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Damn Reincarnation – Capítulo 437

A Falsa (2)

Francamente falando, era impossível justificar um demônio com uma classificação abaixo de cinquenta na hierarquia atual de Helmuth.

Em termos simples, as classificações estavam completamente inflacionadas.

Os cem demônios originais classificados na hierarquia haviam sido convocados para Babel há um ano, e depois de uma batalha feroz sancionada pelo decreto real do Rei Demônio do Encarceramento, apenas cinquenta sobreviveram. Esses sobreviventes receberam um impulso de poder sombrio diretamente do Rei Demônio do Encarceramento. Eles foram capacitados sem sequer fazer um contrato com o Rei Demônio do Encarceramento. Naturalmente, os demônios que sobreviveram naquele dia em Babel se tornaram incomparavelmente mais fortes do que antes.

Naquela época, Harpeuron estava classificado em centésimo décimo lugar entre os demônios. Ele nem sequer tinha sido convocado para Babel. No entanto, ele não estava satisfeito com sua classificação. As batalhas hierárquicas entre demônios também se tornaram simplificadas após aquele dia, e Harpeuron subiu constantemente nas classificações.

Após cinquenta dos cem demônios perecerem, Harpeuron conseguiu ascender à quinquagésima sétima posição através de batalhas. No entanto, ele não estava satisfeito com suas realizações. Dado um pouco mais de tempo, ele acreditava que poderia subir ainda mais e possivelmente entrar no top cinquenta.

O poder negro do Rei Demônio do Encarceramento não podia ser usado nas batalhas hierárquicas. Se ele fosse cuidadoso ao escolher os oponentes certos para lutar, acreditava que era possível para ele subir mais e mais nas classificações de demônios.

Mas agora, não havia necessidade de estar obcecado com as batalhas hierárquicas. Se uma guerra realmente ocorresse no deserto — como havia acontecido séculos atrás — ele poderia ficar mais forte se alimentando do sangue e do medo dos humanos.

Se Amelia Merwin realmente conduzir o ritual de ascensão do Rei Demônio conforme prometido era incerto, mas o sangue e os gritos de guerra sempre foram alimento para os demônios.

“É impossível,” pensou Harpeuron incrédulo.

Ele não havia recebido a convocação do Rei Demônio do Encarceramento. Sem o massacre em Babel, sua classificação teria sido, no máximo, centésimo sétimo. Ele ainda não teve a chance de se deleitar com sangue e medo. Ele nem mesmo conheceu Amelia Merwin. Todos esses eram fatos.

Mesmo assim, isso era inacreditável. Um Arquimago do Oitavo Círculo, pelos padrões humanos, era de fato um adversário formidável. Harpeuron sabia que não podia desprezar tal adversário. Mas apesar de saber que ela era uma adversária formidável e tomar as precauções necessárias… ele descobriu que as coisas não estavam indo conforme o planejado em seu encontro.

Melkith El-Hayah possuía uma magia estranha, diferente. Ela possuía um poder negro diferente do dos demônios, algo que nem mesmo os demônios que viveram na era da guerra podiam desafiar.

Seu comportamento era tão frívolo e vulgar que era difícil acreditar que ela era uma Arquimaga. Ao encontrá-lo, ela tremia de medo, suava e usava um sorriso covarde antes… de sair correndo com um grito barulhento e vergonhoso.

Era difícil levá-la a sério. Na verdade, Harpeuron achou bastante difícil manter sua percepção dela como uma ‘adversária formidável’. As palavras, ações e atitude de Melkith pareciam tão genuínas que era difícil acreditar que era apenas um ato.

— Chute do Trovão!

Mesmo agora, o comportamento de Melkith era absolutamente vergonhoso e feio. Ela gritava agudamente enquanto chamava os nomes infantis de suas técnicas. Seus braços e pernas se agitavam desajeitadamente enquanto ela gritava.

Mas o poder que acompanhava os gritos ridículos e movimentos desajeitados era assustadoramente potente.

Era inacreditável.

Seus esforços para imitar o que deveria ser um chute eram patéticos. Parecia um ataque que até uma mosca poderia evitar, mas os raios e chamas acompanhantes eram poderosos o suficiente para quebrar o corpo de Harpeuron, queimá-lo e reduzi-lo a cinzas.

— Heugh… — Harpeuron gemeu, parecendo lamentável.

Por que ela fugira quando possuía um poder tão imenso? Teria sido um ardil deliberado?

Harpeuron lembrou-se da expressão no rosto de Melkith e seus gritos enquanto tentava fugir mais cedo. Era verdadeiramente impossível para ele sequer tentar entendê-la. Se ela fosse realmente tão poderosa, deveria ser igualmente orgulhosa. Como poderia simplesmente deixar de lado seu orgulho e exibir um comportamento tão impróprio sem hesitar por um momento sequer?

Não era apenas o comportamento vergonhoso de Melkith que havia instigado Harpeuron a agir. Ele era ignorante sobre Arquimagos e Reis Espíritos em geral. Ele sabia que Melkith havia feito contratos com vários Reis Espíritos, mas nunca imaginou que um único humano pudesse simultaneamente invocar todo o poder de três Reis Espíritos. Ninguém teria imaginado que tal coisa fosse possível sem testemunhá-la em primeira mão.

“T-Todos estão subestimando Melkith El-Hayah. Ou essa foi sua intenção desde o início?” Harpeuron se perguntou.

Harpeuron não foi o único demônio que Melkith zombou e provocou. Mais de cinco demônios com intenções assassinas em relação a Melkith haviam cruzado para Nahama. Todos esses demônios juraram fazê-la pagar pelos pecados de ousar provocá-los com sua língua afiada.

Eles não podiam menosprezá-la. Se isso fosse tudo parte do plano de Melkith, os outros demônios certamente subestimariam Melkith e cairiam sob seu poder, assim como Harpeuron.

“Devo compartilhar essa verdade…” Harpeuron pensou sinceramente, mas ele sentiu intuitivamente que seria impossível alcançar seu desejo. A batalha não durara muito, mas ele já estava à beira da morte.

Batalha…? Isso sequer era uma batalha?

Aniquilação era uma palavra mais adequada para a situação atual. Os poderes dos Reis Espíritos estavam se manifestando através de Melkith. Seus poderes estavam dissipando sem esforço o poder negro do demônio de alta patente.

Ele tentou abandonar a luta e fugir, mas até isso provou ser inútil. O solo arenoso abaixo dele ondulava, os relâmpagos rugiam no céu, e o ar se aquecia ferozmente entre eles.

Melkith ela mesma estava surpresa com seu poder. Ela havia usado a Força Infinita na Floresta Samar, mas estava incompleta na época. Ela estava estabilizando seu poder logo após contratar com Ifrit. Agora, a Força Infinita estava verdadeiramente completa. Era muito diferente da versão montada às pressas na floresta.

“Eu sou tão poderosa!” Melkith percebeu.

Talvez, apenas talvez, seu eu atual fosse mais forte do que a Sábia Sienna. Enquanto seu conhecimento, proficiência e conquistas como maga não podiam ser comparados aos de Sienna, ela começou a acreditar que talvez não fosse inferior a Sienna em termos de pura força de fogo…

Mas isso dito, talvez o conhecimento, proficiência e conquistas de um mago não fossem tão importantes neste mundo cruel.

Poder. Apenas poder poderia provar seu valor. Se o mundo fosse acabar hoje, neste exato momento, uma pessoa forte não teria uma chance maior de sobrevivência do que uma inteligente?

Melkith cerrou o punho enquanto entretinha tais pensamentos. Ela se sentia bastante orgulhosa e satisfeita enquanto olhava para Harpeuron.

O grotesco demônio de rosto de elefante era uma maravilha de se ver, e ela estava surpresa que ele ainda estivesse vivo em tal estado.

— Uh… você ainda está vivo, certo? — Ela perguntou enquanto se aproximava cautelosamente dele.

Seu corpo estava queimado até virar cinzas. Apenas sua cabeça era um pouco reconhecível, mas ela, também, estava danificada. Os troncos longos e chicoteados agora eram meros tocos.

As orelhas de Harpeuron tremularam quando ele conseguiu responder fracamente.

— Mate… me…

Francamente, Melkith queria imediatamente encerrar a vida de Harpeuron. Ver seu rosto horrendo era desagradável, e ela temia que ele pudesse se reanimar. Era inteiramente possível que outros demônios estivessem se aproximando dela depois de sentir ou ver a exibição da Força Infinita.

Eles estavam longe o suficiente do oásis, mas o impacto da Força Infinita poderia ter alcançado ainda mais longe, e Melkith não podia descartar a possibilidade de outros demônios se aproximarem deles.

— Não fale assim. Vamos lá, você quer viver, não quer? — Melkith perguntou.

Ela se aproximou de Harpeuron enquanto examinava os arredores. Ela tinha sido instruída a interrogar o demônio se fosse possível, mas…

Sua expressão ficou complicada.

Tortura? Ela nunca tinha feito isso antes. No entanto, uma confiança infundada surgiu dentro dela. Ela acreditava que poderia se sair bem nisso. Harpeuron havia provado sua tenacidade ao sobreviver quando era apenas uma cabeça. Talvez ela pudesse começar arrancando os dentes dele ou arrancando seus olhos. Isso seria eficaz? Ou deveria recorrer a métodos além da dor física?

— Se você responder às minhas perguntas, pouparei sua vida. — Ofereceu Melkith.

— Apenas me mate. — Disse Harpeuron.

— Eu não vou apenas deixar você viver… Hmm… Que tal isso? Vou cuidar de você. Você não terá que se preocupar com outros vindo te matar porque você os traiu. — Disse Melkith.

A resposta de Harpeuron era inabalável apesar da abordagem relativamente gentil de Melkith. Havia tanta lealdade entre os demônios? Ou era orgulho? Talvez o demônio não quisesse implorar pela vida para um humano.

— Tudo bem, não pode ser evitado então. Nesse caso, começarei com os seus dentes. — Disse Melkith, olhando pensativamente para Harpeuron.

Ela não planejava conduzir um interrogatório prolongado. Decidiu abandonar o esforço se arrancar os dentes e os olhos não funcionasse.

Melkith estendeu a mão enquanto contemplava seu próximo movimento para cruzar a fronteira de Nahama para Aroth. Ela manipulou a areia para formar um par de mãos e abriu a boca de Harpeuron.

— Vamos começar pelos molares, entã—. Aaaack! — Suas palavras severas tinham a intenção de instilar medo. No entanto, elas se transformaram em um grito agudo. Melkith pulou em choque enquanto agitava os braços.

Bruuum!

Chamas e raios varreram ao seu redor.

Ela percebeu seu erro no meio da agitação. Harpeuron já estava perto da morte, e era possível que ele tivesse perecido em seu surto.

Melkith pousou e piscou repetidamente enquanto olhava para a frente.

— Neste ponto, você está sendo deliberada? — Balzac Ludbeth disse com uma careta enquanto limpava sua capa.

— O que é você? — Melkith respondeu enquanto tentava acalmar seu coração assustado.

Ela não estava desprevenida como da última vez. Tinha mantido a Força Infinita e estava vigilante para evitar qualquer intrusão dos outros demônios.

No entanto, ela não havia sentido Balzac. Foi só quando ele emergiu da sombra de Harpeuron que ela percebeu sua presença. Sua existência era imperceptível através de mana ou magia. Apenas depois de se tornar visível ela reconheceu sua presença.

— Você é… um fantasma? — Melkith gaguejou.

Ela estava absolutamente perplexa com a presença de Balzac. Esconder a própria presença era uma coisa, mas permanecer indetectável mesmo quando ela estava fundida com três Reis Espíritos em sua Força Infinita?

— A magia de invisibilidade é uma das minhas especialidades. — Explicou Balzac.

— Mas mesmo que seja sua especialidade… — Murmurou Melkith.

— É um feitiço que poderia muito bem a salvadora da minha vida, então não vou compartilhar como funciona, não importa o quanto você pergunte. — Declarou Balzac solenemente.

Vendo-o traçar uma linha firme com suas palavras, Melkith não pressionou mais, mas continuou a olhá-lo com suspeita, seu olhar cheio de dúvida.

— Tudo bem, entendi. Se você insiste tanto, não vou perguntar mais. Mas isso não é meio rude? — Ela afirmou.

— Que aspecto disso você acha rude? — Indagou Balzac.

— Você apareceu de repente diante de mim e levou minha presa. — Disse Melkith, apontando para Harpeuron.

O demônio estava sendo segurado pela mão de Balzac. Harpeuron olhava freneticamente ao redor com seus quatro olhos. Ele tentou avaliar a situação, mas não conseguiu reconhecer quem o estava segurando.

— Quem… quem é esse? — Perguntou Harpeuron.

Essa pergunta pareceu estranha. Como um demônio, Harpeuron deveria ter sido capaz de sentir o poder negro de um mago negro. Além disso, Balzac tinha um contrato com o Rei Demônio do Encarceramento. Era implausível que Harpeuron não tivesse detectado a magia de Balzac mesmo agora, depois que ele se revelara.

— De fato. Cometi um grande ato de desrespeito. — Balzac concordou enquanto descia ao chão. Ele gentilmente colocou a cabeça de Harpeuron no chão e se curvou profundamente para Melkith. — Senhora Melkith, não emergi do esconderijo para menosprezá-la, insultá-la ou intimidá-la. Nem levei Harpeuron embora para satisfazer meus próprios desejos.

— Então por quê? — Perguntou Melkith.

— Eu queria compartilhar meus pensamentos primeiro, mas estava preocupado demais com minha própria segurança e negligenciei a possibilidade de seu desconforto. Se eu não tivesse intervindo, esta cabeça teria se transformado em cinzas. — Respondeu Balzac.

— Qual é o seu pensamento, então? — Perguntou Melkith.

— Se você quiser interrogá-lo, posso ajudar. — Respondeu Balzac.

Enquanto Balzac levantava um pouco o olhar, Melkith examinava os olhos por trás de seus óculos. Ela não conseguia discernir suas verdadeiras intenções, mas sua oferta de ajudar com o interrogatório parecia genuína.

— Como exatamente você pode ajudar? — Perguntou Melkith.

— Com magia. — Respondeu Balzac.

— Óbvio! Mas que tipo de magia! — Melkith perguntou.

— Uma Assinatura que desenvolvi aqui no deserto. Como você também é uma Arquima—

Mas Balzac foi interrompido aqui.

— Você está me dizendo para não perguntar? Você é suspeito. Tudo bem, tanto faz. Não sei que truques pode usar, então por que eu deveria confiar em você? Vou lidar com esse elefante feio sozinha, então dê o fora! — Gritou Melkith.

— Se você não pode confiar em mim, que tal isso? — Disse Balzac com um sorriso astuto. — Vou jurar pela magia e pela mana. Não vou misturar mentiras nas respostas que obtiver de Harpeuron, e não representarei ameaça a você ou a mais ninguém.

— Mas você é um mago negro. Juramentos sobre magia e mana têm algum peso para você? Você não dirá depois que ser um mago negro permite que você ignore tais juramentos? — Melkith expressou suas dúvidas.

— Isso é absurdo. Um juramento não é brincadeira, e não pode ser descartado ou evitado com tal jogo de palavras mesquinho. — Retrucou Balzac.

— Parece que você poderia fazer isso… — Murmurou Melkith entre dentes.

— Fico lisonjeado… por você pensar tão bem de mim, mas não consigo realizar tais feitos. — Balzac rejeitou sua suspeita.

Melkith encarou Balzac com uma expressão cética. Harpeuron ainda não o havia reconhecido. O demônio estava revirando os olhos em todas as direções, mostrando sua inquietação.

— Por que você está tão ansioso para ajudar, ao ponto de fazer um juramento? — Melkith perguntou finalmente.

— Estou interessado no que posso aprender através do interrogatório. Além disso, estou ansioso para testar se minha nova Assinatura funciona corretamente. — Respondeu Balzac.

— Tudo bem, vá em frente. — Melkith podia se relacionar com o desejo de experimentar nova magia. Em sua juventude, ela também havia causado muitos problemas porque falhava em suprimir tais impulsos. Claro, ela não concordava com a sugestão de Balzac apenas por simpatia e respeito.

“Uma Assinatura vale a pena observar”, pensou Melkith.

Ela percebeu que as informações que poderia obter ao observar a nova Assinatura de Balzac talvez fossem ainda mais valiosas do que o que poderia ganhar interrogando Harpeuron.

Sua Assinatura existente, Cegueira, afetava uma grande área e privava os sentidos daqueles que estavam dentro antes de finalmente serem mortos. Era um feitiço ideal para matança em massa, mas ineficaz contra um oponente igual ou mais forte.

Se ela um dia tivesse que confrontar Balzac… estava confiante em uma vitória esmagadora, mesmo sob os efeitos da Cegueira.

“Um dia, ele pode se tornar um inimigo”, Melkith disse a si mesma.

Ela não apenas considerava a possibilidade; estava convencida de que esse homem suspeito nunca poderia ser um aliado e inevitavelmente se tornaria um adversário mortal.

Mas ela não poderia virar contra ele com base apenas em especulações. Por enquanto, ela planejava usar essa oportunidade para estudar sua nova Assinatura. Isso permitiria que ela se preparasse para um confronto potencial no futuro. Melkith admirava sua própria previsão estratégica enquanto se concentrava intensamente em Balzac.

— Então… — Imperturbável pela sua intensa observação, Balzac estendeu a mão esquerda. Ele ergueu a cabeça de Harpeuron e a virou para encará-lo.

— Você é… Balzac Ludbeth… Não… Impossível. — Murmurou Harpeuron.

— Qual parte você acha impossível? — Balzac perguntou com um leve sorriso.

As bochechas de Harpeuron tremiam ao ver seu sorriso. — Como você, um mago negro…

O choque de Harpeuron era compreensível, já que ele não conseguia detectar nenhum poder negro em Balzac.

Era impensável. Como um mago negro contratado com o Rei Demônio poderia estar desprovido de qualquer poder negro? Era possível que seus sentidos tivessem se embotado após ter sido reduzido apenas a uma cabeça?

Logo, Harpeuron percebeu algo ainda mais surpreendente.

Não era apenas a ausência de poder negro. Ele nem mesmo conseguia sentir a força vital e a alma que existiam nos humanos. Balzac estava parado bem na frente dele, mas Harpeuron não tinha certeza se ele realmente estava ali.

— Fico satisfeito em ver a reação que eu queria. — Disse Balzac.

Ele ergueu o braço direito enquanto mantinha seu sorriso. Sua manga escorregou para baixo e revelou um braço densamente coberto por inscrições negras.

O intrincado e densamente tecido trabalho de feitiço fazia com que seu braço parecesse estar manchado de preto com tinta.

— O que… o que você planeja fazer comigo? — Harpeuron perguntou incerto.

As fórmulas envolvendo o antebraço de Balzac começaram a se mover. Caracteres minúsculos, como grãos de areia, se deslocaram e se espalharam em direção aos seus dedos e palma. Logo, seu braço e dedos estavam completamente pretos, como se manchados de tinta. O padrão preto se contorceu e se transformou em uma serpente negra como azeviche.

— Aaah! — Harpeuron instintivamente sabia o que estava por vir. Embora desdentada, a boca escancarada da serpente mostrava um abismo de escuridão interminável. Ser engolido por ela significava uma existência aprisionada na escuridão eterna. Seria impossível para ele reencarnar ou cessar de existir. Ele seria torturado para sempre até que Balzac permitisse o contrário.

— Por favor, por favor… — Harpeuron gemeu.

Mas a serpente não ouviu seus apelos. Ela cresceu anormalmente de tamanho antes de engolir a cabeça de Harpeuron em uma única mordida. Melkith assistiu, com o rosto uma mistura de repulsa e choque.

— O que… o que você fez? — Ela perguntou.

— Eu o devorei. — A resposta de Balzac foi calma. A cabeça da serpente retornou para sua mão. Ele limpou o braço e se virou para Melkith. — É muito mais rápido e conveniente do que tortura e interrogatório. Mas não se preocupe. Todas as memórias de Harpeuron permanecem intactas. Pode pensar nisso como um livro. — Ele assegurou.

— Um livro…? — Perguntou Melkith.

— Sim. Transformei todas as memórias de Harpeuron em um livro e… as armazenei em um armário mental dentro de mim. Dessa forma, não há confusão com minhas próprias memórias e eu mesmo. — Explicou Balzac.

— E seu poder? — Perguntou Melkith.

— Seu poder negro foi adicionado ao meu. — Veio a resposta. O rosto de Balzac permaneceu composto, enquanto os olhos de Melkith faiscavam de raiva.

— Você me enganou! — Melkith gritou.

— Como? Eu não, de forma alguma. Não violei meu juramento. — Balzac enfatizou sua inocência.

Era um ponto válido, mas quem teria imaginado que ele devoraria Harpeuron daquela forma? Melkith queria forçar Balzac a regurgitar a cabeça do elefante, mas antes que pudesse agir, ele falou suavemente.

— Se acalme, Senhora Melkith. Por enquanto, devemos sair deste lugar. — Disse ele.

— Você vai comigo? — Ela perguntou.

— Se eu sair agora, você e Sir Eugene podem mal interpretar minhas intenções. — Respondeu Balzac.

— Por que… está mencionando Eugene? Eu não tenho nada a ver com ele. — Disse Melkith.

— Sim, eu entendo. Mas ainda assim, devemos nos mover. — Disse Balzac. Ele parecia não se preocupar com a tentativa patética de Melkith de mostrar sua lealdade a Eugene.

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