Gravis olhou para seus amigos com um largo sorriso.
Quase todos estavam reunidos.
As únicas pessoas ausentes eram Stella, Liam e seus três filhos, mas eles estavam esperando em algum outro lugar.
Meadow também não estava presente, mas ela chegaria mais tarde.
No entanto, todos os outros que ainda estavam vivos estavam ali agora.
Memórias dispararam pela mente de Gravis enquanto ele olhava para todos eles.
Era como se o tempo não tivesse passado.
— Você mudou, sabia? — Manuel disse.
— Eu sei — Gravis respondeu com um largo sorriso. — Pode-se dizer que finalmente encontrei meu verdadeiro objetivo. Poder não é meu objetivo. Liberdade e felicidade são.
Skye não achava que seu irmão mais novo tivesse mudado tanto. Afinal, ela só esteve em contato com ele antes de ele se tornar verdadeiramente implacável.
Por outro lado, Manuel e Dorian sentiram a maior diferença.
Naquela época, Gravis era um adolescente brutal que só respeitava o poder. Ele chegou a ameaçar o Cl’ várias vezes, apenas porque não gostou de algumas palavras. Ele também brincou com as vidas da Seita da Terra devido à disposição deles e não teve escrúpulos em aniquilar a Seita da Escuridão, embora apenas Byron tivesse agido contra ele.
Gravis era como Mortis naquela época, e Mortis era bem diferente do Gravis atual.
Ferris, por outro lado, não pensava nessas coisas. Gravis era seu amigo. Nada mais importava.
Azure, Styr e Sary conheceram Gravis enquanto ele começava a se tornar mais empático, mas eles não o viram desde o momento decisivo que o transformou completamente. Esse momento foi quando Gravis compreendeu a Lei de nível quatro da Liberdade.
A última mudança aconteceu quando Gravis finalmente se uniu a Stella.
Sua vida não estava mais cheia de escuridão, e ele até chegou a sonhar em parar de cultivar em certo momento. Obviamente, isso foi apenas uma possibilidade que passou por sua mente. Ele não iria levar essa ideia adiante. Era apenas uma fuga do peso e do estresse do cultivo.
— Manuel — Gravis disse — sabia que você é o maior motivo pelo qual mudei tanto?
Manuel ficou um pouco surpreso. — Eu? O que eu fiz? — ele perguntou.
— Você me disse, na frente da Provação do Céu, que talvez eu não fosse tão frio quanto pensava ser. Essas palavras me fizeram perceber que eu tinha muitas emoções reprimidas. Trabalhei nisso desde então, e isso me permitiu me tornar quem sou hoje.
— Sem você, talvez eu nunca tivesse percebido isso, e provavelmente teria me tornado ainda mais implacável e frio — Gravis disse.
Manuel olhou para Gravis com admiração. — Sério? Eu nem me lembro de ter dito algo assim.
— Sério — Gravis disse com uma risada. — Pode ter sido um comentário insignificante para você, mas mudou minha vida.
Manuel apenas coçou a nuca, envergonhado, já que não se lembrava. — Sério? Então, de nada, acho?
— Então, você é um cara bonzinho agora? — Manuel perguntou.
Silêncio.
Então, Manuel e Gravis começaram a rir.
Gravis era um cara bonzinho?
Não.
Nenhum Cultivador com poder suficiente era.
Para compreender as Leis, os Cultivadores frequentemente criavam desastres naturais que matavam um número incalculável de vidas inocentes.
Quando os Cultivadores lutavam, suas ondas de choque destruíam toda a vida por milhares de quilômetros ao redor.
Cultivadores atacavam outros Cultivadores e bestas apenas para se refinarem. Essencialmente, isso significava que matavam outros Cultivadores apenas para matá-los.
Cultivadores que não estavam dispostos a fazer essas coisas jamais alcançariam seu poder. Esses tipos de Cultivadores já teriam morrido há muito tempo.
Não havia bom ou mau.
Só existiam tons de cinza, pelo menos 50 deles.
Então, Gravis se lembrou de algo e colocou a mão no rosto.
— Ei, Arc! — Gravis gritou, virando-se. — Esqueci de te apresentar.
— Oh? — Arc murmurou distraído. — Desculpe, eu não estava prestando atenção. Estou apenas observando todos esses Cultivadores poderosos na cidade. Nunca conheci Cultivadores tão poderosos antes. Acho que há mais de 100 Deuses Ancestrais só nesta cidade. Eles realmente parecem incrivelmente poderosos.
Gravis estendeu seu Sentido Espiritual, mas só conseguiu encontrar cerca de 20.
— Os outros 80 estão atrás de Formações de Matrizes que superam o poder das Leis de nível oito? — Gravis perguntou.
Arc assentiu. — Todos estão apenas pensando nas Leis. É muito bom ver tantas pessoas que eu não consigo vencer. Quase me sinto jovem de novo.
Gravis achou isso engraçado, já que Arc já parecia bem jovem.
— Falando em juventude, tecnicamente você não é mais velho que meu pai por causa da dilatação do tempo? — ele perguntou.
Arc assentiu.
O Opositor não se importou.
— Mas isso realmente não importa. Afinal, se você contar a idade desse jeito, há trilhões de seres mais velhos que seu pai — Arc disse. — Se quiser conhecer existências verdadeiramente antigas, só precisa olhar para os Céus inferiores. — Arc riu.
As sobrancelhas de Gravis se ergueram.
Isso fazia muito sentido.
Os mundos inferiores tinham uma dilatação temporal de 1.000 para 1.
Essencialmente, os Céus inferiores seriam as existências mais antigas do Cosmos.
THUNK!
Os olhos de Gravis se arregalaram ao sentir um toque em sua cabeça.
Sua cabeça se virou rapidamente, e ele viu Dorian com um sorriso presunçoso no rosto.
Aquele cara conseguiu acertá-lo de novo!
Claro, Gravis não estava atento, mas ainda assim era difícil esconder um ataque dele.
O sorriso de Dorian desapareceu enquanto ele assumia a postura de um velho novamente. — Você se distraiu, jovem! Você queria nos apresentar.
Gravis franziu a testa.
— Você tem sorte de eu estar impressionado com seus poderes estranhos, velho — Gravis disse, um pouco irritado.
A pálpebra direita de Dorian tremeu. — Quem você está chamando de vel…
SHING!
O cajado de Dorian apareceu na mão de Gravis.
— Você não deveria bater nos idosos, Gravis — Dorian disse com um tom sério. — Mostre algum respeito pelos mais velhos.
Esse cara.
“Ele se ofende imediatamente se eu o chamo de velho, mas não tem problema em assumir esse papel quando lhe convém”, Gravis pensou.
“Aposto que esse velho foi um pesadelo absoluto para seus inimigos.”
“Ele é descarado, escorregadio como uma enguia, incomparável em irritar os outros e cheio de criatividade.”
“O poder dele não pode ser medido por meios normais. Ele está, de certa forma, em uma liga própria.”
“Honestamente, eu não faço ideia de quão poderoso ele realmente é.”
— Agora você sabe como nos sentimos — Manuel disse. — Tivemos que lidar com ele por mais de 200.000 anos.
Gravis olhou para Dorian, que ainda mantinha a expressão de um ancião repreensivo. A atuação era impecável. Seu rosto era jovem, mas ele ainda transmitia a aura de um velho sábio.
Gravis jogou o cajado de volta para Dorian. — Enfim, voltando ao assunto — ele disse, virando-se para os outros na sala. — Este é Arc. Ele também é um dos meus amigos. Acho que vocês já ouviram falar dele por Stella e Liam.
O grupo olhou para Arc com uma expressão complexa.
— Só quero confirmar uma coisa — Styr disse, dando um pequeno passo à frente e olhando para Arc. — Ouvimos falar de alguém chamado Arc, mas preciso ter certeza. Você é realmente o Céu superior do seu mundo?
Arc abriu um sorriso largo. — Ex-Céu — ele respondeu. — Agora, sou um Cultivador, assim como todos vocês.
O grupo respirou fundo, em uníssono.
Eles haviam relutado em acreditar, mas Arc acabara de confirmar.
Tinham ouvido falar de Arc, o Céu do mundo superior.
No entanto, algo como o Céu era muito elusivo, distante e misterioso para todos eles.
Nenhuma pessoa do grupo havia visto um Céu antes.
Gravis havia matado o Céu inferior em um mundo moribundo, longe de olhos curiosos. Todos só tinham conseguido ver a destruição que ele causara.
Nenhum deles havia realmente presenciado o Céu inferior.
Aos olhos deles, Gravis basicamente havia lutado contra o próprio mundo.
Era como se o magma, as montanhas, a terra e os oceanos tivessem se erguido para enfrentá-lo.
Eles não tinham visto nenhuma área central que representasse onde o Céu poderia estar.
No mundo intermediário, Gravis fora a última coisa viva restante.
Não havia ninguém para testemunhar sua luta contra o Céu do mundo intermediário.
Eles não faziam ideia de como um Céu era. Nem sabiam o que exatamente era um Céu. Era algum tipo de forma de vida? Era algum tipo de Lei? Era simplesmente o céu que viam acima de suas cabeças?
E, agora, um Céu estava ali parado, como qualquer outra pessoa.
Eles não conseguiam conectar o conceito de Céu com aquele sujeito de aparência tão comum. Claro, ele tinha cinco olhos, o que o tornava especial, mas já haviam visto muitas criaturas com aparências estranhas.
O ilustre, misterioso governante de um mundo, insuperável em poder, estava apenas ali parado, sorrindo para eles.
Era tão incrivelmente normal que parecia surreal.