Marie emergiu da escuridão como uma criatura da noite, suas longas unhas brilhando ao luar.
Elas eram finas, mas não deviam ser subestimadas. Com um único golpe, elas geraram um vento forte que agitou os cabelos negros de Oliver.
— Hum, isso é ótimo… Pessoas comuns seriam cortadas em pedaços.
Não foi ridículo ou bajulação, Oliver realmente admirou isso.
Marie fortaleceu seu corpo colocando magia negra em seu corpo, mas ela não usou nenhuma magia negra depois disso.
Significava que ela havia produzido um nível tão alto usando apenas aquela magia negra desconhecida.
Era muito bom. Não era pouca coisa melhorar o corpo físico através da magia negra.
O processo estava repleto de perigos, pois dependia de magia baseada em doenças.
Manipular o corpo artificialmente era cortejar o desastre, sobrecarregar-se além do ponto sem retorno.
Somente aqueles com uma constituição forte e vastas reservas de força vital poderiam esperar dominar tal técnica.
Caso contrário, não passava de uma técnica que se autodevoraria.
Portanto, a magia negra do tipo doença não era adequada para pessoas como Marie e Oliver. Seu corpo ficaria cansado, independentemente de suas habilidades em magia negra.
Oliver sabia disso muito bem. Ele desenvolveu uma técnica chamada ‘traje preto’ para ajudá-lo a suportar os efeitos colaterais da magia do tipo doença.
Mas Marie era diferente. Ela não havia recorrido a tais medidas, mas seu corpo não parecia afetado pela magia que o percorria.
Foi uma prova de sua habilidade e coragem, e Oliver não pôde deixar de admirá-la. A magia do tipo doença não era para os fracos de coração, mas Marie a aceitou com calma, liberando um poder que excedia o das armas de fogo. Nas mãos dela, até o objeto mais mundano se tornava uma arma mortal.
SWIISH SWIISH!!
Os ataques de Marie eram letais, cada um superando o poder médio de um bruxo.
Com um simples golpe, ela poderia cortar o vento, as árvores e deixar cicatrizes profundas nas rochas.
Oliver evitou seus ataques por pouco, mas mesmo com três camadas de traje preto, ele duvidava se conseguiria resistir ao ataque dela.
“Ela é mais rápida e poderosa do que a maioria dos bruxos, mesmo com um ataque normal que não custa nada. Deve ser verdade que ela deteve os intrusos da casa de leilões.”
Marie corrigiu sua postura e se preparou para atacar Oliver mais uma vez, que acabara de se esquivar do ataque anterior.
Ela tinha como alvo o padrão de esquiva dele, e seus ataques rápidos e pressão constante mostravam quanto caos ela havia passado.
Era uma pena que alguém tão habilidosa como ela estivesse obcecada por coisas tão inúteis.
Oliver sentiu mais pena de Marie.
“Eu não sei por que ela ficou assim…”
[Disparo de Ódio!]
Oliver atirou disparos de ódio no chão, na esperança de criar uma distração momentânea.
A poeira levantou-se, bloqueando momentaneamente a visão de Marie, dando-lhe alguns segundos preciosos para aumentar a distância entre eles.
A magia negra não identificada de Marie em seu corpo produziu o mais alto nível de magia negra do tipo doença que Oliver já tinha visto.
Foi tão potente que podia até ter um efeito adicional. Ele sabia que não havia razão para manter distância contra um adversário tão formidável.
“Primeiro, aumente a distância e lentamente agarre-a com… Uh?”
Mas enquanto ele tentava se distanciar, as unhas de Marie se alargaram e ela cortou uma árvore com facilidade.
Raiva… Não, não parecia isso. Suas emoções eram calmas e ao mesmo tempo demonstravam apenas grande obsessão.
Ele franziu as sobrancelhas enquanto Marie levantava a árvore que acabara de derrubar.
Não era uma árvore pequena e sua força parecia antinatural, muito além das limitações da magia negra do tipo doença.
Estava além das regras que Oliver conhecia, e ele só podia assistir com admiração enquanto ela exercia seu poder com precisão mortal.
“É semelhante… Ao Sr. Marionete na zona de contaminação e os intrusos na casa de leilão.”
Magia negra, mas estranha magia negra que se desviava das regras da magia negra.
[Bênção]
A magia negra assumiu a forma de longos apêndices semelhantes a unhas que ele nunca tinha visto antes.
“Foi desenvolvido por Marie…”
Enquanto Marie transmitia suas emoções pela árvore, ela transformava os galhos em toras de madeira afiadas, que jogou em Oliver.
Oliver não estava desprevenido. Em vez disso, ele usou a cabeça e também os olhos e pensou em como responder.
Dado o estado emocional de Marie, se ele evitasse, um ataque interligado ocorreria imediatamente.
Na verdade, ela estava observando o próximo movimento de Oliver enquanto se preparava para o ataque.
Mesmo que ele não evitasse, ela estava pronta para agir de acordo.
A situação permaneceu a mesma, quer Oliver a evitasse ou não.
A única diferença era se Marie era descuidada ou mais vigilante.
Oliver escolheu o último depois de muita consideração.
Boom—!
Oliver balançou o bordão coberto com [traje preto].
Marie reforçou com magia negra, mas a árvore era a árvore.
Oliver balançou seu bordão, reforçado com magia negra, para quebrar o tronco de madeira que se aproximava. O impacto fez com que fragmentos de madeira voassem por toda parte, obscurecendo momentaneamente sua visão.
Logo, o próximo ataque veio. Era uma aplicação da forma como Oliver o usou.
— É incrível.
Oliver acertou os disparos de ódio voando em admiração com o bordão.
Mais de uma dúzia de tiros voaram ao mesmo tempo, mas não foi tão difícil.
Porém, o que surpreendeu foi que não se tratava apenas de um disparo de ódio, mas sim de uma mistura de emoções e cabelos.
Marionete. Mais precisamente, era muito semelhante à ‘Arma de Dedo’ usada pelo boneco cadáver, que estava possuído por Marionente.
O poder era semelhante, então as duas camadas e meia do traje preto usadas na ponta do bordão foram retiradas de uma só vez.
Seria perigoso se ele continuasse sendo atingido, mas esse não era o verdadeiro ataque.
A mobilidade única de Marie permitiu que ela se aproximasse em completo silêncio, balançando as unhas com intenção mortal.
Oliver concentrou metade do traje preto em um ponto do bordão, pronto para se defender do ataque feroz dela.
BOOOM—!!!
Um rugido ensurdecedor reverberou pela floresta no meio da noite.
Foi realmente uma sorte que eles estivessem na floresta. Como os Paladinos ainda estavam vasculhando a cidade, teriam ficado perturbados se tivessem lutado lá.
— Sinto muito, Mestre! Por favor me perdoe!
Marie, que estava em silêncio até agora, ergueu o braço oposto e ergueu as unhas bruscamente, como se tivesse certeza de sua vitória.
A área que ela estava mirando era o braço e a perna direitos de Oliver, e parecia que ela realmente iria pegá-lo de alguma forma.
— Está tudo bem.
Ao mesmo tempo em que Oliver respondia, ele concentrou o resto do traje preto no punho direito e bateu com força no ombro esquerdo de Marie.
BANG
— !!?!!
Um som baixo e pesado informou que o ombro que não poderia ser quebrado estava quebrado.
Na verdade, Marie não conseguia nem gritar direito de tanta dor que se jogou para trás como uma mão em chamas.
— O poder da magia negra é bom, mas não acho que você aprendeu o combate corpo a corpo. Aprenda. Poder de fogo não é tudo.
Oliver correu até Marie e balançou o bordão.
Mary envolveu seus longos cabelos em volta do braço como um escudo, mas Oliver continuou a avançar cada vez mais e cutucou a abertura do outro braço, enfiando o punho no ombro de Mary.
BAM BAM BAM!
Os braços de Marie caíram com o som de um estalo limpo, enquanto os ensinamentos de Joe permaneciam nos ouvidos de Oliver.
—Se você não vai matar, mas só assustar o inimigo, é melhor quebrar o ombro. Dói muito e o braço não pode ser levantado, então saberão o que é desamparo. E então você só precisa vencê-lo.
PURPUR
O cabelo de Marie, imbuído de magia negra, fluía como uma capa ao seu redor, irradiando uma aura sinistra.
Oliver percebeu que esta não era uma defesa comum, e sua intuição se provou correta quando seu ataque foi bloqueado com delicada precisão por cada fio de cabelo.
Implacável, Oliver empurrou seu bordão para frente, tentando perfurar a barreira do cabelo. Mas, para sua surpresa, o cabelo prendeu-se ao bordão, emaranhando-o e avançando lentamente em direção à sua mão.
[Las Bomb]
Com uma decisão rápida, Oliver canalizou as emoções para o bordão, desencadeando uma explosão poderosa que envolveu o cabelo de Marie e o espalhou em todas as direções.
Considerando que Marie e seus subordinados ficaram surpresos, parecia completamente inesperado.
Aproveitando a confusão, Oliver mergulhou e perfurou a defesa de Marie, desferindo um golpe devastador com seu bordão.
— Sinto muito, vai doer um pouco. — Ele se desculpou, antes de atingir o corpo dela com um estrondo retumbante.
O golpe foi tão poderoso que fez Marie voar, com o corpo horrivelmente esmagado e mutilado.
Oliver não desistiu, liberando uma saraivada de disparos de ódio que rasgaram suas pernas, deixando feridas abertas que a fizeram cair no chão.
A figura de cada membro dobrado em uma direção que não deveria ser dobrado parecia uma boneca quebrada.
Ao se aproximar da figura quebrada de Marie, Oliver não pôde deixar de sentir que tinha ido longe demais. Mas ele rapidamente afastou esses pensamentos.
— Acho que ganhei.
— Kee. Kuhe… Kee!
Marie se contorcia de agonia, fazendo barulhos estranhos, como os de uma boneca quebrada. Oliver não pôde deixar de sentir que ela poderia não conseguir se a sorte não estivesse do seu lado. Mas ele fez seu trabalho, como sempre.
— Aceitei o pedido de Marie. Mas você falhou. — Oliver afirmou sem rodeios, olhando para a mulher ferida.
Marie olhou para Oliver, incapaz de falar devido à dor que assolava seu abdômen esmagado.
Apesar do sofrimento, seu estado emocional era estranho.
Ela não parecia guardar nenhum ressentimento em relação a Oliver. Em vez disso, ela admirava, adorava e se culpava por não ser boa o suficiente.
A sensação inicial de desconforto de Oliver voltou, assumindo um tom mórbido.
— Marie não disse isso antes? Não há nada de graça neste mundo. A primeira vez que você me ajudou.
Marie conseguiu responder com a voz quebrada.
— S-Sim.
— Eu ganhei, então tenho que receber. — Oliver continuou, seu tom inflexível. — Não me chame mais de salvador ou deus. Apenas viva a vida que você queria viver. Esqueça de mim também. Isso é possível, certo?
Marie balançou a cabeça fracamente, lágrimas brotando de seus olhos.
— Mestre, por favor… É a única coisa.
Oliver estava prestes a expressar sua irritação com a recusa dela quando os subordinados de Marie o atacaram de repente.
Embora não fossem particularmente habilidosos, eles demonstraram boas habilidades básicas ao atirar disparos de ódio contra Oliver com uma velocidade estável.
Apesar de seu traje preto, Oliver foi forçado a recuar devido ao ódio esmagador que sentiam por ele. Os homens de Marie pareciam querer atacá-lo ainda mais, mas então algo inesperado aconteceu.
— O QUE DIABOS VOCÊS ESTÃO FAZENDO? — Marie gritou, sua raiva queimando como um inferno furioso.
Seus subordinados ficaram imediatamente confusos e com medo pela explosão repentina de Marie, encolhendo-se como cães assustados. No entanto, Marie balançou grotescamente os braços flácidos e deu um tapa em um dos subordinados próximos, fazendo-o voar.
Foi pura sorte ele não ter morrido com o impacto. Mesmo assim, Marie continuou seu ataque, dando uma cotovelada no rosto de outro subordinado com fúria desenfreada.
Ela então ergueu as unhas em direção ao discípulo que atacou Oliver primeiro.
— Marie! — Oliver gritou, elevando a voz de uma forma que não era característica dele.
Graças a isso, Marie finalmente parou seu ataque.
— Mestre…
— Pare com isso. Eles fizeram isso por você.
— Haa… Mas esses traidores…
— Por favor, pare.
Foi só quando Oliver pronunciou a palavra ‘por favor’ que Marie finalmente baixou a mão, forçando sua raiva a diminuir e ordenando que seus homens se retirassem.
Eles se curvaram profundamente, como servos diante de um rei, e Oliver não pôde deixar de achar a visão estranha.
Uma inimiga que lança raiva contra seus homens que a salvaram e parou quando ele pediu.
Oliver mais uma vez ponderou por que o relacionamento deles ficou assim.
— Você se recuperou. — Comentou ele, examinando o corpo de Marie, que se recuperava sozinho com um pequeno fio brotando da ferida.
Era uma visão incrível, mas menos chocante para Oliver, que já tinha visto Marionente e os intrusos da casa de leilões usarem habilidades semelhantes.
— Sim.
— Como desenvolveu isso?
— Não sei. De repente, fui capaz de fazer isso. Sinto muito por não poder responder, Mestre.
Ela admitiu, sinceramente arrependida por não ter uma explicação clara.
— Não, isso é possível… Ainda bem que você está melhor. Nesse sentido, direi novamente. Não me chame de salvador de agora em diante…
— Não, não posso, Mestre. Sinto muito, muito mesmo, mas não consigo seguir essa ordem. Por favor, me perdoe. — Ela respondeu, com os olhos vermelhos e injetados.
Suas emoções eram como um maremoto, fluindo para fora dela e tingindo seu corpo com um tom ainda mais escuro.
Eles se multiplicaram excessivamente, espalhando-se ao seu redor e pressionando o ar como uma força física.
Oliver só conseguiu ficar olhando em silêncio enquanto as emoções de Marie consumiam toda a área, tornando-a preta.
— …
— Por favor… Por favor, não me prive desta fé, Mestre, sem isso voltarei a esse passado inútil.
— Que passado…?
— Viver sem causa. — Respondeu ela, com a voz carregada de emoção. — Nascer, estar vivo e morrer… Uma vida animal tão inútil.
— …
— Porque te conheci e porque me dediquei a você, finalmente ganhei valor. A razão pela qual nasci no mundo, a razão pela qual estou viva! Seria melhor me matar do que tirar isso de mim. Muito melhor!!
As palavras de Marie foram pontuadas por lágrimas, que agora eram negras.
Logo, ela tirou oito tubos de ensaio do bolso. O tubo de ensaio continha emoções de pura fé e, extraindo-as, Marie entoou.
[Autoridade].