Japão, na região de Kanto…
A maior academia do país ficava situada em um parque nacional na prefeitura de Tochigi, um local conhecido por sua beleza.
Choten (頂点).
Significando pico ou cume, a Academia Choten era a maior escola do país, dominando várias competições realizadas em todo o Japão.
E entre seus grupos do primeiro ano, o mais forte era o Clube de Caçadores. Um grupo peculiar com nome de caçadores em uma escola onde cada aluno era um.
Em Choten, apenas nove alunos faziam parte do referido clube. Assim, seus membros eram a elite entre a elite no Japão.
Todos os três membros da equipe do Seiji eram considerados elites no Clube de Caçadores.
Eram um grupo que nunca sofreu uma derrota antes. No entanto, durante a competição na Coreia, eles foram jogados para o terceiro lugar, derrotados pela Adela, que tinha participado sozinha.
— Aquele cara, Shin YuSung! Ele é realmente incrível, viu! Para derrotar a Adela mesmo só tendo uma Característica de Rank F!
Seiji, o líder da equipe, riu alto enquanto lia o artigo.
Sakura, que estava sentada em cima de uma mesa, sorriu enquanto balançava as pernas para frente e para trás. — Hum, é mesmo? Não tive a chance de ver as habilidades dele, mas o rosto dele é incrível. Totalmente meu tipo!
Isshin franziu a testa depois que ela falou isso e riu, achando graça.
— Leve isso a sério… Sakura.
Em resposta, ela fez um movimento de polegar para baixo nas costas do Isshin.
— Eu vi, hein.
Sakura abaixou a mão sorrateiramente com a resposta dele.
— Mas podemos aproveitar esta chance para ver as habilidades dele. Não é uma coisa boa? Vamos fazer o raide juntos, então podemos ver a concorrência de perto — ela disse com um tom sincero.
Então, como se dissesse a Isshin para ouvi-la, acrescentou: — Não me entenda mal, não estava falando da aparência dele, mas sim das habilidades, tá~?
— Não… diga nada desnecessário — foi a resposta temperamental do Isshin.
Seiji riu, tentando mediar entre os dois.
— É verdade, é uma grande oportunidade que podemos aproveitar para nos prepararmos para a Competição Internacional. E o mesmo vale para eles!
Ouvindo isso, Sakura jogou o cabelo para trás. Os fios do cabelo atrás da mão dela no ar pareciam as pétalas flutuantes de uma flor de cerejeira.
— Você é tão sem graça. De qualquer forma, quem é o outro membro de equipe que vai vir?
Seiji abriu imediatamente a boca para responder à pergunta dela. — De acordo com os rumores, ouvi falar que a pessoa que ficou em terceiro na classificação de alunos faz parte do grupo do Shin YuSung.
— Hum, então é o terceiro lugar que está vindo, como esperado. — Sakura fez uma careta. — Mas ela não é uma garota? Ugh~ que pena~ eles vão parecer pombinhos juntos.
Isshin se levantou.
— Não importa quem são… contanto que sejam fortes o suficiente para eu confiar as minhas costas — declarou ele, achando-se.
Sakura, ainda atrás dele, decidiu imitá-lo.
“Não importa~ quem se~”
— Pfft!
Seiji caiu num ataque de risos com a imitação exagerada dela.
Isshin colocou a mão de lado como se pegasse uma espada que não estava lá.
— Já falei que posso ver o que você está fazendo, não falei?
Flap.
Mais uma vez, Sakura recuou e fingiu não fazer nada. Os dois frequentemente se antagonizavam como se estivessem tentando matar o outro.
Quem conseguiu encontrar um equilíbrio entre os dois foi o líder da equipe, Seiji.
— Fechou então! Vamos cumprimentar nossos convidados agora, tá?
Ele deu um tapinha nas costas de ambos e sorriu brilhantemente.
Na prefeitura de Tochigi, Japão…
YuSung e Sumire tinham saído do portal. O humor dela melhorou visivelmente quando pisou de volta no solo japonês.
— Shin YuSung! O-olha! Este Dango é mesmo delicioso!
Ele segurava um Dango na mão, que eram bolinhos de arroz no espeto. Ela estava carregando um monte de Dango em ambas as mãos, todos lambuzados de vários molhos, a fim de fazer o YuSung provar todos os sabores.
— Este é molho de soja! Este é missô! E este é mel!
TN: Missô é uma pasta de soja salgada.
YuSung provou cada espeto, um por um, enquanto caminhavam rumo ao destino.
‘Torraram… o bolinho de arroz? Gênio.’
Até lanches aleatórios como esses o emocionaram profundamente. Animada com a reação dele, Sumire foi aqui e ali, trazendo mais comida com ela todas as vezes.
— P-pega! Tem takoyaki também!
NT: Takoyaki é um popular bolinho redondo japonês que mais se parece com uma panqueca temperada feita com uma massa muito mole, quase líquida, e frita em uma chapa especial para Takoyaki. Normalmente é recheado com pedaços cortados ou um polvo pequeno inteiro, raspas de tempura, gengibre picado e cebolinha.
Uma vez…
— Estes são… manjus em forma de pintinhos! A-aposto que nem vai conseguir comer porque são fofinhos!
NT: Manju é um doce cozido no vapor muito popular no Japão. São feitos de uma massa de farinha de trigo, farinha de arroz e trigo sarraceno, e que geralmente é recheada com pasta de feijão azuki. O doce é uma variação de uma espécie de pão chinês, mantou.
Duas vezes…
— Tem uma loja de ramen bem ali!
Três vezes…
YuSung, que tinha um buraco negro no estômago, apesar de ser magro, e Sumire, que continuava sugerindo alimentos diferentes, criaram uma visão e tanto.
O turismo divertido deles finalmente chegou ao fim quando chegaram ao parque nacional.
Os dois se sentaram em um banco de madeira e começaram a conversar.
— Eu… Acho que fiquei muito animada. Não aguento… mais comer.
YuSung estava segurando uma banana coberta de chocolate na mão. — Foi divertido.
Sumire sorriu timidamente com isso, obviamente de bom humor. Era o tipo de sorriso que nunca se veria no rosto dela antes de conhecê-lo.
— Eu… estava realmente preocupada antes de vir para cá, mas… não deve ter sido nada.
— Preocupada?
Sumire mexeu os dedos em resposta à pergunta dele, profundamente pensativa.
— É só que…
Mas não explicou. Sumire não sabia exatamente o motivo, mas queria esconder dele a sua parte fraca e perversa pelo maior tempo possível.
— U-um monte de coisas! — ela respondeu, forçando um sorriso.
O Japão era onde tinha crescido e onde sua família estava atualmente, mas pensar nisso fez Sumire se lembrar de uma infinidade de más memórias.
‘Eu… fugi do Japão.’
[Por sua causa, nosso professor…!]
[Merda! Não acredito que vim parar no hospital por causa de uma idiota que nem você!]
[Desgraça… o que raios Isshin estava pensando com uma garota como essa…]
O bullying dos colegas de classe ficou mais nítido. A razão do incidente ter acontecido foi porque ela perdeu o controle. Tudo o que podia sentir era desculpas pelos danos que havia causado.
Sentiu que as coisas seriam diferentes depois de conhecer YuSung. Ainda assim, Sumire segurava o fardo esmagador das ações passadas no canto do coração.
‘Está tudo bem para alguém como eu… ser feliz?’
YuSung poderia encontrar um membro bom para equipe, alguém que não fosse ela. Alguém tão forte e virtuoso como ele tinha esse direito.
‘Eu… tenho o direito de estar aqui?’
Quanto mais se aprofundava nos seus pensamentos, mais seu humor afundava. Essas perguntas, há muito familiares para Sumire, começaram a reduzir a autoconfiança dela.
— Sumire? — YuSung chamou, sentando-se ao lado dela.
— Oi?! — Ela ficou abalada com as reflexões sendo interrompida tão de repente.
— Está na hora de ir para Choten.
Sumire mordeu os lábios com força com a menção da Academia. Choten, onde os representantes do Japão estariam esperando. Era hora de encarar o passado do qual tinha fugido.
Em um quarto do Hospital Metropolitano…
JunHyuk estava deitado na cama, esperando seu último lote de tratamentos. EunAh, ao lado dele, contou sobre todas as coisas que aconteceram nos últimos dois anos.
— E fizemos os exames internos no parque aquático de Shinsung. Ah, sim, você não esqueceu o lugar, certo? Lembra? Já fomos lá juntos antes.
— Claro que lembro — ele assentiu, sorrindo.
Com uma expressão impassível no rosto, EunAh lançou um olhar para o irmão.
— Você está me deixando deprimida de novo.
— Droga… desculpa.
O olhar da EunAh se transformou em um olhar feio. — Esse é o rosto de alguém que se desculpa?
— De qualquer jeito, EunAh. — JunHyuk coçou a cabeça, mudando abruptamente a conversa. — Eu queria te perguntar, já que estou muito curioso, mas…
— O quê? — Seus lábios se contraíram.
JunHyuk continuou com um ar de estranheza ao seu redor. — Fiquei sabendo que você se juntou a uma equipe…
— Hã? Você ficou sabendo disso?
EunAh estava secretamente evitando qualquer história sobre sua equipe até aquele momento. JunHyuk, no entanto, já tinha ouvido falar disso de outra pessoa.
— Haha, da Lee SuHyun…
— O quanto… você ouviu?
— Até a parte em que o seu líder salvou minha vida?
— É mesmo?
EunAh fez um “hum”.
‘Justo, isso é muito mais importante.’
E quando ela estava prestes a deixar tudo de lado, JunHyuk abriu a boca para acrescentar:
— Ela também me disse que vocês dormiram juntos na mesma tenda naquela noite?
O rosto da EunAh ficou vermelho. — Isso significa que você ouviu tudo! Meu Deus! E-e, só para constar, tinha outra garota lá! Por que vocês continuam deixando ela de fora?!
JunHyuk começou a rir enquanto observava sua irmã se explicando.
No fim, ele se acalmou e ficou com um sorriso preguiçoso.
— Mesmo assim… sou muito grato a ele. Não acredito que lutou contra a Rebelião sendo só um estudante
— Bem… é por isso que me juntei ao grupo dele. Tenho que pagar minhas dívidas, né? Claro, só vou ficar nele até o fim da Competição Internacional…
EunAh colocou a metade superior do corpo na cama do hospital. JunHyuk estendeu a mão e deu um tapinha na cabeça dela, com um sorriso no rosto.
‘Nós… realmente somos uma família, hein.’
Ele e sua irmã eram incrivelmente parecidos. Ambos tinham egos fortes que escondiam corações frágeis. Compartilhavam até mesmo a parte em que eram horríveis em se abrir com os outros.
— Então, uh, EunAh?
— Oi?
— Quero agradecer pessoalmente à pessoa a quem devo minha vida, mas…
Como irmão mais velho, JunHyuk pensou que era sua vez de se abrir no lugar da irmã mais nova.
— Cadê ele? O líder da equipe, Shin YuSung?
— No Japão — EunAh respondeu brevemente.
— No… Japão? — Ficou estarrecido com a distância entre ele e YuSung.
— Sim. É muito longe para alguém hospitalizado ir, então se aquiete e descanse. Tendeu?
JunHyuk só podia sorrir desajeitadamente para o olhar violento dela.
Dois anos… um período completamente em branco para ele, durante o qual não conseguia se encontrar com sua irmã. Mas agora que estavam cara a cara, ele podia ver que ela tinha se tornado imensuravelmente forte de muitas maneiras.
Na entrada da Academia Choten…
Os três membros do Clube de Caçadores estavam sentados em bancos de pedra, aproveitando o cenário da paisagem natural enquanto esperavam pelo YuSung.
Seiji verificou seu bolso. — Está quase na hora.
Sakura saltou imediatamente do assento. — Isshin — ela falou — não fale em japonês como da última vez. É indelicado, especialmente porque seu coreano é muito bom, de qualquer jeito.
Isshin estalou a língua, não gostando da sugestão dela.
As barreiras linguísticas eram uma coisa do passado graças à existência dos Bolsos. No entanto, antigamente, antes dos Bolsos existirem, os humanos precisavam de uma [língua oficial] para facilitar a comunicação uns com os outros.
O processo para escolher a referida língua oficial foi simples. Ou seja, qualquer língua pertencente ao país que tivesse mais influência na Torre. Graças a esse processo, o país escolhido foi a Coreia, que tinha descoberto grande parte da tecnologia e técnicas usadas no Bolso.
Como a própria Coreia do Sul tinha tantos portais e masmorras, poderia criar inúmeros caçadores da mais alta qualidade, de modo que dominaram a conquista da Torre.
O surto calamitoso que todas as pessoas consideravam o maior azar possível tinha, ironicamente, aumentado a força da nação na esfera internacional.
Na era atual, existiam muitos caçadores de países diferentes que também estavam conquistando a Torre. Mas, a essa altura, a língua coreana já havia se consolidado firmemente como a oficial do planeta.
Seiji sorriu. — Sim, não adianta provocar eles sem necessidade, quando seu coreano já é perfeito. Afinal, vamos raidar a masmorra como uma equipe.
Em seguida, viram uma figura caminhando na direção deles de longe.
Step step.
Não era outro senão YuSung, vestindo o uniforme da Academia Gaon.
Sakura, que estava sorrindo de orelha a orelha, viu a pessoa ao lado do YuSung e ficou imediatamente chocada.
— Hã?
Agora que parou para pensar nisso, tinha três membros da Gaon durante a competição de raide às masmorras. Contudo, os alunos da Choten só se lembraram do YuSung e da Adela.
— O último membro da equipe da Gaon é…
Até mesmo seu líder, Seiji, ficou confuso. Ele olhou de relance para Isshin.
A surpresa deles já era esperada. E pensar que o outro membro da equipe era uma japonesa… e um rosto familiar ainda.
— Caralho…?
Os murmúrios do Isshin atraíram os olhares da Sakura e do Seiji para ele como ímãs. O menino em questão se levantou, com um olhar sombrio no rosto.
Sumire, que já parecia antecipar isso, manteve a boca fechada o tempo todo.
— E-eu…
Ela finalmente abriu para falar, mas suas palavras desapareceram.
Bam!
Isshin bateu a mão contra a parede forte o suficiente para produzir um som alto. Com os olhos cheios de desprezo, ele encarou a Sumire.
— Por que você está…?