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Hunter Academy’s Battle God – Capítulo 75

Capítulo 75

Um olhar desdenhoso, como se estivesse olhando para um inseto.

— Hanajima Sumire… Quanta cara de pau.

A voz do Isshin foi fria o suficiente para congelar alguém instantaneamente no lugar.

Todo o corpo da Sumire se contraiu e ficou tenso, como se esperasse essa reação o tempo todo, e esse fato enfureceu Isshin ainda mais.

— O que foi? Ficou muda durante esse tempo que não nos vimos? Vamos, pelo menos me dê uma resposta. Sabe falar, não sabe?

— E-eu… Eu…

Ela tentou continuar, mas parou. Isshin franziu a expressão ainda mais ao ver isso.

Cutucada~

Ele levantou o dedo indicador da mão esquerda e cutucou a testa da Sumire.

— Sim… aposto que você não tem nada pra falar, já que é o tipo de pessoa que traiu os membros de equipe e fugiu para a Coreia.

Sakura zombou enquanto observava a cena, como se estivesse cansada de toda essa pirraça.

— Pfft, lá vai ele de novo. Tá no ensino médio e ainda faz isso.

— Ei! Isshin, pare com isso! Não brigue com uma convidada…

Até mesmo seu líder, Seiji, tentou impedi-lo, mas Isshin continuou.

— Só… deixei você entrar na minha equipe… O motivo para eu deixar você pegar meu cabelo emprestado para o seu poderzinho nojento… Tudo isso foi porque tive pena de você… Tudo isso.

Sumire ficou cabisbaixa para evitar o olhar dele.

Isshin olhou entre ela e YuSung, depois zombou. — Parece que você vai para a Competição Internacional, a esse ritmo.

Isshin se aproximou da Sumire e falou com um tom baixo: — Não me diga, Hanajima, que você acha… que chegou aqui por causa da sua própria habilidade, ou acha mesmo?

Ele insultou ainda mais: — Acho que… a sua verdade habilidade é se parecer patética para que possa se agarrar aos fortes.

— E-eu…

Sumire continuou repetindo a palavra como um CD quebrado. Isshin nem mesmo olhou para ela.

— Você é como uma parasita. — Ele ergueu o dedo indicador esquerdo novamente. — Ei… Hanajima.

Ele a cutucou na testa novamente.

Cutucada~

— Primeiro Japão.

Cutucada~

— Agora a Coreia.

Cutucada~

— Qual vai ser o próximo?

Sumire não conseguia falar, mesmo quando Isshin continuou interrogando.

Sentiu seu estômago revirando. Enquanto pensava, era difícil tentar encarar seu passado.

A única coisa na mente antes da transferência era seu desejo de escapar da situação desconfortável em que estava. Ela nem mesmo pensou nos sentimentos dos membros do grupo que deixou para trás.

O coração da Sumire era muito frágil para suportar um confronto direto entre ela e as pessoas que a haviam machucado no passado.

— Eu… Eu só…

Plip. Plip.

Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto dela por causa da insistência do outro garoto.

Isshin fez um movimento para cutucá-la na testa mais uma vez.

— Você está tentando me responder ou vai fazer outra pergunta… Urk!

Mas YuSung agarrou o dedo com a mão. O rosto do Isshin se contorceu de dor quando o outro garoto começou a aplicar pressão.

— Keuk

— Já chega.

Mesmo que o comportamento do YuSung estivesse tão calmo como sempre, a aura que exalava era opressiva o suficiente para parar as pessoas em seu entorno.

— O-o que… você acha que sabe?!

Isshin afastou a mão e recuou, depois fez uma careta. YuSung só agarrou o dedo por um breve momento, mas a força do agarro foi forte o suficiente para fazê-lo ter calafrios por todo o corpo.

— Isso é entre… nós dois…

Mas YuSung o ignorou e, em vez disso, ficou na frente da Sumire.

— Não importa o que aconteceu entre vocês dois — ele respondeu com uma voz baixa e calma.

As mãos da Sumire agarraram firmemente as roupas dele, mesmo enquanto tremiam violentamente. O olhar do Isshin ficou ainda mais mortal com a visão.

Mas aquele que lutava contra ele era YuSung, não Sumire.

— Sumire veio aqui como representante da Coreia para participar do raide ao Castelo dos Fantasmas.

YuSung não ficou com raiva. Em vez disso, encarou o outro garoto, certificando-se de suprimir suas emoções o máximo possível.

— Como líder do grupo dela, não permitirei mais nenhum desrespeito com ela.

— Hanajima é uma japonesa, mas a segunda representante da Coreia… haah, tudo bem. Vou parar por enquanto.

Isshin estalou a língua para a Sumire, como se considerasse que ela não valia o esforço.

Ele se virou na direção da saída. — Não é como se eu fosse capaz de confiar as minhas costas a uma traidora, de qualquer jeito.

— Isshin, você… — Seiji estendeu a mão em um esforço para impedir que Isshin saísse.

— Desista, Seiji — mas Sakura o interrompeu — Só deixe ele ir, vou participar.

Seiji, exausto. Sakura, serena.

Isshin saiu do prédio, no fim. Seiji então começou a se desculpar com Sumire e YuSung.

— Sinto muito… mostramos a vocês, os representantes da Coreia, algo tão desagradável. Preciso me desculpar especialmente com você, Sumi… Não, Harajima-san.

NT: “-san” é um honorífico usado em japonês para se referir a pessoas de status semelhante de maneira formal. Por exemplo, seus colegas de classe, de trabalho, etc.

Parecia que os dois já se conheciam desde o ensino fundamental. O ponto de contato deles era, obviamente, Isshin.

Sumire negou com a cabeça fracamente. — N-não. A verdade é que… a culpa é minha… Fugi do Japão sem nem mesmo falar com os membros do meu grupo…

— Hum… encontramos um gostoso, mas aquele feioso arruinou completamente o clima… eugh — Sakura suspirou.

Seiji aproveitou a oportunidade para mudar o tópico da conversa para algo melhor; algo que estava muito acostumado a fazer. — Bem, não tem o que fazer então. Vamos formar um grupo com nós quatro!

— Sim, é uma boa. — Sakura aprovou. — Que tal encerrarmos por aqui hoje~? Afinal, acho que nenhum de nós está pronto para fazer um plano.

E, com isso, os outros estudantes da Choten partiram. Apenas YuSung e Sumire ficaram.

— S-sinto muito… Shin YuSung… Por minha causa…

Sumire tinha perdido a força nas pernas e estava sentada no chão com os joelhos puxados para o peito. A expressão animada, que tinha mostrado no início da viagem ao Japão, foi substituída por uma abatida e diferente.

— C-como… pensei, teria sido melhor se alguém como eu não tivesse vindo para o Japão… — ela disse, forçando um sorriso.

Só então YuSung percebeu por que a confiança da Sumire era tão baixa quando se conheceram; as memórias passadas dela do ensino fundamental se tornaram traumas.

— Está tudo bem.

— Eh, hã?

— Só viemos aqui para raidar o Castelo dos Fantasmas. Nada mudou nesse aspecto.

Sumire assentiu fracamente com as palavras sensatas dele. Mesmo em situações como essas, seu líder, Shin YuSung, era alguém em quem podia confiar. Esse era o jeitinho dele de confortá-la.

Poc~

YuSung se sentou no chão ao lado dela. A distância entre eles de repente diminuiu. Aflita, Sumire engoliu em seco.

— S-Shin… YuSung?

Ele olhou para ela com o canto dos olhos.

Os lábios dela começaram a tremer. Por algum motivo, seu rosto estava ficando cada vez mais vermelho.

— O-o… Oi?

Ela teve uma crise total nesse momento ao ponto que começou a gaguejar.

Ainda assim, o tom do YuSung permaneceu calmo. — Sumire, você se lembra do que me disse… lá na sala do clube?

As palavras dele conseguiram fazê-la se acalmar um pouco. O momento em questão aconteceu pouco antes de viajarem para o Japão, então Sumire não precisou nem mesmo forçar a memória para se lembrar.

— Na sala do clube… está falando do dia em que comemos sukiyaki?

Para Sumire, sukiyaki era um prato que comia em ocasiões especiais. Ela apresentou o prato para YuSung, dizendo que tinha um gosto ainda melhor quando era comido com a família enquanto batiam um papo.

— Sim.

YuSung sorriu levemente.

Ele próprio tinha recebido ajuda dos companheiros e aprendido coisas com eles.

Doze anos de treinamento na Montanha dos Espíritos Marciais…

Sumire tinha ensinado para o YuSung, que não tinha família, algo que nunca poderia aprender sozinho, durante a refeição que compartilharam juntos.

As pessoas acabavam mudando por causa de outras. Os companheiros do YuSung também o influenciaram, mesmo com coisas pequenas.

Somente depois de passar um tempo com eles, percebeu que era mais divertido estar em um grupo do que sozinho.

— Parei para pensar naquele dia… Se eu for comer aquele prato de novo, com quem devo comer?

Não importa o quanto pensasse nisso, a única pessoa a quem poderia chamar de família era o Rei do Punho. Seria muito divertido se eles se reunissem para uma refeição pela primeira vez em muito tempo e colocassem o papo em dia sobre o que aconteceu depois que YuSung saiu da montanha. Ele tinha certeza disso.

Só que… essa refeição só seria compartilhada entre duas pessoas.

Se tivesse que escolher mais pessoas como sua família após o Rei do Punho, quem seriam?

Seus pais, que o abandonaram?

Shin HaYoon, sua irmã?

A família Shin-Oh?

Poderiam ter o mesmo sangue fluindo nas veias, mas YuSung jamais os consideraria uma família pelos seus próprios padrões. A família com a qual sonhava nunca abandonaria nenhum membro por um motivo como Característica.

— Não importa o quanto pense nisso, as únicas outras pessoas que vêm à mente são vocês.

— Hãã?! E-então, n-nós so…

Sumire ficou tão surpresa com as palavras dele que seu rosto ficou vermelho e começou a esquentar.

Não era nenhuma mentira. Para YuSung, que não tinha família, as pessoas mais próximas a ele eram seu mestre — o Rei do Punho — e seus companheiros — os membros do grupo.

Mas Sumire interpretou suas palavras de forma diferente.

‘S-Shin YuSung faz parte da minha… família?’

Ela tentou ficar o mais calma possível, mas era impossível. Sua imaginação criativa já tinha decidido os nomes dos filhos dela e dele. Até esqueceu completamente o que acabou de acontecer com Isshin.

YuSung continuou com um tom sincero, enquanto Sumire tentava conter o sorriso encantado. Ele olhou diretamente para ela.

— Sim, nós somos. É o quão importante meus companheiros e minha equipe são para mim.

Sumire olhou de volta para YuSung. Mesmo enquanto seu coração batia tão rápido que parecia que iria explodir, o garoto falou sucintamente.

— É por isso que não ficarei desapontado com você, Sumire, por algo assim. Também não vou te mandar de volta para a Coreia.

Talvez a imagem de uma família ideal que YuSung tivesse fosse aquela em que os membros dele sempre ficassem ao lado um do outro, não importava o que acontecesse.

— É… disso que se trata uma família, né?

O sorriso do YuSung assumiu um tom melancólico.

Só então Sumire percebeu.

[Então… vamos continuar nos ajudando. Afinal, somos uma equipe.]

Naquele dia…

As palavras que falou para ela, dizendo que a garota o ajudava, eram verdadeiras. Ele não estava apenas falando sobre como ela tinha ajudado com a competição de raide à masmorra, nem nos exames internos.

Plip plip.

Sumire foi ridicularizada por ser uma chorona desde que era pequena. Só que neste dia, especificamente, sentiu que era injusto. Qualquer um choraria depois de perceber que ajudou a pessoa que admirava.

As lágrimas que escorreram dos olhos dela eram diferentes das de sempre; agora chorava porque ficou profundamente comovida. Sumire abriu a boca para falar alguma coisa, depois a fechou.

Ela mordeu suavemente o lábio e olhou para o menino sentado ao lado. O YuSung que ela havia observado até aquele momento era um garoto virtuoso que era gentil com todos. Sabia muito bem que não agia assim apenas com ela.

Mas…

Sniff~

Sumire fungou alto seu nariz, então assentiu lentamente com a cabeça.

— Se estiver bem com alguém, hic, como eu…

Seu rosto parecia feliz, mesmo em meio a todo o choro. Só então YuSung relaxou.

— Sniff! E-e… Vou te apresentar à minha família, YuSung! Eles até me disseram que… prepararam sukiyaki, afinal.

Sumire sorriu timidamente com os olhos vermelhos e inchados por causa das lágrimas. YuSung a respondeu com um sorriso tímido.

‘Mal… posso esperar… pelo sukiyaki.’

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