— Adorar… o Deus da Prosperidade? Não, pelo menos não no Reino de Liang. Lembro que quando meu segundo irmão se casou, eles primeiro tiveram que prestar respeito aos Céus e a Terra e depois aos pais. Porém, em casamentos, também temos o mesmo caracteres nas portas e janelas — respondeu Filhote enquanto segurava um casco de cordeiro e apontava para o símbolo de felicidade dupla no salão de banquete.
No entanto, esta resposta não conseguiu melhorar muito a expressão de Li Huowang.
Ele permaneceu quieto por um tempo e só se sentou após ver que não havia peculiaridades com o caractere vermelho redondo para felicidade dupla.
— Vamos comer rápido e encontrar um lugar para descansar — disse Li Huowang, mandando os outros acelerarem o ritmo.
Enquanto isso, Li Huowang pegou uma tâmara seca do bolo de tâmara e começou a mastigar lentamente enquanto olhava ao redor com cautela. Ele não podia deixar sua guarda completamente baixa.
Entretanto, não podia se culpar por ser cauteloso demais. Ser cuidadoso demais nunca era ruim neste mundo louco.
Além disso, ele acumulou várias experiências amargas.
Li Huowang não queria saber o motivo por trás destas coisas. A única coisa que queria era viver em segurança com seu pessoal.
Enquanto anoitecia, as tochas nas paredes foram iluminadas e o salão ficou mais animado.
A família anfitriã estava ocupada brindando com aqueles sentados nas outras mesas e Li Huowang presumiu que não viriam e pediria um brinde com seu grupo. Quem imaginaria que um deles seria enviado para sua mesa?
O jovem que estava batendo no gongo para receber a noiva caminhou até Li Huowang com um sorriso. Ele segurou um copo de vinho numa mão e um jarro de vinho na outra.
Ele veio até a mesa e encheu o copo primeiro antes de levantar para Li Huowang: — Obrigado por vir ao casamento do meu irmão! Sou Hou Wen e gostaria de brindar com os mestres da escolta. Que a viagem seja tranquila para vocês!
Considerando a situação, os outros não podiam permanecer sentados e levantaram seus copos em retribuição. Até Li Huowang fez isto, usando chá como substituto para o vinho. Afinal, era muito bom receberem este tratamento sendo forasteiros.
Hou Wen segurou o copo com as mãos e esvaziou numa golada, e imediatamente encheu novamente antes de olhar para Li Huowang: — Taoísta, ofereço um brinde separado para você. Esperamos que alcance o Dao e ascenda à Imortalidade logo!
Estas eram palavras gentis, mas para Li Huowang, um Taoísta falso, pareciam muito desconfortáveis.
— Você é muito gentil — respondeu Li Huowang ao levantar e beber o chá, o que fez sua visão ser bloqueada.
Li Huowang conseguiu sentir que o homem estava olhando para ele.
Não, mais precisamente, não era para ele, mas para a espada nas suas costas, aquela presenteada pela Abadessa.
Quando terminou o chá, aquele olhar sumiu rapidamente e ele foi mais uma vez cumprimentado pelo sorriso do jovem. Se não fosse por seus sentidos apurados, teria provavelmente deixado isto passar.
Por que esta pessoa está olhando para minha espada? Ele reconheceu seu poder?
Não importa o que pensasse, o jovem não fez muito após o brinde. Ele apenas pegou o pote de vinho e se virou para as outras mesas.
Pelo que parecia, o propósito de sua visita foi apenas brindar.
— Aproveitem a refeição e saiam só após estarem felizes! — expressou o jovem.
Li Huowang tinha um olhar complexo enquanto observava o jovem partindo. Ele se virou para os outros e falou: — Devíamos terminar por aqui. Vamos lá.
Ao ouvir isto, os outros olharam relutantemente para os pratos. Porém, desde que Li Huowang falou, teriam que se levantar e acompanhá-lo.
Após o banquete, onde encheram o estômago, também encontraram fácil um local para descansar. Um senhorio viu que eram a pessoa da escolta que comeu no mesmo banquete que ele e concordou em dar-lhes um abrigo temporário. Ele até fingiu rejeitar a oferta de Bai Lingmiao de pagar.
— Desde que vieram jantar no banquete, são nossos convidados. Não precisa pagar aqui — falou o velho. Porém, no final, o idoso ainda aceitou feliz as moedas.
O dinheiro era muito útil e ele rapidamente limpou um prédio de argila de dois andares para o grupo de Li Huowang ficar. Mesmo que fosse velha, era uma estrutura autônoma com pátio próprio, o que se adequava às preferências de Li Huowang.
Neste momento, Li Huowang ficou na janela no segundo andar enquanto olhava para as lanternas vermelhas da casa onde o casamento foi realizado.
Bai Lingmiao estava sentada ao lado da cama enquanto molhava um fio com a boca. Então, sob a iluminação da vela, passou o fio cuidadosamente no buraco da agulha antes de começar a costurar um pano inútil nas correntes de um banquinho próximo.
Ela continuou costurando até ficar cansada e então olhou para a figura larga de Li Huowang: — Sênior Li, talvez ele só estivesse olhando casualmente para sua espada. Ele pode não estar necessariamente tramando contra você.
— Tenho duas espadas nas costas, então por que ele focou nesta? É melhor prevenir que remediar. Quando descer mais tarde, informe os outros para fazerem vigia em turno — disse Li Huowang.
Bai Lingmiao assentiu obedientemente antes de arrumar a cama.
— Li… Li…
— Qual o problema? — Li Huowang olhou Gao Zhijian, olhando para ele do pátio.
— Eu… realmente não sou… um Protetor da Aldeia — enunciou Gao Zhijian, claramente preocupado com este assunto.
— Tudo bem, sei que você não é um Protetor da Aldeia. Mas então, de onde você é? Você não poderia ter surgido de uma rocha, certo? — perguntou Li Huowang.
Devido à inteligência limitada e gagueira de Gao Zhijian, Li Huowang e os outros não gostavam de conversar com ele, já que tendiam a ser uma conversa longa.
Devido a isto, além de saber que ele era alfabetizado, Li Huowang não sabia mais nada sobre Gao Zhijian.
Gao Zhijian parou por um tempo porque parecia em conflito, mas então falou: — Sênior… Sênior Li! Acredite… Acredite em mim…
— Acredito em você. Agora se apresse e fale. Se continuar demorando, vai acabar amanhecendo.
— Você… Não… Não interrompa! Não me… interrompa! — gritou Gao Zhijian. Esta foi a primeira vez que usou este tom para falar com Li Huowang: — Eu… odeio… odeio muito! Quando… os outros… me… interrompem!
Li Huowang olhou para Gao Zhijian, cujo rosto estava vermelho de agitação e também estava com os punhos cerrados, e assentiu: — Tudo bem, pode falar.
— Sênior… Sênior Li! Você… vai… acreditar em mim? Não importa… quão… chocante… minhas palavras sejam?!
— Acreditarei em você. Diga.
Ao ouvir isto, Gao Zhijian pisou com raiva e declarou: — Eu… Eu… vou contar!
Após ouvir isto, Li Huowang olhou para Bai Lingmiao atrás dele e então parou o agitado Gao Zhijian: — Não suba, apenas fale daí e vá dormir depois.