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Kill the Sun – Capítulo 527

Amigos, huh?

— Então, o que você vai fazer agora? — Aria perguntou depois que os dois voltaram para o escritório.

— Não tenho certeza — ele respondeu distraidamente.

Nick mal havia registrado a pergunta de Aria, pois sua mente estava vagando naquele momento.

Ele ainda se lembrava da época em que Horua morreu e de como quase tirou a própria vida.

Naquela época, o Parasita havia falado com ele e dito que deveria ajudar mil pessoas para compensar a morte de Horua.

Foi nesse momento que o objetivo de Nick se formou.

Antes disso, ele tinha algumas metas vagas sobre ajudar os pobres, mas nunca havia realmente se dedicado por completo até aquele instante.

“Ajudar mil pessoas”, Nick pensou.

Um momento depois, ele pensou nos Dregs.

Os Dregs estavam encolhendo dia após dia.

Não porque as pessoas estavam saindo daquele lugar, mas porque cada vez mais pessoas conseguiam dinheiro suficiente para viver uma vida normal.

As lojas e barracas se tornavam mais luxuosas, e a comida que vendiam aumentava de qualidade.

Mais pessoas compravam essa comida, o que melhorava ainda mais a imagem das lojas.

As pessoas finalmente tinham acesso a roupas de verdade e não precisavam mais andar vestindo lã de ferro.

Ainda havia criminosos, mas o número era muito menor do que antes.

Claro, algumas pessoas nunca sairiam dos Dregs, mas isso era mais uma questão pessoal para elas.

As oportunidades agora estavam ali.

À medida que a cidade continuava se expandindo, cada vez mais empregos surgiam.

Nesse momento, havia mais vagas disponíveis do que pessoas desempregadas.

Isso chegou ao ponto de várias empresas oferecerem educação formal aos novos funcionários, apenas para conseguir mais trabalhadores.

Além disso, os salários eram surpreendentemente altos.

O motivo disso era Kugelblitz.

Agora, Kugelblitz precisava pagar muito mais pelo sangue das pessoas, e a oferta era tão alta que muitos conseguiam viver apenas doando sangue todo mês.

Claro, com mais dinheiro circulando na Cidade Externa, os preços de tudo subiram, o que aumentou a pressão para que as pessoas doassem sangue.

Doar sangue era o único fator realmente relevante para a sobrevivência, o que fez com que ninguém estivesse interessado em empregos.

Bem, até que as empresas passaram a ter muito mais acesso a fundos devido aos preços mais altos e precisavam desesperadamente de mais funcionários.

Eventualmente, tornou-se necessário que um salário superasse o valor de uma doação de sangue para atrair trabalhadores.

Os empregos ficaram cada vez mais lucrativos, e a vida de um número crescente de pessoas melhorou drasticamente como resultado disso.

Atualmente, ter um emprego era essencial para uma vida confortável, mas apenas com a doação de sangue era possível sobreviver.

Ninguém mais precisava lutar pela vida nos Dregs.

Além disso, enquanto a cidade continuasse se expandindo, ainda mais pessoas seriam necessárias para ocupar os novos espaços.

Ironicamente, embora os impostos mínimos pagos pelos Dregs tenham sido reduzidos, a cidade agora arrecadava várias vezes mais impostos daquela região, pois a maioria das pessoas já estava muito acima da faixa mínima de tributação.

Nick havia conseguido.

Essencialmente, os Dregs não existiam mais.

Todos que viviam ali tiveram suas vidas drasticamente melhoradas.

O sonho que ele perseguiu por quase duas décadas havia se realizado.

E, no entanto…

Nick apenas olhava distraidamente para a parede.

“Essa culpa ainda está aqui”, ele pensou.

“Eu sei que sou apenas parcialmente responsável pela morte de Horua. Wyntor me disse isso.”

“Além disso, melhorei drasticamente a vida de mais de duas mil pessoas.”

Nick suspirou.

“Então, por que ainda me sinto uma merda?”

“Por que essa culpa ainda me consome?”

A mente de Nick vagou para o incidente do Mar Carmesim.

“Acho que esse é o motivo. Melhorar a vida de duas mil pessoas não é suficiente para compensar a morte de mil inocentes.”

“Eu só preciso fazer a mesma coisa em várias cidades, e tudo vai melhorar.”

“Enquanto eu continuar melhorando a vida das pessoas comuns, as coisas ficarão melhores.”

Naquele momento, o coração de Nick acelerou, e ele ficou nervoso.

Por alguma razão, ele estava tendo dificuldade em acreditar em seus próprios pensamentos.

Mas isso tinha que ser verdade, certo?

Que outra maneira haveria de lidar com toda essa culpa?

Isso tinha que funcionar, certo?

Nick se convenceu de que tinha que funcionar.

Caso contrário, qual seria a alternativa?

Viver para sempre com essa culpa?

“Se esse for o meu destino, talvez seja melhor acabar com minha vida agora”, Nick pensou.

— Você está bem?

Os olhos de Nick se voltaram para Aria.

Ele havia se esquecido completamente de que ela estava em seu escritório.

— Sim, está tudo bem. Qual foi a sua pergunta? — ele perguntou.

Aria ergueu uma sobrancelha.

— O que está te incomodando? — Aria perguntou com empatia.

Nick franziu a testa. — Eu já disse. Está tudo bem.

— Nick, eu posso ver que você está preocupado — Aria disse. — É tão difícil assim me contar? Nós não somos amigos?

A mente de Nick foi catapultada de volta para sua última conversa real com Wyntor.

Amigos.

Wyntor havia sido a única pessoa que Nick considerava um amigo, mas até isso se provou falso.

Wyntor apenas investiu dinheiro em seu funcionário, e até matou Horua enquanto deixava Nick afundar em sua miséria.

Isso não era amizade.

Um amigo era alguém em quem Nick pudesse confiar.

Alguém sem segundas intenções.

Nick olhou para Aria com irritação.

Mas ele não disse nada.

Amigos…

Aria ajudou Nick muitas vezes e nunca pediu nada em troca.

Ela esteve disposta a arriscar sua vida pelo sonho de Nick.

Mesmo tendo feito muitas coisas para ajudá-lo, ele não sentia que ela o fazia para manipulá-lo.

Aria parecia completamente genuína para Nick.

Além disso, Aria nunca fez nada imperdoável contra ele.

Ela era apenas… gentil.

O olhar de Nick relaxou.

— Uma amiga, hein? — Nick repetiu.

— Nós não somos amigos? — Aria perguntou, erguendo uma sobrancelha.

Nick permaneceu em silêncio por um tempo, olhando para a parede.

— É difícil aceitar isso. Não tenho certeza se já tive um verdadeiro amigo na vida. Não sei bem o que é ser um amigo de verdade — Nick disse.

Ao ouvir isso, Aria se sentiu mal por Nick.

Não ter um amigo parecia algo horrível.

— Nós alcançamos nosso objetivo hoje — Aria disse. — Por que não tiramos o resto do dia de folga como comemoração e conversamos um pouco?

Assim que Nick pensou em não trabalhar, começou a ficar nervoso.

Sempre que parava de trabalhar, pensamentos sombrios surgiam em sua mente.

No entanto, ele também se sentia cansado, o que era irônico, já que Peritos não precisavam dormir.

— Certo — Nick disse.

Aria sorriu e levou Nick para uma sala de descanso dentro da sede.

Algumas pessoas já estavam lá, mas ao verem Nick e Aria, rapidamente se desculparam e saíram.

Nick ainda estava preso em seus pensamentos.

Então, um copo de café foi colocado na mesa à sua frente.

— Não, obrigado — Nick disse.

— Eu lembro de você e Vernon falando sobre café o tempo todo — Aria disse. — Achei que você gostasse de café.

Nick suspirou. — Não é isso.

— Então, qual é o problema? — Aria perguntou, sentando-se ao lado de Nick.

Nick suspirou novamente. — Eu odeio a Camada Superior por seus luxos enquanto as pessoas dos Dregs sofrem. Cada xícara de café custa mil créditos, o que é tanto dinheiro que poderia pagar o imposto de sangue de várias pessoas.

Nick olhou para o café. — Não posso odiar a Camada Superior e, ao mesmo tempo, me permitir os mesmos luxos que eles.

Aria apenas olhou para Nick com ceticismo.

— Eu entendo seu ponto de vista, mas você está preso ao passado — ela disse. — O preço do café caiu para 500 créditos por xícara, e o dinheiro disponível para os antigos habitantes dos Dregs agora é tão alto que eles poderiam comprar uma xícara por mês sem precisar passar fome.

— Claro, todos veriam isso como um desperdício de dinheiro, mas, se realmente quisessem, poderiam comprar.

Aria empurrou a xícara um pouco mais para perto de Nick.

— E foi você quem tornou tudo isso possível — ela disse com um sorriso. — Foi você quem domou a Camada Superior e implementou todas essas reformas.

— As pessoas da Cidade Externa te adoram.

— Não acho que alguém que vive na Cidade Externa ficaria bravo por você estar tomando um pouco de café.

Nick ouviu Aria e olhou para a xícara.

As palavras dela faziam sentido lógico, mas suas emoções não concordavam.

Ele sentia que não merecia o café.

Ele não merecia ter qualquer prazer na vida.

No entanto, no final das contas, Nick confiava mais na razão do que nas emoções.

— Temos leite e açúcar? — Nick perguntou.

As sobrancelhas de Aria se ergueram em surpresa.

— Sim, claro — ela disse antes de abrir uma geladeira elegante para pegar leite.

Nick colocou uma grande quantidade de leite e açúcar no café antes de beber.

Aria poderia jurar que Nick era do tipo que tomava café puro.

Ver o sério e estoico Intermediador transformando seu café em um milkshake doce a pegou completamente de surpresa.

Era estranho ver Nick, de todas as pessoas, bebendo algo tão açucarado.

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