Quando Nick começou a falar sobre a porta de aço, Julian ficou muito interessado.
Nick percebeu que Julian estava completamente imerso na história porque suas bocas não estavam mais fluindo tão suavemente.
Em vez disso, às vezes fluíam mais rápido e, outras vezes, mais devagar.
Isso acontecia porque Julian não estava mais se concentrando em ‘parecer belo e hipnotizante’.
— E você entrou? — Julian perguntou.
Nick assentiu.
— O que você encontrou?
Nick contou a Julian sobre as pilhas de pó, as armas, as armaduras de aço e assim por diante.
No entanto, havia uma coisa que ele estava mantendo em segredo.
E isso era o que ele havia visto nos monitores.
Essas informações seriam vistas pela Égide, e a Égide era o maior escudo da humanidade.
Nick estava disposto a contar a Julian sobre o prédio e o que ele continha, mas não queria contar sobre as informações que estavam lá.
Talvez Julian suspeitasse que Nick não estava lhe dizendo tudo.
No entanto, essa ideia nem sequer passou por sua cabeça, porque Nick soltou uma bomba.
A máquina!
Uma máquina que produzia Zephyx!
Mesmo que Nick escondesse algo, não seria nada tão grande e importante quanto essa máquina!
— Uma máquina que produz Zephyx? — Julian perguntou.
— Correto — Nick disse. — Pelo menos, essa é minha suposição. Não consegui entender nada disso.
— Não esperaria que você conseguisse — Julian disse com uma risada. — Pelo que você está me contando, parece que essa ruína pertence ao Velho Mundo.
Nick ficou um pouco surpreso.
Ele não esperava que Julian soubesse algo sobre as ruínas.
— O Velho Mundo? — ele perguntou.
Julian riu.
— O primeiro mundo — Julian disse. — Você já viu as ruínas abaixo da cidade, certo?
Nick assentiu.
— A primeira camada de ruínas é construída sobre outra camada de ruínas, que é construída sobre outra camada de ruínas.
— Cada camada tem materiais diferentes e é feita com um estilo arquitetônico diferente.
Julian riu novamente. — Você se lembra de Albert? Seu mentor?
Nick apenas assentiu distraidamente.
— Ele fazia parte de uma equipe que estudava as civilizações do passado. Eu sei de tudo isso conversando com ele e seus colegas.
— Aparentemente, há dezenas de milhares de anos de história enterrados sob a Cidade Carmesim. Civilizações e mais civilizações se ergueram e caíram aqui.
— E, pelo que posso dizer, a ruína que você visitou veio do Velho Mundo, que é a civilização mais antiga que conhecemos.
— O Velho Mundo é um mundo de avanço tecnológico incompreensível, mas também de uma fraqueza sem precedentes.
As sobrancelhas de Nick se ergueram surpresas. — Como isso é possível? — ele perguntou.
Julian riu mais um pouco.
— Porque os Espectros não existiam naquela época. Pelo menos, essa é a teoria — Julian disse.
— Os Espectros não existiam? — Nick repetiu, chocado.
Um mundo sem Espectros?
Como?!
O primeiro pensamento de Nick foi imediatamente sobre o Sol.
O Sol era um Espectro, certo?
Então, como era o mundo naquela época?
Era completamente escuro?
E sem o Pesadelo, as pessoas simplesmente aceitavam viver na escuridão?
As pessoas sequer precisavam de olhos, então?
Mas então, Nick se lembrou das lâmpadas nas ruínas.
Certo!
Já que eles não tinham luz naquela época, precisavam criar sua própria luz!
Sem luz, eles não podiam enxergar o mundo, e foi por isso que criaram sua própria luz!
“Um mundo sem Espectros”, Nick repetiu em sua mente.
Isso parecia absurdo.
Os Espectros pareciam tão eternos quanto a humanidade.
Dezenas de milhares de anos…
Era muito tempo.
O que aconteceu naquela época?
“Isso também explica por que tudo era feito de aço”, Nick pensou. “Sem Espectros, não há Zephyx, e sem Zephyx, não há materiais de Zephyx.”
“Espera, mas eles tinham Zephyx! Eles tinham essa máquina!”
“Mas com Zephyx, eles também deveriam ter acesso a materiais poderosos, e os humanos também deveriam ter se tornado mais fortes.”
“Mas não se tornaram?”
A mente de Nick estava cheia de contradições.
Nada fazia sentido.
— As tecnologias do Velho Mundo são incomparavelmente avançadas — Julian disse. — Albert e sua equipe as analisaram, e, na maioria dos casos, nem conseguiam dizer para que serviam.
— Ninguém na cidade sequer tem ideia de como funciona a tecnologia do Velho Mundo. As únicas coisas que fazem sentido são suas armas normais. Sabemos como elas funcionam.
— No entanto, as peças necessárias para fabricar essas armas precisam ser tão incrivelmente precisas que um Perito levaria anos para aprender a fazer uma, e cada arma levaria dias ou semanas de fabricação concentrada para ser produzida.
— E para quê? Para uma arma que perde seu efeito contra Extratores de nível dois.
Julian riu novamente.
— O Velho Mundo é um mistério.
— Não estou surpreso que o Velho Mundo tenha encontrado uma maneira de criar Zephyx.
— Mas estou surpreso que você tenha encontrado uma máquina dessas.
Nick ainda estava perdido em seus pensamentos.
Tantas coisas não faziam sentido.
— Por que você me contou? — Julian perguntou.
Nick saiu de seus pensamentos e olhou para Julian.
— Porque eu não quero morrer — Nick disse.
— Oh? — Julian repetiu. — Você acha que não conseguiria esconder isso e que eu o mataria por manter isso em segredo de mim?
— Não — Nick disse. — Não é você que me mataria. É o governador.
Julian permaneceu em silêncio por um momento.
Então, começou a rir.
Aparentemente, achou a lógica de Nick bastante divertida.
No entanto, não disse a Nick por que achava isso engraçado.
— Interessante — Julian disse. — Você teme que o governador queira silenciá-lo se você contar a ele. Então, você me contou primeiro para que eu pudesse contar a ele, já que não preciso temer tal retaliação.
Nick assentiu. — Além disso, a informação sobre a localização da ruína provavelmente também vale bastante.
— Com certeza vale — Julian respondeu. — Posso conseguir bastante com isso.
— A Égide está muito interessada nas ruínas do Velho Mundo, e as cidades são obrigadas a informá-los se encontrarem uma.
— A Égide provavelmente enviará algumas pessoas para investigar a ruína, e a cidade definitivamente obterá algo com isso.
Julian riu novamente.
— Foi inteligente da sua parte me contar, já que você não teria como aproveitar essa informação.
— Mas eu tenho.