Quando Nick acordou novamente, foi diretamente até Wyntor para perguntar sobre o Caixão Gritante.
Aparentemente, o Caixão Gritante ainda não havia se movido.
Agora, já estava consumindo aquele cadáver havia mais de doze horas.
Depois de conversar um pouco, Nick voltou ao hotel para verificar Horua.
Felizmente, Pator havia cuidado de Horua enquanto Nick trabalhava, o que facilitava as coisas.
A cada poucas horas, Nick voltava para checar o Caixão Gritante e, com o tempo, seus horários de verificar Horua começaram a coincidir perfeitamente com os horários de verificar o Caixão Gritante.
Após dormir por quatro horas, Nick verificou Horua e o Caixão Gritante novamente.
Nada havia mudado.
Quando chegou a hora de sua próxima sessão de trabalho, Nick checou o Caixão Gritante mais uma vez.
Ele ainda não havia se movido.
“Já faz mais de 28 horas”, Nick pensou. “Se estivesse com fome, provavelmente estaria se movendo pela Unidade de Contenção procurando comida. Será que isso significa que leva mais de 24 horas para consumir um cadáver?”
Antes de começar sua próxima sessão com o Sonhador, Nick pediu a Wyntor que verificasse o caixão novamente.
Quando Nick saiu, perguntou a Wyntor, que tinha algo interessante a dizer.
— Cerca de seis horas depois do início da sua sessão, ele começou a se mover pela Unidade de Contenção — disse Wyntor. — Agora, está andando, tentando escapar para encontrar comida. Felizmente, ele é muito fraco e nem tenta quebrar as paredes. Apenas tenta encontrar um caminho ao redor delas.
“Seis horas depois do início da minha sessão?” Nick pensou. “Isso deve ser cerca de um dia e meio depois de eu alimentar o cadáver a ele.”
Nick assentiu. — Entendido. Vou dar uma olhada.
Wyntor retribuiu o aceno e voltou para seu escritório.
Enquanto Jenny trabalhava com o Sonhador, Nick foi verificar o Caixão Gritante.
Antes disso, checou a quantidade de Zephyx que ele havia produzido.
“30 gramas!” Nick pensou, chocado.
Trinta gramas era muita coisa.
“É como um grama por hora?” pensou Nick.
Trinta gramas era aproximadamente o que o Sonhador produzia diariamente.
Claro, o Caixão Gritante produziu isso em cerca de 32 a 34 horas, mas era importante lembrar que ele era apenas um Filhote Básico1.
Se o Caixão Gritante conseguisse evoluir para um Filhote Intermediário, poderia produzir tanto quanto o Sonhador ou até mais.
E o melhor de tudo: não precisava de ninguém trabalhando com ele.
Só precisava de um cadáver.
Antes de entrar, Nick retirou o armazenamento de Zephyx da Unidade de Contenção e o levou até o escritório de Wyntor.
Como Chefe Extrator Zephyx, era trabalho do Nick registrar todo o Zephyx produzido e levá-lo ao departamento de vendas, que no momento era apenas Wyntor.
Depois, Nick entrou novamente na Unidade de Contenção do Caixão Gritante.
De fato, ele estava rastejando pela Unidade como uma aranha com treze longas pernas brancas.
“Parece bem assustador”, pensou Nick.
Nick imaginou o Caixão Gritante andando silenciosamente pelas partes abandonadas dos Dregs à procura de comida.
Mas então teve outro pensamento.
Depois de pesar suas opções por um momento, decidiu tentar algo.
Ele se aproximou, e, quando chegou perto, o Caixão Gritante começou a usar suas longas ataduras brancas para envolvê-lo.
Mas antes que pudesse fazê-lo, Nick deu um chute.
O caixão foi lançado para longe, mas não se danificou, já que Nick não usou toda a sua força.
Ainda assim, o chute foi suficiente para mostrar ao caixão que ele não tinha força para devorá-lo.
Nick se aproximou novamente.
E então, pulou.
Donk!
E aterrissou no topo do Caixão Gritante!
O Caixão Gritante imediatamente caiu no chão e puxou suas ataduras para dentro.
Depois disso, Nick simplesmente se sentou em cima do caixão.
Silêncio.
Nada acontecia.
— Vamos lá! — disse Nick, irritado. — Mexa-se um pouco. Quero montar em você!
No entanto, o Espectro não se mexeu.
Depois de alguns minutos, Nick suspirou e se afastou do Caixão Gritante.
Um minuto depois, o Caixão Gritante lentamente puxou suas ataduras brancas para fora novamente e começou a circular pela Unidade de Contenção mais uma vez.
“Não acho que consigo domesticá-lo. Acho que é um pouco burro demais para ser uma montaria útil,” pensou ele, desapontado.
“De qualquer forma, preciso arranjar comida para ele.”
Nick saiu da Unidade de Contenção e viu Pator.
— Ei, você pode trabalhar um pouco mais hoje? Preciso ir a um lugar, e preciso de alguém para cuidar de Horua pelas próximas duas horas. Naturalmente, você será pago pelo tempo extra — disse Nick.
— Claro, sem problema! — respondeu Pator. — Obrigado pelo dinheiro extra!
— Valeu, Pator — disse Nick com um sorriso antes de sair do armazém.
“30 gramas de Zephyx equivalem a cerca de 30.000 créditos no total. No entanto, cada cadáver custa cerca de 15.000 créditos, e com os outros custos, o Caixão Gritante só gera um lucro de aproximadamente 12.000 créditos por cadáver.”
“Felizmente, nenhum dos meus Extratores Zephyx precisa trabalhar com ele, o que significa que sobra mais para mim!” Nick pensou, sorrindo.
“São cerca de 2.000 créditos a mais por dia com apenas um pouco de trabalho extra!”
“Embora, eu não tenha ideia do que comprar com tudo isso.”
“Estou ganhando tantos créditos, mas eles só ficam parados na minha conta bancária, acumulando poeira.”
Ao chegar ao posto da guarda, Nick parou e coçou a cabeça.
“Não é exatamente isso que eu desprezava nas outras pessoas no passado?”
“Há poucos meses, pensei que seria ótimo se todos pudessem doar um pouco de sua riqueza excessiva para ajudar os outros.”
Aos poucos, Nick começou a se sentir mal por ter tantos créditos.
Mas também sentia que merecia tudo aquilo.
Era uma mistura complexa de emoções contraditórias.
Nick conversou distraidamente com os guardas e, cerca de um minuto depois, saiu com um token para um cadáver.
“Eu nem preciso do dinheiro para ajudar os Dregs, já que estou pagando pelos cadáveres com o cartão da empresa,” pensou Nick enquanto olhava para o token.
“Eu realmente preciso arranjar algo para fazer com meu dinheiro.”
Nota:
[1] Nos caps anterior ele foi chamado de filhote iniciante; não sei qual o correto, ou se ele evoluiu ao absorver esse humano.