Depois de ver as reações dos dois ao blefe de Wyntor, Nick estava convencido de que aqueles dois queriam ser demitidos.
Ele ainda não tinha certeza se eram espiões, mas isso nem importava, já que, de qualquer forma, eles acabariam agindo como ‘espiões’.
Afinal, inevitavelmente contariam a outros Fabricantes sobre os Espectros da Sonho Sombrio.
Nick olhou para os dois pelas costas, com os olhos semicerrados.
— E por que vocês acham que isso é desrespeitoso e humilhante? — perguntou Wyntor com um sorriso educado.
— P-po-porque este é o seu escritório, e nos sentimos desconfortáveis no escritório de um estranho — respondeu novamente o mesmo sujeito.
O outro ainda não havia dito nada.
— É mesmo? — indagou Wyntor, olhando para eles.
Nick podia perceber que os dois estavam ficando mais agitados, e começaram a olhar para ele com mais frequência.
— Desculpe por reclamar tanto — disse o mesmo sujeito novamente, mudando completamente o tom.
Eles estavam obviamente em pânico, agarrando-se a qualquer coisa que pudesse tirá-los dali.
— E-e-eu acho que p-podemos trabalhar com o C-Cavalo de Sangue, certo? — disse o segundo sujeito nervosamente, olhando de Wyntor para seu amigo.
— Estávamos só um pouco estressados, sabe? — continuou, lançando um sorriso nervoso para Nick. — Nosso amigo morreu, e… e agimos mal, certo?
O primeiro sujeito olhou rapidamente entre Wyntor e seu amigo.
— Sim, estamos bem em trabalhar com o Cavalo de Sangue — disse ele novamente. — Agora que isso foi resolvido, acho que devemos voltar ao trabalho.
Ele se levantou e puxou o amigo junto.
Caminhou até Nick, olhando para ele nervosamente.
O sujeito já tinha visto Nick algumas vezes, mas nunca o considerara intimidante.
Afinal, Nick costumava exalar uma aura amigável e inocente.
Mas agora, o corpo enorme de Nick fazia o sujeito se sentir pequeno e insignificante.
— C-com licença — disse ele com um sorriso, enquanto movia lentamente a mão em direção à porta atrás de Nick. — Podemos passar?
Nick apenas olhou nos olhos do sujeito sem se mover.
De repente, os dois ouviram uma risada atrás deles e se viraram para Wyntor.
Wyntor riu suavemente.
— ‘Podemos passar’ — repetiu Wyntor.
— Que escolha de palavras apropriada.
Os corações dos dois caíram em um abismo de gelo.
Wyntor olhou para Nick e inclinou levemente a cabeça para a direita, indicando um dos dois.
Os olhos do sujeito se arregalaram.
CRK!
A mão de Nick se fechou ao redor do pescoço do sujeito, apertando com força.
Num instante, a boca do sujeito se abriu em terror enquanto sua garganta era comprimida de forma assustadora.
Ele perdeu o equilíbrio quando Nick o ergueu pelo pescoço, com os membros se debatendo em pânico.
O outro ficou paralisado de terror.
BANG!
Nick chutou o segundo sujeito, que bateu na parede com uma força absurda.
Vários ossos se quebraram.
Enquanto o segundo sujeito tentava se recuperar física e mentalmente após ser arremessado contra a parede, o primeiro estava ficando inconsciente à medida que o fluxo de sangue para o cérebro era cortado.
Nick olhou para o sujeito que segurava no ar, com os olhos semicerrados.
Então, pensou em algo.
“Quanto tempo preciso cortar a circulação para mantê-lo inconsciente por um tempo sem matá-lo?”
Nick soltou o sujeito, que caiu no chão.
Então, ele começou a tossir, e, alguns segundos depois, começou a recuperar a consciência.
“Ok, mais tempo — pensou Nick, agarrando o pescoço dele novamente.
Enquanto Nick estava ocupado estrangulando o sujeito de novo, Wyntor se virou para o outro.
— Agora, que tal conversarmos mais um pouco? — perguntou com um sorriso educado.
O outro estava no chão, encolhido como um camarão.
Ele não respondeu.
Wyntor olhou de volta para Nick, que também o encarou.
Wyntor gesticulou em direção ao sujeito no chão.
Nick pensou por um momento e assentiu.
Então, agarrou o outro e também começou a estrangulá-lo.
— Não! — gritou Wyntor. — Não era isso que eu quis dizer!
BANG!
O outro caiu no chão quando Nick o soltou.
— O quê? — perguntou Nick.
— Eu queria que você o colocasse na cadeira novamente, já que quero falar com ele. Não consigo conversar com uma pessoa inconsciente — explicou Wyntor.
— Bem, por que não disse logo? — perguntou Nick. — Não dá para falar de forma normal?
Wyntor respirou fundo enquanto o outro começava a tossir e engasgar no chão.
— Esqueça — disse Wyntor com um suspiro. — Apenas coloque-o na cadeira, por favor.
— Claro — respondeu Nick, enquanto pegava o sujeito e o jogava de qualquer jeito na cadeira.
— Ah, e acho que o outro já está quase pronto — comentou Wyntor.
Nick olhou para o sujeito que ainda estava estrangulando e o soltou.
O sujeito caiu no chão.
BANG!
E bateu a cabeça no chão.
Logo, uma boa quantidade de sangue começou a escorrer da cabeça dele, enquanto Nick piscava surpreso.
— Ele ainda está vivo? — perguntou Nick, ajoelhando-se para examinar o sujeito mais de perto.
— Ele tem pulso? — perguntou Wyntor.
Nick encostou a cabeça no peito do sujeito.
— Sim — respondeu.
— Então, ele deve estar vivo. Ele também não teve convulsões, o que significa que o cérebro não foi danificado além do reparo. Provavelmente, ele só tem uma concussão muito forte.
Nick assentiu, sem responder, e olhou para o sujeito.
Ele queria saber quanto tempo ele ficaria inconsciente.
— Agora, voltando a você — disse Wyntor, enquanto se virava para o sujeito na cadeira à sua frente.
O sujeito respirava pesadamente e estava curvado, com o rosto expressando puro terror e descrença.
Wyntor apenas o observava com um sorriso amigável.
— Ei, Wyntor. Quanto tempo preciso estrangular alguém para que fique inconsciente por um bom tempo? — perguntou Nick de repente.
O sorriso amigável de Wyntor desapareceu, substituído por irritação.
— Isso não é possível — disse Wyntor. — Assim que você soltar, o cérebro volta a receber oxigênio, e eles acordam em questão de segundos.
— Espera, não dá? — perguntou Nick, surpreso.
— Não, não dá — respondeu Wyntor. — Se quiser nocautear alguém, sugiro algo como 30 segundos de estrangulamento e uma concussão severa.
Então, Wyntor apontou para o sujeito inconsciente. — Como aconteceu com ele.
— Ah, entendi — respondeu Nick, enquanto continuava olhando para o sujeito desmaiado.
— Agora, onde estávamos? — perguntou Wyntor, voltando a olhar para o sujeito na cadeira com um sorriso.