Mesmo em sua vida anterior, Eugene nunca desgostou de aceitar brindes. Não importa o quanto ele odiasse alguém, desde que lhe oferecessem algo útil, ainda aceitaria. Além disso, Eugene realmente não tinha ressentimentos em relação a Melkith.
“De qualquer forma, eu não devo ter nenhuma necessidade de usar Winith por enquanto.”
Claro, Eugene não poderia simplesmente decidir emprestar Winith por conta própria. A Espada da Tempestade era um tesouro que pertencia à linha direta dos Lionheart. Eugene estava apenas emprestando por um tempo.
“Embora eu não ache que o Patriarca vá dizer que não é permitido.”
Embora achasse que ainda precisava pedir permissão primeiro, Eugene não estava realmente com medo de que Gilead recusasse essa proposta. Apesar de ser o Patriarca do clã Lionheart, que valorizava fortemente a tradição, Gilead Lionheart mostrou várias vezes que estava mais interessado em ser realista e perseguir os melhores interesses do clã do que em proteger essas tradições ultrapassadas.
E não era como se eles estivessem apenas entregando Winith para Melkith. Gilead não deveria ter nenhum motivo para recusar se pudessem obter algo de valor em troca de emprestá-la por alguns dias, se pudessem ter essa promessa registrada por escrito.
“E isso funciona para mim também.”
Mesmo enquanto Eugene considerava tudo isso, Melkith também estava perdida em pensamentos. Ela estava ocupada relembrando todos os vários artefatos que havia coletado para si mesma, bem como quaisquer livros mágicos que eram mantidos exclusivamente pela Torre Mágica Branca.
“Os livros de magia não são valiosos o suficiente.” Melkith julgou.
Desde que Eugene foi autorizado a entrar em Acryon, os livros mágicos pertencentes exclusivamente à Torre Branca não eram mais de grande valor para ele.
— Que tal um cajado? — Melkith de repente falou: — Garoto, você ainda não tem um cajado, certo? Embora sinta que já pode usar magia muito bem mesmo sem um cajado, isso é apenas porque toda a magia que aprendeu até agora foi simples.
— É mesmo? — Eugene respondeu educadamente.
— Claro, esse é o caso. — Insistiu Melkith: — Você achou que os magos carregavam cajados só para parecer legais? Com a ajuda de um cajado, você pode facilmente ajustar sua mana, simplificando todas as suas técnicas de lançamento de feitiços.
— Eugene. Também tenho muitos cajados excelentes em minha coleção. — Interveio Lovellian imediatamente.
Para falar a verdade, ele estava relutante em permitir que Melkith pegasse Winith emprestada.
Embora não fosse garantido que ela seria capaz de convocar o Rei Espírito do Vento apenas porque estava usando a Winith como um catalisador, e se Melkith realmente conseguisse assinar um contrato com ele?
A Mestra da Torre Branca, Melkith El-Hayah, já era a maior Invocadora de Espíritos da história da magia. Antes dela, nenhum outro Invocador Espiritual conseguiu assinar contratos com dois Reis Espíritos. Se o Rei Espírito do Vento fosse adicionado a isso… O poder da Torre Branca se tornaria muito forte.
Como o Mestre da Torre Vermelha, Lovellian não queria que o equilíbrio de poder entre as Torres entrasse em colapso. Quem sabe o que aconteceria se Melkith, que já era tão livre de espírito e hipócrita, tivesse mais poder do que os outros Mestres das Torres?
“Com sua personalidade, ela não vai querer se envolver nos assuntos do dia-a-dia de Aroth, mas… Ainda não é bom permitir que muito poder se concentre em um Mestre de Torre”, acreditava Lovellian.
Um exemplo atual disso era o Mestre da Torre Negra, Balzac Ludbeth. Mesmo em Aroth, ele precisava ser tratado com consideração especial. Isso era por causa do Rei Demônio do Encarceramento, que assinou um contrato com Balzac e deu seu apoio ao Mestre da Torre Negra. Balzac era o Mestre da Torre Negra e, ao mesmo tempo, o embaixador de Helmuth.
— Por que você tem que ficar tentando me atrapalhar? — Melkith exigiu.
Lovellian respondeu com uma pergunta própria:
— Por que você tem que continuar sendo tão gananciosa, quando já tem contratos com dois Reis Espirituais?
— Esse velho. Você acha que eu não sei do que realmente tem medo? Está realmente preocupado que eu possa causar estragos depois de assinar um contrato com o Rei do Espírito do Vento?
— Então está bem ciente.
— Ei! Apesar de nos conhecermos há décadas, você ainda não me conhece tão bem? Não vê que eu não tenho interesse na dor de cabeça que está se desenrolando na situação de Aroth?
— Embora possa dizer isso agora, depois de obter muito poder, pode acabar te corrompendo.
Lovellian não levantou a voz. Ele apenas continuou a olhar para Melkith com olhos calmos, e Melkith foi incapaz de refutá-lo e só conseguiu ranger os dentes em frustração.
— Você realmente é um patriota incrível. Desde quando era tão dedicado a Aroth? — Melkith perguntou sarcasticamente.
Lovellian respondeu calmamente:
— Só não quero me afastar e permitir que mais distúrbios aconteçam. Balzac por si só é suficiente para me dar dor de cabeça.
— Ha! Pela forma como está agindo, alguém pode pensar que Balzac realmente estava tramando alguma coisa. — Melkith bufou: — Lovellian Sophis, embora eu saiba o quanto você detesta magos negros, às vezes vai longe demais. Não acha que deveria evitar julgar mal as pessoas por causa de seus preconceitos?
— Preconceitos? — Os lábios de Lovellian se torceram em um sorriso zombeteiro: — Perdi minha família devido à tentativa de um mago negro de fazer experimentos humanos. Bem na frente dos meus olhos, fui forçado a ver minha mãe, meu pai e minha irmã se contorcendo como partes de uma única quimera. Se meu mestre não tivesse me salvado, eu também teria passado pela mesma coisa para me tornar parte daquela quimera.
— Ugh… — Melkith fez uma careta.
— Então não é natural que eu deteste magos negros e tenha preconceitos? — Lovellian pressionou.
— Eu… Me precipitei muito. Desculpe. — Melkith se desculpou: — Você tem o direito de detestar magos negros. No entanto… Balzac ainda é inocente, não é?
— Não posso ter certeza. — Bufando, Lovellian balançou a cabeça: — Pode realmente dizer com certeza que Balzac não é o cérebro por trás da sujeira que acontece na Rua Bolero? Hoje em dia, várias pessoas desaparecem da Rua Bolero todos os anos. Esses desaparecimentos não estão ocorrendo apenas na Rua Bolero, mas também em vários outros lugares em Aroth.
— Não há nenhuma evidência de que os magos negros estão por trás disso… — Melkith argumentou fracamente.
— Claro, não há. É por isso que também não tentei interrogar Balzac. Mas há um fato que simplesmente não podemos ignorar. Até onde eu sei, os únicos que gostam de sequestrar estranhos são os magos negros.
— Não é da minha conta se você odeia magos negros ou suspeita de Balzac. — Melkith cuspiu enquanto reagrupava sua raiva: — Eu sei do que está tentando se proteger. No entanto, juro pela minha mana que não tenho vontade de abusar do meu poder e fazer coisas erradas. Mesmo que eu consiga assinar um contrato com o Rei Espírito do Vento, não farei nada que desonre minha posição como Mestra da Torre Branca.
— Tudo bem então. — Lovellian aceitou facilmente.
— O quê? — Melkith lutou para responder.
— Se jurou pela sua mana, então acho que vou ter que confiar em você, não é mesmo?— Lovellian sorriu calorosamente como se sua atitude fria de antes fosse apenas para se mostrar.
Vendo isso, Melkith não pôde deixar de estalar a língua: — Tch… Esse velho astuto…!
— Não fique muito ofendida. Se eu tivesse simplesmente lhe pedido para fazer um juramento, realmente teria concordado em fazê-lo? — Lovellian perguntou a ela.
Melkith se viu incapaz de negar qualquer coisa e só conseguiu erguer os punhos cerrados de raiva. Se pudesse, realmente queria ir até Lovellian, agarrá-lo pelo colarinho e apertar sua garganta até que suas amígdalas saltassem.
— Ah, mas é claro. — Relembrou Lovellian: — A escolha ainda depende de Eugene. Minhas desculpas por fugir do assunto.
— Está tudo bem. — Disse Eugene educadamente.
Ele não se sentiu particularmente ofendido pela atitude cautelosa de Lovellian. Em vez disso, estava mais preocupado com as suspeitas do Mestre da Torre em relação a Balzac. Afinal, Eugene sentia o mesmo desgosto que Lovellian, pelos magos negros.
Quando ele se encontrou com Balzac devido ao incidente anterior com Eward, Balzac havia traçado um limite entre ele e outros magos negros, dizendo que nunca havia cometido nenhum crime. Eugene definitivamente não conseguia acreditar nessas palavras. Todos os magos negros que conhecia acabaram sendo filhos da puta com certeza.
— Estive pensando nisso, mas realmente não quero um cajado. — Admitiu Eugene.
— Se alguém ouvisse você dizer isso, pensaria que eu estava apenas dando a você. Garoto, vou apenas emprestar. Entendeu?! — Insistiu Melkith.
— Permita-me dizer isso com antecedência, mas só poderei emprestar Winith a você por alguns dias. — Esclareceu Eugene: — Mas se isso significa que só poderei pegar emprestado um dos artefatos que a Mestre da Torre Branca, Melkith, possui por alguns dias no máximo, então é melhor não irmos adiante.
— Você… Assim como pensei, realmente é um pirralho irritante. — Melkith rosnou, seus ombros levantando com raiva quando ela se virou para olhar para Lovellian e depois para Eugene.
Agora que olhou para trás, parecia que os dois já tinham pensado no que dizer para tirar vantagem dela.
— Vamos trocar um ano por um dia. — Cuspiu Melkith: — E essa é a melhor oferta que vai receber. Se me emprestar Winith por um dia, eu lhe emprestarei um dos meus artefatos por um ano inteiro.
— Então, se eu lhe emprestar Winith por uma semana, você me empresta o que quer que seja por sete anos? — Eugene confirmou.
Melkith reconheceu de má vontade:
— Isso mesmo!
Com alguma surpresa, Eugene perguntou:
— Realmente quer ir tão longe só pela Winith?
— Não me faça repetir uma e outra vez. Eu tenho que fazer um contrato com o Rei Espírito do Vento, não importa como! — Melkith gritou com um grunhido de frustração. Já tendo confessado seu desejo, Melkith não se conteve mais e continuou: — O que estou dizendo é que desde que me tornei uma invocadora de espíritos, tudo o que sempre quis foi assinar um contrato com o Rei Espírito do Vento. O Rei Espírito do Relâmpago e o Rei Espírito da Terra são ótimos, mas eu tenho que fazer um contrato com o do vento!
— Por quê? — Eugene perguntou sem rodeios.
— Por que seria?! Porque o Grande Vermouth foi o último a ter feito um contrato com ele! — Melkith gritou mais uma vez: — Nenhum dos grandes invocadores de espíritos que conseguiram fazer contratos com Reis Espíritos antes de mim conseguiu fazer um contrato com o Rei Espírito do Vento. Embora você possa não estar ciente disso, entre os invocadores de espíritos como eu, ele é… Hum… Ele é como um sonho para nós. Isso pode não se identificar com você, porque nasceu no clã Lionheart, mas como alguns magos reverenciam a Sábia Sienna, alguns invocadores de espírito respeitam muito o Grande Vermouth.
— E o Hamel?
— Por que trouxe Hamel, o Tolo ao assunto?
— Não, bem… Eu apenas sinto que ele também é uma ótima pessoa digna de respeito.
— Por que eu deveria ter algum respeito por ele! Basta pegar qualquer transeunte e perguntar a ele! Entre o Grande Vermouth, a Sábia Sienna e Hamel, o Tolo, se você lhes pedisse para escolher o que mais respeitam, desde que não fossem um mentiroso que busca atenção, não há como dizerem que respeitam Hamel.
— Coff… — Lovellian soltou uma tosse baixa com a explosão de Melkith. Enquanto as palavras de Gilead sobre como ele mais gostava de Hamel passavam por sua mente, o Mestre da Torre Vermelha hesitantemente falou: — Ahem… Eugene, se não deseja um cajado, então—
Melkith o interrompeu:
— Ei, não diga nada inútil e fique quieto.
Ignorando-a, Lovellian continuou:
— Entre os artefatos coletados pela Mestra da Torre Branca, há um que é extremamente raro e precioso.
— Eu mandei você calar a boca! — Melkith gritou. Como se algo estivesse respondendo ao seu grito, seu cabelo encaracolado começou a se erguer quando uma corrente elétrica passou por ele.
— É estritamente proibido cometer qualquer ato de violência dentro de Acryon. — Lovellian a lembrou.
Melkith o ameaçou:
— Desde que não fale besteiras, não precisarei fazer nada violento…!
— Que besteiras? — Lovellian se defendeu: — Vou apenas dar um conselho a Eugene para que ele possa fazer uma escolha informada.
— Também estou bastante curioso sobre o que ele tem a dizer. — Falou Eugene com um sorriso.
Eugene queria ver Melkith invocar o Rei Espírito do Vento, Tempest. Mas se também pudesse obter um tesouro raro em cima disso, explodiria de felicidade.
Lovellian começou.
— Bem… Existe esse artefato chamado Manto das Trevas—
— Eu falei cala a boca! — Melkith repetiu mais uma vez.
— Por que parece tão chateada? Até onde eu sei, você não usou o Manto das Trevas nem uma vez nesses últimos dez anos.
— Você… Sabe o que passei para colocar minhas mãos naquele manto?
— Não é melhor emprestá-lo a quem precisa e receber o que quer em troca, em vez de deixá-lo sem uso, exceto para fins ornamentais?
Mais uma vez, Melkith ficou sem palavras. Ela enfiou os dedos em seu cabelo flutuante enquanto estava presa em uma angústia frustrada.
— O que exatamente é o Manto das Trevas? — Eugene perguntou curioso.
— É apenas um manto de inverno. Como tem pelos por toda parte, é bem quentinho… I-Isso é tudo. — Gaguejou Melkith enquanto evitava dar uma explicação real, mas Lovellian teve a gentileza de explicar em detalhes.
— Sabe sobre o Escudo de Gedon armazenado no cofre do tesouro dos Lionheart, certo? — Lovellian confirmou: — Embora não esteja realmente no mesmo nível, o manto pode fazer algo semelhante. Se você direcionar um ataque frontal para dentro do manto, pode redirecioná-lo de volta para qualquer direção que desejar.
— N-Não é tão versátil assim. — Melkith tentou desesperadamente minimizá-lo: — Estritamente falando, é mais um efeito rebote do que uma reflexão do ataque. Se não calcular as coordenadas espaciais corretamente e guiar o caminho do ataque com mana, não poderá realmente enviar o ataque de volta na direção que deseja.
— Enfim, tem alguns dos mais altos níveis de magia espacial. Você pode não ser capaz de se familiarizar com ele imediatamente, mas se for com seus talentos, Eugene, acredito que poderá usá-lo em breve. — Lovellian assegurou a ele.
— Você…! Por que diabos continua falando tanto? O Manto das Trevas realmente parece tão fácil de pegar? — Os ombros de Melkith tremeram enquanto subiam e desciam.
— Essa não é a única maneira de usá-lo. — Continuou Lovellian, ignorando a última explosão de Melkith: — A superfície externa do manto também é encantada com feitiços defensivos de alto nível. Você pode facilmente bloquear um feitiço ofensivo do Quinto Círculo apenas usando-o.
— Mas isso também depende de sua própria mana. — Melkith acrescentou mal-humorada.
— Em suma, é um artefato muito conveniente. Além disso, Eugene, você ainda gosta de usar várias armas diferentes? — Lovellian perguntou, sem mostrar sinais de ter ouvido Melkith.
O Mestre da Torre Vermelha lembrou-se da Cerimônia de Continuação da Linhagem Sanguínea que assistiu alguns anos atrás. Embora o atual Eugene apenas empunhasse Winith, durante a Cerimônia de Continuação da Linhagem, Eugene habilmente empunhava um escudo e uma espada juntos. Não só isso, ele tinha ouvido de Gilead que Eugene também era muito bom em lidar com lanças.
Eugene fingiu modéstia: — Bem, não é como se eu usasse várias armas apenas por diversão. Mas se eu as tiver, vou usá-las. Embora atualmente só tenha a Winith comigo, pois é inconveniente carregar várias armas.
— Haha! Se for esse o caso, realmente vai adorar o Manto das Trevas. Esse manto também tem os mais altos níveis de magia subespacial imbuída nele. Não há nada complicado nisso. Basta colocar algumas coisas na capa… E então pode tirá-las sempre que precisar. — Revelou Lovellian dramaticamente.
— Esse filho da puta…! — Melkith xingou enquanto levantava os olhos cheios de desespero para encarar Lovellian.
— Isso parece ótimo. — Eugene acenou com a cabeça em aprovação com um sorriso largo: — Vamos trocar pelo Manto das Trevas em vez de um cajado. Ah, mas não agora. Eu ainda preciso pedir permissão da família principal.
— E-Eu ainda não concordei com isso. — Melkith cuspiu com desespero em seu coração.
No entanto, Melkith era quem mais tinha a perder por não fazer esse acordo, não Eugene. Ou pelo menos era assim que Melkith se sentia. Mesmo em seus sonhos, Melkith não poderia imaginar o fato de que Eugene estava extremamente ansioso para falar com Tempest mais uma vez.
— Se não quiser, então não tem jeito. — Eugene deu de ombros com indiferença: — De qualquer forma, usei muito poder cerebral no andar de cima, então agora estou morrendo de fome… Mestre Lovellian, se estiver tudo bem para você, gostaria de fazer uma refeição juntos? Podemos conversar sobre o que preciso fazer como seu discípulo.
Lovellian aceitou a oferta.
— Isso me parece bom. Embora não seja tão perto daqui, conheço um restaurante bacana situado no céu, em uma das estações flutuantes. Embora a comida lá seja deliciosa, a vista noturna de suas janelas é ainda melhor do que a comida.
— Uau. Pensando bem, ainda não consegui ver a visão noturna que é chamada de uma das Joias da Coroa de Aroth.
— Então está ótimo! Permita-me chamar uma carruagem aérea para nós imediatamente.
Ignorando Melkith, Eugene e Lovellian se conheceram melhor enquanto conversavam. Melkith estava apenas encarando essa visão, mas então cerrou os dentes e baixou a cabeça em rendição.
— B-Bem, entendi. — Melkith admitiu relutantemente a derrota.
— Ah, você ainda estava aqui? — Eugene perguntou surpreso.
Ele era exatamente como parecia, um pirralho atrevido. Enquanto Melkith olhava para Eugene, cerrou os punhos.
Melkith lutou para cuspir as palavras.
— O Manto das Trevas…! Se é isso que quer, eu… Eu empresto para você.
— Não há necessidade de pressa. Já não lhe disse que preciso pedir permissão à família principal?
Quando Eugene respondeu com um aceno de cabeça, Melkith não conseguiu aguentar mais e começou a soltar gritos estridentes de raiva.
— Kyaaaaaah! Kaaaah! Ukyaaaaah!
— Quase pensei que você era um corvo… — Enquanto Eugene balançava a cabeça com pena, se afastava dela.
Assim como Eugene esperava, Gilead não fez objeções ao empréstimo de Winith.
No entanto, ele colocou condições. Eles absolutamente não podiam arriscar destruir Winith durante esse tempo, e um observador do clã Lionheart estaria junto a Melkith enquanto ela pegasse Winith emprestada.
— Um observador? — Perguntou Melkith.
Tendo visitado ele nas primeiras horas da manhã, alguns dias depois da última conversa, o rosto de Melkith não parecia tão bom. Talvez porque ela estivesse sob muito estresse nos últimos dias, os círculos escuros sob seus olhos eram muito profundos.
Melkith continuou:
— O Patriarca virá pessoalmente?
— Não. — Respondeu Eugene.
— Então quem virá? É aquele cara, o irmão mais novo do Patriarca, Gion Lionheart?
— Como sabia disso?
— O Patriarca da família principal do clã Lionheart não seria tão despreocupado a ponto de ser chamado aqui e ali sobre vários assuntos. Como ele já foi chamado a Aroth recentemente por causa de seu filho vagabundo… Seria ridículo voltar para algo assim. — Melkith resmungou enquanto desabotoava a gola de seu manto.
— Esse é o Manto das Trevas? — Eugene perguntou, apontando para o manto que Melkith estava vestindo.
Ela havia dito que era quente, porque era coberto de pelo, e esse manto era exatamente como ela disse.
— Legal, não é? — Melkith se gabou com sentimentos mistos.
— Acho que ficaria mais legal em mim do na Mestra da Torre Branca. — Brincou Eugene.
— Sempre achei você um pirralho chato, mas isso é—!
— Não fique muito chateada. Já que estamos fazendo negócios um com o outro, não seria melhor se houvesse sorrisos por toda parte?
— Calado. Então, quando chegará o irmão mais novo do Patriarca?
— Disseram que ele estaria aqui por volta do meio-dia de hoje… Mas Sir Gion não é o único que vem.
— Então quem mais vem junto?
Melkith estreitou os olhos enquanto cuidadosamente escovava o pelo do manto.
— Os Guardiões do clã Lionheart também o acompanharão. — Respondeu Eugene com um estalar de língua: — Esta será a primeira vez emprestando um tesouro da família principal, e eles também estão aqui para dar uma olhada… No incidente de Eward… Do meu irmão mais velho.
— Os guardiões? — Os olhos estreitos de Melkith se suavizaram enquanto ela tentava se lembrar do termo. Após um momento de reflexão, Melkith sorriu e acenou com a cabeça: — Ah, isso mesmo. Você está falando sobre os cães de caça do clã Lionheart, certo?
Chamando-os de Cães de Caça, embora os Guardiões não apreciassem essas palavras, a opinião de Eugene sobre eles não era tão diferente da de Melkith.
Os Guardiões dos Mandamentos da Família. – Os Leões Negros do Clã Lionheart.
Embora fosse assim que eles eram chamados, o papel dos Guardiões não era diferente da dos cães de caça.
Se alguma criança das linhagens colaterais que não participou de uma Cerimônia de Continuação da Linhagem Sanguínea começasse a treinar sua mana ou pegasse uma espada de verdade, ou se a Fórmula da Chama Branca, que deveria ser aprendida exclusivamente pela família principal, fosse ensinada a um descendente colateral. Os Guardiões aparecem e realizam o julgamento por seus crimes.
“E quanto à magia negra?” Lembrou Eugene.
A prática da magia negra era estritamente proibida pelos mandamentos do clã Lionheart. Embora Eward não tivesse conseguido praticar magia negra, era verdade que ele havia tentado começar a aprender.
Como tal, os Guardiões decidiram visitar Aroth para investigar esse assunto de perto.
Gion Lionheart, o irmão mais novo ainda solteiro do Patriarca, era um membro dos Leões Negros do clã Lionheart.
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