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Kill the Sun – Capítulo 500

Você Aceita?

O fogo desapareceu, e Nick olhou para a Unidade de Contenção vazia.

Julian estava morto.

Julian havia dominado Nick por mais de uma década, sempre sendo sua maior ameaça.

No fundo de sua mente, seus instintos ainda temiam que Julian de alguma forma ainda estivesse vivo.

No entanto, tal medo era infundado.

Mesmo um Caído morreria ao ser atingido por um ataque daqueles, e Julian definitivamente não tinha o poder para enganar os sentidos de Simon.

Era impossível que Julian tivesse sobrevivido.

— Sua opinião sobre mim mudou? — Nick perguntou.

Simon franziu a testa.

Então, ele assentiu.

— Julian me ensinou um conceito interessante. A falácia do custo irrecuperável. Já ouviu falar? — Nick perguntou.

Simon não respondeu.

— A falácia do custo irrecuperável significa que pessoas que investiram muito em algo fadado ao fracasso continuam investindo porque não querem admitir a perda. Elas já colocaram tanto nisso que não conseguem lidar com a ideia de que todo o esforço foi em vão, acumulando ainda mais perdas com o tempo.

— Isso não soa exatamente como eu? — Nick perguntou.

— Sim — Simon respondeu.

— Também acho — Nick disse. — Durante toda a minha vida adulta, foquei apenas em tentar me redimir, mas já não tenho certeza se isso é sequer possível.

— Não importa o que eu faça, não posso ressuscitar as pessoas inocentes que matei. Mesmo que eu matasse o Sol, ainda assim não poderia compensar por elas.

— Agora que finalmente tenho poder para fazer mudanças positivas no mundo, entendo isso.

— Não sei se posso realmente corrigir as coisas.

— Talvez eu nunca seja redimido.

Silêncio.

— Mas ainda quero ajudar as pessoas — Nick acrescentou.

— Se houver uma vida após a morte, e todas as pessoas que matei quiserem me torturar, a única coisa que posso fazer é ter ajudado tantas outras que a maioria das almas ainda me verá como um benfeitor da humanidade.

— Além disso, acredito que a Égide e eu não somos tão diferentes.

Nesse momento, os olhos de Simon se estreitaram. — Cuidado com o que diz.

Nick não pareceu preocupado. Apenas olhou calmamente para frente.

— A Égide defende a humanidade, mas os tributos que exigem causam sofrimento às pessoas comuns devido à pressão sobre os líderes das cidades — Nick disse.

Simon não gostou. — A Égide não é a causa desse sofrimento.

— Não diretamente, não — Nick respondeu. — A Égide apenas quer algo, e cabe aos governos reunir esse algo. São os governos que causam o sofrimento.

— Mas sem os tributos, o sofrimento dos pobres seria tão intenso?

Nick riu.

— Essa é uma pergunta capciosa — ele acrescentou, sem dar tempo para Simon responder. — Claro que o sofrimento seria igualmente intenso. Por quê? Porque um único humano pode ser bom, mas um grupo de humanos é ganancioso.

— Então, sim, a Égide não é responsável, na minha visão, mas também não está isenta de culpa. A Égide tem o poder para mudar as coisas, mas o bem-estar das pessoas comuns não é sua prioridade máxima.

— Embora isso seja compreensível. A ameaça dos Espectros coloca toda a vida humana em risco. Sem vida, não pode haver felicidade. A sobrevivência é mais importante do que a felicidade quando se trata da humanidade como um todo. Alguns indivíduos podem discordar. Eles podem dizer que viver uma vida curta e feliz é melhor do que viver uma longa e miserável.

— Mas se a humanidade não puder sobreviver, nem mesmo haverá vidas curtas e felizes. Apenas não haverá vida.

— Vá direto ao ponto — Simon interrompeu.

Nick permaneceu em silêncio por um momento.

— Já nem sei mais qual era meu ponto — Nick respondeu. — Acho que estava apenas refletindo.

— Mas não importa. No fim, quero melhorar a vida das pessoas comuns, e acho que o fato de ter cometido tantos erros no passado me ajudará a alcançar isso.

— Quanto mais erros você comete, mais aprende com eles.

Simon ainda estava com a testa franzida.

— Não tenho o dia todo. Precisamos falar com Aria e lidar com o Governador — Simon disse, virando-se para a saída.

— Claro — Nick respondeu, seguindo Simon.

Nick podia perceber que a opinião de Simon sobre ele havia mudado drasticamente.

Antes da conversa com Julian, Simon via Nick como um companheiro.

Mas agora, ele o via apenas como alguém que deveria ter sido executado devido aos seus imensos crimes.

Nick era um monstro.

Um assassino de milhares de inocentes.

Ele havia causado mais sofrimento do que a maioria dos Espectros do mundo.

Deixá-lo viver era uma injustiça.

Infelizmente, não havia nada que Simon pudesse fazer.

O Campeão da Luz e a Braço Esquerdo haviam conversado com Nick, e ele havia recebido a bênção do Campeão da Luz.

Simon já não conseguia enxergar o que o Campeão da Luz via em Nick.

No entanto, ele ainda acreditava no Campeão da Luz.

Além disso, a Braço Esquerdo não havia dito algo muito semelhante?

Não importava.

Não cabia mais a Simon sentenciar Nick.

Não mais, pelo menos.

A partir de agora, o destino de Nick estava nas mãos dos Escudos.

A única coisa que podia fazer era relatar o que havia aprendido à Braço Esquerdo e deixar que ela decidisse.

Mas, por enquanto, ele precisava seguir as ordens que já tinha.

Os dois saíram da Unidade de Contenção e viram Aria parada em frente à porta.

— Está feito? — Aria perguntou.

— Sim — Nick respondeu. — Simon matou Julian.

Aria olhou para Simon, que apenas assentiu.

Ela soltou um suspiro de alívio. — Então, finalmente acabou.

— Precisamos conversar — Nick disse. — Talvez devêssemos voltar para o seu escritório.

Aria franziu a testa.

O jeito que Nick falava com ela fazia parecer que ele se via no mesmo nível que ela.

Eles já haviam conversado bastante no passado, mas Aria ainda era vastamente mais poderosa do que ele.

Mas ela não queria tirar conclusões precipitadas e antagonizar Nick sem necessidade.

Provavelmente, Nick sabia de algo importante que ela não sabia.

E se Nick tivesse entrado para a Égide e estivesse agora representando a organização?

Antagonizar um membro da Égide era o mesmo que antagonizar a própria Égide.

— Certo — Aria disse antes de sair da Unidade de Contenção.

Os três caminharam de volta para o escritório de Aria e entraram.

— Então, sobre o que precisamos conversar? — ela perguntou com neutralidade, sentando-se atrás de sua mesa.

Nick também se sentou, enquanto Simon permaneceu de pé ao lado da mesa, com a expressão fechada.

Ele parecia estar de muito mau humor.

— Eu encontrei o Campeão da Luz e fui aceito na Égide — Nick começou.

Os olhos de Aria se arregalaram de choque.

Nick havia encontrado o Campeão da Luz?!

Aria olhou para Simon em busca de confirmação, e ele apenas assentiu.

Nick tirou seu uniforme da bolsa e o colocou sobre a mesa.

Naturalmente, Aria era muito experiente e já havia encontrado diversas pessoas da Égide.

As duas listras no ombro de Nick a chocaram.

Um Agente?!

Mas então, ela viu que havia apenas uma listra no outro ombro, e ficou confusa.

Um Governador?

Um Agente e também um Governador?

Ou nenhum dos dois?

— Esta é uma nova posição, e eu sou a primeira pessoa a assumi-la — Nick disse. — Sou um Intermediador. Tenho uma patente superior à de um Governador, mas inferior à de um Agente.

Naquele momento, Aria ficou aliviada por ter seguido sua experiência.

Antagonizar Nick seria pior do que antagonizar o Governador naquele momento.

— Parabéns — Aria disse educadamente.

— Não precisa ser formal — Nick disse. — Se estiver disposta a aceitar, seremos colegas.

Aria piscou algumas vezes, confusa.

— O antigo Governador pode ser fisicamente forte, mas é mentalmente fraco — Nick disse. — Seu medo de arriscar a própria vida foi o que causou tanto sofrimento ao povo da Cidade Externa, especialmente aos Dregs.

— Eu compartilhei minhas ideias com o Campeão da Luz, e ele decidiu me dar uma oportunidade.

— Afirmei que uma população feliz ajudaria mais a Égide do que uma aterrorizada, e ele está disposto a me dar uma chance de provar isso.

— Como Intermediador, será meu dever supervisionar a Cidade Carmesim como um verdadeiro representante da Égide. O Governador ainda administrará a cidade em grande parte, mas estarei envolvido no governo.

— Meu objetivo é melhorar a vida das pessoas comuns e reduzir o sofrimento dentro da cidade.

— Se o sofrimento for obrigatório para que tudo continue funcionando, quero distribuí-lo de forma igualitária. Não quero que 2.000 pessoas sofram horrivelmente para que 5.000 possam viver sem preocupações.

Aria franziu a testa. — Você vai contra a elite? — ela perguntou.

— Eu vou — Nick disse.

— Isso é suicídio — Aria disse friamente.

— Assim como entrar na Anatomy sozinho? — Nick perguntou.

Aria olhou para Simon.

Isso deveria ter sido mantido em segredo, já que era proibido simplesmente destruir uma Fabricante como aquela!

No entanto, Simon não parecia surpreso nem interessado.

Isso significava que ele já sabia.

De certa forma, isso deixou Aria nervosa, mas também a tranquilizou.

Afinal, Simon não parecia alguém prestes a matá-la por traição, o que significava que era um segredo a menos que ela precisava esconder.

— O Governador é mentalmente fraco, incompetente e corrupto — Nick continuou. — Simon o levará, junto com os membros da Anatomy, para a Égide, onde serão julgados.

— A Cidade Carmesim precisa de um novo Governador.

Aria já conseguia ver aonde isso estava indo.

— Eu recomendei você, Aria, e o Técnico está disposto a convidá-la para se tornar a Governadora da Cidade Carmesim.

— Você aceita? — Nick perguntou.

Aria permaneceu em silêncio por um longo tempo.

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