“Então foi assim que acabou.”
Uma voz em tom de provocação saiu da boca de Zeus quando ele caiu no chão.
Asgard.
Não importa o quanto lutassem, não havia nada que nem mesmo o Olimpo, sendo a guilda mais forte, pudesse fazer contra eles.
Foi por isso que Zeus pensou no Ragnarok.
Usar o poder dos gigantes para derrotar Asgard.
Mas acabou que ele foi derrotado e Asgard foi até lá para levá-lo embora.
“Que final péssimo…”
Os olhos de Zeus encaravam o céu.
O lugar onde ele estivera até pouco tempo atrás.
E, no momento seguinte, inúmeras flechas começaram a cair.
Shhhk, shhhk, shhhk
Dezenas de flechas brancas foram cravadas no corpo de Zeus.
Ele sentiu todo o poder mágico sendo drenado do seu corpo. Havia dezenas de itens que restringiam o poder mágico dos high rankers, então nem mesmo Zeus conseguiria escapar.
Hércules, que lutara contra ele, parou de se mover por um momento e olhou para as Valquírias enquanto pousava no chão.
“Você é Hércules?”
Uma guerreira de pele bronzeada se aproximou.
Hércules respondeu ao líder das Valquírias vestido com armadura prateada.
“Não acho que isso seja um problema para Asgard.”
“Se quiser se livrar de Zeus, não interferiremos. Essa é uma luta interna do Olimpo.”
Aquela luta era somente do Olimpo.
As Valquírias e Asgard estavam claramente cientes desse fato.
Portanto, era inevitável que Hércules tivesse o direito de escolher o destino de Zeus.
Mas.
“Mas se não quiser matá-lo, gostaria que nos entregasse ele.”
“Por quê?”
“Porque Asgard é o único que pode controlar Zeus vivo.”
As sobrancelhas de Hércules se contraíram.
Aquilo não era mentira.
Se Zeus fosse mantido vivo, ele tinha o potencial de se tornar um grande problema para esta torre a qualquer momento.
Porque ele tinha o poder e o conhecimento necessários para isso.
“A escolha de matá-lo ou não é sua, Hércules.”
Ao ouvir as palavras da Valquíria, o olhar de Hércules se voltou para Zeus, que tinha dezenas de flechas enfiadas em seu corpo.
“O que deseja fazer?”
O campo de batalha foi limpo aos poucos.
Poseidon foi mais uma vez levado para Asgard pelas Valquírias.
As tropas de Zeus, incapacitadas de lutar por Hércules, retornaram às suas posições originais.
A guerra tinha enfim acabado.
“Você fez um ótimo trabalho.”
Thor se aproximou de Yuwon e sorriu, colocando o Mjolnir em seu ombro.
Os olhos do high ranker brilhavam de curiosidade.
Parecia que ele já tinha ouvido muitas novidades sobre Yuwon.
‘Ele ter se envolvido não é nenhum bom sinal.’
Thor era filho de Odin.
Um rosto bem-vindo. Yuwon lutara em vários campos de batalha ao lado dele.
Mas não era um rosto que Yuwon queria encontrar agora.
“Fiz isso porque era necessário. Não precisa me elogiar.”
“Necessário? Como assim?”
Os olhos de Thor se voltaram para a mão de Yuwon.
“Por acaso, isso aí é…?”
O Raio.
O item que simbolizava de Zeus.
Yuwon não negou. Vendo Yuwon fazendo contato visual, Thor sorriu.
“Não precisa ficar tenso. Asgard nunca cobiçaria os espólios de um guerreiro obtidos legalmente em batalha.”
Yuwon tinha consciência disso.
O mesmo não podia ser dito de outras guildas, mas pelo menos Asgard não cobiçaria o Raio.
No entanto, havia outra coisa com que se preocupar.
‘Os Mecanismos do Relógio foi um item que Cronos e Odin criaram juntos.’
Embora Cronos tivesse a habilidade de controlar o tempo, os Mecanismos do Relógio não era algo que ele pudesse criar sozinho.
A complexidade do item era muito alta para isso.
‘Não será um problema se eu descobrir… … .’
Um encontro com Odin estava nos planos de Yuwon.
Além disso, era impossível seguir em frente sem se encontrar com ele. Isso porque a influência de Odin nesta torre era grande demais.
Mas…
‘Se possível, prefiro não ter variáveis.’
…ainda não era a hora.
O contato com Asgard seria só daqui a alguns dias.
Por enquanto, era melhor deixar as coisas como estavam.
“Estou cansado de tanto lutar. Prefiro não me estender muito aqui.”
“Só estou curioso. Queria saber quem era o jogador que deixou meu pai interessado.”
“Seu pai…?”
Os olhos de Yuwon se estreitaram.
“Odin?”
“É melhor não falar esse nome assim tão abertamente.”
Tak
Aperta
A força da mão de Thor no ombro de Yuwon se intensificou.
Yuwon havia se esquecido de uma coisa importante.
Mais tarde, ele percebeu que havia falado aquele nome de forma muito descuidada, mas em Asgard, o nome Odin era algo sagrado.
“Entendeu?”
“Vou me lembrar disso.”
“Ótimo. É melhor assim, amigo.”
Tap, tap
Thor deu um tapinha no ombro de Yuwon e ergueu os cantos da boca novamente.
Logo depois, ele estendeu a mão, tirou um distintivo e o direcionou a Yuwon.
“Isso é do meu pai. Pegue.”
Yuwon olhou para o distintivo que Thor lhe entregou.
Ele tinha um padrão de aparência familiar.
Um distintivo que brilhava em ouro e parecia uma versão compactada de um grande palácio.
‘Isso é…’
Até então, Yuwon só tinha ouvido falar dele. Era a primeira vez que o via pessoalmente.
O símbolo do castelo dourado.
Uma espécie de ingresso para entrar no santuário Valhalla.
“Por que está me dando isso?”
“É um convite.”
“Convite?”
“Você disse que se sobrevivesse a esta guerra, gostaria de visitá-lo algum dia.”
Era verdade que aquela luta ficaria marcada na história.
Isso porque o Olimpo, uma das maiores guildas assim como Asgard, fora virada de cabeça para baixo.
Além disso, sobreviver a uma grande guerra envolvendo Zeus, um dos 10 primeiros colocados no ranking, era o suficiente para sobrepujar completamente todos os incríveis feitos de Yuwon até agora.
“Você vai passar lá por perto em breve, não é? Dê uma paradinha lá. Prometo que será bem recebido.”
“Não ficaria feliz se isso fosse uma tentativa de recrutamento.”
“Só queremos te receber como convidado. Com muito respeito, é claro.”
Depois de ouvir aquilo, não seria muito educado continuar recusando.
O melhor de tudo era que, desse jeito, Yuwon podia pelo menos escolher quando fazer a visita.
“Claro.”
Yuwon então segurou o distintivo.
Ele ainda tinha um longo caminho a percorrer antes de chegar ao andar onde ficava Valhalla. Em momentos como esse, Yuwon ficava grato por Odin não querer sair lá de cima.
‘Este é o segundo?’
Yuwon se lembrou de ter recebido um item semelhante.
Chifre de Diablo.
Foi um item obtido após passar no teste do 41º andar, quando Yuwon prometeu se reencontrar com o alter ego de Diablo.
‘Como vou usar isso…?’
O símbolo do castelo dourado era uma espécie de recompensa dada por Asgard a Yuwon por ter lidado com os problemas do Olimpo.
Como não era um item simples, cabia inteiramente a Yuwon descobrir como usá-lo.
“Bem, então vamos nos encontrar novamente no futuro.”
Depois de concluída a conversa, Thor se virou.
Ao longe, as Valquírias levavam Poseidon embora.
“Amigo.”
Passo
Thor, encarregado de limpar o campo de batalha, caminhou em direção às Valquírias.
Yuwon olhou para as costas amplas de Thor e depois olhou para o símbolo do castelo dourado em sua mão.
‘Amigo…’
Aquele item poderia ser considerado uma expressão de amizade, mas Yuwon não teria se sentido tão estranho se fosse só isso.
‘O filho de Odin me contou tantas coisas.’
Antes de voltar ao passado, Thor também o chamava assim.
Enquanto pensava nisso, Yuwon colocou a ficha em seu inventário.
A notícia da destruição do Olimpo se espalhou pela torre mais rápido do que qualquer meio de transporte.
A história principal foi a rebelião de Hades, Poseidon e Hércules.
A divisão dos três deuses.
Hércules, o herdeiro da linhagem de um rei.
Assim como em todos boatos, novas informações foram se aglutinando e cada vez mais se desviando dos fatos.
Diziam que a divisão dos Três Deuses tinha sido um plano de Asgard.
Diziam também que Hércules não era realmente filho de Zeus.
Ou ainda que tudo isso tinha sido um plano de Zeus.
Mas, independentemente dos rumores, o Olimpo rapidamente encontrou estabilidade.
“Então, no fim das contas, você deixou que o levassem com vida?”
Yuwon sentou-se em frente a Hércules tomando uma xícara de chá.
Eles estavam em uma pequena casa no 32º andar, onde ocorrera a guerra. Era um lugar longe do campo de batalha, intocado pelas consequências dos combates.
Um lugar pequeno e pobre como a cabana onde Hércules costumava morar.
E foi justamente por isso que Hércules escolheu este lugar para passar um tempo.
“Sim, isso mesmo.”
“Então não conseguiu matá-lo?”
“Não sei. Talvez eu não tenha tido tempo o suficiente para tomar uma decisão? Ou talvez nossa conexão sanguínea de pai e filho tenha falado mais alto. De qualquer forma, como não consegui me decidir, eles o levaram embora.”
Devia ter sido uma escolha difícil para se tomar tão rápido.
O pai que ordenara a morte da mãe.
Zeus era claramente um inimigo de Hércules, que amava profundamente sua mãe Alcmena.
Mas, mesmo assim, Zeus foi pai de Hércules durante milhares de anos.
Não seria fácil fazer uma escolha dessas em tão pouco tempo.
“É bem a sua cara.”
“O quê?”
“Ser indeciso.”
Hércules começou a rir das palavras de Yuwon.
“Eu sou o matador de gigantes. Já matei um milhão de gigantes. Indecisão não é uma palavra que combina muito comigo…”
“E aquilo te fez se sentir bem?”
Os olhos de Hércules se arregalaram.
Ele se sentira bem?
Yuwon acrescentou depois que Hércules ficou alguns instantes sem responder.
“Estou perguntando se você se sentiu aliviado ao continuar matando gigantes.”
“…Aliviado?”
“Provavelmente não. Quando te vi pela primeira vez, você não parecia aliviado.”
“E como eu parecia?”
“Parecia que queria acabar logo com tudo e fugir daquele inferno.”
A vingança de Alcmena.
Era uma tarefa que Hércules precisava realizar.
Mas, no processo, ele continuou se destruindo.
“A Gigantomaquia não era só uma guerra. Era também o palco para a conclusão do matador de gigantes.”
“O que quer dizer com isso?”
“Se não fosse pela guerra, você teria se movido?”
Em resposta à pergunta de Yuwon, Hércules se lembrou de quando foi chamado de matador de gigantes.
Naquela época, ele estava fora de si.
Um desejo de vingança contra Alcmena e uma hostilidade para com os gigantes o dominavam.
Como resultado, os gigantes nem sequer parariam para tentar se explicar. Eles só atacariam por também estarem sendo atacados.
‘Naquela época, ainda estavam me manipulando.’
Guerra.
Hércules conseguira uma justificativa através isso.
Aquela luta não era somente por vingança.
Os gigantes eram os inimigos do Olimpo e eram seres que um dia trariam um desastre maior à torre.
Era por isso que Hércules conseguia matar tantos gigantes.
E ao mesmo tempo conquistar sua vingança.
Zeus usou a Gigantomaquia para criar uma ferramenta chamada Hércules.
“Você se arrepende de não ter conseguido matar Zeus?”
“Um pouco.”
“Então vá atrás dele. Asgard pode ainda te dar o direito de arrancar a cabeça dele.”
“Não será necessário. Zeus agora é um homem que já perdeu as forças, os sonhos e o futuro.”
Hércules não chamava mais Zeus de pai.
O último sentimento de pai e filho tinha finalmente sido arrancado dele.
“Quero dar um fim a isso agora.”
Zeus perdera tudo.
A vingança de Hércules já tinha sido um sucesso.
“A partir de agora, vou viver minha vida sem pensar nisso. Estou cansado demais para isso.”
“É mesmo?”
Yuwon olhou para a expressão no rosto de Hércules.
Ele não era tão expressivo quanto Son Wukong.
Mesmo assim, depois de observá-lo por tanto tempo, Yuwon conseguia entender até certo ponto no que ele estava pensando.
Definitivamente eram emoções complexas.
Mas também havia um pouco de alívio misturado.
‘Isso é o suficiente.’
Se Zeus vivesse ou morresse, não era algo com que Yuwon se importava.
O importante eram os sentimentos de Hércules. Yuwon esperava poder ajudá-lo a se livrar de todo o peso que carregava dentro dele.
Porque ele era seu amigo.
“E você? “O que vai fazer agora?”
Hércules perguntou depois de lembrar que Yuwon estava lutando contra o Olimpo mesmo depois de tão pouco tempo na torre.
A longa luta acabara.
Hércules imaginou que aquela torre poderia voltar a tremer dependendo das próximas ações de Yuwon.
“Tenho que me encontrar com o velhote primeiro.”
“Velhote? Está falando do meu irmão, Hefesto?”
“Sim.”
Por um momento, Yuwon pensou no Raio que havia colocado em seu inventário.
Todas as três peças estavam reunidas.
Quando estavam quase no fim da discussão sobre a destruição do Olimpo, Hefesto dissera uma coisa.
“Se coletar todas as peças, não se esqueça de trazê-las para mim.”
Yuwon ainda não conseguira se esquecer da expressão nos olhos de Hefesto naquele momento.
A ganância e o desejo de um ferreiro.
Aquele brilho nos olhos era algo que Yuwon nunca tinha visto antes.
“Eu fiz uma promessa.”
Apesar de que esse não tinha sido o Hefesto dessa linha no tempo.
“Farei o melhor item da torre para você.”
Pelo menos nessa linha do tempo, chegara a hora de Yuwon cumprir essa promessa.