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Death March kara Hajimaru Isekai Kyusoukyoku – Volume 17 – Intermissão 2

A Pequena Deusa

— Deus Demônio, está tudo bem?

— …É você, Parion?

— Sim.

O Deus Demônio levantou o corpo de cima de sua luxuosa cama. Ele estava descansando a fim de remover as impurezas que o afligiram quando se fundiu ao [Venenoso Satou], uma armadilha criada pelo Panteão.

No momento em que Parion iria inocentemente tentar abraçá-lo como sempre fazia, o Deus Demônio a impediu.

— Deus Demônio?

Ela ficou confusa, pois sabia que sempre que o abraçava em sua forma material, isso deixaria o Deus Demônio em um estado de pura alegria.

— Eu posso acabar lhe passando alguma impureza.

— Tudo bem… eu entendi…

Pelo visto ela ainda não tinha se acostumado a usar o seu novo corpo físico visto que o rosto dela continuava inexpressivo.

— Mas fico impressionado que você tenha conseguido chegar até aqui.

Impressionado pelo fato dela ter conseguido chegar até a parte mais profunda do Submundo, repleta de demônios que absolutamente guardam rancor aos Deuses, sem causar uma única comoção.

— Autoridades cultivadas!

— Ah, compreendo. Bom trabalho, Parion. Você é uma boa menina.

Elogiada pelo Deus Demônio, Parion estufou o peito, cheia de orgulho. Foi então que um objeto com a qual ela não estava familiarizada entrou em sua visão.

— Deus Demônio, o que é isso?

Parion mudou sua atenção para a foice perolada, recoberta por uma aura multicolorida, dentro do quarto.

— [Foice Ceifadora de Deuses]… Uma arma capaz de ceifar a vida dos Deuses.

— Ceifar a vida dos Deuses?

Ela pegou a arma nas mãos e murmurou para si. Aparentemente, era algo muito pesado para Parion, que começou a cambalear perigosamente com a arma nas mãos.

— Parion, esse é um objeto muito perigoso. Coloque-o de volta onde você achou.

— Parion vai devolver, mas tem que antes ir matar primeiro.

Ela tomou uma pose instável de batalha com arma nas mãos.

— Infelizmente, ainda está incompleta?

— Incompleta?

O seu rosto inclinou em confusão.

— Sim, não há divindade dentro dela ainda.

— É preciso divindade?

— A razão pela qual eu criei as torres púrpuras foi para coletar divindade para esta arma. Elas deverão ter o suficiente para preenchê-la dentro de dez mil anos.

— Por que não usar as Nymphas?

— A quantidade de divindade que as Nymphas possuem é muito pequena. Mesmo que se usássemos a todas elas, ainda não seria o bastante para preencher a foice.

— Quanta divindade?

— O equivalente a de um Deus.

Os olhos de Parion se arregalaram ao ouvir o volume absurdo necessário para ativar a [Ceifadora de Deuses].

— O que fazer…?

Parion inclinou a cabeça fazendo um rosto completamente franzido. Ela nunca imaginou que para completar uma arma para matar um Deus, seria necessário primeiro matar um Deus.

— Volto depois.

Ela deixou essas palavras para trás quando saiu do palácio do Deus Demônio.


— Deus Demônio, eu tive uma ideia!

Em sua segunda visita, Parion foi direto ao ponto. Desta vez, o deus Demônio não estava na cama dormindo, o que significava que ele havia se livrado do veneno de Satou.

— Bem-vinda de volta, Parion. Que ideia você teve?

— Vamos usar o [Cristal Radiante Branco]!

— Fala daquele que fica escondido na camada mais profunda do Reino dos Deuses?

— Sim.

O Deus Demônio entendeu o que Parion queria quando percebeu o olhar radiante dela em direção à [Ceifadora de Deuses].

— É o bastante?

— A forma cristalizada de divindade é de fato o suficiente… Mas não posso concordar com isso.

— Não pode?

— Aquele cristal é mais um artifício para proteger o mundo humano que ao Reino dos Deuses.

Era graças a barreira erguida pelos Deuses dos Sete Pilares que o mundo humano continuava a salvo dos [Invasores] que vagavam pelo espaço e o [Cristal Radiante Branco] a mantinha de pé.

Essa era a extensão do conhecimento que o Deus Demônio possuía.

— Está tudo bem.

Parion estufou o peito, confiante.

— Mesmo?

— Sim, todo mundo tem divindade sobrando.

Ela insistiu que os Deuses poderiam criar um novo cristal se abrissem mão da divindade que estavam escondendo por debaixo dos panos.

— Sendo esse o caso, nossa ambição poderá ser realizada, então.

O Deus Demônio ponderou.

Seria possível libertar a humanidade sob o domínio dos Deuses caso ele possuísse uma arma de persuasão, a [Ceifadora de Deuses], para intimidá-los.

Apenas, o que será que passava no rosto sorridente de Parion…

— Vamos fazer!

— Tudo bem. Conto com você Parion, para me guiar até o Reino dos Deuses.

— Conte comigo!

Assim, uma aliança entre a Deusa Parion e o Deus Demônio foi criada, acarretando no furto do [Cristal Branco Radiante] dentro do próprio Reino dos Deuses.


— Deus Demônio, está tudo bem?

— Pa-Parion…?

— Sim

O Deus Demônio estava incapaz de até mesmo levantar da cama quando, em agonia, olhou para a inocente Parion. A Divindade fluindo para fora de seu corpo era muito superior ao montante normal, mas estava incrustada pelo lodo negro.

A névoa de miasma que cobriu a todo o Submundo parecia ter saindo de dentro do corpo do Deus Demônio.

— O que aconteceu?

— Os Deuses me pegaram. Tinha malícia escondida dentro do cristal.

Provavelmente era necessário tomar a divindade para si antes de transferi-la para a foice.

— Quem!?

— É quase certo que foi Zaikuon. Ele é o único idiota o suficiente para se auto sabotar dentre os Deuses.

— Sim.

Parion assentiu com uma expressão vazia.

— Ela foi preenchida?

Enquanto olhando para a [Ceifadora de Deuses], Parion perguntou ao Deus Demônio.

— Infelizmente, não.

O descontentamento ficou evidente no rosto da Deusa, quando ouviu a resposta do Deus Demônio.

— Não?

— Se eu fizesse isso, a [Ceifadora de Deuses] ficaria repleta de impuridades também. Seria uma repetição do que houve da última vez, então.

— Sim.

Parion caminhou em direção a foice e então um demônio vestido de santa se manifestou para impedi-la no momento em que ia tocar na [Ceifadora de Deuses].

— Saia!

— Você não deve.

— Eu não posso matar se não tiver isso!

A santidade olhou para a determinada Parion sem saber o que dizer. No entanto, sua guarda era impecável, não permitindo que a pequena Deusa se aproximasse da foice.

— Já é o bastante, Pario. Você não precisa se vingar de Zaikuon.

— Mas!

— Não se preocupe. Meus vassalos mais leais estão cuidando de criar um bode-expiatório para me livrar das impurezas. Vamos pensar em alguma forma de ameaçar os Deuses depois disso.

— …Tudo bem.

Parion relutantemente concordou.

— Está na hora de você deixar o Submundo.

— Deixar o submundo?

— Sim, eu não serei mais capaz de conter as impurezas a esse ritmo.

 Se ele falhar em sua contenção, então o Submundo ficará contaminado por tanta impureza que poderia acabar corrompendo-a. O maior medo do Deus Demônio era que o seu próprio poder acabasse fazendo mal a pequena Deusa.

— Não posso permitir que o mundo humano seja corrompido também. Irei fechar os portais ligando o Submundo a ele e para isso preciso que você parta antes que seja tarde.

Ele parecia estar ciente de que ela atravessava o mundo humano sempre que o vinha visitar no Submundo.

— Volto depois.

Depois de dizer isso com sua expressão vazia, a Deusa Parion deixou o Deus Demônio.  Graças as autoridades dela, nenhum dos demônios indo e vindo pelas passagens, conseguiu notar a sua presença.

— Um bode-expiatório para se livrar das impurezas…

Parion murmurou para si.

— …Há um.

Ela sabia.

Que o Satou com quem o Deus Demônio se fundiu era um falso criado pelos Deuses, mas ela não contou nada. Isso porque acreditava que ele já era perfeito da forma como estava e não precisava tomar o Satou para si.

Parion então pensou: Um corpo similar ao do Deus Demônio seria o melhor bode-expiatório para se transferir as impurezas.

Então, ela elaborou um plano para obrigá-lo a vir até o Submundo, onde a transferência poderia ser realizada.

— …Aqui.

No local onde seus olhos estavam apontando, estava uma menina de cabelo cor-de-rosa. Ela estava correndo sem destino pelo meio do corredor, enquanto dizia coisas como “Essa não~”, “O que podemos fazer~”, sem parar.

Parion se aproximou da menina que estava separada das demais do seu grupo. Na medida em que ia andando, ela corrigiu o seu rosto inexpressivo para algo mais digno de uma Deusa.

Os seus 100 milhões de anos de experiência não foram atoa. Parion era perfeitamente capaz de atuar como uma perfeita e sublime Deusa quando bem entendesse.

— Diga, criança. Você deseja salvar a vida do Deus Demônio?

— Eh? Quem é?

— Uma velha amiga de seu Mestre.

Ouvindo aquela voz gentil, a menina relaxou sua guarda.

— Tenho para você, a mais apaixonada de suas irmãs, a mais importante das missões.

— Que tipo de missão?

— Uma que fará com que você salve a vida do Deus Demônio, caso a cumpra.

— Mesmo!? Promete!?

— Sim, prometo. Você irá se encarregar dela?

— SIM!

Assim, Parion enviou a inocente menina para onde Satou estava no mundo humano e ainda lhe deu a autoridade para abrir os portais outrora fechados. Embora fosse impossível que uma Deusa como ela não soubesse que suas ações poderia trazer uma calamidade sobre o mundo humano.

— Kufuu, kufufufufu.

Ela rio de maneira alegre e inocente.

— Finalmente vou colocar as minhas mãos na [Ceifadora de Deuses]. Uma arma capaz de tirar a vida de um Deus.

O sussurro de Parion desapareceu dentro da fenda dimensional sem alcançar qualquer ouvido.

Ninguém estava ciente da verdadeira natureza de Parion.

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