Mesmo sendo de manhã cedo, ainda havia clientes no restaurante do Forrest.
Não havia muitos, apenas dois ou três, mas Oliver deu uma olhada neles e viu que não eram clientes comuns.
— São todos solucionadores. — Al, que estava guiando Oliver, explicou rapidamente para ele.
— Entendi.
— Sim, alguns Solucionadores diligentes vêm cedo todas as manhãs para descobrir se tem algo de bom. Tem também pessoas que vêm só para comer. Então, nosso restaurante abre de manhã cedo.
— Entendi. Obrigado pela explicação — Oliver agradeceu sinceramente.
Poucas pessoas possuíam a gentileza de explicar as coisas para ele.
Oliver achava que Al era uma boa pessoa.
— Não tem de quê. Só faz parte do meu trabalho.
— Ei, Al. Quem é esse cara?
Pouco antes de Oliver e Al poderem entrar no corredor da equipe, uma mulher falou.
Ela estava sentada sozinha em uma mesa coberta com uma toalha branca.
Na mesa, havia chá quente e panquecas, mas só comeu metade como se não tivesse gostado.
A mulher vestia um vestido elegante, mas o espartilho de couro que realçava sua cintura e peito exalava um estilo um tanto provocativo.
Claro, Oliver não sentiu nada.
— Olá, srta. Coco. Este é Dave, o novo Solucionador que veio ontem.
— Um novo Solucionador?
— Sim.
— Uau…
Ela expressou seu interesse com um sorriso brilhante.
Tinha um sorriso muito brilhante, mas, em contraste, seus pensamentos internos mostravam movimentos anômalos, como se estivesse pensando muito.
— Esse é o novo Solucionador que o velho Forrest aceitou… que interessante.
— Ele provou ter credibilidade e habilidades suficientes.
— Ah… credibilidade, então foi apresentado por alguém em quem o Velho pode confiar? E se já provou ser competente, então… Não me diga que ele foi o responsável por capturar a quimera que estava causando problemas no Distrito V?
Oliver franziu um pouco as sobrancelhas.
Ele pegou uma quimera ontem, mas se perguntou se a informação podia ser espalhada tão rápido.
— Hahaha. Não se surpreenda. Essa é a minha área de especialização. Meu nome é Coco. Qual é o seu?
— Meu nome é Dave.
— Prazer em conhecer, Dave. Te vejo depois.
Ela se levantou com um gesto gentil e elegante e deixou a comida na mesa.
— Quem… é ela? Também é uma Solucionadora?
— Não. Ela é uma negociante de informações que negocia com o chefe.
— Informações?
— Sim, é uma pessoa que lida com informações. Além disso, administra muitos outros negócios… Vou te guiar até o chefe.
Toc. Toc.
Quando Al bateu à porta, Forrest estava preenchendo os papéis.
Quando Oliver abriu a porta e entrou, ele assinou os papéis e os organizou.
— Olha só, um cliente inesperado no início da manhã.
— Sinto muito se causei qualquer inconveniente.
— Não. Não é isso. Só fiquei surpreso.
— Sério?
— Normalmente, se as pessoas ganham 40 milhões em um dia, elas não voltarão por, pelo menos, algumas semanas. Costumam tirar umas férias longas.
— Tive um bom descanso ontem à noite.
Forrest levantou as mãos e assentiu como se entendesse o que Oliver queria dizer.
— Ok, já chega de conversa fiada. É óbvio, mas vou perguntar mesmo assim. Está aqui para pegar um novo trabalho, né?
— Sim.
— Hum, está bem. Antes de arranjar um trabalho, tem algo que queira fazer ou ficar longe?
Vasculhando o arquivo, Forrest perguntou.
Oliver pensou por um momento antes de abrir a boca.
— Não tenho nenhum trabalho específico que quero fazer ou evitar, mas prefiro não prejudicar os civis.
— Que bom. Penso igualzinho. É relativamente fácil e o lucro é decente, sobretudo, podemos evitar virar alvo de investigação. Fico feliz que você tenha a mesma tendência.
Foi como Kent disse.
Os agentes também eram encarregados de acordo com suas preferências pessoais, e a natureza dos solucionadores pertencentes a eles também variava.
Era óbvio que seria difícil trabalhar a longo prazo com um agente que não se encaixava na preferência.
— Hum… Não tenho nenhum trabalho para te passar neste momento.
— Sério?
— Sim, bem, tem coisas pequenas como caçar recompensas e matar ou capturar criaturas contaminadas, mas o pagamento dessas missões é baixo. Você não precisa fazer algo que não tem retorno lucrativo, certo? Especialmente porque esse não é o seu objetivo.
Oliver respondeu com silêncio porque o que ele disse estava certo.
Ganhar dinheiro era importante, tão importante quanto aumentar as conexões e entrar no mercado negro.
De repente, Oliver se perguntou se já havia falado sobre isso com Forrest.
— Não fique surpreso. Como pode ver, sou muito velho, então já tenho muita experiência neste ramo. Sei que não é só por dinheiro que um bruxo talentoso como você se tornou um Solucionador. Se precisasse mesmo de dinheiro, então faria drogas ou participaria de algum grupo criminoso.
— Incrível…
— Obrigado pelo elogio. Peço desculpas se você ficou ofendido porque falei como se te conhecesse.
— Não, não fiquei ofendido. Se não for um problema, pode continuar falando?
— Quer falar sobre o quê?
— Fale sobre as coisas com base em sua experiência.
Forrest olhou em silêncio para Oliver.
— Oh, falei alguma coisa errada?
— Não. É só que… é fascinante, você normalmente é tão curioso?
— Acho que sim.
Forrest olhou para Oliver por um momento antes de abrir a boca.
— Os Bruxos… que geralmente trabalham como Solucionadores são divididos em duas categorias principais. Os primeiros são os pobres que carecem de habilidades, ou aqueles que aprenderam tanto que sentem que não pertencem a uma família.
— Entendi.
— E o segundo grupo tende a ser mais diverso. Ou eles se tornam lutadores que gostam de lutar, ou ficam cansados de estar com bruxos e querem ganhar mais poder. Quando prova que é um grande bruxo, muitos gigantes lhe dão uma mão. Se você tem confiança suficiente, é possível.
— Entendi.
— Mas não acho que você se encaixe em nenhum desses grupos. A atmosfera é diferente. Não é algo que dê para esconder. Só vou perguntar por curiosidade, então não precisa responder se não quiser. Por que… está trabalhando como um Solucionador? De novo, se não quiser contar, tudo bem. Entendo completamente. É bom manter uma certa distância.
Oliver pensou por um momento e falou: — Porque… quero usar o mercado negro.
— Mercado negro?
— Sim, conhece?
— Não, conheço lugares parecidos, mas não sei muito sobre o mercado negro. Por que você quer usar isso?
— Nada demais, é só porque quero comprar livros de magia negra. Quero estudar magia negra, mas não quero ficar vinculado a uma organização. Porque eu teria que fazer coisas que não quero, o que gasta muito tempo.
— Entendi…
Forrest assentiu lentamente, até queria perguntar mais, mas resistiu à tentação.
Oliver se perguntou subitamente se tinha cometido um erro.
Kent aconselhou a ser o mais cuidadoso possível, mas parecia que ele tinha falado muito esta manhã, apesar dos esforços de ontem.
Só que não teve escolha porque as palavras do Forrest eram bastante divertidas.
— Eu não esperava que você fosse me contar um segredo importante em apenas dois dias desde que nos conhecemos. Fico feliz que confie em mim.
— É porque não consigo me controlar quando fico curioso.
— Também acho… Então seu objetivo é o mercado negro… Enfim, o que acha deste trabalho? Sendo honesto, não é a coisa certa a se fazer, mas acho que está tudo bem se abordarmos com a ideia de aumentar nossas conexões.
Com essas palavras, Forrest estendeu uma pasta para Oliver.
Era uma pasta de arquivo de papel marrom e duro, e as letras CF-M estavam escritas em uma fonte estilosa na parte externa.
Oliver abriu a pasta de arquivo.
De um lado estava uma foto em preto e branco de um homem gordo e de meia-idade, e do outro lado estava a informação relacionada a ele.
— Nome do sujeito: Herbert. Ex-professor assistente de alquimia na Torre Mágica. Pedido para capturar vivo?
— Exatamente. A propósito, o cliente é atualmente um membro da Firma de Crime.
Firma de Crime.
Oliver ouviu falar deles da boca do Kent.
Era uma organização criminosa enorme que englobava toda a Inglaterra, incluindo Landa.
Na verdade, era dito que era eles quem governavam o submundo.
Claro, não era dominação perfeita devido a conflitos internos e atrito com outras gangues não afiliadas, mas superavam os outros em números e tamanho, de modo que podiam ser chamados de governantes do submundo.
Kent o aconselhou a evitar qualquer coisa que pudesse causar atrito com eles o máximo possível, e a ter um apoio sólido para enfrentá-los caso fosse inevitável.
— Não entendi muito bem a parte de capturar, pode explicar?
— Claro, já ia explicar de qualquer jeito. A pessoa na foto era um professor-assistente, conforme descrito no documento. Sendo exato, ele era um ex-professor-assistente.
— Quer dizer que ele era um professor antes, mas não agora? —
— Sim, ele largou esse trabalho. Sendo preciso, foi demitido porque roubou alguns bens da Torre para fabricar vinho mágico ilegal. Aí acabou sendo pego e foi expulso.
— Entendi.
— Mas isso não o impediu. Ele tinha um talento inesperado, e o produto que fazia era muito bom também, então, nosso cliente se aproximou dele primeiro e sugeriu fazer negócios juntos. O negócio do vinho mágico.
Vinho mágico.
Um termo genérico para bebidas alcoólicas processadas pela adição de poções.
Tratava-se de uma bebida alcoólica perigosa que, se produzida incorretamente, podia causar morte ou efeitos colaterais, além de ser um produto ilegal. No entanto, se produzida corretamente, podia ter um sabor incrível e uma qualidade viciante que não podia ser encontrada em álcoois convencionais.
A produção e a distribuição eram consideradas ilegais por vários motivos, como razões morais, o risco de produção, o consumo e a sacralidade da poção, mas eram comercializadas a um preço caro porque eram ilegais.
Oliver se lembrou do que Kent disse. Até contou que gostava de beber quando era jovem.
— O professor-assistente também era uma pessoa com uma conexão social muito ampla, por isso não se envolveu imediatamente, mas, no fim, o cliente desesperado pagou uma quantia pequena como adiantamento e assinou um contrato com ele.
Parecia que Oliver já sabia como a história fluiria.
— Só que o problema foi que ele desapareceu depois de receber o dinheiro. Ou seja, meteu o pé. O cliente se esforçou para achá-lo, mas só descobriu a localização dele há algumas semanas.
Oliver verificou a pasta de arquivo.
— No Distrito X.
— Sim, não importa o tamanho da organização criminosa ao qual se juntou, o Distrito X não é território deles. É uma área sem lei cheia de gangues não afiliadas e grupos mercenários. O professor-assistente é inteligente e tem dinheiro, então pensa em administrar seu próprio negócio a partir de lá.
Oliver pensou por um momento. De repente, o Mago de Raio veio à sua mente.
— Posso perguntar uma coisa?
— O quê?
— Tem tantas pessoas saindo da torre assim?
Forrest pensou por um momento, depois respondeu: — Hum… Tem sido assim ultimamente. O status e a influência econômica dos magos se desenvolveram a um ritmo tremendo, mas, ao mesmo tempo, a competição entre eles se intensificou. Por causa disso, os magos também entraram nesse ramo, e por isso está um caos.
— …
— Não chegou a esse ponto ainda, mas algumas pessoas sagazes, ambiciosas e poderosas estão percebendo que uma mudança ocorrerá. Como dois lados da mesma moeda, onde há luz, também há sombra. Os magos que antes eram chamados de luzes estão lentamente começando a mostrar o lado sombrio, então acham que devem se preparar de acordo. Portanto, aqueles no topo estão procurando por um bom solucionador.
— Você está insinuando que posso me destacar se eu fizer este trabalho?
— Não tenho certeza, mas existe uma possibilidade. Pelo menos, pode formar uma relação com um membro da Firma de Crime. Tenho certeza que ele apreciará a sua ajuda porque está com pressa.
As palavras do Forrest foram sinceras e pareciam logicamente corretas.
— Mas não vou te forçar. Sendo honesto, este trabalho não se encaixa no perfil.
— Sério?
— Sim, o pagamento é de 20 milhões, e é uma missão solo sem nenhum apoio. As condições também são muito rigorosas. Seria fácil se fosse uma destruição simples ou assassinato, mas o cliente está pedindo que leve o professor-assistente até ele da forma mais segura possível.
— É um pouco parecido com o trabalho da Quimera.
— Também é diferente. A Quimera estava sozinha, mas ele não está. Até contratou gangues próximas com o dinheiro que conseguiu vendendo vinho mágico, e, de acordo com outra investigação, parece que também contratou mercenários profissionais. A propósito, os mercenários são bruxos…
— Bruxos?
— Sim, o número de bruxos aumentou muito ultimamente. Não sei ao certo o porquê, mas… o risco é altíssimo.
— Esse trabalho… vai me ajudar a conseguir mais trabalhos no futuro?
— Conforme os boatos se espalhar, o valor do seu nome também aumentará.
Após pensar seriamente, Oliver respondeu: — Então estou dentro.