O farmacêutico que estava trabalhando na farmácia verificou os registros do seu “trabalho paralelo”, enquanto esperava por um cliente que talvez não viesse.
Podia ser um trabalho paralelo, mas a renda lá era muito maior do que seu trabalho original.
— Uhm…
O farmacêutico suspirou ao ver o número crescente de pedidos recentemente.
Já fazia muito tempo que entrou nesse ramo de trabalho, mas esta foi a primeira vez que ocorreu um aumento tão exponencial.
O pilgaret feito combinando amor materno e raiva estava além do senso comum, pois curava a raiva no coração dos usuários, então os pedidos vinham de todos os cantos.
Era uma situação em que estava conquistando novos clientes além dos existentes.
Alguns lugares até se dispuseram a dar um dinheiro extra para que vendessem o produto apenas para eles.
Claro, rejeitou todas essas ofertas arrogantes, mas era uma notícia boa; mais pessoas querendo o produto significava mais opções de negócios do que apenas lucros.
Contudo, o farmacêutico não ficou feliz por causa de dois motivos.
Primeiro era que a oferta não poderia ser aumentada para atender o aumento da demanda, e o segundo era que essa conquista deslumbrante foi alcançada por causa de um menino, não por sua própria habilidade.
Um homem de negócios de terceira classe ficaria feliz apenas em ganhar alguns trocados, mas esse não era o caso para alguém de primeira classe.
Uma conquista só tinha valor se fosse alcançada por meio das próprias habilidades.
Fortunas obtidas por acaso podiam ser perdidas por acaso a qualquer momento.
Se Oliver desaparecesse do nada, o Pilgaret atualmente em circulação seria descontinuado, e a reputação e a confiança que ganhou até agora iria pelo ralo.
Portanto, o farmacêutico não conseguiu ficar feliz de verdade.
Já que não sabia por quanto tempo essa sorte duraria.
— Hum… Quero me aproximar dele, mas não sei como.
Quando o farmacêutico estava pensando na produção estável de pilgaret sintético, o sino da porta tocou.
Era um cliente.
— Como vai? — disse um careca de meia-idade ao entrar.
À primeira vista, era só um homem com uma barriga grande, mas sua atmosfera era diferente.
Havia algo estranhamente intimidante nele quando sorria.
— Inspetor Harry, o que faz aqui?
— Parece que tinha algo errado com o almoço que comi, me sinto muito inchado. Tem um copo com medicamento digestivo?
O farmacêutico puxou a alavanca na frente da máquina de um lado do balcão e pegou um copo com remédio para digestão.
Então entregou ao inspetor Harry.
— Obrigado.
— É uma honra ajudar quem trabalha arduamente pela cidade.
O inspetor Harry se inclinou para a frente e sussurrou, enquanto tomava o copo com medicamento digestivo.
— Um vaga-lume apareceu.
— Vaga-lumes… já apareceram nesta cidade antes?
— Não, mas apareceram ontem.
O inspetor Harry recuou a parte superior do corpo e engoliu o medicamento digestivo.
— Kya…! Tem um gosto ótimo. Acho que estou ficando doente de propósito só para beber isso.
— Pode tomar outro.
— Ah, desculpa… Vou te pagar.
— Relaxa. Você é alguém que serve a comunidade.
— Mesmo assim, ele tem que pagar. É necessário pagar um preço justo por qualquer coisa que faça. É a coisa certa a se fazer.
Uma terceira voz interrompeu subitamente os dois.
O farmacêutico e o inspetor Harry viraram a cabeça ao mesmo tempo.
Na porta, uma mulher bonita estava de pé com seu companheiro.
‘Quando foi que ela entrou?’
A mulher falou novamente.
— Se você faz alguma coisa, então tem que pagar por isso.
— Não sei quem é a senhora, mas estou bem, então não se preocupe. Não é grande coisa.
— Não estou falando de dinheiro, mas de justiça e ordem.
O farmacêutico foi capaz de adivinhar a personalidade dela só por meio de algumas falas; alguém que não recua quando acha que está certa.
Ela parecia o tipo de pessoa que sabia apenas uma coisa e que acreditava que era a verdade do mundo.
No mundo de hoje, havia pouquíssimas pessoas assim.
O farmacêutico olhou para o inspetor Harry e fez uma pergunta silenciosa, e ele assentiu como se respondesse sim.
— Ha… você está certa, senhorita. Parece que você tem que pagar, Inspetor.
Quando o farmacêutico disse, o inspetor pegou uma nota da carteira desgastada.
Quando ele saiu do assento, a mulher perguntou enquanto bloqueava seu caminho.
— Por que veio aqui?
— Bem…
— As pessoas da cidade vêm aqui com frequência. Pessoas que precisam de remédios, ou de um companheiro por um tempo, ou que precisam de um lugar para descansar… Não é uma cidade pequena? — O farmacêutico interrompeu subitamente e falou.
A mulher olhou para o inspetor e para o farmacêutico por um momento, depois saiu do caminho.
— Com licença.
— Ah… Farmacêutico. Tenha um bom dia.
O inspetor Harry saiu da loja, deixando apenas o farmacêutico e uma mulher não identificada na farmácia.
Eles olharam um para o outro sem dizer uma palavra, e o farmacêutico perguntou após ler a atmosfera.
— Posso ajudar em algo…?
Ele falou enquanto a mulher se aproximava dele.
— Sim, preciso da sua ajuda.
— Precisa de qual remédio?
— Não é de remédio que preciso.
— Hã… Então?
— Sou Joanna, uma paladina da Igreja Parter. Se não for um problema, posso conversar com você por um momento?
Depois que o farmacêutico colocou a placa na porta, ele conduziu a paladina Joanna até a área de descanso.
— Peço desculpa, mas só tenho duas cadeiras, tudo bem, cavaleiro…?
Aquele que entrou seguindo Joanna negou com a cabeça como se estivesse tudo bem.
— Que alívio. O que querem beber? Tudo o que posso oferecer é água, ou talvez algum copo com medicamento digestivo. O que a senhora… Ah, nossa, não é apropriado chamar de senhora… Como devo te chamar, cavaleira? Ou Dama Joanna?
— Me chame de Joanna. E um copo de água está perfeito.
O farmacêutico sentou depois de ouvir a resposta.
Era um espaço apertado, então o assento estava inesperadamente perto.
— Desculpa. A princípio, é um lugar para eu descansar sozinho… A propósito, por que uma pessoa da Igreja Parter veio me ver?
— Tenho algumas perguntas para você.
— Por favor, pergunte o que quiser. Vocês são pessoas que protegem o mundo do mal. Se eu puder ajudar com qualquer coisa… Mas espero que perguntem tudo dentro de 20 minutos. Nunca deixei minha loja fechada mais do que 20 minutos. Tenho orgulho disso.
— Vou tentar. A primeira coisa que quero perguntar é o seu nome real. É Donald Mattson?
— Sim, Joanna. Mas me chame apenas de Farmacêutico. Todo mundo me chama assim.
— Ouvi dizer que você possui cinco drogarias com nome Yuji* e um prédio em Wineham, é isso mesmo?
*N/R: Significa Ambição no original dos caracteres chinês.
— O nome da farmácia está certo, o prédio e o local também.
— Parece que você tem uma reputação alta.
— Só doei dinheiro aqui e ali para ajudar os necessitados. Nós moramos na mesma cidade, então temos que fazer isso.
— Isso é incrível. A generosidade de dar as próprias coisas. Acho isso ótimo.
— Obrigado. Meu pai me ensinou a viver uma vida de sinceridade e diligência, doando para quem precisa.
— Você é uma pessoa maravilhosa.
— Assim fico envergonhado. Posso saber por que você está perguntando isso?
— Ah, só achei que seria bom conseguir, pelo menos, algumas informações básicas sobre a cidade antes de iniciar a investigação.
— Investigação?
— Sim.
— Umm… se não for um problema, posso perguntar sobre o que é a investigação? É uma cidade tranquila, como pode ver.
— Sim, é realmente tranquila. Tranquila demais… Mas, inesperadamente, esse é um local melhor para o mal brotar.
— Como uma paladina veio, não tem como ser um mal normal, encontrou algum adorador de demônio?
— Desculpa, mas não posso contar isso. É confidencial… posso fazer mais algumas perguntas?
— Ah, me desculpe. Sou eu quem tem que responder… Por favor, pergunte.
— Pode soar rude, mas até onde sei esta cidade está ficando para trás.
— Bem… Quero negar, mas não posso porque é verdade.
— Tem algum motivo especial para ficar aqui sem dispor de sua propriedade?
— Umm… pode me dizer por que você fez essa pergunta primeiro?
— É que tudo é diferente do que ouvi antes de vir para esta terra. Landa é a terra que mais cresce. Todo mundo está se reunindo em Landa para procurar oportunidades, mas o farmacêutico não, então tem algum motivo especial para isso? Se for um assunto sensível, tudo bem não responder.
— Não. Não. Não é para tanto. Tenho muitos motivos, mas, como pode ver, não sou mais jovem. É difícil ir para uma terra competitiva e desconhecida como Landa, descartando todas as propriedades que não serão muitas. Sobretudo… É a minha terra natal, onde nasci e cresci. Tenho lembranças do meu pai. É por isso que fico aqui.
— Mesmo assim, o custo de manutenção não será maior se continuar assim?
— Isso é verdade. Só que aqui tenho o apoio dos amigos do meu pai junto com os meus amigos também. Eles compram alguns remédios e me dizem onde investir; como um restaurante ou cinema. Tenho uma vida feliz, graças a eles… Essa resposta basta?
A mulher chamada Joanna olhou para o farmacêutico com os olhos azuis-safira e assentiu com a cabeça.
— Sim… é… Deu a hora, então vou indo. Obrigada pela sua atenção e tempo.
— Não foi nada. Fico feliz que tenha sido útil.
O farmacêutico abriu a porta fechada e se despediu da Joanna.
— Tchau.
— Sim… Ah! Vou te contar.
— Contar o quê?
— O motivo para eu vir para cá. O Sr. Farmacêutico parece ser uma pessoa confiável.
— Não precisa se for importante.
— Não, eu quero contar a verdade. Meus colegas e eu estamos aqui para encontrar um bruxo que distribui drogas.
— Drogas…?
— Sim, é uma droga horrível que é feita roubando as emoções das pessoas e colocando em um produto chamado pilgaret. Ultimamente, ouvi dizer que essas drogas estão sendo produzidas em massa aqui.
— Ah, fiquei sabendo dessa notícia também… mas é estranho.
— O quê?
— Se existisse essa droga, ela seria fortemente distribuída em Landa. Se quiser parar a distribuição, não devia parar a rede de distribuição? Não sei por que foi enviada para aqui… Mas acho que esse caminho seria mais eficiente para o futuro…
O rosto inexpressivo de Joanna se contraiu um pouco.
— Fazer justiça não é sobre eficiência…
— Isso mesmo. Acho que está certa… Isso é justiça. Desejo sucesso na sua investigação.
No cemitério localizado nos arredores de Wineham.
Houve uma grande comoção no subsolo secreto.
— Depressa! Depressa!
Anthony, o mestre de sua família, gritou com seus discípulos.
Apesar dos gritos, os discípulos juniores tiravam com pressa o dinheiro do cofre e enfiavam nas bolsas do glutão.
Glutão era um item de magia negra feito de carne humana, dentes e emoções de gula.
Era um item útil que poderia ser usado para transportar cargas várias vezes mais pesadas.
Anthony perguntou: — Ainda não acabaram?
— Sinto muito, Mestre… temos muito dinheiro.
— …!
Anthony não podia dizer nada.
Ele obteve um lucro enorme ultimamente negociando com o garoto Oliver, de modo que até comprou outro cofre.
Não muito tempo atrás, estava muito feliz com o lucro, mas agora virou um grilhão prendendo seus tornozelos.
O que era ainda mais perturbador era que não queria abandonar o lucro depois de conhecer o sabor.
Anthony instou novamente: — Vamos logo. Mais rápido.
Naquele momento, um discípulo intermediário, que estava observando o lado de fora por meio de um rato, gritou: — Mestre! Um intruso não identificado está se aproximando daqui.
— O quê?!
Anthony congelou de surpresa.
Assim que ouviu do farmacêutico que uma vaga-lume (Paladina) tinha chegado, ele imediatamente se preparou para evacuar, mas o movimento deles foi muito mais rápido do que esperava.
— Filhos da puta. São diligentes mesmo… Os discípulos intermediários compartilham a visão com os seniores, e os seniores ativam a magia negra preparada.
Os discípulos seniores, que estavam esperando em fila, ajoelharam-se e juntaram as mãos como se estivessem orando.
Os discípulos intermediários colocaram imediatamente a mão nos ombros dos discípulos seniores e compartilharam a visão.
Logo, por meio dos olhos de um rato, os discípulos seniores conseguiram ver o lado externo e identificaram que havia dez intrusos.
Eles estavam em uma formação grande e armados com armas de alto nível; todos pareciam profissionais.
Após verificar a situação externa, os discípulos seniores usaram magia negra conforme instruído pelo mestre.
[Erga-se]
Quando a magia foi lançada, os tubos de ensaio plantados ao redor do cemitério reagiram e expeliram Força Vital no círculo mágico que foi preparado com antecedência.
A força vital liberada foi usada para reviver os corpos que foram enterrados irregularmente ao redor.
O número podia não ser o suficiente, mas não acabou por aí.
Os discípulos seniores entoaram magias de novo.
[Injetar Ódio]
[Vida em Combustão]
[Raiva de Terror]
O círculo mágico, que reagiu com a magia, mais uma vez fez com que o tubo de ensaio liberasse emoções, que deram ódio e poder explosivo aos cadáveres.
Todos os cadáveres correram em direção aos intrusos, que eram os alvos de [Injetar Ódio].
A velocidade era consideravelmente rápida por causa da queima da força vital.
Contudo, os adversários não eram alvos fáceis.
[Luz Sagrada]
De repente, uma luz brilhante irrompeu de dentro da área e fez com que os zumbis atacantes parassem de uma só vez.
Os zumbis, que foram engolidos pelo fogo, gritaram de dor, enquanto os intrusos os aniquilavam com machados, espadas e armas de fogo enormes fora do padrão.
— Mestre…?
— Estou vendo. Já pegaram todo o dinheiro?
— Sim, pegamos tudo!
Os discípulos juniores disseram enquanto carregavam as bolsas de glutão que estavam empilhados como uma montanha.
‘Como o farmacêutico disse antes, devo encontrar um jeito de manter o dinheiro a salvo.’
— Ataquem com os cadáveres de novo.
— Vai ter alguma utilidade, Mestre?
— Isso não importa. É o suficiente para ganhar tempo… E tragam aquilo.
— Está falando sério?
— Sim, estou. Não devemos simplesmente fugir. Pode até ter uma paladina, mas temos que ensiná-los a não invadir o território de um bruxo do tipo manipulação.
Os discípulos seniores, que entenderam o significado, reviveram os cadáveres novamente, fortaleceram e depois os fizeram atacar.
Só que desta vez também foram destruídos do mesmo jeito, o que convenceu Anthony.
‘Mesmo que tenha uma paladina, não tem ninguém que possa aniquilar todos os zumbis de uma só vez.’
‘Afinal, é de um nível bastante alto. Segundo o farmacêutico, a garota jovem de olhos azuis provavelmente não é tão habilidosa. A não ser que seja um gênio.’
— MESTRE, esgotamos as emoções e força vital que instalamos no cemitério.
— Os intrusos passaram pela entrada.
Vozes urgentes vieram de todos os lados.
Foi então que a voz que estavam esperando foi ouvida.
— Mestre, já trouxemos.
O que os discípulos intermediários sofreram para trazer foi um caixão tão grande que podia caber um gigante.
Foi algo preparado de antemão para qualquer guerra possível.
— Pegaram todo o dinheiro?
— Sim, pegamos tudo! Mestre.
— Vão para o lugar que falei. Todo mundo.
O discípulo sênior Han falou subitamente.
— O quê? Mestre, mas…
— Vão logo.
No final, com as palavras do Anthony, todos os discípulos correram para a passagem secreta.
Cada um carregava uma bolsa cheia de dinheiro, e Anthony esperou pacientemente pelos intrusos.
Ele queria ver o sangue dos intrusos para restaurar sua autoestima como um bruxo.
Logo, os convidados indesejados apareceram.
— Lá está ele!
Acompanhado da voz, tiros foram disparados em Anthony.
[Escudo de Carne]
Anthony se cobriu com o cadáver.
Em alguns casos, era mais eficaz do que o Escudo Negro, que usava imediatamente uma quantia grande de emoção e força vital.
[Erga-se]
[Obediência]
[Raiva Ardente]
Com esses cânticos, o caixão enorme preso com correntes tremeu e foi aberto com um som de estrondo.
De dentro, ergueu-se um golem de cadáveres feito pela fusão de vários cadáveres.
— Karrrrrrrrr——!!
— Kareeeeeeeeeeek!
— Ughhhhhhhh…!
A cabeça enorme central e as oito cabeças ao redor gritaram como se fossem uma só.
Com a invocação de Anthony, o golem de cadáveres se levantou e as juntas, que estavam rígidas há muito tempo, produziram um som amedrontador!
Havia seis pares enormes de braços juntos com várias mãos, cada uma com um martelo, uma faca e um machado.
Qualquer um podia cagar de medo só de ver essa cena.
Em particular, era difícil evitá-lo por causa do corredor estreito.
Anthony ordenou que o golem de cadáveres matasse os intrusos.
TUTUTUTUTU!
O golem de cadáveres correu.
Subitamente, Anthony sentiu uma energia incomum quando estava prestes a sair.
[Descanse em paz]
Foi então que surgiu luz tão brilhante que nunca poderia ser vista no cemitério.
Anthony quase pensou que tinha ficado cego.
Ele viu o golem de cadáveres, no qual havia se esforçado tanto para criar, transformar-se em um punhado de cinzas.
— …?!!!
Quando o golem de cadáveres se transformou em cinzas e desapareceu, uma mulher apareceu no final do corredor.
Ela tinha uma beleza extrema, que não correspondia à realidade, e usava um casaco comprido, um escudo circular em uma das mãos e uma maça de ferro na outra.
Com medo, Anthony fez contato visual com ela, mas logo a paladina desapareceu de vista como um flash de luz, aparecendo subitamente bem na frente dele.
— Eu perdoo seus pecados.
Com essas palavras, os olhos do Anthony viram uma maça de ferro vindo em sua direção.
E depois disso, não conseguiu ver…
Mais nada para sempre.