Quando se entra no Castelo de Chambord, através de seu portão principal, a primeira coisa que se vê é uma rua larga, que poderia facilmente comportar seis carruagens numa fileira. Os moradores de Chambord gostavam de chamá-la de [A Estrada de Ouro].
A rua foi pavimentada exclusivamente por um tipo de pedra amarela. Devido à sua idade, musgo verde cresceu entre as finas fissuras da pedra. Olhando de longe, parecia que havia tiras de esmeralda bonita incrustadas em ouro puro.
A rua estendia-se por todo o castelo de Chambord até chegar à praça em frente ao palácio do rei.
Se alguém estivesse no céu e olhasse para baixo, [A Estrada de Ouro] era como uma espada de ouro afiada que estava envolta numa aura mágica verde, como se um Deus desconhecido firmemente a depositou, horizontalmente, no Castelo de Chambord.
Estava perto da noite, a luz dourada do pôr-do-sol fluía para a rua larga.
Este era o momento mais deslumbrante da [Estrada de Ouro]. Os moradores de Chambord gostavam de passear nesta estrada, conversando e compartilhando com amigos e vizinhos sobre coisas interessantes que eles experimentaram.
O momento do pôr-do-sol era o momento mais pacífico e calmo do dia.
Até mesmo Fei, que era o rei, ocasionalmente, vestia um manto e entrava furtivamente no meio da multidão durante esses momentos… apenas para sentir a atmosfera familiar e intima. Nesse tipo de atmosfera, o humor ansioso e irritado de Fei ficaria calmo como nunca e ele, momentaneamente, esqueceria todos os fardos celestiais em seus ombros. Ele até se sentia como um ranger que tinha toda a liberdade que queria no mundo.
No entanto, a atmosfera calma na [Estrada de Ouro] foi alterada pela intrusão de algumas pessoas.
“Clip-Clop”
Enquanto os moradores de Chambord estavam passeando na rua e se cumprimentando, como de costume, uma série de súbitos barulhos veio a distância e sacudiu o chão. Uma formação de cavalaria, com seis cavaleiros por fileira, vestidos em capas vermelhas brilhantes, apareceu no horizonte a uma certa distância. Como um ciclone, eles avançaram pelo portão principal do castelo, usando seus chicotes de cavalos enquanto eles aceleravam na rua principal.
Os cavaleiros eram como um vento furioso, eles não hesitaram em nada e correram para a multidão de moradores.
Os chicotes faziam barulhos altos quando os cavaleiros os açoitavam no ar. Eles continuavam provocando um alvoroço e, deliberadamente, atropelando jovens e anciãos. Num instante, os anciãos que não podiam esquivar foram pisoteados ao chão, com os braços quebrados e as cabeças sangrando. Havia também algumas mulheres que se viraram e cobriram seus filhos com as costas para protegê-los. Os chicotes, nas mãos dos cavaleiros, arrancavam suas roupas e deixavam tiras de feridas, cruas e profundas, e manchas de sangue…
Num piscar de olhos, a atmosfera pacífica na [Estrada de Ouro] se foi… tal como se uma criança atirasse uma maldita pedra na calma superfície de um lago. Os cavaleiros ridicularizavam e riam dos gritos das crianças, das vozes miseráveis dos anciãos e das mulheres… sons desagradáveis ressoavam por toda [Estrada de Ouro].
“Animais inferiores, saiam daqui rápido!… O Supremo Papa Platini, da Santa Igreja, e seu servo mais fiel, o Sr. Zola, o sacerdote que foi nomeado pessoalmente para a igreja de Chambord pelo trigésimo quarto Bispo do Império Zenit, Sergievsky, estão prestes a chegar. Soldados de Chambord, ouçam: vão e digam ao seu Rei Alexander que venha e pague uma visita… todo pessoal sem referência deve partir imediatamente. Qualquer forma de vida estúpida que se atreva a ficar no caminho e perturbe a carruagem do padre Zola, será executada no local. ”
Uma série de títulos, que eram difíceis de dizer e de lembrar, foram gritados para fora da boca do arrogante líder dos Cavaleiros.
Esse era um enorme sujeito que media cerca de dois metros e quinze de altura. Ele usava um conjunto de brilhantes armaduras de prata. O símbolo do sol de fogo da Santa Igreja estava gravado no peito da armadura de prata. A capa vermelha de suas costas flutuava suavemente com o vento. Uma camiseta de algodão vermelho brilhante, que ele usava sob a armadura, estava exposta. Sua aparência, como um todo, era como se ele fosse uma nuvem de chama ardente. Seu rosto barbudo mostrava uma expressão superior sem qualquer disfarce. O chicote em suas mãos estava suspenso pelas botas de ferro… ele estava manchado pelo sangue de uma mulher que protegeu seu filho com seu próprio corpo e que teve suas costas impiedosamente açoitada. O sangue estava pingando no chão, gota a gota, a partir do chicote…
“Bloqueiem a rua, assumam o controle dos pontos altos em ambos os lados da rua! Certifiquem-se de que a segurança do Sr. Zola esteja garantida. ”
“Rápido… rápido! Investiguem e verifiquem qualquer um que pareça suspeito! “
“Se houver pessoas que parecem suspeitas, prenda-os imediatamente. Qualquer um que se atreva a resistir à prisão será executado instantaneamente! “
Enquanto os cavaleiros andavam de um lado para o outro na rua, ordenando e gritando, mais de uma centena de seus comandados, que estavam usando armaduras com capacetes redondos de ferro, se apressaram para dentro de Chambord. Todos da comitiva pareciam cruéis. Alguns deles estavam segurando as lanças e as espadas que os cavaleiros usariam durante as batalhas, sendo que os outros levavam os escudos santos dos cavaleiros e outras necessidades de vida diária… sem exceção, todos gritavam e se apressavam correndo entre a multidão, que antes estava tranquilamente andando na rua. Rapidamente, eles formaram uma zona de segurança protegida.
Então, sob o enorme portão de Chambord, uma longa frota de carruagens entrou lentamente no castelo.