Mer não sabia o que deveria dizer em resposta a essas palavras. Poderia Eugene geralmente ser descrito como um piadista? Embora ele não brincasse o tempo todo, também não era como se nunca tivesse contado uma piada.
Sendo assim, ela deveria tratar essas palavras como se Eugene tivesse feito uma piada rara?
“Tudo bem, eu entendo. Então você foi Hamel, o Tolo em uma vida anterior. Já que foi honesto comigo, permita-me contar meu segredo também.”
“Na verdade, sou a Sábia Sienna. Hamel, seu filho da puta.
Justo quando ela estava prestes a dizer tudo isso, Mer mudou de ideia e perguntou:
— Você está falando sério quando diz isso?
Embora suas palavras fossem difíceis de acreditar, e provavelmente seria melhor pensar que ele estava brincando, até onde Mer sabia, Eugene não era uma pessoa de contar piadas sem sentido em um momento como este.
Eugene não tinha dito algo assim do nada. Ele já havia revelado que poderia dizer algo que soasse absurdo para ela vários meses antes, e pouco antes disso, ele perguntou persistentemente se ela era capaz de guardar seus segredos.
— Você tem medo que eu esteja mentindo? — Eugene perguntou com um sorriso divertido.
Vendo essa expressão, Mer evitou seu olhar e murmurou:
— Sua afirmação é difícil de acreditar, afinal.
Na verdade, não havia nada de especial em ser ‘reencarnado’. Embora isso possa não se aplicar para uma inteligência artificial como Mer, a maioria das pessoas neste mundo eram reencarnações de alguém.
No entanto, era quase impossível encontrar alguém que ainda tivesse lembranças de sua vida anterior antes de reencarnar. Ocasionalmente, você poderia conhecer pessoas neste mundo que lhe contariam sobre suas vidas passadas, mas a maioria delas tinha algum tipo de doença mental.
Poderia Eugene ser uma pessoa dessas pessoas?
Mer balançou a cabeça.
— Hmph. Embora seja difícil de acreditar, se o que está dizendo é verdade, então… De repente posso entender muitas coisas confusas sobre você, Sir Eugene.
— Tal como? — Eugene perguntou curioso.
— A velocidade com que Sir Eugene cresceu.
Fazia pouco mais de dois anos desde que Eugene começou a aprender magia. Seria realmente possível alguém como ele ter compreendido a Bruxaria em tão pouco tempo? Alguém que não era um Arquimago que praticamente vivia e respirava magia, mas sim um jovem garoto que tinha acabado de começar a praticar magia?
Não.
A verdade era que Eugene não havia compreendido a Bruxaria em termos de ‘magia’.
Com sua sensibilidade inata à mana, Eugene simplesmente a imitou e depois adaptou sua imitação para melhor se adequar a si mesmo. Do ponto de vista de Mer, ela não conseguia acreditar que tal ato fosse realmente possível, mesmo que Eugene fosse tão talentoso que fosse chamado de ‘gênio’. Entre os magos que tiveram permissão para entrar em Acryon, daria para encontrar um que não tenha sido chamado de gênio uma vez ou outra?
No entanto, se Eugene pudesse se lembrar de sua vida passada e se realmente tivesse sido Hamel, o Tolo, o companheiro do Grande Vermouth, em sua vida anterior…
— Hamel era um indivíduo único em muitos aspectos. — Enquanto olhava para Eugene, Mer continuou falando: — A Sábia Sienna cresceu na floresta dos elfos, onde os humanos não tinham permissão para entrar, e aprendeu magia pessoalmente com os elfos. O Corajoso Moron era filho do chefe da tribo Bayar, uma tribo indígena que vive nas terras gélidas do norte, e sua tribo era especialmente reconhecida por sua habilidade em batalha. A Fiel Anise era uma candidata a santa que havia sido cuidadosamente nutrida pelos cardeais do Sacro Império de Yuras.
Mer estava tentando dizer que todos eles tinham origens incríveis.
Como Mer estava dizendo.
— O Grande Vermouth—
— Ele era um escravo. — Eugene a interrompeu enquanto se inspirava nas lembranças de sua vida anterior: — Vermouth fazia parte de um grupo de escravos que haviam sido sequestrados pelo povo demônio para serem usados como sacrifícios. Para sobreviver de alguma forma, ele roubou uma espada de um demônio, e mesmo sendo sua primeira vez empunhando uma, ele conseguiu abrir caminho através de dezenas de demônios e magos negros responsáveis pelo transporte dos escravos. Então, enquanto liderava os escravos para escapar de Helmuth, conseguiu matar centenas de bestas demoníacas ao longo do caminho.
— Sinceramente, sempre achei essa história um exagero. — Confessou Mer: — Porque é disso que os ‘mitos’ costumam ser feitos.
— Embora eu não tenha visto isso acontecer, provavelmente era a verdade. Aquele cara era realmente um monstro. — Disse Eugene com um sorriso.
Vermouth não gostava de falar sobre seu passado. Mas Hamel ouviu essa mesma história dezenas de vezes de Moron.
O campo de neve onde a tribo Bayar vivia, fazia fronteira com Helmuth. Vermouth havia conduzido os escravos por aquele campo de neve para escapar de Helmuth, e foi ali que conheceu Moron.
Mer retomou hesitantemente.
— Hamel, o Tolo era particularmente único, mesmo entre aquele grupo de heróis. Ele… ao contrário de Vermouth, não se destacou desde o ‘começo’.
Hamel tinha sido um mercenário.
Antes disso, ele morava em uma pequena vila. Depois que a vila foi destruída por um ataque de monstros, ele pegou uma espada para sobreviver. Também nutriu o desejo de se vingar desses monstros e abrigou um ódio pelos Reis Demônios que fizeram esses monstros enlouquecerem em primeiro lugar.
Assim, Hamel espreitou nas profundezas da vida de mercenário por muitos anos.
Ele não aprendeu magia com os elfos como Sienna, nem recebeu um cajado feito de Coração de Dragão.
Ele não recebeu o apoio e orientação que um império poderia fornecer, como Anise.
Não nasceu filho de um chefe tribal como Moron, nem foi feito para confrontar a natureza com seu próprio corpo assim que começou a andar.
Ele não nasceu com uma quantidade absurda de talento como Vermouth, nem matou dezenas de magos negros e demônios na primeira vez que brandiu sua espada.
Antes de se tornar um mercenário, Hamel era exatamente o tipo de garoto que você poderia encontrar em qualquer lugar. Se não tivesse se tornado um mercenário, teria passado a vida inteira sem saber que tinha talento para luta.
Este era Hamel, o Tolo.
Embora ele tenha vindo do passado mais comum neste grupo de heróis, cresceu à ponto de poder ficar ombro a ombro com os outros em apenas alguns anos.
— Sienna falava de mim? — Eugene perguntou.
— Não. No entanto, eu também li o conto de fadas várias vezes. — Mer respirou fundo e olhou para Eugene: — Se você realmente é a reencarnação de Hamel, então posso entender sua inexplicável taxa de crescimento. Porque Hamel também era assim. O Hamel, que aparece no conto de fadas… Apesar de ser uma pessoa extremamente desagradável, se destaca entre todos os heróis quando se trata de quanto cresceu ao longo da jornada.
— Não necessariamente. — Respondeu Eugene com um sorriso malicioso: — O que quero dizer com isso é que só fui bom em melhorar rapidamente quando me foquei em alguma coisa. Mas mesmo assim, não consegui superar meus próprios limites. Vermouth era o Deus da Guerra. Ele podia manejar todos os tipos de armas e era até habilidoso com magia, ao ponto de ser chamado de Mestre de Tudo. Embora Sienna sempre insistisse que seus campos de especialidade eram diferentes, a magia de Vermouth era definitivamente superior à de Sienna em alguns aspectos.
— …
Mer não sabia como responder.
Eugene continuou:
— Eu estava sempre tentando superar Vermouth. Como nem tive a chance de aprender magia, desisti logo no início e, a partir de então, voltei minha atenção para me tornar proficiente com espadas e lanças. Eu queria tanto derrotar Vermouth que até fui treinar meus punhos também. No entanto, nunca fui capaz de vencê-lo.
Hamel uma vez pensou que era um gênio.
Enquanto se iludia assim, embriagando-se com seu próprio senso de superioridade dentro dos limites de seu pequeno poço, Vermouth já voava alto no céu. Hamel tinha feito tudo o que podia para alcançá-lo, mas ainda assim tinha sido deixado na poeira.
Durante a viagem, Hamel havia duelado várias vezes contra Vermouth, mas era sempre Hamel quem acabava ajoelhado no chão, com a cabeça baixa em derrota.
— Era assim mesmo? — Mer perguntou em dúvida.
Eugene tinha acabado de dizer tudo isso porque queria que ela o confortasse? Mer honestamente não conseguia entender os sentimentos de Eugene. Embora a sombra que Hamel lançou não pudesse deixar de ficar aquém quando comparada ao Vermouth, do ponto de vista de uma pessoa comum, Hamel ainda não era um monstro absurdo?
— De que adianta ser chamado de gênio pelos outros? — Eugene perguntou depois que notou o olhar mal-humorado nos olhos jovens dela: — Estou dizendo que Vermouth era tão filho da puta que não pude deixar de querer derrotar aquele maldito pelo menos uma vez na vida. Mas até minha morte, nunca consegui superá-lo. E em várias ocasiões, enquanto estávamos viajando juntos, ele esfregava minhas próprias falhas na minha cara. Ele era um gênio e um filho da puta.
— Por que você está chamando ele de filho da puta? — Mer perguntou curiosa: — Ele fez algo de ruim que não ficou registrado na história?
— Não é isso. Ele era… uma boa pessoa. Não fez nenhuma ação ruim. Sempre ajudou os necessitados… Realmente merecia ser chamado de herói. É só que era irritante, e é natural que um desgraçado talentoso como ele atraia inveja. — Disse Eugene com uma bufada: — Mas como ele era tão incrível, não tenho pelo menos o direito de invejá-lo? É só isso, sério.
— Então o que está dizendo é que estava com inveja de Sir Vermouth, porque ele era muito, muito melhor do que você, Sir Hamel?
— Se eu tivesse que admitir então… Sim, é isso. No final, parece que você decidiu acreditar em mim? Mas não há necessidade de me chamar pelo nome de Hamel.
— Só disse que era difícil de acreditar. Não disse que não acredito em você. — Mer resmungou enquanto fazia beicinho: — Quando começo a olhar para trás, parece que houve algumas coisas desconcertantes que agora foram esclarecidas. Como por exemplo, você costumar elogiar Hamel, Sir Eugene.
— …
Eugene ficou em silêncio envergonhado.
Mer franziu a testa em concentração.
— Agora, vamos ver… Ah, isso mesmo. Não houve um exemplo no primeiro dia em que você chegou aqui, Sir Eugene? Você olhou para a imagem gravada de Hamel no andar de cima e então disse—
Eugene a interrompeu rapidamente.
— Acho que não consigo me lembrar disso.
— Tudo bem, porque consigo me lembrar de tudo com clareza. — Mer assegurou-lhe cruelmente: — Você olhou para o rosto de Hamel e disse que ele tinha um charme como o de uma fera indomável. Estava falando sério quando disse isso?
Eugene não pôde dizer nada em resposta.
— …
Mer perguntou:
— Não se sentiu nem um pouco envergonhado por dizer isso? Como pode apontar para seu próprio rosto e dizer uma coisa tão ridícula?
— O que há de errado com isso? Não senti nem um pingo de vergonha ao dizer essas palavras. — Insistiu Eugene teimosamente: — Hamel tinha… Quer dizer, na minha vida anterior, eu tinha um rosto com um charme próprio.
— Blegh… — Mer cobriu a boca como se fosse vomitar e balançou a cabeça vigorosamente: — Mesmo que você tenha reencarnado com um rosto como o seu, como pode dizer algo assim?
— Quem disse que o rosto da minha vida anterior é melhor do que o que tenho agora? Só estou dizendo que o rosto de Hamel tinha um charme único. — Esclareceu Eugene.
— A propósito… — Ao dizer isso, a expressão de Mer mudou. Ela estreitou os olhos e olhou para Eugene enquanto perguntava: — Por que de repente você me disse algo assim?
— Não há nenhuma razão real para isso.
— Se está esperando algo de mim, então é inútil. Eu realmente não sei nada sobre o paradeiro atual da Senhorita Sienna.
— Não te contei isso porque queria que você me dissesse algo assim. — Disse Eugene enquanto se levantava com um sorriso: — É só que estou com você nos últimos dois anos. Embora eu já tenha sentido isso vagamente quando te conheci… Percebi que você realmente se parece com Sienna. Tanto na aparência quanto na personalidade.
— Isso é… porque fui criada com base na versão infantil de si mesma da Senhorita Sienna. — Mer murmurou enquanto desviava o olhar do dele com vergonha.
Eugene perguntou a ela:
— Você acredita que Sienna está morta?
— Não tem como ela estar morta. — Mer negou com veemência.
— Também acredito nisso. — Concordou Eugene, virando a cabeça para olhar o retrato de Sienna: — Já que trezentos anos se passaram, não seria estranho que ela morresse, mas não sinto que aquela garota, Sienna, fosse alguém que morreria sem deixar um testamento. Isso vale para o resto deles também.
— …
Mer ficou em silêncio.
— Claro, já que muito tempo se passou, não posso ter certeza se suas personalidades mudaram muito. Mas mesmo assim, uma pessoa pode realmente mudar completamente?
— Você acha mesmo?
— Definitivamente. — Com um sorriso brilhante, Eugene estendeu a mão para Mer: — É por isso que vou procurá-los.
Tap.
Eugene sacudiu a ponta do grande chapéu de mago que Mer estava usando com a ponta dos dedos. Os olhos de Mer se arregalaram em círculos quando ela olhou para Eugene.
— Sienna, Moron e Anise. Todos eles ainda devem estar vivos em algum lugar do mundo… É nisso que eu acredito. Então, só preciso ir e encontrá-los. — Declarou Eugene confiante.
Sua grande mão pousou em cima da cabeça de Mer. Normalmente, Mer teria batido na mão dele com desgosto, mas não era capaz de fazê-lo agora.
— Você também não sente falta de Sienna? — Eugene perguntou a ela.
Atordoada, Mer respondeu:
— S-Sim? Eu… Eu definitivamente sinto.
— Já que é esse o caso, então é ainda mais motivo para eu ir e arrastá-la de volta para cá. Sienna também é uma filha da puta, não acha? Afinal, ela tem negligenciado a familiar fofa que ela mesma fez, pelos últimos duzentos anos.
— Por favor, não insulte a Senhorita Sienna.
— Tudo bem eu insultá-la. Você sabe quantos insultos tive que suportar dela trezentos anos atrás? Aquela maldita pirralha, ela me chamava de maldito e idiota, não importava o que eu fizesse… Ah, isso mesmo, você não disse que tem uma boa memória? Se lembra daquela ideia que eu trouxe a você um tempo atrás?
— Está falando sobre sua suspeita de que a Senhorita Sienna seja a autora do conto de fadas?
— Isso mesmo. Você pode ter dito que era besteira quando ouviu pela primeira vez, mas não importa o quanto eu pense sobre isso, não posso deixar de sentir que é bastante plausível. Em primeiro lugar, esse conto de fadas tem alguns detalhes bastante significativos para uma história que aparentemente foi costurada a partir dos rumores que circulavam.
— O que você quer dizer com ‘bastante significativos?’
— Exatamente o que eu disse. Na minha opinião, o conto de fadas foi escrito por Sienna ou Anise. As duas podem até ter escrito juntas.
Diante da agitação de Eugene, a expressão de Mer ficou estranha. Enquanto olhava claramente para o rosto de Eugene, ela se lembrou da imagem de Hamel que havia sido deixada no andar de cima.
— Então, Hamel–não, Sir Eugene, de acordo com o que está dizendo, a Senhorita Sienna é quem escreveu as palavras ‘Sienna, eu gosto de você’ no conto de fadas? — Mer perguntou em dúvida.
— Essas malditas palavras, eu nunca disse nada disso. — Insistiu Eugene.
Mer continuou:
— Então, isso significa que a Senhorita Sienna teria gravado você dizendo algo que não disse. Por que ela faria uma coisa dessas?
— Você está querendo me zoar? — Eugene rosnou.
Mer franziu a testa.
— Por favor, pare de falar essas bobagens. Eu absolutamente não consigo imaginar que a Senhorita Sienna adicionaria palavras como bonita e elegante na frente de seu próprio nome.
Eugene admitiu hesitantemente:
— Talvez… Talvez tenha sido Anise quem o escreveu. Sua personalidade era muito distorcida e podre. Embora esse conto de fadas registre apenas a aparência santa de Anise, a verdadeira Anise era praticamente uma gêmea malvada daquela.
— Ah sim. Claro, esse é o caso. — Dizendo isso, Mer levantou a mão e acenou na frente do nariz.
Sem saber o que aquele gesto significava, Eugene apenas piscou os olhos.
— Por favor, tire a mão. — Pediu Mer.
Eugene perguntou:
— O que há de errado? Até outro dia, você sempre dava um tapa na minha mão.
— Só estou tentando mostrar a você o respeito que o camarada da Senhorita Sienna merece. — Mer confessou, sentindo-se envergonhada.
— Isso é muito gratificante. — Disse Eugene com um sorriso malicioso enquanto tirava a mão da cabeça de Mer.
Mer pulou da cadeira e hesitou por alguns momentos antes de respirar fundo.
— Sir Eugene, você pode fazer um juramento? — Mer perguntou.
— Sobre o quê? — Eugene retornou sua pergunta.
— Sobre o fato de que em sua vida passada… Você realmente era Hamel, o Tolo.
— Estou disposto a jurar, mas deixe-me dizer isso primeiro. Já que sou Hamel, você pode parar de adicionar esse maldito título de ‘Tolo’ depois do meu nome?
— Então o que devo dizer? O idiota do Hamel?
— Que tal o Incrível Hamel? Ou o Maravilhoso Hamel?
— Parece que você realmente tem inveja que a palavra ‘Grande’ esteja na frente do nome do Vermouth.
Eugene tossiu de vergonha.
— Ahem…
— De qualquer forma, se você é realmente a reencarnação de Hamel… Por favor, faça um juramento sobre isso. — Mer sinceramente implorou.
Eugene assentiu lentamente e declarou solenemente:
— Em meu nome de Eugene Lionheart, sou a reencarnação de Hamel Dynas. Juro pelo meu sangue e pelo meu nome Lionheart que não há falsidade no que acabei de lhe contar.
— Por favor, espere um momento. — Depois que ela recebeu seu juramento, Mer virou e caminhou até a Bruxaria.
Ela levantou ambas as mãos para o grimório e ficou ali por alguns minutos com os olhos fechados antes de continuar.
— Depois que a Senhorita Sienna entrou em reclusão, vários magos dissecaram tanto a Bruxaria quanto a mim em várias ocasiões. No entanto, ainda há algumas coisas que eles não conseguiram encontrar. Escondido no local mais profundo dos arquivos de armazenamento da Bruxaria, há informações registradas sob o código-fonte. E hoje… Também guardarei as notícias que você compartilhou comigo naquele local oculto para que ninguém possa descobrir.
Abrindo os olhos mais uma vez, Mer virou-se para olhar para Eugene.
— O que vou revelar a partir de agora… Também é algo que ninguém em Aroth jamais ouviu.
— O quê? — Eugene perguntou.
Hesitante, Mer começou a contar sua história:
— Há uma pista relacionada ao desaparecimento da Senhorita Sienna. Foi cerca de uma semana antes que ela… Entrou em reclusão. Naquela época, eu já estava armazenada em Acryon… Neste mesmo andar, e a Senhorita Sienna também estava aqui comigo. Então, de repente… Ela desabou em seu assento com um gemido.
— Não tem como ela ter pegado uma doença mesmo, né? — Eugene perguntou preocupado.
— Claro que não. — Respondeu Mer: — Fiquei obviamente surpresa, então perguntei… a Senhorita Sienna o que havia acontecido… E ela me disse que um de seus familiares havia sido morto.
Mer hesitou por um momento, incapaz de continuar falando imediatamente, antes de revelar:
— Ele estava junto ao túmulo de Hamel.
— …
Eugene ficou em silêncio.
— Alguém tinha… Invadido o túmulo… E isso fez a Senhorita Sienna explodir de raiva. — Mer terminou de contar.
Um túmulo? Túmulo de Hamel?
— Eu tenho um túmulo? — Eugene perguntou com uma expressão vazia.
Mer respirou fundo novamente antes de assentir.
— Eu também não consegui ouvir todos os detalhes sobre isso. E essa também foi a primeira vez que ouvi falar do túmulo de Hamel. Não muito depois disso… A Senhorita Sienna desapareceu de repente, e escondi essa conversa nas profundezas da Bruxaria.
Mer tinha uma expressão complicada enquanto explicava suas ações.
— Foi porque a Senhorita Sienna desapareceu de repente sem contar a ninguém. Eu não queria afligi-la revelando desnecessariamente algo que eu não deveria ter revelado. No entanto… Já que você, Sir Eugene… Também é Hamel, sinto que merece saber.
— Meu túmulo… — Eugene murmurou antes de soltar uma risada inexplicável: — Nunca ouvi nada sobre isso. Sempre pensei que meu cadáver havia sido completamente aniquilado pela maldição de Belial.
— Bem, a maldição de um lich aniquila tanto o corpo quanto a alma, então entendo por que acreditaria nisso. — Mer concordou.
— Geralmente é assim. Embora pensando nisso, minha alma permaneceu totalmente intacta e até reencarnou.
— Se for esse o caso, seu cadáver também deveria ter permanecido intacto. Talvez… Certo. Sobre sua reencarnação—
— Também tenho minhas suspeitas de que Sienna possa estar envolvida nisso. Embora eu ainda não saiba se isso é verdade.
Seu túmulo, de todos os lugares. Eugene riu e balançou a cabeça.
— Isso só me dá ainda mais motivos para procurar pela Sienna.
Obrigado pelo cap