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I Was a Sword When I Reincarnated – Capítulo 98

História secundária: Serid

Eu sou Serid Dinias, camareiro do |Reino Fyrias|.

A atual tarefa à qual eu fui designado é supervisionar o Príncipe Flut e a Princesa Satia enquanto eles desenvolvem sua maturidade. Eu estou com eles desde os anos iniciais de suas infâncias, mas, recentemente, eu comecei a sentir a distância entre nós gradualmente crescer.

A fissura emocional a qual eu acabei de me referir foi causada por um único homem, Salrut O’Randy, antigo ⌈Cavaleiro do |Reino Raidos|. Apesar de seu status anterior, Salrut obteve uma posição dentro do Palácio Real. Ele obteve sua, de outra forma injustificada, posição, através do ato de salvar Sua Majestade de um grupo de rebeldes.

Ele declarou ser um ⌈Cavaleiro sem um reino, um que abandonou os caminhos raidosianos. Sua origem parecia duvidosa, portanto, eu imediatamente assumi que ele fosse um espião.

Contudo, apesar de minhas suspeitas, ambas Suas Majestades passaram a confiar nele. Eu não poderia imaginar o porquê, mas nenhum dos dois colocou a menor das dúvidas neste homem. Eu entendia que ele salvou Sua Majestade de uma situação perigosa, mas, ela atribuiu demasiada fé nele por um pequeno motivo.

Eu tenho que admitir que a Família Real do |Reino Fyrias| possuía a tendência de ser exageradamente ingênua. Os integrantes da família eram bastante abertos e possuíam uma extrema falta de cautela quando comparados com a Realeza de outras nações. Mas mesmo assim, eu senti que suas escolhas eram estranhas e descabidas. Eles eram confiantes e negligentes demais quando se tratava de se relacionar com um ex-raidosiano.

Eu suspeitei que o homem manipulou as mentes de Suas Majestades com magia, e assim, eu fiz meus homens conduzirem uma série de investigações. Mais especialmente, eu solicitei que os homens verificassem se Suas Majestades tinham sido encantados ou sofreram lavagem cerebral. Eu estava quase certo de que minha suspeita estava correta, contudo, nenhum dos meus exames jamais me devolveu resultados positivos. Além disso, Suas Majestades possuíam barreiras que repeliriam qualquer tentativa banal, e eu duvidei que ele fosse capaz de lançar algum dos feitiços mais complicados.

Eu tentei avisar Suas Majestades de minhas suspeitas, mas eles alegaram que confiavam nele. Minha persistência os levou a me afastarem de seu lado com aborrecimento. Suas escolhas e ações fizeram eu me sentir o mais aflito que um único indivíduo poderia se sentir.

No entanto, eu permaneci desestimulado em tentar revelar as ações de Salrut de qualquer forma. Na verdade, eu fiz precisamente o oposto e aumentei meus esforços. Eu comecei a publicamente expressar minhas suspeitas, apesar de saber que Suas Majestades só iriam me olhar com um distanciamento ainda maior. Essa era a extensão da minha determinação.

Salrut realmente fez bem e mereceu seu título como espião raidosiano. Eu fui incapaz de encontrar evidências que permitiriam incriminá-lo, independentemente de meus muitos esforços. No entanto, eu consegui descobrir seus motivos.

Seu alvo era a [Lâmina Divina] do |Reino Fyrias|. Ele desejava obter [Diábolos][1], a ⟦Lâmina do Lorde Demônio.

[Lâminas Divinas] são as espadas contadas em lendas, mas apesar de suas existências serem semelhantes ao conhecimento comum, seus paradeiros são em grande parte desconhecidos. Muitas já foram até completamente esquecidas como resultado da passagem do tempo.

No momento, há apenas cinco [Lâminas Divinas] com seus nomes e portadores conhecidos no mundo: [Alfa][2], a ⟦Lâmina da Origem, [Berserk][3], a ⟦Lâmina da Loucura, [Ignius][4], a ⟦Lâmina Brilhante das Chamas, [Gaia][5], o ⟦Fio da Terra, e por último, mas não menos importante, está o nosso tesouro nacional, [Diábolos], a ⟦Lâmina do Lorde Demônio.

É dito que [Diábolos] possui um ⌈Lorde Demônio ancestral selado em seu interior, e aquele que empunhar a espada receberá os poderes do dito ⌈Lorde Demônio. Isto é, a habilidade da [Lâmina Divina] é invocar ⌊Demônios submissos, e era precisamente essa habilidade o que permitia que nossa pequena e frágil nação sobrevivesse através das eras.

É dito que a fraqueza da espada está relacionada com sua relativa ineficácia em combate individual. Os registros mostram que há mil anos, o sucessor da espada, um dos Príncipes coroados de nosso |Reino|, desafiou o portador de [Crystalos], a ⟦Lâmina Sagrada da Água, para um duelo. Ele e [Diábolos] perderam, apesar do fato de [Crystalos] não ser uma [Lâmina Divina]. Mesmo assim, [Diábolos] mais do que compensava suas deficiências com sua característica única. Sua habilidade para invocar ⌊Demônios permitiu que o |Reino Fyrias| mudasse as marés da guerra várias vezes.

Outro atributo único de [Diábolos] era que ela não poderia ser empunhada além de poucos selecionados. Especificamente, apenas aqueles que tinham o sangue real do |Reino Fyrias| correndo em suas veias poderiam tocar a espada sem perderem suas almas. Se um indivíduo não qualificado tentar empunhar a espada, ele irá perder sua vida na mesma hora.

Muitos outros países sabiam das habilidades da [Lâmina] para forçar os ⌊Demônios a servi-la, mas o resto de suas características eram cuidadosamente mantidas em segredo, exceto por aqueles qualificados a saber sobre os segredos nacionais do |Reino|. Membros da Família Real seriam informados das propriedades da espada em seu décimo aniversário. Eles, contudo, não eram os únicos a serem informados. O Rei também informaria o Grão-Camareiro e seis de seus subordinados escolhidos a dedo sobre os detalhes da [Lâmina Divina]. A espada também seria descrita para o Primeiro-Ministro e quatro homens que comandavam o exército da nação.

A todos os indivíduos expostos aos segredos do país, ⌊Demônios eram concedidos. Obviamente, eu também possuía um dentro de mim. Se minha vida fosse colocada em perigo, ele iria aparecer e me proteger da ameaça. Ele estava registrado como um Nível de Ameaça ⟦D, então ele era realmente bem poderoso. Entretanto, eu mesmo sou um mero camareiro. Me faltava sangue real, e, portanto, eu não poderia controlar as ações do ⌊Demônio.

Embora ter um ⌊Demônio a seu lado pudesse soar conveniente, eu posso garantir que não era necessariamente assim. O ⌊Demônio possuía outra característica que agia simultaneamente como um tipo de grilhão. Aqueles que tentassem informar as desconhecidas propriedades da [Lâmina Divina] iriam imediatamente ter suas vozes roubadas e se tornariam mudos, tudo com o objetivo de preservar o sigilo.

O traço final do ⌊Demônio funcionava com a mesma finalidade. Isto é, os ⌊Demônios invocados possuíam a capacidade para se esconderem daqueles que eram capazes de usar ‖Avaliação. Embora ‖Avaliação fosse uma habilidade deveras rara, não era completamente impossível que ela se manifestasse, e assim, esta habilidade final podia ser considerada crítica na preservação dos segredos de nosso país.

Aqueles que carregam sangue real, naturalmente recebem ⌊Demônios de qualidade maior, com Nível de Ameaça ⟦C. Eles desempenham a função de excelentes guardiões. Eles eram capazes até de curar ferimentos e eliminar qualquer condição anormal. Eles são tão poderosos que podiam até curar a mais mortífera das feridas em questão de segundos.

Isto, no entanto, levava para sua própria parcela de complicações. O poder do ⌊Demônio permitia que os membros da Família Real escapassem da maioria das situações de perigo. Assim, eles tipicamente tendiam a não ser muito cautelosos; eles fracassavam em desenvolver um verdadeiro senso de perigo.

E foi precisamente isso o que levou ao incidente que nós acabamos de enfrentar. O Príncipe Flut e a Princesa Satia prepararam sua viagem para |Kranzell| com apenas o número mínimo de escolta. Parecia que Salrut tinha declarado que iria proteger os dois durante a jornada, e assim, o próprio Rei aprovou esse plano.

Ambas Suas Altezas tinham ⌊Demônios a seus lados, e ⌊Demônios que iriam inquestionavelmente protegê-los de ameaças. Entretanto, ainda era um fato que eles eram apenas crianças. Sempre seria possível para eles caírem em algum tipo de armadilha, dessa forma, eu decidi que seria melhor que eu os acompanhasse. Eu esperava que seria capaz de usar os perigos que acontecessem durante a viagem para fazê-los entender, então eles reconheceriam melhor os riscos que os aguardava no futuro.

E logo, Salrut agiu. Uma noite, ele trouxe com ele não apenas Suas Altezas, mas também um grupo de crianças que eu não poderia deixar de considerar suspeito. Eu admito que elas eram apenas meras crianças, e que era pouco provável que elas causassem algum mal para Suas Altezas. Entretanto, eu estava bem ciente de que muitos assassinos começavam a trabalhar desde muito jovens, dessa forma, eu aumentei minha cautela. Eu intencionalmente afiei minha língua quando me referia a elas; eu testei as reações de cada uma das crianças em sucessão, com o objetivo de analisar seus propósitos.

Minha investigação me levou a acreditar que uma das crianças era muito mais suspeita do que o resto. A pessoa que eu escolhi manter meus olhos era uma jovem moça com orelhas de gato que atendia por Fran. Eu fui incapaz de ver ela como uma pessoa respeitável, independentemente de quanto eu a olhasse. Aliás, eu notei ela se esgueirando pelo prédio para conversar com Salrut.

Ambos o Príncipe e a Princesa pareciam gostar dela. Eu, contudo, me recusei a ser enganado. Eu decidi então que iria expor a essência de sua personalidade e, dessa forma, eu tentei entrar no caminho dela. Eu secretamente esperei que ela me julgasse um obstáculo, pois ela seria alvo do poder do ⌊Demônio se ela tentasse me atacar.

Em suma, eu presumi que eu ainda estava no controle da situação, mas as coisas logo fugiram muito além do que eu tinha imaginado em minhas fantasias mais loucas.

Nós fomos atacados por piratas enquanto navegamos pelo mar. Fran derrotou a frota inimiga e chegou até a trazer o Capitão deles para nosso barco, e foi então que aconteceu a reviravolta. O dito Capitão imediatamente começou a me acusar de planejar o assassinato do Príncipe e da Princesa.

Eu fui pego em uma armadilha. Eu fui alvo de uma forma de ataque e fracassei completamente em me antecipar a isso.

Eu fui deixado inconsciente quando tentei protestar contra a situação. Para aumentar meu infortúnio, meu ⌊Demônio não foi invocado por não haver perigo para minha vida.

Quando eu acordei, eu me descobri no chão. Um dos meus subordinados mais confiáveis, Naymario, me traiu e se uniu ao inimigo. Suas Altezas passaram e me encarar, seus olhos repletos de dúvida e suspeita. Eu fui acuado em um canto, e meu coração ficou tomado pelo desespero.

Mas então, ela me ajudou. Fran ativou um item peculiar que tinha o nome de [Espada da Verdade]. Para minha surpresa, ela usou a espada para provar minha inocência. Testemunhar o item que ela possuía imediatamente me levou a entender que ele possuía um valo extraordinário. Sua funcionalidade era tão incrível que eu senti o desejo de perguntar-lhe se ela estava aberta a negociações sobre sua posse.

No fim, eu concluí que ela também foi simplesmente manipulada por Salrut. Ela não era uma de suas colaboradoras, nem era outra espiã raidosiana. Ela simplesmente era uma criança que possuía habilidades excepcionais na arte do combate, e isso era tudo.

Salrut realmente foi um tolo. Ele tentou assassinar Suas Altezas sem o menor conhecimento sobre os ⌊Demônios que os protegiam. Parecia que ele tentou transformá-los em escravos também, mas até isso teria sido inútil. Os colares que induziam a escravidão não seriam nada diante dos ⌊Demônios que protegiam Suas Altezas.

Contemplar as circunstâncias de Salrut me levou a continuar desenvolvendo minhas especulações. Eu cheguei à conclusão que ele provavelmente descobriu que apenas membros da Família Real poderiam tocar na [Lâmina Divina]. Logo, ele tentou usar um dos membros da Realeza de nosso país para cumprir sua ambição.

Entretanto, esse plano acabou em fracasso, e assim, ele redirecionou seus esforços pensando em reduzir o número de potenciais portadores. Se chegássemos em |Barbola|, então o Príncipe e a Princesa teria olhos sobre eles em todas as partes. Além disso, |Kranzell| tinha sua própria rede de informação, uma que tornaria difícil para ele fazer qualquer tipo de movimento. Consequentemente, ele escolheu eliminar Suas Altezas antes que perdesse essa oportunidade.

Tal plano de fato causaria danos a nosso país se ele tivesse sucesso. Os portadores potenciais da [Lâmina Divina] eram surpreendentemente poucos em número. O Segundo Príncipe estava doente, seu corpo era incapaz de lidar com o fado que acompanhava os poderes de [Diábolos]. Os Terceiro e Quarto Príncipe tinham ambos perecido no processo de subjugar 〈Feras Demoníacas.

A maioria de nossas Princesas já tinha se casado, e, portanto, elas não mais residiam em nosso país. Para completar, parecia que a própria [Lâmina Divina] tinha um tipo de natureza meticulosa. Eu não posso explicar a razão para este fenômeno acontecer, mas a [Lâmina Divina] se recusava a reconhecer aqueles que tinham se casado e saído do |Reino| como seus potenciais portadores. O mesmo se aplicava a seus filhos, apesar do fato de que o sangue real de |Fyrias| corria por suas veias.

Em outras palavras, a [Lâmina Divina] tinha muito poucos potenciais portadores. Havia apenas seis pessoas que poderiam colocar seu poder à mostra: Sua Majestade, o Rei, o Príncipe Coroado, a Quinta Princesa, o Príncipe Flut, a Princesa Satia e a Sétima Princesa. Se o Príncipe Flut e a Princesa Satia perecessem, então a [Lâmina Divina] iria perder dois de seus seis potenciais portadores. Em outras palavras, o |Reino Fyrias| sofreria um duro golpe.

A menção ao Príncipe Flut e a Princesa Satia me lembrou da atual situação deles. Ambos estavam atualmente dentro da cabine do navio. Suas Altezas ainda estavam em choque como resultado da repentina traição de Salrut. Eu não fazia ideia de como poderia melhorar seus humores, então não tive escolha além de esperar que eles se recuperassem.

Eu realmente espero que eles sejam capazes de se acalmar até o momento de nossa chegada, já que eles devem participar das cerimônias realizadas em |Barbola| de forma condizente a representantes do |Reino Fyrias|. Nosso país é pequeno. O mar fica a nosso Oeste, mas cada uma de nossas três fronteiras está em contato com outro país. Ao Sul está o hostil |Reino Raidos|. Ao Norte e Leste reside |Kranzell|, um de nossos maiores aliados. Nosso relacionamento com o |Reino de Kranzell| é excelente, e dessa forma, é imperativo que o Príncipe e a Princesa apareçam em ótimo espírito.

Foi muita sorte sermos capazes de eliminar o espião raidosiano antes de chegarmos em |Kranzell|, pois seria possível para ele tentar prejudicar a relação entre nossas nações. Eu não poderia agradecer a Senhorita Fran o bastante por suas ações; ela até conseguiu identificar e confiscar o item mágico dele, um anel que faria as pessoas ao seu redor do usuário ficarem menos atentas com suas ações.

Nossa viagem através do oceano realmente foi repleta de reviravolta e guinadas. A interferência de Salrut adicionou perigo e drama, mas nem mesmo isso pôs fim a essa situação. Mas o destino mais uma vez ergueu sua cabeça, pois o massacre dos piratas foi imediatamente acompanhado pela aparição de uma enorme Fera Demoníaca.

A criatura que ameaçou acabar com nossas vidas era incrivelmente poderosa. Sua classificação era a de um Nível de Ameaça ⟦A. Ela estava muito além de qualquer coisa que nossos ⌊Demônios poderiam nos proteger, e assim, mais uma vez, eu fui atacado pelo desespero. Minha única esperança no momento era que Suas Altezas continuassem vivas.

No entanto, parecia que nem tudo estava perdido. De alguma forma, a Senhorita Fran conseguiu nos salvar de novo. Ela imediatamente usou uma habilidade que eu nunca tinha visto e atacou a 〈Serpente de Midgard que se aproximava com uma série de golpes ferozes. Cada um deles tinha tanta força que eu poderia dizer, mesmo estando tão distante, que ela conseguiu criar imensos buracos na carne do monstro.

O poder dela estava muito além da minha compreensão. Testemunhar isso me fez repensar a atitude que eu usei quando me aproximei dela. Não é preciso dizer que eu imediatamente me arrependi de minhas ações. Minhas costas ficaram ensopadas com suor frio como gelo antes que eu percebesse.

Eu não poderia fazer nada além de suspirar de alívio. Eu estava grato por ela ter tolerado minhas ações excessivamente hostis.

Ela trouxe de volta sua espada depois da primeira rajada de ataques e sacou outra. Eu a testemunhei enquanto ela manipulava ambas as armas e bombardeava a Fera Demoníaca com outra investida gloriosa. Parecia que sua segunda espada tinha a habilidade para matar instantaneamente seu alvo, a 〈Serpente que ela estava enfrentando tinha vários corações, e assim, múltiplas vidas. O efeito de sua segunda espada fracassou. O resultado final da batalha parecia imprevisível; eu não fazia ideia de como isso acabaria, dessa forma, eu não tive escolha além de observar cada uma das ações dela enquanto a cena se desenrolava diante de mim.

O ataque final que ela usou envolvia mergulhar uma de suas espadas dentro da boca do monstro. Ela entrou dentro do estômago da 〈Serpente e realizou uma série de ações desconhecidas para mim. Seja lá o que a espada fez, parecia que essa ação foi efetiva, pois os movimentos do monstro pareceram ficar lentos enquanto ela soltava um grito de dor.

O Capitão do navio se alegrou com as ações da jovem dama que nos permitiu escapar da 〈Fera.

Ela então recuperou sua espada com o que parecia ser uma magia, a embainhou e se moveu na direção do pirata. A jovem senhorita o instruiu a guiar o navio para sua base com uma expressão indiferente. Ela parecia nem mesmo ter suado apesar de todo o seu esforço. E assim, mais uma vez, eu fui capaz de reconhecer sua força, e de novo, eu comecei a suar frio.

Ela então pediu (ameaçou) aos indivíduos presentes para não revelarem suas habilidades. O mesmo pedido se aplicava a [Espada da Verdade]. Ninguém presente se atreveu a desafiá-la, todos nós concordamos obedientemente. Especificamente, a frase que ela proferiu foi a seguinte:

(Fran): “Não contem. Certamente irá causar arrependimento”

Era natural para nós concordarmos considerando o que tínhamos testemunhado. Nossa inclinação em dar uma resposta positiva foi apenas reforçada pelo 〈Lobo que estava de pé, atrás de nós, enquanto rosnava em um tom baixo e ameaçador.

Entretanto, havia uma questão que eu achei importante notar. Apenas a espada longa dela retornou. Eu não fazia ideia do destino da outra espada, mas eu presumi que ela perdeu como resultado da batalha. Sua segunda lâmina parecia ser de uma qualidade considerável já que possuía até a habilidade para matar instantaneamente seus inimigos. Eu senti que seria uma pena que ela perdesse esse item.

Considerações subsequentes me levaram a entender que a espada só foi perdida porque ela a utilizou para nos proteger. Não poderíamos ficar sem compensá-la por isso. Salrut, o homem tecnicamente responsável por empregá-la, estava agora aprisionado, então não era preciso dizer que a questão do pagamento dela também passaria para nossas mãos.

Isso, contudo, era algo irrelevante. Seu pagamento era um assunto de grande importância, mas não era uma que tomava precedência sobre o reconhecimento e a observação de minhas próprias infrações. A maneira que usei para tratar ela não passava de injusta e grosseira. Eu não sei se ela irá me perdoar por minhas ações, mas mesmo assim, eu sentia que eu devia oferecer a ela minhas mais sinceras e profundas desculpas.

(Serid): “Com licença, Senhorita Fran. Você teria um momento para conversarmos?”


Notas:

[1] Diábolos significa “diabo” em grego.

[2] Alfa (α) é a primeira letra do alfabeto grego.

[3] Berserkir (plural para Berserker) foram guerreiros nórdicos ferozes, que estão relacionados a um culto específico ao deus Odin. Esses guerreiros entravam em tamanho estado de fúria em combate que se dizia que suas peles podiam repelir armas. Alguns eruditos modernos sugerem que a fúria dos berserkir poderia ter sido induzida por consumo de álcool e um cogumelo de espécie amanita, que causa uma variação emocional imensa, dependendo da pessoa o efeito do cogumelo poderia causar efeitos contrários aos desejados, por exemplo, depressão ou até mesmo calma, por isso tais guerreiros eram tão escassos e admirados.

[4] Ignis significa “fogo” em latim.

[5] Gaia, na mitologia grega, é a Mãe-Terra, como elemento primordial e latente de uma potencialidade geradora imensa. Segundo Hesíodo, no princípio surge o Caos (o vazio) e dele nascem Gaia, Tártaro (o abismo), Eros (o amor), Érebo (as trevas) e Nix (a noite). Gaia gerou sozinha Urano (o Céu), Ponto (o mar) e as Óreas (as montanhas). Ela gerou Urano, seu igual, com o desejo de ter alguém que a cobrisse completamente, e para que houvesse um lar eterno para os deuses “bem-aventurados”.

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