Almoçaram tarde em uma das estações flutuantes em um restaurante com uma bela vista.
Embora a comida fosse muito boa, Eugene ficou um pouco insatisfeito com as porções decepcionantes da carne. Suas refeições na Torre Mágica Vermelha eram satisfatórias, já que se acostumaram com ele exigindo grandes pedaços de carne para suas refeições nos últimos meses, mas um restaurante como este que se orgulhava de sua atmosfera não serviria os pedaços de carne assada que Eugene realmente desejava.
— Agora que seu corpo cresceu, realmente precisa continuar comendo de forma tão bárbara? — Perguntou Ciel.
— Eu ainda posso estar crescendo. — Argumentou Eugene.
— O que vai fazer se acabar se parecendo com Gargith comendo desse jeito? Eu realmente odiaria se crescesse tanto.
— Odiaria também. Quem iria querer uma coisa dessas?
Enquanto fazia uma expressão desagradável, Eugene limpou os lábios com um guardanapo. Como a carne que havia servido só saía em pequenas porções devido às regras de empratamento do restaurante, uma pequena montanha de pratos vazios havia se empilhado no lado da mesa de Eugene.
Do outro lado da mesa, a área na frente de Ciel estava livre. Eugene estalou a língua quando viu que ela havia selecionado apenas vegetais, além de seus detestáveis pimentões e cenouras.
Eugene a repreendeu:
— Se for tão exigente, é claro que não vai crescer.
— Não podemos ter muita certeza sobre você, mas eu já estou totalmente crescida. — Ciel refutou.
— Desde que deixe de ser tão exigente, acho que pode crescer um pouco mais. — Aconselhou Eugene.
— Não seria atraente crescer muito. — Disse Ciel, levantando-se da cadeira.
Eugene olhou para os antebraços de Ciel e balançou a cabeça em desaprovação.
— Embora seja sempre bom treinar sua mana, exercícios físicos são igualmente importantes. Se você ficar sem mana no meio de uma luta, será forçada a confiar apenas em seu corpo para—
Ciel o interrompeu.
— Pode ser porque você estava saindo com Gargith um tempo atrás, mas até o jeito que fala está começando a se parecer com ele.
— Retire o que disse. — Exigiu Eugene.
Quando Eugene expressou seu desgosto instintivo, Ciel mostrou a língua e riu.
— Então, ouvi algo do pai. — Ciel mudou de assunto: — Você realmente usou trezentos milhões de sals só para comprar testículos gigantes como um favor para Gargith?
— E daí? — Eugene perguntou defensivamente.
— Você realmente comeu aquilo junto com ele? Perguntei a Hazard sobre isso, mas aparentemente não são apenas os gigantes; todos os testículos de animais têm um efeito nutritivo no corpo. Mas não importa o quão saudável seja, como você pode comer algo assim? — Ciel perguntou com um misto de curiosidade e desgosto.
— Não comi nada. — Insistiu Eugene.
— Sério? Então Sir Gerhard ficará feliz.
— Por que meu pai ficaria feliz?
— Ele estava fazendo beicinho, porque você guardou uma coisa tão boa só para você.
“Pai, por favor”, Eugene gemeu internamente.
Felizmente, Ciel mudou de assunto.
— Já se passaram mais de três meses desde que chegou a Aroth. Então, o que tem feito?
— Lendo livros, aprendendo magia. — Explicou Eugene simplesmente.
— Tirando essas coisas óbvias. — Ciel dispensou: — Você não teve nenhuma experiência nova e excitante?
Eugene argumentou:
— Aprender magia é uma experiência nova e excitante.
— E Acryon? — Ela perguntou.
Embora tivesse vindo ali para comprar o presente de Ancilla, uma vez que estavam almoçando, Ciel decidiu dar um passeio pelos arredores da estação flutuante em vez de ir às ruas para fazer compras. Ao fazer sua pergunta, Ciel apontou para o lago que podia ser visto à distância e em Abraam, o palácio real.
Ela continuou:
— Afinal, não é qualquer um que pode ir em um lugar assim. Você sabe como papai e Sir Gerhard ficaram felizes quando ouviram a notícia de que você recebeu um passe de entrada para Acryon?
— E a Senhorita Ancilla? — Eugene perguntou.
— Por fora, minha mãe também agia como se estivesse feliz. Mas por dentro, estava se sentindo mais complicada.
— Como assim se sentiu complicada? Afinal, não posso me tornar o Patriarca de qualquer maneira.
— É isso mesmo. — Ciel se virou para olhar Eugene com um sorriso: — Você pode não ser capaz de se tornar o Patriarca, mas é mais adequado para se tornar o Patriarca do que qualquer um de nós irmãos.
— É só porque sou muito talentoso. — Retrucou Eugene descaradamente.
— Ser muito talentoso também é um defeito. Não seria melhor para você mostrar um ponto fraco em algum lugar? — Sugeriu Ciel.
— Só vou dizer isso porque estou com dificuldade de entender você, mas Ciel, você veio até aqui agora só para me avisar disso? — Eugene disse com um sorriso semelhante ao de Ciel.
Esse sorriso fez os olhos de Ciel vacilarem ligeiramente. Ao longo dos quatro anos em que viveram juntos, ela viu Eugene sorrindo várias vezes.
Mas agora, ele tinha um olhar diferente em seus olhos daquelas outras vezes. Eugene estava olhando diretamente como se pudesse ver através dela. Seus olhos fizeram Ciel lembrar quando conheceu Eugene quatro anos antes – quando ele aceitou o desafio de um duelo. Eugene olhou para Cyan com olhos assim.
— Um aviso, como se… — Ciel deu de ombros levemente à acusação e balançou a cabeça: — É que… Também estou me sentindo um pouco insegura por causa dos acontecimentos recentes. Cyan sempre quis se tornar o Patriarca. Então essa situação acabou sendo muito boa para meu irmão. Por causa de suas ações, Eward e a Senhorita Theonis foram forçados a deixar a propriedade principal.
— Se sim, então deveriam me agradecer. — Eugene instigou sarcasticamente.
— Mamãe deveria estar se sentindo grata a você. Mas meu irmão… Tenho medo de que ele se ressinta disso. — Revelou Ciel.
Eugene confessou:
— É por isso que gosto muito de Cyan. Sua forte autoestima realmente me lembra alguém.
— Quem? — Ciel perguntou curiosa.
— Apenas um cara cuja autoestima parecia superinflada em comparação com suas habilidades reais. — Eugene murmurou enquanto passava por Ciel: — Eu sei o que está pensando. Mesmo que esteja sempre incomodando seu irmão, você realmente o ama, e mesmo se ressentindo da Senhorita Ancilla, você ainda está preocupada com ela.
— …
Ciel permaneceu em silêncio.
Eugene a tranquilizou:
— Não tenho intenção de me tornar o Patriarca. Não quero ser o Patriarca; mesmo se alguém me pedisse, eu não faria isso. Pelo resto da minha vida, não tomarei nenhuma atitude para me tornar o Patriarca.
— Não diga algo assim tão facilmente. — Reclamou Ciel.
— Então o que acha? — Eugene virou-se para Ciel e perguntou: — O que você faria se um dia eu mudasse de ideia e dissesse que queria ser o Patriarca?
— Cyan provavelmente aceitaria. — Ciel admitiu hesitante.
— E você? — Eugene perguntou.
Ciel evitou a pergunta:
— Meu pai… Também aceitaria você. Tio Gion e o resto dos principais membros da família também. Se você dissesse que estava determinado a fazê-lo, eles não teriam escolha a não ser aceitá-lo. Porque a diferença entre você e Cyan é muito grande.
Eugene repetiu:
— Eu lhe perguntei, o que você faria?
— Eu também aceitaria… — Ciel murmurou com os lábios franzidos: — Embora eu realmente não me sinta confortável com isso… Porque minha mãe absolutamente nunca aceitaria você.
— Olha… — Riu Eugene ao encostar as costas em uma grade: — Se eu disser que serei o próximo Patriarca, alguém vai acabar ficando chateado. Isso é inevitável. Porque não importa o quão talentoso eu seja, não sou herdeiro da linhagem direta.
— Isso não significa que está desistindo por causa da minha mãe?
— Existem várias razões pelas quais eu desisti disso. Mesmo que vocês gêmeos e os cavaleiros que servem a família principal me aceitem como o próximo Patriarca, o Conselho dos Anciãos não me aceitará. Não seria esse o primeiro e mais difícil desafio que eu enfrentaria?
Ciel não conseguiu encontrar nada a dizer para refutá-lo,
— …
Eugene continuou:
— Isso por si só já seria irritante o suficiente, mas eu realmente não quero me tornar o Patriarca. Por que iria querer? Tornar-se o próximo Patriarca da linhagem direta dos Lionheart, o que há de tão incrível em fazer isso?
— Não há muitas vantagens incríveis?
— Mesmo que eu não me torne o Patriarca, tenho a confiança de que sempre receberei o melhor tipo de tratamento, não importa onde eu vá.
— Você realmente é um maldito irritante.
— Mas eu disse alguma mentira? Vamos apenas olhar para os fatos. — Com uma risadinha, Eugene levantou um dedo na frente de Ciel: — Em primeiro lugar, sou de uma linhagem colateral. Mas aos treze anos, fui o primeiro na história do clã Lionheart a derrotar membros da família principal na Cerimônia de Continuação da Linhagem Sanguínea. Além disso, recebi a recompensa sem precedentes de ser adotado pela família principal e até recebi o direito de usar a Espada da Tempestade, Winith.
— Nessa idade, pude iniciar minha mana na primeira tentativa, e também herdei a Fórmula da Chama Branca. E agora? Meu progresso na Fórmula da Chama Branca é maior do que o de Cyan, que começou a praticar a fórmula vários anos antes de mim. Embora existam pessoas na história do clã Lionheart que conseguiram alcançar a Terceira Estrela antes de se tornarem adultas, nenhuma delas conseguiu chegar à Terceira Estrela com apenas dezessete anos como eu.
Ciel o avisou:
— Você realmente está começando a me irritar.
— E isso não é tudo. Depois de apenas aprender magia por meio de autoestudo por um mês, consegui lançar meu primeiro feitiço e, agora que três meses se passaram, recebi permissão para entrar na Biblioteca Real, Acryon. Sendo tão talentoso, eu realmente preciso voltar meus olhos para o assento do Patriarca?
— Beleza. Você ganhou. Realmente é tão talentoso, seu maldito irritante.
Tendo ouvido cada ponto um por um, Ciel não pôde deixar de pensar que Eugene realmente era um monstro. Enquanto olhava para o olhar malicioso de Eugene, Ciel balançou a cabeça em frustração.
Depois de se acalmar, Ciel perguntou:
— Então, se não vai se tornar o Patriarca, o que vai fazer?
— Acho que vou fazer o que quiser. — Eugene deu de ombros.
— Você sabia? Mamãe quer que eu case com você.
— Que horrível.
As sobrancelhas de Ciel se contraíram com a resposta imediata de Eugene.
— O que há de tão terrível nisso? — Ela rosnou.
— Você e eu somos uma família, irmãos até. — Observou Eugene.
Ciel reclamou:
— Mas você nunca me chamou de irmã mais velha.
— Temos a mesma idade, então quem você acha que está chamando de irmão mais novo? — Eugene argumentou: — Você não vai repetir a mesma bobagem que disse quando tinha treze anos, não é? Sobre como você é a irmã mais velha, só porque nasceu alguns meses antes?
— Eu tenho dito para você me chamar de irmã mais velha nos últimos quatro anos. Se foi forçado a me ouvir dizer isso todo esse tempo, não pode pelo menos fingir que me deixa ganhar apenas uma vez e me chamar de irmã mais velha?
— Por que devo fingir que estou perdendo, sendo que estou sempre ganhando? Se realmente quer me ouvir chamá-la de ‘irmã mais velha’, por que não fazemos um duelo para decidir? Eu sei que você tem estudado diligentemente com Gion e o Patriarca, mesmo enquanto estava escondida em seu quarto.
— Não traga coisas do passado.
— Se alguém pudesse ouvir você dizer isso, pensaria que aconteceu há muito tempo. Desculpe, mas a última vez que vi você agindo como se tivesse lepra, porque estava na puberdade foi há apenas três meses.
— A puberdade geralmente começa de repente e para de repente. Foi assim também para Cyan.
— Mas não foi o meu caso.
— Isso é… Isso é porque você é o esquisito. — Ciel resmungou sem retrair os lábios fazendo beicinho.
Do ponto de vista da gêmea, ficou claro que Eugene era o esquisito. Mesmo sendo da mesma idade, suas habilidades eram muito superiores, e nem parecia passar pela puberdade como eles.
“E o que tem a puberdade? Se eu começasse a reclamar de puberdade, na minha idade real, isso seria apenas um sinal de demência”, pensou Eugene secretamente.
Ciel nem queria pensar em como a puberdade a atingiu apenas alguns meses atrás. Como tinha acabado de dizer, sua puberdade veio de repente. Por alguma razão, ela começou a não gostar de como se parecia no espelho, e seu humor ficava estranho sem motivo. Seu odor corporal, que ela nunca achou desagradável desde que nasceu, de repente ficou ofensivo para ela…
Mas então tudo acabou de repente. Desde que Eugene partiu para Aroth, as coisas que estranhamente a incomodavam não pareciam mais tão incômodas.
Ciel falou:
— Posso te perguntar uma coisa?
— O quê? — Eugene perguntou.
Hesitante, ela começou. — Bem, naquela época, quando eu estava passando pela puberdade—
— Você está falando de alguns meses atrás, certo? — Ele interrompeu provocativamente.
— Isso foi há muito tempo. — Ciel insistiu com um olhar.
Eugene voltou ao assunto.
— Tanto faz. O que tem aquela época?
— Você não sentia um cheiro estranho vindo de mim? — Ciel perguntou timidamente.
— Não sentia nenhum cheiro estranho. Em primeiro lugar, você nem queria sair do quarto, porque tinha medo de exalar qualquer odor corporal. — Observou Eugene.
— E agora?
— Consigo sentir um leve cheiro de perfume.
— E o cheiro de suor?
— Com essa brisa tão refrescante, por que estaria suando? Ei, pare de prestar atenção nessas coisas estranhas. E daí se as pessoas cheiram a suor? Acontece.
— Então você está dizendo que estou cheirando a suor?
— Já disse que não. Se você está realmente preocupada com isso, deveria tentar se encontrar com Gargith.
— Por que eu deveria me encontrar com aquele porco?
— Porque se você se encontrar com ele, vai pensar que o cheiro que vem do seu próprio corpo não é o cheiro do suor, mas sim o cheiro doce das flores. — Tendo cuspido tal afirmação, Eugene começou a andar desligado mais uma vez.
Depois de ficar ali em silêncio por alguns momentos, Ciel seguiu atrás de Eugene, os cantos de sua boca se contorcendo enquanto ela tentava esconder um sorriso.
— Então, agora você está dizendo que eu cheiro a flores? — Ciel perguntou, se fazendo de burra propositalmente.
— Mesmo que seu corpo tenha crescido, parece que seu cérebro não. — Eugene observou.
— Eu borrifei um perfume com cheiro de rosas. — Revelou Ciel.
Eugene acabou de dizer:
— Prefiro o cheiro de sabonete ao cheiro de flores.
— Você parece um velho.
A provocação descuidada de Ciel perfurou profundamente seu coração. Eugene tossiu e, depois de se recuperar, gesticulou para o centro da cidade abaixo da estação de voo.
— Então quando vamos comprar o presente? — Ele perguntou.
— Eu queria continuar olhando ao redor, mas… Hm… — Ciel parou sem terminar sua frase enquanto verificava seu relógio de pulso: — Nossa hora marcada para a reunião é às cinco horas.
Eugene perguntou:
— Onde vocês vão se encontrar?
— Em frente ao portal de teletransporte.
— Você realmente vai voltar hoje?
— Já terminamos de assinar o contrato da Winith. E como o problema com o mago negro foi resolvido antes mesmo de chegarmos… Foi decidido que voltaríamos imediatamente depois de pegar alguns novos recrutas.
— Você não vai voltar para a propriedade principal?
— Não. Estamos indo para a Montanha Uklas. Sabe onde é?
— Eu sei que fica na parte sul do Império Kiehl.
— É onde os Cavaleiros Leão Negro estão sediados.
— Mas você ainda não entrou para os Cavaleiros Leão Negro, não é?
— Foi decidido que eu faria um teste simples com a Senhorita Carmen. Você quer ir lá junto?
Ela tentando enganá-lo a fazer algo sem lhe dar nenhum aviso lembrou Eugene de quando ambos tinham treze anos.
Eugene questionou:
— Por que eu iria querer ir para lá?
— A Senhorita Carmen está realmente mais interessada em você do que em mim. — Explicou Ciel.
— Interessada? Em mim? Por quê?
— Por que perguntar quando você já deu a explicação com a própria boca antes? Porque você é muito talentoso. Mas mesmo sendo tão talentoso, não pode se tornar o Patriarca. Não é óbvio que os Cavaleiros Leão Negro estariam interessados em alguém como você?
Certamente era óbvio. Para ser honesto, Eugene não pôde deixar de se interessar pela oferta de Ciel. Afinal, os Cavaleiros Leão Negro eram a força mais forte do clã Lionheart.
Lamentavelmente, ele só pôde dizer:
— Por favor, diga a ela para não agir de acordo com seu interesse por enquanto e guarde-o para mais tarde.
— Por que não? — Perguntou Ciel.
— Atualmente, estou me divertindo muito mais aprendendo magia.
— Há muitos magos com os Cavaleiros Leão Negro também. Como Fargo, que veio conosco hoje, ele está no Quinto Círculo.
— Mas o príncipe herdeiro Honein, lá no Palácio Real, chegou ao Quinto Círculo quando tinha apenas vinte e três anos.
— Isso é só porque ele é o príncipe herdeiro de Aroth.
— De qualquer forma, não vou com você agora.
— Não seria mais útil usar o tempo que passou aprendendo magia para treinar a Fórmula da Chama Branca?
— Ainda estou treinando com a Fórmula da Chama Branca mesmo aprendendo magia.
Esta era a verdade. Desde que Eugene chegou a Aroth, ele não perdeu um único dia de treinamento com a Fórmula da Chama Branca.
— Se você prometeu se encontrar às cinco horas, faltam apenas algumas horas. — Lembrou Eugene a Ciel: — Não precisa escolher um presente?
Ciel descartou suas preocupações.
— Se for algo que eu escolhi pessoalmente, mamãe ficará feliz com o que quer que seja, então tudo bem se levarmos nosso tempo.
— Se é assim que você vai jogar, por que vir até Aroth só para comprar um presente para ela?
— Você já me ouviu dizer isso antes, então por que continua perguntando?
Ciel deu uma risadinha e agarrou-se ao braço de Eugene enquanto lindamente confessava:
— Estou aqui porque queria ver você.
— É constrangedor, então saia de cima de mim. — Eugene tentou se livrar dela.
— Escolher um presente para minha mãe não vai demorar nem trinta minutos. Isso significa que precisamos usar nosso tempo de forma mais eficiente. Você não conhece nenhum lugar onde podemos ir e visitar?
— Você gostaria de me ver fazer alguma magia?
— Eu sinto que não vai ser nada divertido só de assistir. Então onde… Ah, isso mesmo. Eles disseram que a visão noturna em Aroth é famosa. Embora eu não ache que vou conseguir vê-la hoje… Por que não vamos dar uma olhada na mansão da Sábia Sienna?
— Fiz isso no meu primeiro dia aqui.
— Mas você não a viu comigo.
Eugene foi arrastado pelo braço.
— Já que ele disse que não sabe de mais nada, então não tem jeito. — Declarou uma voz fria.
Eles estavam em uma cela de prisão subterrânea.
O cheiro de sangue misturado com cheiro de cigarro vinha de onde Carmen estava encostada na parede. Ela finalmente jogou o charuto que estava mastigando no chão.
Eles estavam ali por causa de Gavid, o mago negro que tinha sido membro da Guilda dos Magos. Entre as muitas pessoas que foram apanhadas no antro de drogas da Rua Bolero, aquelas que podiam ser mortas já estavam mortas, e aquelas que não deveriam ser mortas estavam presas.
Gavid era alguém que normalmente seria morto sem consequências. Ele não era um membro da Torre Mágica Negra, e mesmo na Guilda dos Magos, ele não era nada mais do que um mago negro trivial sem força significativa que vagava pelas ruas noturnas de Aroth.
No entanto, Gavid não morreu e permaneceu vivo até agora.
E hoje, ele estava finalmente sendo executado.
Mas antes disso, ele havia sido torturado primeiro. Não havia necessidade de Carmen se apresentar para fazer essa tarefa pessoalmente. Naishon, o comandante da Terceira Divisão, era bom com lanças, mas também era hábil em tortura. A maioria dos Cavaleiros Leão Negro dos Lionheart eram assim. Suas presas e garras não eram apenas boas em morder e rasgar seus inimigos pela frente.
Gavid foi quem arranjou o contrato para Eward Lionheart. Pelo que disse a eles, os dois se tornaram amigos através de um encontro na loja de súcubos na Rua Bolero. A amizade deles começou no início deste ano, e Gavid afirmou que sempre saia com Eward quando a Rua Bolero abrisse uma vez por mês.
— É estranho. — Murmurou Carmen enquanto pegava um novo charuto: — Como poderia um mago negro de baixo nível como aquele entrar em contato com o filho mais velho da família principal dos Lionheart e conseguir um contrato? Ele deve ter tido seu senso de medo removido cirurgicamente, ou poderia estar apenas louco.
— Provavelmente só estava desesperado. — A resposta veio do lado de fora da cela: — Ele começou a praticar magia negra há dezenas de anos, mas teve pouco sucesso. Se envelhecesse e morresse assim, sua alma se tornaria propriedade dos demônios com quem fez contrato, e nem teria permissão para reencarnar.
— …
Carmen ficou calada.
O orador continuou:
— Como tal, ele sentiu que tinha que tentar alguma coisa. Mesmo se ele se deparasse com um problema e acabasse colocando-o em apuros, provavelmente acreditava que poderia sair do problema com a ‘força’ que ele teria ganho por vender o herdeiro mais velho do clã Lionheart.
Gavid tinha admitido isso. Ao longo de sua tortura, ele gritou que tinha feito isso apenas por sua própria ganância.
Carmen finalmente respondeu:
— Ouvi dizer que Noir Giabella afirma que não estava envolvida nisso.
— Embora pudesse ser esse o caso, a Duquesa Giabella certamente teria concedido uma recompensa se o íncubo tivesse conseguido com sucesso pegar o herdeiro mais velho dos Lionheart e ela certamente não o puniria. — A voz opinou.
— E você? — Carmem exigiu.
— Não sei porque o alvo de suas perguntas sempre volta para mim. — Balzac, que estava do lado de fora da cela, deu de ombros: — Especialmente porque acredito ter cooperado com você em todas as etapas deste caso e lhe mostrei desculpas e respeito mais do que suficientes.
— Ao invés de acreditar que um mago negro tão insignificante possa estar por trás dessa trama, faria mais sentido suspeitar que você é quem a idealizou. — Carmen mostrou seu raciocínio.
— Ah. Embora eu entenda por que pensaria isso, se fosse esse o caso, o que eu ganharia ao permitir uma coisa dessas? — Balzac perguntou, apontando para o cadáver desmembrado de Gavid: — Se eu tivesse planejado isso… Não teria permitido o risco de alguém me rastrear. Eu teria organizado as coisas tão cuidadosamente que ninguém seria capaz de fazer uma conexão de volta para mim. Não acha?
— Este incidente foi extremamente desajeitado. Pensar que eles escolheram um antro de drogas no meio da rua Bolero como local de seu ritual. Além disso, seus guardas eram tão fracos que nem perceberam que um garoto de dezessete anos os estava seguindo, nem foram capazes de impedir sua interferência. Haha… Mesmo que eu desse o meu melhor, não poderia fingir tamanha inépcia.
— E se eles fossem para serem pegos, para se livrarem do rastro? — Carmem supôs.
— Você está dizendo que eles são meus subordinados? Que razão eu teria para cortar minha própria carne assim? — Balzac riu, e com um estalar de dedos, uma chama foi acesa na ponta do charuto que Carmen estava mordendo: — Senhorita Carmen, tenho muitos inimigos.
Carmen esperou que ele chegasse ao ponto,
— …
— Eu sirvo o Rei Demônio do Encarceramento, e sou grato a ele por depositar muita confiança e amor em mim. Mas graças a isso, muitas pessoas em Helmuth não gostam de quanto de seu favor eu recebo.
— Como Edmond Codreth?
— Claro, ele também deve pensar em mim como um obstáculo. Amelia Merwin também não deve gostar muito de mim.
Nesta era, havia apenas três magos negros que haviam feito contratos pessoalmente com o Rei Demônio do Encarceramento:
Um conde de Helmuth e atual proprietário de Vladmir, Edmund Codreth.
O Mestre da Torre Negra de Aroth, Balzac Ludbeth.
A Mestra do Deserto de Nahama, Amelia Merwin.
— Claro, além desses dois, há muitos ‘demônios’ que não gostam de mim. Na minha opinião, um deles pode ter… Tentado me desonrar usando isso como pretexto. — Balzac transmitiu suas suspeitas.
— Mas você não tem provas. — Apontou Carmen.
— Também não há evidências de que eu seja responsável por este incidente. Realmente, quantas vezes nos últimos dias eu disse que não tinha nada a ver com isso… — Balzac parou com uma risada enquanto balançava a cabeça: — A propósito, Senhorita Carmen, certamente não sou o único suspeito que você tem, certo?
— Você é livre para cuspir o que estiver fervendo na sua cabeça. — Carmen se endireitou, não mais encostada na parede, e olhou para Balzac: — No entanto, com essa liberdade vem a responsabilidade. Você está disposto a assumir a responsabilidade por suas palavras?
— Você realmente não tem outros suspeitos? — Balzac empurrou os óculos para cima com um sorriso malicioso: — Como um servo fiel do Lorde Demônio do Encarceramento, assim como ele deseja se dar bem com o clã Lionheart, eu também. É por isso que abaixei minha cabeça em desculpas, cooperei com sua investigação e mostrei meu respeito. No entanto, sou apenas humano, então… Não posso suprimir totalmente esse sentimento de injustiça perfurando profundamente meu peito.
— …
Carmen ficou em um silêncio de pedra.
— Eu sou Balzac Ludbeth. Mestre da Torre Negra de Aroth. Servo do Lorde Demônio do Encarceramento. Embora eu entenda por que você se recusaria a me mostrar qualquer respeito… Diante de tais insultos excessivos… Mesmo que seja por causa do Lorde Demônio do Encarceramento e por mim, eu não serei capaz de mostrar tal consideração inesgotável. — Balzac afirmou enquanto suas pupilas ficavam mais escuras.
Naishon e Fargo, que estavam ambos dentro da cela com Carmen, avançaram para bloquear a frente da cela com rostos endurecidos. Gion também colocou a mão na espada em sua cintura enquanto observava a situação de dentro da cela com os olhos apertados.
— Realmente não desejo causar ainda mais descortesia como visitante deste reino estrangeiro. — Carmen suspirou por fim.
— Se é isso que deseja, farei o possível para que ninguém sinta que suas ações são desrespeitosas. — Ofereceu Balzac.
— Mas para fazer isso, seu pescoço deve primeiro permanecer preso ao resto do corpo.
Balzac não respondeu a essa ameaça flagrante e apenas sorriu. Mas a sombra de Balzac, projetada na parede da cela, começou a vacilar. Carmen estava olhando para ele friamente, mas finalmente deu de ombros e balançou a cabeça.
Carmen mudou de assunto.
— Então parece que vou ter que ficar pensando nisso.
— Sobre o quê? — Perguntou Balzac.
— Sobre quem no clã Lionheart deseja prejudicar o prestígio da família principal. — Disse Carmen, parecendo ter descartado Balzac como suspeito.
O clã Lionheart era muito grande. Nos últimos trezentos anos, exceto pela linha direta de sucessão de Patriarca à Patriarca, todos os outros membros da família principal foram forçados a se tornar independentes e fundar seus próprios ramos colaterais. E nenhum limite foi imposto ao número de linhas colaterais que poderiam existir.
Entre esses inúmeros descendentes colaterais, havia definitivamente alguns que nutriam inimizade com a família principal.
— Foi só um palpite. — Carmen admitiu sem se desculpar: — Não conseguimos descobrir nada com tortura ou magia mental. Foi tudo muito limpo. É por isso que eu suspeitei de você.
— Ah, então parece que fui longe demais com minhas palavras. — Disse Balzac envergonhado.
Eles foram deixados completamente no escuro, sem nenhuma pista sobre onde recuperar os rastros.
Hesitante, Balzac disse:
— Devo acrescentar que o que vou falar a seguir não é tão ‘limpo’. E não há razão para você confiar em mim com isso.
— Vá em frente. — Carmen concedeu.
— Se precisar de ajuda, posso lhe oferecer meu poder. Se você desejar, isto é… Ah, isso mesmo. A alma de Gavid ainda não saiu deste lugar… Devo convocá-la para você?
— Eu não quero ver nenhuma de suas magias sujas, e realmente não quero sua ajuda com a investigação, já que pode conseguir alguma coisa contra nós no processo.
— Haha…
— E a cabeça de Olpher?
— Posso mostrar a você, mas não é uma visão agradável.
— Já vi muitas coisas cruéis e terríveis. Como esta visão bem na minha frente.
Apesar de dizer isso, os olhos de Carmen não se desviaram para o cadáver de Gavid. Em vez disso, seus olhos semicerrados estavam fixos em Balzac. Em sua opinião, a coisa mais cruel e terrível aqui não era o cadáver que havia morrido de tortura, mas o mago negro vivo.
— Se é assim que se sente. — Balzac deu de ombros.
Balzac estalou os dedos, e a sombra presa a ele ergueu-se lentamente do chão. A sombra estava segurando a cabeça decapitada de um belo íncubo em sua mão negra.
— Sua alma foi colhida pelo Rei Demônio do Encarceramento. Se quiser, também posso solicitar que lhe seja oferecida. — Disse Balzac.
Carmen rejeitou a oferta: — Não há necessidade disso.
Com um sorriso malicioso, Balzac colocou a cabeça de Eoin Olpher no chão da cela. Carmen imediatamente chutou a cabeça oferecida.
Crack!
A cabeça de Eoin Olpher bateu nas barras da cela e quebrou em pedaços. Parado atrás daquelas grades, Balzac estava com o rosto e as roupas salpicados de sangue, ossos e pedaços de cérebro, mas seu sorriso nem sequer estremeceu.
— Vamos voltar. — Ordenou Carmen, enxugando a jaqueta pendurada nos ombros ao sair da cela. De pé na frente de Balzac, ela o avisou: — Estou lhe dizendo isso apenas por precaução. Eugene Lionheart. Vamos deixá-lo aos cuidados da Torre Mágica Vermelha. Se você entrar em contato com ele—
— O único que pode comandar minhas ações e desejos é o Rei Demônio do Encarceramento. — Interveio Balzac antes que Carmen pudesse terminar de falar. Enquanto as pontas dos dedos gentilmente tiravam os óculos que estavam salpicados de sangue, ele se virou e disse: — Senhorita Carmen, você não tem poder sobre mim.
N é por nada n, mas Balzac é pika ta kkkkkkkkk n sei se no futuro terei a mesma opinião, mas por enquanto ele é foda
Obrigado pelo cap