A Trapaceira foi derrubada em um golpe.
Kim JunHyuk foi derrotado pela eletricidade.
A verdadeira caçadora enviada para lidar com o paciente no estado de loucura, Yu AeRi, foi nocauteada, mas YuSung e EunAh conseguiram resolver perfeitamente a situação.
‘Mesmo assim, não posso baixar a guarda.’
YuSung colocou as algemas na vilã inconsciente. Elas eram equipamentos de caçador que Yu AeRi tinha guardado no bolso dele antes do início do turno.
‘Não pensei que chegaria a usar isso.’
Depois de terminar tudo, YuSung se virou para EunAh. Ele já tinha se livrado das amarras dela de antemão, então a garota estava tentando se levantar, encostada em um pilar.
— Irmão…
EunAh olhou para JunHyuk e ficou sombria. Emocionalmente, ela não queria nada além de correr até o irmão, mas lidar com um paciente em coma de forma inadequada poderia ter consequências negativas. Portanto, precisava esperar a equipe de resgate chegar primeiro.
Stomp, stomp, stomp!
O som de passos estava se aproximando.
Um grupo de pessoas chegou tardiamente à cena do crime; membros da guarda da cidade, paramédicos e três caçadores.
— I-isso é…
Mas seus passos apressados pararam abruptamente com a visão diante deles; a Trapaceira e a AeRi estavam desmaiadas na cena. O caçador no comando, Ju SangHyuk, alternou seu olhar entre YuSung e EunAh.
— Então… vocês dois derrotaram a T-trapaceira?
Dois estudantes derrotaram um membro da organização de vilões, a Rebelião. Era inevitável a confusão no seu rosto.
Contudo, EunAh negou com a cabeça e depois olhou para YuSung.
Ju SangHyuk engoliu em seco.
— Sem chance… ele sozinho?
EunAh assentiu, porque quem derrotou a Trapaceira foi o Shin YuSung. Ela não queria levar nenhum crédito pelas proezas do garoto.
— De qualquer forma, é incrível. Não acredito que alguns estudantes derrotaram uma vilã sozinhos. Só que, por outro lado, dá para dizer que foi bem imprudente, mas…
SangHyuk parou como se lembrasse de algo. Em seguida, olhou de volta para YuSung.
— Ah, claro! — ele gritou: — Você é aquele que foi designado para patrulha!
O tão comentado discípulo do Rei do Punho.
Tudo de repente fez sentido para Ju SangHyuk. Até mesmo uma vilã da Rebelião perderia contra o discípulo do Rei do Punho; não tinha nada errado com isso.
— Se você… é o discípulo do Rei do Punho, então não foi nada imprudente. Muito bem. Vou relatar cada proeza sua para os superiores, então deixe o resto conosco.
Com isso, ele encerrou a conversa e começou a dar ordens para os paramédicos e os outros caçadores. EuhAh olhou para o irmão sendo colocado na maca e virou a cabeça para longe da visão com angústia.
Um longo silêncio.
EunAh olhou para YuSung.
Seu rosto entregou suas emoções complicadas. Ela abriu a boca para dizer algo, mas acabou fechando. Em seguida, suspirou e fez um movimento para falar novamente.
— Me… desculpe por…
Os ombros da EunAh estavam caídos como alguém aguardando a sentença de culpa no tribunal. Parecia que toda a energia havia deixado seu corpo. YuSung nunca a viu assim antes, então tentou tranquilizá-la.
— Tá tudo bem. Você fez pela família, né?
Ele podia dizer o quanto ela se importava com o irmão por meio das ações. Também podia entender por que a garota abandonaria a posição se seu irmão estivesse em perigo.
— E tudo acabou bem, certo?
A expressão da EunAh ainda era amarga, mas respondeu aos esforços dele.
— Obrigada…
Então, ela olhou nos olhos do YuSung com um olhar sincero.
— Vou te retribuir por isso, não importa o custo. Eu… nunca esqueço uma dívida.
EunAh declarou essas palavras ousadas e foi até a saída. Só que teve um ataque de tontura, de modo que seu corpo bamboleou.
Sway!
— Urgh…!
YuSung pegou EunAh antes da garota perder o equilíbrio. Ela colocou as mãos na cabeça para afastar a dor de cabeça, enquanto sua testa ficava enrugada por causa do esforço.
— Não se preocupe, estou bem. É apenas uma tont…
EunAh insistiu que estava bem, mas YuSung ainda não soltou o braço dela.
— Você… esgotou a maior parte da mana do corpo. Precisa de atendimento médico. EunAh, você já sabe disso, não é?
Ela baixou a cabeça em vez de dar uma resposta.
YuSung tinha uma ideia vaga de por que ela estava agindo assim, então suspirou.
— É por causa do seu irmão, não é?
EunAh assentiu e começou a murmurar:
— Vou ser… tratada depois de verificar meu irmão. É sério. Prometo. Não sei quando vou poder ver ele de novo depois que nos separarmos aqui…
O amor da EunAh pelo irmão era verdadeiro, e YuSung gostou bastante desse aspecto dela.
O afeto profundo dela pelo irmão era um reflexo dos próprios desejos dele por uma família.
— Suba nas minhas costas… Vou te levar até ele.
YuSung se abaixou e ofereceu as costas para EunAh.
— Não precisa, sério, posso andar…! Haah.
Ela acenou com os braços negando em pânico, mas parou abruptamente o que ia dizer a seguir, porque podia desmaiar a qualquer momento na situação atual.
Apesar disso, YuSung entendeu o desejo dela de ver o irmão e tomou a decisão de respeitar isso. EunAh pensou que deveria reconhecer a consideração dele, então aceitou toda a ajuda.
— Tudo bem. Então… me desculpe.
Sem escolha, EunAh foi carregada nas costas do YuSung.
— Segure firme.
YuSung se levantou. EunAh envolveu os braços no pescoço do menino para se segurar.
‘Ei… isso é…’
Apenas alguns segundos depois de ser levantada, EunAh encontrou um problema que nunca havia passado pela sua cabeça até esse momento.
‘E-ele está muito perto…’
Seus corpos estavam se tocando. Ela sentiu o calor irradiando dar costas dele. Seu orgulho não a deixou expressar nenhum desconforto, então sua única reação foi corar o rosto cada vez mais.
— Ei, e-eu não… sou pesada?
— Na verdade, não. Mais importante, tem certeza que está bem? Seu corpo está muito quente.
— E-estou bem! — respondeu com pressa. Andar de cavalinho na idade dela era muito mais embaraçoso do que tinha pensado. Mesmo assim, sentiu uma espécie de conforto na ação.
Isso porque se lembrou de algo semelhante que aconteceu no passado.
[Ah, fala sério. Como você se mete em brigas toda hora?]
[Eles tiraram sarro de mim! O que eu deveria fazer?]
Ela provavelmente tinha sete anos de idade.
Seu irmão a carregava nas costas, assim como YuSung estava carregando.
Claro, era YuSung quem estava a carregando no momento, não JunHyuk. Mesmo assim, ela sentiu o mesmo conforto que sentia naquela época.
EunAh começou a falar com o outro garoto mais uma vez, só que com uma expressão rígida.
— Ei, YuSung-ah…
— Oi?
Tup tup.
YuSung caminhou lentamente até o destino. EunAh continuou falando com um tom de voz sincero.
— Por que não está me perguntando nada?
Ela se referia ao fato de ele não ter trazido a situação à tona. YuSung não tinha feito nem mesmo uma pergunta que EunAh estava relutante em responder.
Por que o irmão dela estava nesse estado?
Há quanto tempo estava em coma? Como ela se sentia sobre tudo isso?
Ele não apenas se absteve de abordar esses tópicos, como também não falou nenhum clichê.
— Sendo honesta… tenho certeza que você tem muitas perguntas sobre o que aconteceu hoje, então eu esperava que você perguntaria.
Ela terminou de expressar sua dúvida com um murmúrio tímido. YuSung deu apenas uma resposta calma.
— Porque você não disse nada.
EunAh bufou. Era verdade, nunca tinha falado com ninguém sobre seu irmão antes; porém, YuSung era diferente. Alguém que salvou a vida dela e do irmão estava, no mínimo, qualificado para saber mais sobre a situação.
— O motivo para o meu irmão… ficar nesse estado de loucura é porque… ele tomou suplementos.
Assim que ingeridos, esses suplementos aumentavam a força da Característica temporariamente. Todavia, era proibido tomá-los em excesso.
Com uma pílula, era possível exibir facilmente uma força que excedia os limites. Claro, um item tão conveniente tinha suas próprias desvantagens cruéis.
— Ele era… fraco pra caralho…
As palavras que expressavam a decepção da EunAh saíram de um jeito triste da boca dela. A única maneira que seu irmão tenaz poderia provar a si mesmo era por meio da força como um caçador.
— Ele é fraco… e um idiota.
A decepção dela era imensurável.
Mesmo que nunca tivesse tomado essas pílulas e se tornado um caçador poderoso, seu irmão mais velho e gentil seria uma fonte de orgulho para ela.
Só que os eventos ocorridos a forçaram a confrontar os pensamentos que tinha evitado até esse momento.
— Eu queria que… meu talento tivesse nascido nele, aí as coisas teriam acabado…
EunAh fechou a boca depois de dizer isso. Só então YuSung, que estava ouvindo em silêncio o tempo todo, falou: — Mesmo assim… Nada disso é culpa sua.
Ela podia estar certa. EunAh tinha o talento de se tornar um tipo de caçador que JunHyuk tanto desejava; se fosse ele quem tivesse nascido com esse talento, talvez nunca tivesse usado suplementos, em primeiro lugar; mas era aí que a conversa sobre os “e se” acabava.
Não era culpa da EunAh por JunHyuk estar em coma.
Porém, EunAh começou a soluçar, depois enterrou subitamente o rosto nas costas do YuSung. Ela ficou em silêncio, com arrepios ocasionalmente sacudindo seu corpo.
Shin YuSung sorriu.
— Não chore, EunAh.
Os olhos dela estavam vermelhos e lacrimejantes. Ela decidiu ficar com raiva sem motivo.
— Merda… Sniff. Quem… quem está chorando? Eu não tô!
— Será mesmo? Minhas costas já estão molhadas.
EunAh estava gritando com o garoto, só que não parecia estar de mau humor. YuSung simplesmente sorriu como sempre.
Um calor de tocar a alma.
EunAh estava mais uma vez sentindo um conforto que só tinha sentido naqueles anos. Como se refletisse, as palavras que saíram da boca dela em seguida pareciam ser mais suaves do que seu tom habitual.
— Ah, YuSung-ah. Pensando bem… alguém está vigiando nossa área de patrulha agora?
Ela não estava o repreendendo, só ficou curiosa. Considerando a personalidade dele, não havia como abandonar seu posto de forma tão irresponsável.
— Não se preocupe. Aquela área está segura.
Como esperado, YuSung respondeu à pergunta dela com confiança.
No centro da Cidade Metropolitana…
As pessoas estavam se aglomerando em massa para ver uma visão bastante peculiar.
— É o Rei do Punho!
— O Rei do Punho está em patrulha!
— Meu Deus…
Os olhares deles estavam fixos no Rei do Punho, Yu WonHak. Mais importante ainda, o homem estava fazendo uma ronda de patrulhas com um distintivo de guarda da cidade no peito.
E pensar que a figura lendária, o símbolo da Coreia, faria um trabalho geralmente reservado para estudantes e caçadores de terceira categoria.
Os cidadãos pegaram os celulares e começaram prontamente a documentar cada ação que ele estava realizando.
— O que está acontecendo?
— Sim, ouvi dizer que algo estava acontecendo no hospital, então pensei que ele iria para lá.
— Ele está filmando para alguma coisa?
— Em que mundo o Rei do Punho filmaria para alguma coisa?
— E você acha que ele em serviço de patrulha é menos estranho?
Yu WonHak pigarreou alto ao ver todas as pessoas fofocando sobre uma celebridade visitando a cidade deles.
— Pirralho… Olha a situação em que você colocou seu mestre!
Yu WonHak ficou genuinamente feliz quando YuSung entrou em contato com ele; uma ocasião rara bem rara.
[Mestre, tenho um pedido.]
O pedido do seu discípulo querido e precioso.
O Rei do Punho concordou de coração com isso. Claro, nunca teria adivinhado que o pedido do garoto seria algo tão trivial quanto patrulhar a cidade. Nem em um milhão de anos.
Mas até mesmo as queixas dele duraram apenas um momento.
Até mesmo o Rei do Punho, Yu WonHak, era um trouxa diante do discípulo, Shin YuSung, com quem passou doze anos.
‘Não tem o que fazer… Afinal, é o pedido do meu discípulo.’
A rua 155 da Cidade Metropolitana ficou mais segura do que nunca naquele dia. Não existia um vilão que tivesse a coragem de cometer um crime numa cidade que o Rei do Punho estava protegendo.