— Irmão. O que está acontecendo?
Owen estava perplexo com a pergunta feita por seu irmão mais novo. Ele tinha dificuldade para fornecer uma resposta, porque ele mesmo estava lidando com a situação em questão.
O líder do Grupo de Lutadores, Cozinheiro, em quem eles depositaram sua confiança, foi revelado como membro da infame Mão Negra e roubou itens valiosos da Firma de Crime.
Revelações chocantes continuavam surgindo, mas o que era ainda mais inacreditável era que eles se tornaram alvos da Firma de Crime por causa de sua associação com o Cozinheiro.
O Cozinheiro disse a eles que não tinham escolha a não ser ajudá-lo se quisessem viver.
— Você já está envolvido comigo, então, quer ajude ou não, a Firma de Crime virá atrás de você. Se me ajudar, vou recebê-lo na Mão Negra e dar a você acesso a conhecimentos proibidos e poder inimaginável. — Disse o Cozinheiro.
Aos dezenove anos, isso era muito para Owen lidar, e ele não estava interessado em se juntar à Mão Negra. Sua única preocupação era ganhar dinheiro para sustentar seus irmãos mais novos, junto com os irmãos mais velhos do bairro, como Joe e Sam.
Mas agora eles tinham que ir para a guerra contra a Firma de Crime, o que parecia absurdo e irrealista, deixando Owen incerto sobre como reagir.
Acima de tudo…
— Seu líder parece estar atrasado. — Observou um dos membros do Grupo de Lutadores enviado pelo Cozinheiro, com sarcasmo em suas palavras.
Esses membros específicos do grupo tinham uma história de animosidade com o grupo de Joe, e mesmo que o Cozinheiro os tivesse designado como proteção, Owen sabia que havia mais do que isso. Ele não sabia os detalhes, mas sentia que eles estavam lá para ficar de olho em Joe e Sam, para controlá-los.
As crianças se agarravam umas às outras, com ansiedade estampada em seus rostos.
Onde Joe, Sam e os outros tinham ido? O que aconteceria se as coisas dessem errado?
Enquanto Owen se preocupava, alguém de repente gritou:
— Ei, não é o Joe chegando?!
— Onde? Ele… resolveu e voltou?
— Ele é mais rápido do que eu pensava. Seu rosto parece bem também. Talvez aqueles rumores não fossem verdade?
— Sim. Mas quem é aquele… uh?
O olhar de Owen estava fixo em Joe enquanto ele liderava um grande grupo de membros do Grupo de Lutadores em direção a dois executivos que estavam no meio de uma discussão acalorada.
Joe não hesitou por um momento enquanto derrubava ambos com suas habilidades recentemente aprimoradas de magia negra.
Os executivos não eram páreo para o poder de Joe e foram derrotados com um único golpe.
CREEEEEEEK!
BANG!
Um foi jogado na parede, e o outro foi lançado no chão.
Os espectadores ficaram chocados com a súbita reviravolta e se moveram instintivamente, mas congelaram de medo ao ver a expressão de Joe.
— Joe? — Chamou Owen.
— Estou cortando os laços com o Cozinheiro. E você, Owen? — Respondeu Joe severamente.
* * *
No meio do caos e da confusão, Oliver se aproximou de Joe enquanto ele estava no meio de acalmar a perturbação.
Joe incapacitou sem esforço dois homens que pareciam estar no comando e impôs sua dominação sobre os subordinados restantes com apenas um olhar.
— Estou cortando os laços com o capitão a partir deste momento. Aqueles que desejam permanecer leais a ele podem me desafiar, mas aqueles que desejam partir podem fazê-lo sem repercussões. — Declarou Joe aos presentes.
Com a escolha diante deles, as pessoas que anteriormente estavam considerando suas opções tomaram rapidamente sua decisão e se dispersaram. Oliver não pôde deixar de notar que Joe possuía habilidades de liderança excepcionais semelhantes às de Joseph, Kent, Forrest, Murphy, Arthur e Jonathan.
— Não foi fácil para eles recuarem, hein? — Comentou Oliver.
— Para ser honesto, muitos deles ainda estão se recuperando da demanda repentina para trabalhar para o Cozinheiro. Com exceção de alguns indivíduos, a maioria deles foi coagida à conformidade. O Cozinheiro prometeu nos proteger ou nos oferecer algo da Mão Negra, mas quem em sã consciência acreditaria em tais afirmações? — Respondeu Joe.
Como para validar a afirmação de Joe, todos os indivíduos que estavam guardando a área tinham desaparecido sem deixar rastros. No entanto, Joe permaneceu imperturbável.
— Ei, Sam. — Chamou Joe.
— Sim? — Respondeu Sam.
— Fique aqui com as crianças. Se não voltarmos dentro de uma hora, pegue-as e fuja para algum lugar seguro. E você, Owen? — Joe perguntou.
— Eu? Estou com você, Joe. Mas o que está acontecendo aqui, na verdade? — Perguntou Owen, sua confusão palpável.
Joe mudou sua atenção de Owen para Oliver e respondeu:
— Estávamos tentando eliminar o Dave, mas ele se ofereceu para nos ajudar. Vocês todos ficam aqui com o Sam, apenas por precaução. Entendido?
— Ah, sim! — Respondeu Owen, compreendendo a situação apesar de sua confusão.
Sem demora, ele reuniu as crianças e outros membros da comunidade e partiu para um local seguro. Os movimentos eram rápidos e discretos.
Joe se aproximou de Oliver depois de completar algumas patrulhas e expressou sua gratidão, dizendo:
— Obrigado.
Desta vez, ele parecia muito mais calmo do que em sua primeira reunião mais cedo hoje e agradeceu sinceramente Oliver em vez de apenas oferecer uma saudação.
Em resposta, Oliver respondeu educadamente:
— Não, é meu trabalho de qualquer maneira.
Mas Joe esclareceu:
— Não é isso. Obrigado por me seguir até aqui. Graças a você, consegui salvar as crianças rapidamente. Muito obrigado.
Oliver havia quebrado o protocolo ao não relatar a Forrest e consultar seu empregador, Jonathan, antes de correr para ajudar.
No entanto, ele sentiu que era necessário agir rapidamente e não arriscar prejudicar os membros da comunidade, adiando.
Felizmente, suas ações levaram a uma resolução bem-sucedida da situação sem grandes problemas, mesmo que não tenha sido altamente elogiada como ação de um Solucionador.
Oliver tinha prometido ajudar, e sentia que não tinha outra escolha senão seguir em frente.
“Bem, vamos descobrir de alguma forma.”
Joe perguntou com um toque de apreensão:
— Vamos agora? — Oliver assentiu em concordância: — É por isso que estou aqui.
Joe alertou:
— Se eu estiver enganado, podemos ter que lutar contra mais de duzentas pessoas. Eles não terão chance contra você, mas os números são significativos.
Oliver considerou por um momento antes de perguntar:
— Você pode me levar até onde o Sr. Cozinheiro está?
Joe respondeu:
— Sim, posso fazer isso.
— Isso é o suficiente. — Confirmou Oliver.
* * *
Depois de alguma conversa, Joe conduziu o grupo para guiar Oliver até o local de Cozinheiro.
O Cozinheiro havia reunido o Grupo de Lutadores no Distrito X e estava se preparando para um ataque da Firma de Crime.
— Então, originalmente, deveríamos ir para o Distrito Y para comprar algumas armas e fortificar um prédio lá.
— Hm… Então, por que o Sr. Cozinheiro está construindo uma base aqui?
— Bem, nosso relacionamento com os gângsteres do Distrito Y azedou. Alguém detonou uma bomba enorme lá e causou toneladas de danos.
— Quem fez isso?
Joe estreitou os olhos e olhou para Oliver.
— De qualquer forma, agora estamos lidando com a Firma de Crime, mas se errarmos, também podemos ter que lutar contra os gângsteres do Distrito Y. Está tudo ficando bastante bagunçado de repente. — Suspirou Joe, e Oliver concordou.
O rumor de que o Cozinheiro tentou roubar os itens do leilão da Firma de Crime se espalhou abruptamente, e a resposta deles foi muito apressada e caótica. Eles se prepararam abertamente para a guerra em vez de negar e ganhar tempo, fazendo parecer que estavam provocando intencionalmente uma briga.
— Ali.
Joe apontou para um grande prédio de vários andares em uma grande interseção que poderia acomodar mais de cem pessoas. O prédio estava cercado por barricadas, e tábuas ou metralhadoras estavam posicionadas nas janelas. Havia muitas pessoas lá, todas em um estado de agitação emocional.
— Ei, Joe. Você veio depois de terminar o trabalho? — Um homem que estava construindo uma barricada ao redor do local falou com Joe.
Em vez de responder, Joe fez uma pergunta:
— Onde está o capitão?
— Ele está ali do outro lado… mas e o Victor?
— Ele está morto. — Joe respondeu brevemente e entrou com Oliver.
— O quê?
O homem que havia falado anteriormente ficou chocado quando Joe passou por ele sem responder.
Eles abriram caminho por entre uma multidão de pessoas que estavam ocupadas se preparando para o próximo conflito, carregando armas, munições e frascos de emoções.
Quando Joe apareceu, aqueles ao seu redor pararam o que estavam fazendo e ficaram em silêncio, fixados nele.
— Capitão. — Disse Joe, parando em frente a um homem.
O homem era uma figura imponente, se destacando entre a maioria dos presentes com seus ombros largos, corpo musculoso e cabelo e barba espessos.
Ele exalava uma confiança tranquila que parecia manter aqueles ao seu redor sob controle, uma prova de suas habilidades de liderança.
— Oh… ei, Joe, você conseguiu?
— Sim.
— O trabalho correu bem?
— Ficou um pouco bagunçado.
— Bagunçado…? Ei, o que aconteceu com o Victor?
— Ele está morto.
— Por quê?
— Um soco esmagou a cabeça dele e ele morreu.
— De quem foi o soco?
— Meu.
As palavras de Joe causaram um rebuliço entre os membros do Grupo de Lutadores que estavam reunidos ao redor deles.
Estava claro que Joe tinha uma influência significativa dentro do grupo.
— Você o matou? Por quê?
— Isso simplesmente não faz sentido.
— Não faz sentido? O que diabos isso significa?
— Eu queria que todos nós vivêssemos, mas Victor era egoísta demais para ver isso. Ele queria que todos nós morrêssemos por seus desejos egoístas. Então, eu tive que cuidar dele.
Ao ouvir a resposta de Joe, o Cozinheiro pegou uma faca de carne robusta da variedade de lâminas em sua cintura, indicando que estava disposto a usá-la se necessário.
— Você não está fazendo sentido. Explique mais claramente.
A tensão no espaço aumentou à medida que o Cozinheiro contemplava se mataria Joe ou não. No entanto, o clima sério foi interrompido por uma voz inesperada que não se encaixava na situação.
— Hm, posso explicar?
Todos os olhos se voltaram para a fonte do som enquanto a voz de Oliver ecoava pelo espaço. Ele saiu lentamente, levantando a mão entre as pessoas.
— Com licença, por favor. Oh, obrigado.
Ele saiu lentamente da multidão, se desculpando educadamente enquanto avançava, seus passos ressoando com um batimento constante.
O Cozinheiro não pôde deixar de falar em meio à tensão repentina.
— Uau, estou vendo um fantasma?
Oliver respondeu calmamente:
— Até onde eu sei, ainda não morri, então provavelmente não é um fantasma.
— Você tem uma maneira de falar realmente única, sabia?
— Tenho? Enfim, é um prazer conhecê-lo, eu sou Dave, um Solucionador do Distrito T. Você não é o cara que nos espionou no Distrito Y outro dia?
— Hmm…
O Cozinheiro ergueu uma sobrancelha em resposta à pergunta de Oliver, confirmando sua suspeita de que era verdade. Ele olhou para Oliver com interesse e alerta enquanto os outros membros do grupo ficavam lá, confusos e incertos.
Quebrando o silêncio, Oliver falou.
— Isso… levaria muito tempo para explicar, mas vim aqui depois de ouvir dizer que você ordenou a Joe que me matasse.
— Você está louco ou algo assim?
— Perdão…? Hm, já me fizeram essa pergunta antes, mas eu não sou louco.
— Bem, então como você teve coragem de vir aqui sozinho, sem nenhum apoio? — O Cozinheiro questionou ceticamente enquanto examinava os arredores com a visão de bruxo.
Era uma pergunta válida. Afinal, era incrivelmente arriscado para Oliver ir até o covil de alguém que queria matá-lo. Era simplesmente loucura.
No entanto, Oliver respondeu calmamente.
— Como eu disse, é um pouco complicado, e Joe pediu minha ajuda.
— ……
— ……
— ……
— ……
Todos ficaram em silêncio. Como se não pudessem acreditar.
— Por quê?
— Perdão?
— Você veio só porque Joe pediu ajuda? Você ajudaria qualquer um que pedisse ajuda?
— Eu não ajudo todo mundo, mas se eu puder ajudar, eu ajudo… Além disso, eu não quero que o Distrito X e a Firma de Crime lutem. Paguei algumas mensalidades adiantadas da minha academia no Distrito X por meses, e se houver uma briga, todo o dinheiro iria por água abaixo.
Ao ouvir a razão de Oliver, o Cozinheiro explodiu em risos. A razão lhe pareceu tão absurda.
Depois de rir por um momento, ele falou:
— Joe… Estou decepcionado. Você confiou nesse cara louco e virou as costas para mim? Se tivesse lutado contra ele e morrido, eu pelo menos teria cuidado da sua família.
— Desculpe, mas eu não posso confiar em alguém que fez minha família de refém. É mesmo sensato acreditar nas palavras de alguém que come pessoas?
A menção de comer pessoas fez os membros circundantes do Grupo de Lutadores murmurarem. Parecia que eles não sabiam muito sobre o Chef de Carne Humana.
Na verdade, até mesmo Oliver havia aprendido sobre ele detalhadamente recentemente.
— Huh… Bom. Como você descobriu?
— Ouvi de Dave.
As observações do Cozinheiro admitindo que o que Joe disse era verdade apenas alimentaram o burburinho da multidão. Mesmo que esta fosse uma zona sem lei abandonada pela cidade, ainda havia um padrão moral mínimo.
Mas o Cozinheiro não demonstrou arrependimento.
— O quê? Vocês são todos idiotas? Não esperavam algo assim quando ouviram o nome, Chef de Carne Humana? Vocês realmente acharam que poderiam mudar de vida sem pagar o preço?
Os olhos do Cozinheiro se arregalaram, e ele gritou, fazendo com que todos recuassem como se ele tivesse uma influência enorme. Mas Oliver permaneceu impassível.
Ele levantou a mão novamente e disse:
— As pessoas têm suas próprias morais, então não acho que devam se sentir mal.
O Cozinheiro olhou para Oliver, que refutou suas palavras de frente.
— Isso é besteira. Pessoas que ganham a vida matando têm morais. Você acha que alguém acreditaria nisso?
— Hã? A parte de manterem um mínimo de consciência? Eu não acho que sejam tão ruins assim. Eles têm um pouco de humanidade.