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Kill the Sun – Capítulo 6

Wyntor Melfion

Quando o homem entrou na casa, ele ficou ainda mais desconfortável.

Havia sujeira por toda parte, e vários buracos nas paredes. Se não tomasse cuidado, poderia até se cortar nas bordas afiadas do metal enferrujado.

— Ei, venha aqui! — Nick gritou de um dos cômodos.

O homem se aproximou e viu Nick sentado no chão, no meio de um cômodo maior.

Não havia mesas ou cadeiras.

Ele olhou para o espaço à frente de Nick com um olhar questionador. — Devo me sentar?

— Ah, claro — Nick respondeu, revirando os olhos.

O homem respirou fundo e se sentou.

— Tem algo para beber? — ele perguntou.

— O barril de água está lá atrás — Nick gesticulou com a cabeça.

— Ah, ok — o homem disse. — Você tem um copo ou uma caneca?

Nick piscou lentamente.

— Um o quê? — ele perguntou.

— Você sabe, uma caneca — repetiu, gesticulando com as mãos. — Um recipiente pequeno para líquidos.

Nick piscou de novo, devagar.

— Por quê? Só beba — disse com uma expressão e voz impassíveis.

O homem olhou para Nick com uma expressão desconfortável.

— Deixa pra lá. Não estou com sede — respondeu.

Silêncio.

— Sou Wyntor — o homem disse, estendendo a mão para um aperto.

Nick olhou para a mão.

— O que você quer? — perguntou, encarando a mão estendida.

— Um aperto de mão e uma apresentação? — Wyntor disse, meio sem jeito, ainda com o braço estendido.

Nick franziu a testa e estendeu a mão.

Então, Nick agarrou os dedos de Wyntor e olhou-o nos olhos. — Eu sou Nick.

Wyntor sorriu desconfortavelmente e moveu a mão para cima e para baixo, enquanto Nick observava o movimento.

— Pode soltar, por favor? — Wyntor pediu.

Nick franziu a testa, confuso sobre por que Wyntor queria segurar as mãos e, de repente, não queria mais, mas ainda assim soltou os dedos de Wyntor.

— Desculpa, Nick. Ainda estou me acostumando com a forma como as pessoas agem aqui embaixo — Wyntor disse com uma expressão apologética.

“Claro, ele não é daqui”, pensou Nick.

O fato de Wyntor ter dito ‘aqui embaixo’ significava que ele vinha da cidade interna.

A Cidade Fungo Carmesim era composta por duas partes: a cidade interna e a cidade externa.

Se alguém olhasse para a Cidade Fungo Carmesim de cima, veria uma imensa cidade, que cercava uma estrutura gigantesca no centro.

A estrutura era uma pirâmide curva no formato de uma hipérbole, feita de metal refletivo, com quase dois quilômetros de altura e cinco quilômetros de largura.

Ao redor dessa imensa estrutura, havia muitos prédios altos e caros, mas quanto mais distante do centro, menores e mais feias se tornavam as construções.

Cerca de três quilômetros da borda da estrutura ficavam os Dregs, a parte mais externa da cidade.

Nos Dregs viviam as pessoas mais pobres, que mal conseguiam sobreviver. Entre os Dregs e a cidade interna estava a verdadeira cidade externa.

O Laboratório Ghosty ficava na cidade interna, mas o local do exame era na cidade externa.

Nick tinha ouvido lendas sobre a cidade interna, mas nunca esteve lá. Ele só tinha conhecido duas pessoas que vieram de lá.

Albert e Wyntor.

— Você é da cidade interna, né? — Nick perguntou.

— Sim, mas dos níveis baixos — Wyntor respondeu. — É minha primeira vez nos Dregs.

— Dá para perceber — Nick comentou, enquanto Wyntor apenas sorria desconfortavelmente.

— Então, por que você está aqui? — Nick perguntou.

— Antes de te contar, preciso que assine algo — Wyntor disse, pegando algumas folhas de papel de um pequeno saco pendurado em seu cinto.

Nick olhou para a primeira folha e franziu a testa.

— Aco… Aco-or-do… de… não… di-vuul-ga… ção? Acordo de não divulgação? O que é isso? — Nick perguntou.

Wyntor olhou chocado para Nick. — Você não sabe ler?

Nick franziu a testa. — Sei ler! Albert me ensinou! Só estou sem prática!

— Ok, ok! — Wyntor respondeu rapidamente. — Isso é um acordo de confidencialidade. Significa que você não pode falar sobre nada do que vou te contar com mais ninguém, ou a cidade vai atrás de você. Basicamente, se contar meus segredos, você será considerado um criminoso.

— Certo — Nick disse distraído, enquanto tentava ler a primeira frase do documento, mas estava achando extremamente difícil.

Ler e entender um documento legal já era complicado para adultos ricos, e a compreensão de leitura de Nick estava no nível de um estudante do ensino fundamental.

Depois de alguns minutos, Wyntor se ofereceu para ler o documento para ele, mas Nick disse que não confiava nele e que preferia ler sozinho.

Duas horas e muitas perguntas sobre o significado das palavras depois, Nick finalmente terminou de ler tudo.

Após mais algumas instruções de Wyntor, Nick assinou a folha de forma desajeitada.

Ele estava tão confuso com tudo isso. Sabia o que tinha assinado, mas ainda assim parecia algo estranho e alienígena.

— Certo — Wyntor disse, soltando um suspiro de alívio. — Tudo o que falarmos a partir de agora está sujeito ao acordo de confidencialidade, o que significa que você não pode contar o conteúdo a uma terceira pessoa sem meu consentimento. Entendeu?

Nick assentiu.

— Meu nome completo é Wyntor Melfion, e sou o terceiro herdeiro da família Melfion — Wyntor disse.

Nick piscou algumas vezes.

Silêncio.

— Tá — Nick comentou.

Wyntor respirou fundo. Nunca tinha recebido uma reação tão indiferente à revelação de seu nome de família.

— Meu pai faz parte do conselho da Kugelblitz — Wyntor acrescentou.

Nick piscou lentamente.

— Certo? — ele disse.

Wyntor bagunçou o próprio cabelo, frustrado.

— Ele ajuda a administrar a cidade! — Wyntor gritou. — A Kugelblitz é a Fabricante de Zephyx que possui o Fungo Carmesim, e meu pai é dono de 20% da Kugelblitz!

— Ah — Nick disse, surpreso. — Isso é legal, eu acho?

Wyntor massageou a ponte do nariz, irritado, e suspirou.

— Isso nem é o importante — disse ele. — O importante é que meu pai não quer que seus herdeiros cresçam sendo inúteis e sem valor. Ele trabalhou duro para chegar onde está, e quer que façamos o mesmo.

— Por isso, ele instruiu todos os seus filhos a construírem uma Empresa de Zephyx e ganhar o suficiente para comprar 0,05% da Kugelblitz. Caso contrário, não teremos acesso aos recursos da família — Wyntor explicou.

— 0,05%? — Nick perguntou. — Isso dá quanto? Tipo, mil créditos?

Wyntor riu. — Mais como 50 milhões.

Os olhos de Nick se arregalaram de choque.

50 milhões de créditos?!

Espera, e o pai de Wyntor tinha 20% dessa empresa?!

Quanto dinheiro era isso?!

Wyntor sorriu ao ver que Nick finalmente ficou surpreso com sua origem.

— Enfim — ele disse — Em comparação com meus irmãos, eu me recuso a ser explorado pelos Fabricantes de Zephyx na cidade interna e vim para cá, onde basicamente não há concorrência.

— Preciso de um Extrator Zephyx para começar meu negócio, e como não tenho um Espectro, não posso simplesmente contratar pessoas normais. Preciso de alguém que já tenha um Sincronizador Zephyx sintonizado.

— Albert me disse que eu encontraria alguém com essas características no mercado central dos Dregs, e é por isso que estamos aqui agora.

Nesse momento, a ansiedade e incerteza no comportamento de Wyntor desapareceram por completo, substituídas por uma postura confiante, direta e carismática de um empresário.

— Quero te contratar como meu Chefe Extrator Zephyx.

— E a primeira coisa que precisamos fazer é capturar um Espectro!

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