Nick deixou o cadáver cair no chão.
Em seguida, ele tirou o Token de Armazenamento dos Ambulantes e mostrou.
— Encontrei este token de armazenamento com ele — disse Nick. — Presumo que vocês já tenham visto esse homem antes.
Os dois guardas olharam para o token com preocupação.
Eles não tinham permissão para fornecer informações sobre seus clientes.
Embora…
Esse cliente estivesse morto.
— Sim — respondeu um deles, trocando um olhar nervoso com o outro.
Nick assentiu. — Quero acessar o armazenamento, e não quero ser levado a um cômodo falso. Sou dos Dregs. Sei com o que vocês lidam, e se um Extrator de nível dois está guardando algo aqui em vez de na cidade interna, deve ser algo ruim.
Os dois guardas se entreolharam, nervosos.
— Por favor, me acompanhe — disse um deles, abrindo a porta atrás de si.
Nick assentiu. — Vou deixar o cadáver aqui. Se algo sumir dele quando eu voltar, levarei um segundo cadáver para casa. Posso gastar 15.000 créditos em um ataque de raiva.
Os guardas engoliram em seco novamente, e um deles chamou alguns colegas para vigiar o cadáver.
O outro entrou no armazém, seguido por Nick e seus dois ‘companheiros’.
— Tem certeza de que pegamos o caminho certo agora? — perguntou Nick com frieza.
O guarda engoliu em seco.
Ele se virou para encarar os olhos semicerrados de Nick.
— P-Posso ve-ver o token novamente? — pediu, estendendo a mão trêmula.
Nick lentamente colocou o token na mão do homem.
O guarda olhou para o token.
— D-Desculpe. Cometi um engano agora há pouco — disse o guarda cautelosamente, devolvendo o token.
Nick lançou-lhe um olhar severo.
Nick já havia usado o serviço de armazenamento dos Ambulantes no passado e sabia que eles nunca guardariam coisas importantes no andar de cima, para onde o guarda estava tentando levá-lo.
Algo armazenado por um Extrator tinha que estar no porão.
E, como esperado, o guarda conduziu Nick e os outros para o porão.
Após alguns minutos de caminhada, todos pararam diante de uma porta metálica.
— Esta é a porta — disse o guarda, ainda tremendo. — Valorizamos a privacidade de nossos clientes. Por isso, não sabemos o que há atrás dela.
— Abra — ordenou Nick.
— Claro — respondeu o guarda com um sorriso educado, mas nervoso, enquanto pegava algumas chaves.
— Desculpe! Desculpe! Desculpe! Desculpe!
Assim que a porta se abriu, uma voz infantil e apavorada veio do interior da sala.
Nick estreitou os olhos.
Jonathan e Kiara ficaram chocados.
— Por favor — disse o guarda com um tom educado, indicando a porta.
Nick empurrou a porta sem cerimônia e entrou.
— Desculpe! Desculpe! Desculpe! Por favor! Farei qualquer coisa! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor!
Quando os três viram o que havia na sala, precisaram respirar fundo, e até o coração de Nick afundou.
No fundo da sala, havia uma cama precária.
No lado esquerdo, pedaços de metal ensanguentados e algumas tesouras manchadas de sangue.
Em um canto, havia urina e fezes.
E, em outro canto, uma gaiola.
Dentro da gaiola, havia uma menina pequena com vários ferimentos no corpo.
Ela olhava para os três com puro pânico e terror, esticando desesperadamente o máximo de seu corpo para fora da gaiola que conseguia.
Era como se ela estivesse absolutamente apavorada de permanecer naquela gaiola.
Ou, mais precisamente, no lugar onde a gaiola estava.
A gaiola estava colocada em um canto mais escuro da sala.
Não era completamente escuro, mas bastante sombrio.
Todos sabiam o que isso significava.
O Pesadelo estava sussurrando no ouvido da menina há sabe-se lá quanto tempo.
— Eu não vou mais morder você! Eu juro! Farei o que quiser! Por favor! Por favor! Por favor! Desculpe!
— Isso não deveria estar aqui — disse o guarda, fingindo indignação. — Eu juro, nunca…
— Cala a boca — disse Nick.
O guarda não disse mais nada.
Jonathan e Kiara olhavam para a menina e para a gaiola com absoluto terror.
Então, o cheiro da gaiola cheia de fezes os atingiu.
Kiara virou-se para o lado e vomitou.
— Pode confirmar que este é o armazenamento do gordo? — perguntou Nick, com um tom uniforme.
— S-Sim, senhor — respondeu o guarda. — Se soubéssemos o que…
— Cala a boca — ordenou Nick novamente.
No momento seguinte, Nick se virou para Jonathan, que apenas olhava para a menina com puro terror.
— Solte-a — ordenou Nick.
O corpo de Jonathan tremeu, e ele olhou para Nick.
Depois, virou-se para a gaiola e avançou.
Assim que chegou à gaiola, as pequenas mãos da menina agarraram o corpo de Jonathan com toda a força, recusando-se a soltá-lo.
— Por favor! Desculpe! Desculpe! — ela gritou em pânico.
— E-Eu vou soltar você! — gritou Jonathan de volta, igualmente em pânico.
No entanto, a menina estava completamente fora de si e continuou gritando com Jonathan enquanto o agarrava.
Jonathan rapidamente encontrou o cadeado, mas era de metal, e ele não tinha força suficiente para quebrá-lo.
Quando Nick viu isso, ficou irritado.
Nick avançou.
— Saia do caminho! — ordenou Nick.
Jonathan tropeçou e saiu rapidamente do caminho.
Então, Nick olhou nos olhos da menina.
— Afaste-se! — ordenou ele com uma voz sombria.
A menina parou de se mexer ao ouvir a voz de Nick.
— Eu disse, afaste-se! — gritou Nick.
A menina rapidamente recuou.
Nick segurou uma das barras e colocou o pé na borda da gaiola.
Então, ele puxou.
CRRRRRRRRRRRK!
A barra dobrou, e Nick a arrancou.
Depois, fez o mesmo com uma segunda barra.
— Você pode sair — disse Nick com uma voz calma, após respirar fundo.
A menina rapidamente se moveu e tropeçou para fora da gaiola, antes de correr em direção à porta para escapar.
Nick apenas a segurou.
— Calma! — gritou Nick. — Não estou aqui para machucar você!
— Estou aqui para libertá-la!