Switch Mode

Kill the Sun – Capítulo 255

Honestidade

Nick olhou para a grade.

Ele não tinha certeza se deveria acreditar no Parasita.

O Parasita era uma praga para a cidade e só se interessava por cadáveres.

Nick não entregava cadáveres ao Parasita fazia anos.

Era bem possível que o Parasita só quisesse um último carregamento de corpos, acreditando que Nick e a Sonho Sombrio jamais voltariam a procurá-lo para obter pistas sobre algum Espectro.

— Por que eu deveria acreditar em você? — perguntou Nick.

— Por causa da minha reputação — respondeu o rato com um sorriso zombeteiro debaixo da grade. — Ei, vamos conversar em outro lugar. Acho que você não quer ser visto comigo em público.

Nick olhou ao redor e viu algumas pessoas andando por ali.

Sem dizer nada, ele foi até uma casa abandonada.

Alguns segundos após entrar, uma das grades começou a se mover para o lado, mas Nick simplesmente pisou nela.

Splash!

O som distante de algo atingindo a água nos esgotos pôde ser ouvido.

— Qual é o seu problema?! — gritou o Parasita alguns segundos depois.

— Não quero que você saia. Alguém pode nos ver — sussurrou Nick.

— Diga isso antes! — reclamou o Parasita, irritado.

— Então? Por que eu deveria confiar em você? — perguntou Nick.

— Nick, Nick, Nick — disse o rato com uma voz cantarolante. — Sou um comerciante, e a Sonho Sombrio não é meu único cliente.

— Se eu começar a descumprir minhas promessas, meus outros clientes não voltarão a fazer negócios comigo.

— Nick, você já ouviu em algum lugar que eu não cumpri minha parte de um acordo? — perguntou o Parasita.

— Não, mas isso não significa nada — respondeu Nick.

— Mas significa — insistiu o Parasita. — A Cidade Fungo Carmesim é um dos meus territórios favoritos para obter cadáveres. Tenho muitos clientes aqui, mais do que em muitas outras cidades.

Nick não ficou surpreso com isso.

Pelo que sabia, o corpo real do Parasita estava fora da cidade, o que significava que ele podia operar em várias cidades ao mesmo tempo.

— Existe uma razão para você nunca ter ouvido que eu quebrei uma promessa, e também uma razão para eu ainda estar nesta cidade — disse o Parasita.

Nick ergueu uma sobrancelha.

— A Cidade Fungo Carmesim e eu somos parceiros comerciais, e ambos temos limites que não podem ser ultrapassados. Se forem, não podemos mais trabalhar juntos.

— Meu limite é que ninguém pode manchar minha imagem. Você pode me chamar de ganancioso, cruel, oportunista, psicopata, o que quiser. Não me importo.

— Mas você não pode me chamar de desonesto! Meus negócios são justos! — exclamou o rato com convicção.

Sempre que Nick ouvia o Parasita, era difícil acreditar que os Espectros quase não tinham emoções.

— Se alguém ultrapassar meu limite, vou atrás deles! — gritou o rato. — Talvez eu não tenha poder para matá-los, mas sei muuuitas coisas.

— Talvez eu conte ao seu maior concorrente a localização de vários Espectros poderosos de graça.

— Talvez eu revele alguns segredos que sei sobre você.

— Eu posso não ter muito poder físico, mas tenho muito poder de influência! — proclamou o Parasita com confiança.

— Certo — respondeu Nick, sem se impressionar. — Então ninguém pode te chamar de desonesto. Mas isso não significa que você é honesto. Eu poderia ameaçar a vida de alguém e obrigá-lo a dizer a todos que não estou ameaçando sua vida. Parece a mesma coisa para mim.

Surpreendentemente, o rato riu um pouco.

— Nick, eu estava falando sobre o meu limite.

— E qual é o limite da Cidade Fungo Carmesim?

Nick franziu a testa, mas não respondeu.

— Você realmente acha que é tão difícil se livrar de mim? — perguntou o Parasita. — Você acha que uma cidade inteira cheia de poderosos Extratores não consegue acabar com alguns ratos?

— Basta enviar algumas centenas de Joãos e Veteranos para os esgotos para matar os ratos. Comprar equipamentos caros para localizar formas de vida e não deixar nenhum escapar. Tampar todos os buracos nas paredes. Envenenar as águas dos esgotos com veneno para ratos.

— Talvez você não elimine todos os meus ratos, mas o esforço para entrar na Cidade Fungo Carmesim seria muito maior do que o retorno que eu poderia obter. Isso significaria que tentar entrar na Cidade Fungo Carmesim seria um desperdício de mais Zephyx do que eu poderia ganhar.

— É um grande espetáculo e tudo mais, mas não vale a pena? Afinal, segundo todos, sou uma das maiores pragas da cidade.

Nick refletiu sobre as palavras do Parasita.

Se as forças da cidade realmente quisessem, provavelmente poderiam erradicar a presença do Parasita em alguns dias ou semanas.

Assim, eles se livrariam de um dos maiores tumores da Cidade Fungo Carmesim.

Mas não o fizeram.

Eles podiam, mas não fizeram.

Nick se lembrou de que o governador perguntava várias vezes sobre o status da investigação sobre o Parasita nas reuniões anuais.

No entanto, os Fabricantes mal entregavam informações.

Será que o governador já havia solicitado forças para erradicar o Parasita no passado?

Será que os Fabricantes simplesmente responderam com desculpas sobre por que não podiam ajudar?

Nick não sabia.

No entanto, uma coisa era certa.

Livrar-se do Parasita não era impossível e também não exigia um gênio para pensar em soluções.

Ainda assim, as soluções não eram utilizadas.

Isso só podia significar uma coisa.

A cidade não queria se livrar do Parasita.

Ou, mais precisamente, não a cidade, mas os Fabricantes.

E por quê?

Porque negociar com o Parasita era vantajoso.

O Parasita gerava lucro para eles.

E isso significava que o Parasita cumpria sua parte do acordo todas as vezes.

Caso contrário, os Fabricantes já teriam se livrado dele.

A pergunta de Nick foi respondida.

O fato de o Parasita ainda estar na Cidade Fungo Carmesim após décadas significava que ele era honesto e cumpria suas promessas.

Os Fabricantes não queriam se livrar dele.

— Certo — disse Nick. — Então, qual é o acordo?

Faça uma Doação e contribua para que o site permaneça ativo!
Conheça nossa Assinatura VIP e seus benefícios!!

Comentários

5 1 voto
Avalie!
Se Inscrever
Notificar de
guest
1 Comentário
Mais recente
Mais Antigo Mais votado
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários

Opções

Não funciona com o modo escuro
Resetar