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Genius Warlock – Capítulo 43

Capítulo 43

— Quem é Freckle?

Todos olharam para Oliver e ficaram sem palavras diante dessa pergunta inocente.

— …

— …

— …

— …

Depois de um longo silêncio, alguém começou a rir: — Hahahahahahahaha… você não sabe quem é Freckle?

— Hm, não. Quem é Freckle? Acho que ele é um humano, né?

— Você acha que ele é um humano…? Haha! Claro que é um humano. E é um humano famoso por aqui… Ei, acha mesmo que esse garoto trabalha pro Freckle? Ele nem sabe quem o Freckle é…

— Não, mas também pode estar mentindo.

— Sim, talvez esteja mentindo. Mas talvez não conheça mesmo o cara, olha a cara dele. Ele parece inteligente o suficiente para mentir?

O homem chamado Kent falou enquanto agarrava o rosto do Oliver com as duas mãos cheias de calos para se certificar de olhar de perto.

Ele era muito forte ao contrário da aparência.

Quando viram o rosto inexpressivo do Oliver, eles ficaram um pouco dissuadidos porque foram persuadidos.

— Bem… talvez ele não saiba.

— Sim. Talvez ele não saiba. Mesmo assim…

— Kent… devemos muito a você, mas liberar ele assim ainda é um pouco complicado… Sabe, né?

Oliver não conseguiu entender o que eles estavam falando, mas podia ver que todos estavam se sentindo ansiosos, confusos e com medo.

O homem chamado Kent também estava de acordo até certo ponto.

— Ugh… Concordo com o que vocês estão falando… então que tal o seguinte?

— O quê?

— Vou levar ele comigo.

— O quê? Do que você está falando…

— Vou levar ele comigo, e se tiver qualquer coisa suspeita, eu mesmo dou um jeito nele. Com isto aqui!

Kent acenou com o bastão de madeira e disse.

Os perseguidores ficaram confusos com a declaração dele.

— Não, você não pode…

— Por quê? Está falando que não pode confiar em mim?

— Oh, não, como podemos dizer uma coisa dessas?

— Então, qual é o problema? Vou monitorar esse garoto. Então, vocês podem ficar aliviados, certo? Vou perguntar de novo. Vocês confiam em mim? Confiem em mim, porque vou ficar realmente triste se disserem não.

No fim, os perseguidores do Oliver hesitaram e cederam, porque não conseguiram lidar com a pressão do Kent.

— Tá bom… Devemos muito ao Sr. Kent. Vou confiar em você, mas se ele fizer qualquer merda, não vamos deixar passar.

— Obrigado, obrigado…! Como esperado, eu sabia que você confiaria em mim. Acho que vou chorar, sério, pegue isso como um agradecimento pessoal. Tome. Aceite.

Kent tirou algumas notas do bolso e colocou nas mãos deles.

Eles disseram que não, mas aceitaram após os esforços repetidos do Kent.

— Ah… Não precisa mesmo. Bem, então vamos seguir nosso rumo.

— Sim, boa noite. Qualquer problema que tiverem, é só contarem comigo, que vou estar sempre a disposição de vocês.

Kent os viu partir com uma atitude que não era nem radiante nem sombria.

Quando desapareceram de vista, apenas Kent e Oliver foram deixados na rua.

Oliver viu as emoções das pessoas que estavam saindo uma a uma e depois se virou para o homem chamado Kent.

Parecia não ser uma pessoa normal.

— Olhe…  ei? Ei! Não consegue me ouvir?

Oliver voltou a si.

Ele olhou para frente e viu o homem chamado Kent estalando os dedos.

— Você pensa na morte da bezerra com muita frequência?

— Hm… Desculpa. Só fiquei assustado.

— Você está assustado? Ugh… Acho que não.

— Eu estava um pouco… De qualquer jeito, obrigado pela ajuda. Sobrevivi por sua causa.

— Oh, acho que está ciente disso. Se você fosse alguém enviado pelo Freckle, então seria espancado até a morte. E mesmo se não fosse, seus itens, incluindo as roupas íntimas, seriam roubados. Claro, você deve ser grato.

— Sim, obrigado.

Oliver inclinou a cabeça e agradeceu imediatamente.

Foi uma habilidade que aprendeu na mina e no orfanato.

Felizmente, funcionou com o homem na sua frente.

Os cantos da boca do Kent se levantaram.

— Nesse sentido, posso perguntar de onde você veio?

— De Wineham…

— Wineham? Ah… ainda tem gente morando lá. Mas por que alguém que morava em Wineham veio para Landa? Ainda mais para o Distrito X?

— É que aconteceu algo…

— Algo? O quê… — Kent murmurou e encarou o Oliver.

Jaquetas brilhantes desgastadas há muito tempo e sapatos empoeirados.

Kent assentiu como se tivesse adivinhado algo.

— Cadê… os seus pais?

— Não tenho.

— O quê? Sem pais… Então por que veio até aqui? To curioso… Não, na verdade, forasteiros não costumam vir ao Distrito X, então estou muito curioso.

Oliver não respondeu imediatamente, mas olhou nos olhos do Kent.

Ele era um homem muito bonito que não tinha raspado a barba direito, mas seus olhos mostravam a mesma esperteza do farmacêutico e do James.

Oliver tinha um pressentimento de que não deveria responder com descuido.

— Uma… pessoa que cuidou de mim no passado disse que estava morando aqui… Então vim na esperança de encontrar ele de novo.

— Quem é essa pessoa?

— Foi ele quem cuidou de mim no passado.

— Jura…? Chegou a se encontrar com ele?

— Hm… Não.

— Por que… veio atrás dele?

— Queria perguntar uma coisa.

— O que você quer perguntar?

— Hm… É a primeira vez que saio para o mundo sozinho, então queria fazer algumas perguntas. Tem muitas coisas que não sei.

— É… a primeira vez que sai ao mundo? Você parece um pouco bobo, mas suas intenções são muito nobres, não são?

— Obrigado?

— Hah…! Você não tem pais, então veio para Landa… Aconteceu alguma coisa?

— Hm… Umas coisas aí.

— Umas coisas aí…? Haha, que garoto estranho e suspeito.

— Sério?

— Sim, sim… Vou perguntar de novo. Vou perguntar com muita seriedade, então responda seriamente.

Oliver olhou nos olhos do Kent e respondeu: — Sim.

— Você não sabe mesmo quem é Freckle?

Dois olhos afiados brilharam como os do farmacêutico.

— Não, não sei… Quem é esse?

— Hah… Um cara muito mau… Então vai para onde?

Oliver olhou para o outro lado do Distrito X, o parque onde conheceu Joseph.

Tinha carrinhos de cachorro-quente e de sorvete, fontes e bebês anjos, além de pessoas felizes e tranquilas.

Obviamente, ele decidiu ir lá, só que perdeu subitamente o interesse no parque, quando viu o homem desconhecido na sua frente.

— Hm… não, não tenho lugar para ir.

— Você não tem para onde ir… Então também não tem lugar para passar esta noite, certo?

— Hm… não.

— Jura? Hah

O tal de Kent acariciou a barba em confusão.

Ele se sentiu um pouco em conflito.

— Hm… Hah, devo estar ficando louco. Você nem se parece com ele… Garoto, então me siga já que não tem para onde ir. Vai ficar frio em breve.

— …

— Bem, não precisa me seguir, se não quiser.

— Posso… perguntar uma coisa se não for um problema?

— Você é muito educado. Não precisa ser tão educado, garoto. Só pergunte. Vai perguntar se estou te sequestrando ou se vou tentar te vender?

— Não… Já sei que você não tem nenhuma intenção maliciosa. E que está genuinamente tentando ajudar. Muito obrigado.

— …

— Mas nunca conheci uma pessoa assim… Posso perguntar por que você está tentando me ajudar?

— Ora… por quê? Não sei. Talvez porque me senti bem em ganhar muito dinheiro hoje. O que vai fazer? Vai me seguir ou não? Só falar.

Oliver olhou para Kent mais uma vez.

Suas emoções mostravam que não tinha nenhum motivo oculto.

— Quero te seguir se não for um problema…

— Você fala todo bonito. Então venha comigo.


Oliver o seguiu.

Toda vez que Kent caminha, havia um som de “tak-tak” porque o bastão batia no chão, e as pessoas que o encontravam por acaso na rua o cumprimentavam calorosamente ou viravam a cabeça em descrença.

— Oi! Kent.

— Ah, bom te ver.

— Está vindo do trabalho?

— O trabalho é conseguir dinheiro.

Enquanto passava por tantas pessoas, Kent virou a cabeça e perguntou: — Está se perguntando para onde estamos indo?

— ? Não… na verdade, não.

— Não tem medo de nada… Né?

A pergunta do Kent era legítima.

Ele continuou desse jeito mesmo depois de sair do Distrito X e chegar ao Distrito W, que era relativamente melhor, mas era ainda uma favela de baixa segurança. E onde quer que Kent passasse, havia lugares cada vez menos povoados e mais misteriosos.

Eram nessas situações que as crianças precisavam suspeitar e ter medo dos adultos.

Obviamente, Oliver não mostrou nenhum sinal de suspeita.

Do ponto de vista do Kent, dava para dizer que Oliver era uma criança muito estranha.

— Tenho medo de muita coisa…

— Ah, é mesmo? Para sua informação, odeio mentiras.

— Não é mentira. Não gosto de ficar doente, tenho medo da morte e tem um monte de outras coisas que me dão medo.

— Normalmente, todo mundo tem medo de ficar doente ou morrer. Tem algumas pessoas estranhas que gostam disso, mas elas são exceções.

— Sério?

— Sim, meu Deus… você normalmente fala assim? Acho que tem algo de errado com a sua cabeça.

— Alguém me viu e disse que eu estou quebrado…

— Quebrado? Pode ter certeza. Quem foi?

— Hm, foi…

— Minha nossa!

Quando Oliver estava prestes a responder, uma voz alta os interrompeu de algum lugar.

Ele virou a cabeça na direção do som apenas para ver um homem e um menino.

Um era um homem de meia-idade com rugas, um nariz longo e calvo.

O menino tinha cabelos loiros claros e usava sapatos e um casaco muito grande.

— Kent! Kent! Kent! Kent, a luz dos mendigos!

O homem foi até Kent, largando o garoto que estava carregando.

Ele expôs um sorriso inocente, mas estava evidente que era um alcoólatra só de reparar no nariz avermelhado dele.

Ele cantarolou e continuou falando: — Você finalmente está aqui. Finalmente está aqui… Estou tão feliz que voltou em segurança!

— Sim, bom te ver… Está a caminho do trabalho?

— Trabalho? Eu? Haha! Não trabalho já faz 20 anos! Essa piada foi boa! Ele que é responsável pelo trabalho agora. Ele aqui! Não é? 

O homem de nariz vermelho apontou para o menino loiro e disse.

O menino loiro sorriu inocentemente e curvou a cabeça para Kent. 

— Como você voltou em segurança, quer dizer que nosso líder recebeu o dinheiro, né? Agora, mostre a este nariz vermelho o quanto conseguiu. Bora.

— Parece que você está ficando sem cachaça.

— Estou sempre precisando de cachaça! Ganhou quanto?

— Depois conto. Depois. Só vamos verificar quando todos estiverem reunidos, para que ninguém fale nas costas.

— Ah…! Tá, admito! Tá certo. Então posso perguntar outra coisa?

— Sempre tive a sensação que você fala muito, mas agora está falando ainda mais. O que foi?

— Quem é esse garoto?! — O homem de nariz vermelho apontou exageradamente para Oliver e perguntou.

Kent olhou para Oliver sem falar nada e logo abriu a boca.

— Esse garotinho? Uh… Encontrei ele no caminho até aqui.

— Você está falando como se tivesse pegado um cachorro… Pirralho, qual é o seu nome?

O rosto do homem de nariz vermelho ficou tão perto, que Oliver se sentiu incomodado.

Ao contrário de sua expressão inocente, os olhos daquele homem brilhavam de um jeito afiado, embora não tanto quanto os de Kent.

É como se ele pudesse ver se Oliver estava mentindo ou não.

Oliver olhou diretamente para o rosto dele e respondeu com calma: — Meu nome é Oliver. Vim de Wineham.

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