dentro do quarto.

Ele viu algo se contorcendo no chão, envolto em rolos de talismãs de papel como se estivessem sendo usados como ataduras. A forma da figura contorcida não estava muito clara. Parecia um pouco com uma geleia tremulante e também um pouco como uma sombra que se retorcia ao longo de uma parede quando uma luz iluminava uma sala escura e piscava.

A coisa emitiu algum tipo de ruído abafado.

Embora Eugene não pudesse ouvir claramente, parecia que estava tentando falar com a voz rouca de um homem. Mas aquela breve explosão de som foi o suficiente para que Eugene sentisse um intenso desejo assassino e ódio crescendo dentro dele, permitindo-lhe perceber rapidamente o que era essa figura.

— Parece que você está amarrado a alguma coisa? — O eu do sonho de Noir sussurrou. Acenando com a cabeça em saudação para o espírito que se contorcia na escuridão, Noir chamou: — Olá, Hamel.

Embora seu eu do sonho o tivesse chamado de Hamel, Noir sabia perfeitamente que essa coisa não era realmente Hamel. No entanto, ela achava engraçado e divertido assistir a essa coisa continuar a acreditar que era realmente Hamel e tentar agir como ele faria.

Mas se essa coisa completasse sua transformação lutando com tais equívocos, se essa imitação conseguisse de alguma forma se tornar quase idêntica ao real, Noir tinha esperanças de que poderia se tornar um espécime bastante interessante.

— Oir… …ella…. — A coisa gemeu.

— Isso mesmo, sou eu, Hamel, Noir Giabella. — Noir disse suavemente. — Sua aparência parece bastante diferente da última vez que o vi em Babel, não é mesmo?

A figura permaneceu em silêncio.

Noir suspirou.

— Como um Cavaleiro da Morte que perdeu seu corpo, tudo o que resta de você é sua alma. E pensar que aquela mulher, Amelia, seria tão cruel, ela nem permite que os mortos descansem corretamente… e continua colocando tantos fardos sobre você. Não acha, Hamel?

O Cavaleiro da Morte continuou a guardar silêncio.

— O corpo que provou quem você realmente era… agora desapareceu. E é tudo por causa do descendente de Vermouth, Eugene Lionheart. Agora que você acabou assim, a única coisa que prova que você é ‘Hamel’ é… — A voz de Noir se perdeu enquanto ela se curvava e estendia um dedo em direção à escuridão.

Fingindo habilmente simpatia, Noir continuou.

— A única coisa que resta é a pobre alma se contorcendo diante de mim agora. No entanto, Hamel, você também deve saber disso, não é mesmo? Que ninguém no mundo pensaria em ‘Hamel Dynas’ se pudesse vê-lo agora. O mundo ainda se lembra de você como ‘Hamel, o Tolo’ que morreu há trezentos anos. Quem na terra poderia imaginar que um herói assim seria corrompido e se tornaria um Cavaleiro da Morte?

Houve apenas silêncio diante das palavras provocativas de Noir.

— Claro, você deve se sentir injustiçado com isso. Você definitivamente ainda existe e permanece ciente de sua verdadeira identidade, mas o que você pode fazer? Afinal, até eu tenho que me perguntar… você realmente é o Hamel que eu conheci? Além disso, em seu estado atual, você não pode realmente ser descrito como ‘apenas’ você, pode? Parece que muitas coisas foram misturadas com você. — Noir suspirou arrependida.

Eugene encarou o espírito distorcido com uma emoção complexa em seus olhos.

Era uma farsa criada com base em sua personalidade nas memórias que persistiam no cadáver de Hamel. Ou pelo menos, era isso quando se encontraram na Floresta Samar. Mas atualmente, aquela coisa nem sequer podia ser chamada corretamente de Cavaleiro da Morte, já que, como Noir havia dito, muitas outras coisas pareciam ter sido misturadas até a própria alma da coisa ser poluída.

No entanto…

Havia algo que Eugene podia ter certeza. Mesmo que seu corpo tivesse desaparecido e coisas demais tivessem sido infundidas nele, esse espírito se recusaria obstinadamente a desesperar-se ou desanimar diante de sua situação.

Contanto que essa coisa continuasse a se agarrar às memórias de Hamel e pensar em si mesma como Hamel, é claro. Especialmente porque acreditava sinceramente na história de que suas falsas memórias contavam que Hamel foi ‘traído’ por seus companheiros após subir ao castelo do Rei Demônio do Encarceramento.

Na opinião de Eugene — quando colocado em tal situação, Hamel nunca se desesperaria, não importa quão precárias fossem as condições atuais. Contanto que ele tivesse um objetivo a perseguir, Hamel sempre sobreviveria de alguma forma, mesmo que esse objetivo fosse se reunir com seus antigos companheiros e buscar vingança.

Ou talvez…

“Ele só queira perguntar a eles por que fizeram isso”, Eugene suspirou silenciosamente.

Ou melhor, era definitivamente isso que ele queria fazer. Hamel em minhas lembranças era definitivamente alguém com essa personalidade. Depois de ter passado por uma situação em que sentiu que não tinha muito tempo restante e ainda insistiu em subir em direção ao castelo do Rei Demônio do Encarceramento, se uma pessoa assim acreditasse realmente que morreu, não por uma morte auto infligida feia, mas por uma traição de seus companheiros, então…

Como alguém que já passou pelo desespero dessa realização e escalou seu caminho através de um inferno assim, Eugene acreditava que não havia como ‘ele’ desistir em uma situação como essa.

A alma continuava se recusando a dizer qualquer coisa em resposta.

Noir deu de ombros diante da recusa do espírito em mostrar qualquer reação e virou-se para olhar atrás dela.

— Agora, como você acabou assim? — Noir perguntou.

Parada atrás dela estava Amelia Merwin.

Pelo que Eugene podia ver, Amelia parecia ridícula. Assim como o espírito deitado no chão, todo o corpo de Amelia estava envolto em talismãs de papel como as ataduras de uma múmia. Olhando mais de perto para o rosto dela, que tinha o menor número de ataduras, Eugene viu que a superfície de sua pele parecia rachada, como se pudesse se desfazer a qualquer momento.

— O que você está fazendo aqui? — Amelia exigiu em uma voz rouca.

As rachaduras não se limitavam a se espalhar por sua pele; elas alcançavam até seus olhos, então quando a testa de Amelia se franziu em um cenho, seus olhos se partiram fisicamente.

Noir fungou. — É minha liberdade ir onde quiser. Não acha?

— Isto… é Ravesta. Não é um território que tipos como você têm permissão para entrar. — Insistiu Amelia.

— Ahem, mas não parece uma zona proibida para mim. A única pessoa que pode me proibir de entrar neste feudo é o próprio Rei Demônio da Destruição, mas eu não ouvi repreensões dele. — Noir disse com um risinho enquanto se aproximava de Amelia. — Ou talvez, o Rei Demônio da Destruição tenha dito alguma coisa a você? Ele te disse que está insatisfeito comigo?

Amelia não pôde responder às suas perguntas.

— Aha. — Noir disse de repente, concordando com a cabeça. — Agora eu entendo por que você está assim. Já se passaram várias décadas desde que você deixou este lugar pela primeira vez, mas… esta é a primeira vez que você volta aqui desde que assinou um contrato com o Rei Demônio do Encarceramento, não é?

Em vez de responder, Amelia mordeu o lábio.

— Além disso, como você agora se tornou o ‘Cajado’ do Encarceramento, você deveria ter recebido ainda mais do poder negro do Rei Demônio do Encarceramento. — Noir explodiu em risos. — Ahahaha… parece que sua existência está sendo rejeitada pela própria terra? Se você também fosse um espírito falecido sem um corpo físico próprio, talvez pudesse misturar os dois poderes juntos, mas como você ainda não está morta, os poderes não conseguem se dar bem dentro de sua carne, fazendo com que seu corpo se desfaça em pedaços.

— Você veio aqui só para zombar de mim? — Amelia fez uma careta.

— De jeito nenhum. Eu realmente pareço ter tempo suficiente para fazer algo assim? Eu vim aqui por um motivo muito diferente. — Disse Noir com um sorriso.

Mesmo enquanto continuava a sorrir brilhantemente, Noir beliscou o nariz como se estivesse cheirando algo desagradável.

— No entanto, depois de ver você assim, não pude deixar de zombar de você. — Noir admitiu. — Tanto que até eu estou sendo perturbada pelo impulso de zombar de você, apesar das minhas melhores intenções. Afinal, a cidade natal para a qual você decidiu retornar por medo não parece disposta a protegê-la. Então, Amelia Merwin, como é morrer?

Amelia mordeu ainda mais forte o lábio.

— Pobre Amelia Merwin. — Noir suspirou. — Não é de admirar que você cheire como um cadáver em decomposição. É engraçado como o cheiro daqueles corpos podres que você adorava brincar e abraçar agora está emanando do seu próprio corpo.

Repulsa mútua: este era um conceito que até Eugene achava fácil de entender.

Noir Giabella nunca fez um contrato com o Rei Demônio do Encarceramento. Portanto, seu poder negro pertencia unicamente a ela. Por outro lado, Amelia fez um contrato com o Rei Demônio do Encarceramento, o que significa que ela estava se valendo de seu poder negro. Foi por isso que ela estava agora sofrendo reações adversas por permanecer em Ravesta.

“Então o que ela disse antes era verdade… não há necessidade de eu vir até aqui só para matar Amelia Merwin”, Eugene percebeu. “Já que Amelia não pode durar muito mais tempo dentro de Ravesta de qualquer maneira.”

Quanto àquela alma falecida — não, na verdade, esse espírito nunca morreu em primeiro lugar — aquela alma artificial e as coisas que foram misturadas nela agora estavam se misturando junto com o poder negro ambiente.

No entanto, Amelia não conseguia se reconciliar com o poder negro ambiente como o espírito conseguia, então tudo o que podia fazer era suportar a dor à força. A menos que Amelia realmente quisesse morrer, eventualmente ela não teria escolha senão sair de Ravesta.

— Se você terminou… de me zombar… por favor, vá embora. — Amelia pediu curtamente após uma pausa.

— Quando se trata de zombar de você, eu tenho material suficiente para durar mais alguns dias. No entanto, eu concordo em parar por aqui, Amelia Merwin. Embora eu não goste de você, isso não significa que eu a odeie. — Noir disse enquanto se aproximava de Amelia. — Estou perguntando apenas por precaução, mas você sabe onde fica o palácio do Rei Demônio da Destruição?

— Não, não sei. — Amelia negou rapidamente.

— Mesmo? — Noir perguntou com dúvida.

Amelia escarneceu.

— Mesmo que eu soubesse onde é, não tenho intenção de contar para você. Além disso, o que você está fazendo—

Noir a interrompeu.

— Na verdade, eu não vim aqui procurando direções.

Sua voz cheia de diversão fez com que Amelia franzisse a testa preocupada.

— O motivo pelo qual vim aqui… é só porque eu estava curiosa sobre como você e Hamel estavam indo. Isso é tudo o que havia para isso. — Noir afirmou enquanto erguia lentamente as mãos.

Amelia, que estava observando cuidadosamente Noir, logo percebeu que algo estava errado, e seu rosto se contorceu em uma expressão de pânico.

— Espere, Giabe—

Booom!

Noir bateu os dois braços levantados para baixo. Com esse gesto, o espaço ao redor deles sacudiu violentamente, e a mansão começou a desmoronar.

Boooom!

Noir balançou os braços mais uma vez. As imensas quantidades de poder negro empunhadas por Noir conseguiram quebrar o próprio espaço.

— Pare! — Amelia gritou.

Os vários feitiços que ela havia incorporado na mansão estavam sendo despedaçados pelo tumulto de Noir, e a reação de seu despedaçamento fez Amelia vomitar um jorro de sangue escuro.

— Ahahaha! — Noir riu loucamente enquanto continuava a golpear com seu poder negro, um golpe após o outro.

Ugh!

Os demônios que estavam de guarda fora da mansão começaram a se apressar em direção ao barulho. Entre eles estava Alphiero, que havia escoltado Noir até ali. Sua expressão mostrava que ele nunca poderia ter imaginado que Noir faria algo tão bárbaro e violento aqui, no centro de Ravesta.

O mesmo era verdade para Eugene. A boca de Eugene se abriu enquanto ele se virava para olhar para a verdadeira Noir. Noir, observando o sonho ao lado de Eugene, encarava a própria imagem dentro do sonho, com os olhos baixos, consternada com a visão desse comportamento.

— Se eu soubesse que iria mostrar essa cena para você, teria agido de maneira um pouco mais elegante. — Noir suspirou arrependida.

— O que diabos você está pensando? — Eugene perguntou.

— Dá para ver só de olhar, Hamel, estou batendo na parede. — Noir explicou.

— A parede? — Eugene repetiu curioso.

— Isso mesmo. — Noir disse com um sorriso enquanto apontava para baixo. — O Rei Demônio da Destruição está escondido lá embaixo — embora com isso, eu não queira dizer que ele está realmente mais abaixo do solo. Em vez disso, ele está residindo dentro de um espaço separado em algum lugar além desta dimensão. Então, estou apenas tentando chegar a essa dimensão quebrando a parede no meio. Embora eu esteja fazendo essa tentativa aqui, de todos os lugares… só porque Amelia Merwin ficou me mandando embora.

Com uma expressão de incredulidade, Eugene se virou para olhar Amelia.

Amelia, que havia sido pega na loucura de Noir e forçada a vomitar sangue, agora não conseguia nem se manter em pé e tinha caído no chão. Nessa situação, Noir finalmente conseguiu romper a ‘parede’.

— Duquesa Giabella! — Alphiero gritou enquanto corria em direção a Noir.

No entanto, Alphiero de repente caiu no chão, congelado no ato de correr.

Alphiero não era o único. As dezenas de demônios que corriam ao lado dele também caíram no chão, incapazes de se aproximar de Noir.

Isso era Hipnotismo, uma habilidade que todos os Demônios da Noite de alto escalão podiam usar, e podia fazer com que qualquer oponente em seu campo de visão caísse no sono. O Hipnotismo de Noir podia fazer até mesmo demônios de alto escalão dormirem em um único momento. Além disso, ela os enviaria para um Sonho-Dentro-de-um-Sonho em camadas. Essa técnica especial poderia prender seus oponentes, permitindo que eles vagassem por várias camadas de sonhos sem invadir muito profundamente em suas consciências.

Depois de subjugar todos os demônios assim, Noir dirigiu-se ‘para baixo’ com um riso, atravessando para o outro lado da parede quebrada. Ela desceu até a fonte do poder negro que já havia engolfado toda Ravesta.

— Ah…! — Noir gemeu satisfeita enquanto um calafrio sedutor percorria sua espinha.

Esta foi a primeira vez que Noir precisou se proteger em muito tempo. Dentro dos confins estranhos deste espaço, até Noir Giabella, a Rainha dos Demônios da Noite, sentiu-se ameaçada. Ela continuou a descer enquanto se protegia com seu poder negro.

— O Rei Demônio da Destruição está lá embaixo? — Eugene perguntou de repente.

Noir deu de ombros.

— Provavelmente.

— Provavelmente? — Eugene repetiu, franzindo a testa enquanto olhava fixamente para baixo.

Enquanto a escuridão passava por eles, ele viu algo enorme esperando abaixo… parecia um templo.

— Bem, você descobrirá se continuar assistindo. — Noir assegurou a ele.

A Noir que descia finalmente chegou à entrada do templo. Em vez de entrar no templo imediatamente, ela ergueu a cabeça para olhar para o céu.

Ninguém a havia seguido, passando pela parede que ela havia quebrado, mas todos deveriam ser capazes de acordar de seus sonhos em pouco tempo… Outros demônios que ainda poderiam estar esperando fora da mansão também podem entrar depois dela.

Como ela já havia feito mais do que o suficiente para ofendê-lo agindo tão agressivamente, Noir não pretendia ir além disso.

— Com licença. — Disse Noir educadamente.

Este templo tinha que ser o palácio do Rei Demônio da Destruição. Mesmo que fosse Noir, ela não tinha a intenção de causar tumulto enquanto estivesse no palácio do Rei Demônio. Com uma reverência baixa de cumprimento, Noir entrou no templo.

O templo estava completamente vazio. Ela nem conseguia ver algo como o trono do Rei Demônio. Naturalmente, isso também significava que o Rei Demônio não estava em lugar algum. No entanto, Noir não ficou desconcertada por este fato e continuou avançando mais profundamente no templo.

— Há uma barreira aqui. — Noir disse com um sorriso enquanto esfregava uma mão sobre os olhos.

Quebrar a barreira erguida aqui… parecia ser um pouco perigoso demais, mesmo para ela. No entanto, o fato de que havia uma ‘barreira’ ali levou Noir a fazer todo tipo de suposições.

Tlim…!

Os olhos de Noir brilharam com luz. Cheios até a borda com poder negro, seus olhos se concentraram enquanto encaravam a barreira.

Enquanto seus olhos olhavam para além da barreira, espionando do outro lado, Noir viu uma cadeira envolta em correntes.

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Comentários

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Lucas Gabriel
Membro
Lucas Gabriel
5 meses atrás

nem ferrando kkkkkkkkk

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