Assim que Nick estava recuperando sua segunda lança da parede, a porta da Unidade de Contenção do Sonhador se abriu, e Trevor saiu.
Nick piscou algumas vezes, surpreso.
Normalmente, Trevor não acordava por conta própria.
— Alguém sabe o que está acontecendo? — Trevor perguntou em voz alta enquanto procurava pelos guardas.
Então, avistou Nick. — Oh, Nick. Você já está aqui? — perguntou.
Nick assentiu enquanto colocava a lança ensanguentada nas costas.
No instante seguinte, Trevor notou o cadáver no meio do armazém.
Quando viu o rosto do cadáver, Trevor estremeceu.
Aquele buraco no meio parecia brutal.
Parecia que um objeto enorme havia atravessado o corpo em altíssima velocidade, o que provavelmente foi o que aconteceu.
Trevor rapidamente concluiu que devia ter sido uma das lanças de Nick, o que o chocou bastante.
Trevor não era burro e sabia o quanto de força era necessário para que algo como uma lança atravessasse o crânio de um Extrator como se fosse papel.
Ele sabia que podia causar muito dano com sua própria lança conversível, mas algo assim estava fora de seu alcance.
Seus oponentes eram feitos de matéria sólida, enquanto os buracos pareciam mostrar que a lança de Nick não distinguia entre o corpo de um Extrator e o ar.
Quanto poder Nick podia liberar?!
“Isso deve ser por causa da habilidade dele”, Trevor pensou.
Trevor e Jenny ainda não sabiam qual era exatamente a habilidade de Nick, o que significava que só podiam especular.
Pelo menos agora saberiam que a habilidade de Nick era útil para combate direto.
Caso contrário, ele não teria conseguido liberar tanto poder.
— O que aconteceu? — Nick perguntou enquanto saltava de uma das plataformas.
— Isso que eu queria perguntar — Trevor respondeu. — Acordei de repente e encontrei o Sonhador no canto da Unidade de Contenção, olhando para o teto.
— Eu encontrei a espiã e joguei minha lança nela — Nick explicou. — A lança atravessou o corpo dela e ricocheteou na Unidade de Contenção do Sonhador. O barulho provavelmente o assustou.
— Ah, certo — disse Trevor, olhando para o cadáver. — Quer que eu volte para dentro?
— Não, está tudo bem — respondeu Nick. — Você pode ir para casa mais cedo hoje.
Trevor assentiu. — Claro. Me avise se algo acontecer, certo?
— Claro — Nick respondeu com um aceno.
— Então, divirta-se no trabalho — disse Trevor antes de lançar mais um olhar para o cadáver e sair.
— Obrigado — Nick respondeu, distraído.
Logo depois, Nick abriu a porta da Unidade de Contenção do Sonhador, mas não entrou.
No canto da sala, o Sonhador apenas olhou para Nick com seus olhos mortos.
— Eu acidentalmente acertei sua sala com esta lança — disse Nick, mostrando a lança ensanguentada. — Desculpe por incomodá-lo. Passo aqui em algumas horas, certo?
O Sonhador apenas olhou para Nick.
Não respondeu.
— Claro — Nick disse antes de fechar a porta novamente.
Então, Nick se apoiou em uma das paredes e esperou por Wyntor.
— Com licença, Nick?
Nick olhou enquanto dois guardas se aproximavam.
O terceiro estava de vigia no alto.
— Hm? — Nick murmurou.
— O que aconteceu? — perguntou um dos guardas.
— É uma espiã — Nick disse, apontando para o cadáver. — Ela estava no telhado, mexendo nesse frasco acima do local onde um de vocês ficaria.
Os dois guardas respiraram fundo.
Isso significava que eles haviam sido os alvos de algo.
— Posso dar uma olhada? — perguntou um dos guardas, tirando uma pequena caixa.
— Claro — Nick respondeu com um encolher de ombros.
O guarda abriu a pequena caixa, revelando vários frascos e ampolas.
Nick observou com as sobrancelhas erguidas enquanto o guarda removia cuidadosamente um pouco do material verde do frasco de vidro e o colocava em uma das ampolas.
Enquanto o primeiro guarda realizava testes, o segundo olhava para as três esferas pretas ao lado do cadáver.
Nick fez um gesto indicando que ele podia examiná-las, e o guarda inspecionou uma das esferas.
— Nick, eu sei o que é isso — disse o segundo guarda.
— Ah? O que é? — Nick perguntou, aproximando-se.
O guarda mostrou uma pequena gravação na esfera preta e o emblema de um pequeno fantasma simpático.
— É uma arma produzida pelo Laboratório Ghosty — explicou o guarda.
— Que tipo de arma? — perguntou Nick.
— Uma bomba de fumaça — respondeu o guarda. — Não tem propósito ofensivo e é quase exclusivamente usada para fugir de batalhas.
— Cada uma custa cerca de 5.000 créditos.
Nick franziu as sobrancelhas e assentiu.
Fazia sentido que um espião carregasse algo assim.
“Talvez eu devesse pegar algumas dessas?” Nick pensou.
— Obrigado — disse Nick.
O guarda assentiu e colocou as esferas pretas de volta ao lado.
O segundo guarda retornou ao posto, enquanto o primeiro continuava analisando o pó verde.
Nick apenas esperou.
Eventualmente, Nick viu a entrada da Sonho Sombrio se abrir, e Wyntor entrou.
Quando Wyntor viu o cadáver, ergueu uma sobrancelha. — Presumo que seja ela? — perguntou.
Nick assentiu. — Sim. Ela pousou no telhado e estava tentando espalhar esse pó verde no armazém. Ou, pelo menos, queria fazer isso. Não teve a oportunidade.
Wyntor assentiu enquanto se aproximava do cadáver.
Quando viu o rosto do cadáver, seus olhos não mostraram reação.
Permaneceram frios.
— Senhor — disse o guarda que analisava o pó, cumprimentando educadamente.
Wyntor assentiu. — Está analisando o pó verde? — perguntou enquanto coçava o queixo.
Suas sobrancelhas franzidas mostravam que ele estava confuso ou cético sobre algo.
— Sim, senhor. Estou quase terminando. Estou praticamente certo do que é, mas quero descartar todas as outras possibilidades — respondeu o guarda.
— Eu também tenho quase certeza do que é — disse Wyntor.
— Ah, você sabe o que é? — perguntou Nick.
Wyntor assentiu, mas não disse nada.
Os dois esperaram a análise do guarda terminar.
O guarda se levantou e guardou sua pequena caixa.
— Estou quase certo de que isso é algum tipo de pó de cura.
As sobrancelhas de Nick se ergueram.
Ao lado, Wyntor assentiu. — Foi o que suspeitei.
Isso deixou Nick muito confuso.
Pó de cura?
Por quê?
Por que o espião espalharia isso na Sonho Sombrio?
— O que isso significa? — Nick perguntou.
Wyntor respirou fundo pelo nariz.
Ele parecia nada satisfeito.
— Significa que Ardum nos enganou.