O aparecimento dos paladinos Elton e Joanna causou uma irritação completa nas emoções do oficial da cidade.
O motivo era desconhecido, mas parecia que não gostava muito dos paladinos; mesmo assim, ele se levantou e os cumprimentou formalmente.
— Muito prazer, Sr… Sou Paul Carver do Departamento de Assuntos Internos de Landa. É um prazer conhecer os Paladinos que são os guardiões da humanidade.
O oficial da cidade, não, Paul Carver mentiu naturalmente.
Como se quisesse retribuir, o Paladino Elton também respondeu com uma mentira.
— O prazer é meu.
— Como o senhor entrou, devia ter um guarda lá fora?
Ao ouvir a pergunta, Elton colocou a mão no casaco de ferro e puxou um pedaço de papel.
O papel era mais branco do que as nuvens, como se estivesse emitindo luz.
— Entrei justamente de acordo com as disposições do contrato da cidade. Você trabalhou duro até agora, mas vamos interrogar este bruxo de agora em diante. Pode sair agora.
O homem chamado Elton falou com um tom rude e coercivo condizente com sua aparência solene.
Mas Paul não cedeu também.
— Acho que o senhor entendeu errado, não estamos interrogando. Só estávamos investigando. Ele… não é um criminoso, mas um trabalhador da guilda de Solucionadores que pertence à cidade.
Oliver encarou Paul ao ouvir essas palavras inesperadas.
Ele não tinha nenhum sentimento particular por Oliver, mas falou desse jeito por causa do seu ódio pelo Paladino.
O Paladino Elton respondeu: — Eu sei. Mas o Marionete apareceu, e cabe a nós decidir se o assunto é uma investigação ou um interrogatório. Sinto muito, mas, por favor, afaste-se.
— É verdade que temos que cooperar com base no acordo da cidade, mas estamos investigando primeiro, então, por favor, espere um pouco.
— Desculpa, mas não posso.
— Não é um pedido. Não tem nada no contrato da cidade que diga que temos de passar o assunto que estamos investigando imediatamente. Sinto muito, Paladino. Aqui é Landa.
— Você planeja interferir no trabalho de um Paladino?
— Só estou fazendo o meu trabalho. Assim como você, Paladino.
A atmosfera ficou tensa.
Oliver não sabia a razão, mas o oficial da cidade e o Paladino pareciam se odiar, o que criou uma sensação de tensão que parecia quebrar a qualquer momento, e Oliver observou a cena com interesse.
Conforme a tensão aumentava gradualmente e chegava ao limite, uma mulher abriu a porta e entrou.
Ela tinha cabelo curto e usava um terno, e Oliver instintivamente entendeu que ela era uma oficial da cidade como Paul.
A atmosfera era muito semelhante.
Ela se aproximou do Paul e sussurrou.
Era difícil ouvir sobre o que estava falando, mas, após um momento de irritação nas emoções do Paul, ele relaxou sua expressão como se tivesse aceitado a situação.
— Acho que cometi um erro… senhor. Fiquei muito emocional, já que algo desagradável aconteceu na zona contaminada. Sinto muito, Paladinos.
— Não… É bom ser zeloso com o trabalho. Acho que é uma virtude que nosso Pai sagrado concedeu a nós, humanos.
— Sim… Bem, então vou indo, Paladino… Dave?
— Oi?
— Por favor, participe ativamente na investigação dos paladinos.
— Hum… sim. Foi um prazer te conhecer, oficial Paul.
Oliver respondeu com calma.
O oficial da cidade, Paul, saiu, deixando os dois paladinos na sala.
A tensão desapareceu rapidamente, mas, em vez disso, um sentimento de hostilidade e ódio em relação ao bruxo tomou seu lugar.
Era claramente visível sem nem mesmo olhar para as emoções do Paladino Elton.
— Nome.
O paladino Elton perguntou enquanto se sentava.
Com aparência de meia-idade, ele possuía cabelos e barba volumosos, e seus traços faciais se assemelhavam perfeitamente a uma escultura de pedra.
As emoções também se tornaram duras e rígidas, como se seguissem sua aparência.
Oliver o observou com calma e respondeu: — Meu nome é Dave. Sou um Solucionador do Distrito T.
O Paladino Elton falou, enquanto examinava os arquivos.
— Quem é o seu agente responsável?
— Sr. Forrest da Rua 27.
A pasta de arquivos foi folheada mais uma vez.
— Como entrou em contato com ele?
— …
Oliver não respondeu e apenas encarou Elton.
Ele parecia um leão por causa da barba e cabelo grosso e encarava Oliver como se estivesse olhando para sua presa.
Parecia que ele morderia Oliver, se mostrasse qualquer fraqueza.
Talvez fosse uma reação normal. Afinal, os Paladinos são seres que lutam contra bruxos.
‘Espera, não era contra os Demônios?’
Oliver achou um absurdo ao ver a situação em que um Paladino se opunha incondicionalmente a um Bruxo.
Achava que seria bom poder falar sem hostilidade, mesmo que não pudesse ser amigável.
Oliver olhou inconscientemente para Joanna, que estava sentada ao lado do Elton.
— Ei, responda…
Com as palavras cheias de raiva do Elton, Oliver perguntou com cautela.
— Me desculpa, mas preciso responder? Acho que está ficando um pouco pessoal.
Ao ouvir a resposta do Oliver, Elton disse, juntando as mãos e inclinando o tronco um pouco para a frente.
— Não importa se você não me contar. Afinal, posso te prender e te levar comigo com base no acordo da cidade.
— Você… pode fazer isso?
Elton murmurou com uma voz baixa e ressentida.
— Claro, você é um bruxo. É uma escória que corrói a sociedade. Um perigo potencial que ameaça o mundo humano…
Indiferentemente do que disse, ele foi sincero, então Oliver explicou tudo. Também tinha medo de ser preso.
— Ok… Vou responder. Fui apresentado a ele.
— Apresentado? Por quem?
— Por um Solucionador que trabalhou com o sr. Forrest no passado. Ele me apresentou, e, por causa dele, fechei facilmente um contrato com o sr. Forrest.
— Quem é esse solucionador? Como se conheceram?
Oliver ponderou se deveria ou não responder.
Ele não queria mencionar o nome do Kent… Só que a situação exigia isso.
Elton estava pedindo confirmação em vez de ficar curioso. Oliver não sabia como, mas parecia que ele já sabia sobre a existência do Kent, de modo que o pegaria no flagra caso Oliver mentisse.
— Responda…
— O nome dele é Kent.
— Kent?
— Sim, ele foi a pessoa que me comprou e me ensinou sobre o mundo exterior.
Oliver mentiu.
Não foi uma mentira no calor do momento, mas uma que inventou depois de conversar com Kent.
Kent sugeriu que seria apropriado, e Oliver, que queria esconder o fato sobre seu Mestre e sua vida na família Joseph, também sentiu o mesmo, de modo que aceitou.
Felizmente, o Paladino não suspeitou de nada.
‘Existem muitas crianças assim?’
— Onde você estava antes de ser vendido?
— Em uma mina.
— Mina? Onde?
— Não faço ideia. Era apenas uma mina.
— Quais são as características dela?
‘Características…’
— Era escura e profunda, e também tinha muitas crianças. O supervisor batia na gente com frequência. Posso saber por que você está perguntando isso?
— Eu faço as perguntas. Bruxo… É verdade que você se encontrou com o Marionete sozinho?
— Sim.
— Por quê? Como um bruxo, você sabe o quão maligno o Marionete era, certo?
As emoções do Elton brilharam fortemente com suspeita.
Oliver respondeu da mesma forma como havia feito anteriormente com Paul.
— Porque era o único jeito de sobreviver.
— Então você foi sozinho para lidar com o infame Marionete?
— Não fui sozinho. Fui com outros colegas.
— Sim, eu sei. Um Solucionador soldado e os dois Bruxos contratados pelos mercenários Goodman. Já investiguei todos eles. Por causa disso, sei que você foi o único que se encontrou realmente com o Marionete… O que você fez com o Marionete?
— Nós conversamos, lutamos, aí eu perdi, mas ele me deixou ir.
— Ele te deixou ir?
— Sim, ele me liberou depois de falar que foi divertido.
— Divertido? O quê?
— Hã? Conversamos sobre algo antes de lutarmos, acho que ele gostou disso?
— Sobre… o que vocês conversaram?
— Várias coisas. Ele falou sobre a pesquisa dele.
— Que tipo de pesquisa?
— Ele disse que estava pesquisando como fazer um ser humano perfeito… Sendo mais preciso, ressuscitação.
— Você quer dizer ressuscitar pessoas?
— Sim, pelo menos, foi o que ele disse com a própria boca.
Elton, que estava cético, tirou um caderno do bolso e começou a escrever.
O som de letras rabiscadas reverberou, e então Elton perguntou: — A propósito, tenho uma dúvida. Por que o Marionete te contou sobre a pesquisa dele?
— Hã? Acho que por que eu perguntei primeiro?
— Ele disse que foi porque você perguntou?
— Sim, ele foi gentil.
Gentil. Ao ouvir isso, a expressão do Elton se enrijeceu.
Mostrou nojo como se estivesse olhando para uma bosta humana.
— Falei alguma coisa errada?
— Errada… O seu erro foi aprender magia negra. Faz ideia da notoriedade do Marionete?
— Até certo ponto… Ele viveu por centenas de anos, há rumores de que é imortal, também ouvi que ele era ativo em vários campos, como drogas, armas, medicina ilegal e adoração a demônios.
— Sim. Além disso, ele fez inúmeras experiências humanas em todo o mundo. Vi pessoalmente as vítimas e os experimentos horripilantes. Uma vez, ele assumiu o controle de um povoado rural e usou dezenas de seres humanos que vivem lá como cobaias.
— Entendi.
Com a resposta calma do Oliver, a expressão do Elton ficou mais séria.
Oliver não entendeu com o que ele ficou insatisfeito.
Foi dito que era um segredo aberto que inúmeras experiências humanas eram realizadas nos laboratórios pelos Magos no Distrito F.
Oliver se perguntou se os Paladinos não sabiam disso ou se estava tudo bem contanto que fosse conduzido por um mago?
Oliver ainda não conseguia entender a linha de raciocínio humana.
Apesar de a situação ser a mesma, eles são sensíveis às vezes e insensíveis em outros momentos.
Parecia que tudo era muito instável, inconstante e irregular.
Oliver achou interessante.
— É por isso que nós, Paladinos, perseguimos o Marionete. Sua mera existência é perigosa para as pessoas boas. Na verdade, eu o derrotei algumas vezes, mas ele reapareceu rindo todas as vezes… Meu objetivo é me livrar dele e deixar o mundo seguro.
— Ok.
— É realmente estranho nesse sentido… um cara como o Marionete mostrar misericórdia por alguém.
— Como eu disse antes…
— Quer que eu acredite nisso? Que ele até te deu uma aula sobre a pesquisa dele. Muito engraçado.
Elton falou com um brilho nos olhos.
Se pudesse, ele desejava bater no Oliver imediatamente.
— Você pode provar que não tem nenhuma relação com o Marionete?
— Provar?
— Sim, provar que você não tem nada a ver com ele.
Oliver tentou pensar logicamente.
— Você… pode provar que eu tenho alguma relação com ele?
— Talvez. Se eu usar minhas mãos para falar com você.
Foi um blefe.
Ele queria fazer isso, mas não poderia torturar Oliver por causa de alguma coisa.
Assim, esperava que Oliver dissesse algo suspeito, pressionando-o desse jeito.
— Só posso dizer que não tenho nenhuma relação com ele.
— É mesmo? Então me responda o seguinte. Os bruxos não são uma espécie que faz qualquer coisa para ficar mais forte? O Marionete não sugeriu nada?
— Não, ele não sugeriu. Mas recebi uma oferta como essa de outro bruxo há algum tempo.
— Hum… qual foi a sugestão?
— Ele disse que me colocaria dentro da Mão Negra se eu entregasse as crianças e mulheres mendigas para ele. E falou que eu poderia melhorar as minhas habilidades num piscar de olhos.
— O que você disse?
— Infelizmente, disse não. Eu achei que seria fácil aprender magia negra entrando na Mão Negra, mas não curti a ideia.
— Por quê…?
— Porque não quis oferecer as crianças e mulheres.
— Hahaha… Um Bruxo recusou a oportunidade de entrar na Mão Negra porque não queria sacrificar alguns meros mendigos?
— Sim, até mesmo os meros mendigos são humanos como todos… e como o sr. Paladino, não são?
BANG!
Elton quebrou a mesa com o punho.
Mesmo que suas mãos não tenham sido fortalecidas pelos poderes de Paladino, a mesa foi partida ao meio, e Oliver, que não tem emoções, corria risco de vida se esse homem o atacasse agora.
Odiava sentir dor e temia morrer, mas, felizmente, nenhuma tragédia ocorreu.
Joanna sussurrou algo para acalmar Elton, e ele recuperou a compostura rapidamente.
Oliver se perguntou sobre o que ela falou e se arrependeu de não poder falar com Joanna ou fazer perguntas sobre o seu status atual.
Ele se arrependeu muito. Queria agradecê-la pelos conselhos, que o fizeram vir para o mundo exterior. Foi por causa deles que estava se divertindo muito.
‘É uma pena.’
Enquanto Oliver lamentava por não poder falar com Joanna, Elton se sentou e perguntou de novo.
— Em suma, você e Marionete não possuem nenhuma relação?
— Não, nenhuma.
Elton encarou Oliver por um momento, depois se levantou e saiu.
Após permanecer na sala por mais algumas horas, Oliver conseguiu sair.
Ao ver a atitude do oficial da cidade e do Paladino, ele pensou que algo sério poderia acontecer, mas, felizmente, nada disso aconteceu.
Queria vivenciar muito mais coisas, então não queria ser pego nesse tipo de comoção.
Existia também a opção de jogar fora sua identidade, mas não queria usar esse método de jeito nenhum por causa das coisas que havia acumulado até agora.
— Aqui estão as suas coisas.
Uma mulher entregou um monte de bagagem por cima do balcão coberto por vidro temperado.
Ela não fez nada de especial com a bagagem do Oliver.
Havia um tubo de ensaio vazio após o uso, uma bolsa de glutão do tamanho de uma carteira e outra em uma maleta de couro.
A mulher falou com Oliver que estava verificando seus itens.
— É ilegal carregar essas bolsas de glutão sem ser detectado. Este é um caso especial, então vamos deixar passar, mas pode ser irritante para nós dois em outros casos.
— Sim. Vou manter isso em mente. Obrigado por explicar.
A mulher olhou para Oliver com um olhar um pouco surpreso.
Oliver perguntou: — Hum… Posso perguntar uma coisa?
— O quê?
— Por acaso, sabe onde está o meu bastão?
— Bastão?
— Sim, um bastão de madeira. Tem uma faixa no meio.
— É importante?
Uma voz perguntou atrás dele.
Oliver respondeu: — Sim, é importante. Porque foi um presente… Paladina Joanna?
Oliver respondeu, olhando para Joanna, que segurava o bastão do Kent.
— Você sabe o meu nome?
— Não… nos vimos na sala mais cedo?
— Mas não falei o meu nome.
— Hum… você não falou?
— Não. Não contei.
Joanna respondeu com firmeza.
‘Hum…’
Oliver estava em apuros.
Ele se perguntou se poderia sair da situação dizendo que ela se parecia com uma outra Joanna que conhecia, mas pensou que seria mais suspeito de modo que decidiu não dizer isso.
No final, Oliver decidiu mudar o tema da conversa.
— A propósito, é meu, srta. Paladina.
— Eu sei. Foi por isso que peguei emprestado por um momento. Eu queria saber se tinha algum tipo de magia maligna.
— Hum… e achou alguma?
— Não, está limpo… Posso falar com você por um momento… Oliver?