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Lightning Is the Only Way – Capítulo 1037

Orpheus

Agora era a vez de Gravis contar sua história, e ele começou narrando como havia iniciado sua jornada de cultivo. Ele decidiu começar cedo porque havia mantido muitos aspectos de sua vida em segredo até então.

Por quê?

Havia vários motivos.

Em primeiro lugar, se seus amigos do mundo inferior soubessem que havia, na verdade, três níveis de mundos acima deles, poderiam se desmotivar diante da gigantesca montanha que precisariam escalar. Só de ouvir que Cultivadores do Reino Unidade, existências lendárias no mundo inferior, nem sequer eram permitidos na cidade natal de Gravis, eles se sentiriam inúteis.

Algo semelhante era verdadeiro para as Bestas do mundo intermediário. Afinal, se elas soubessem que Imortais, pessoas capazes de se teleportar, só poderiam ser mendigos na cidade, também poderiam perder a motivação.

Outro motivo pelo qual Gravis mantinha grande parte de sua vida em segredo era para evitar que as Bestas se sentissem desprezadas. Afinal, Orthar só se importava com os humanos, não com as Bestas.

Agora, essa dinâmica havia mudado. Orthar concedia um Espírito a cada Besta que alcançasse o nível de Deus Estelar, elevando-as efetivamente ao mesmo nível dos humanos.

Gravis começou a contar essa história sem omitir nada, exceto os assuntos que Orthar não permitia que fossem revelados. No entanto, Gravis logo interrompeu sua narração quando chegou à parte em que Orpheus havia aparecido.

— Certo, pai — disse Gravis, olhando para seu pai. — Onde está Orpheus?

O Opositor olhou para Gravis com uma expressão inescrutável.

Ninguém conseguiu perceber as sutis flutuações emocionais nos olhos do Opositor, mas Gravis o conhecia havia tempo suficiente.

Ele notou que seu pai não sabia como se sentir naquele momento.

— Gravis, algo aconteceu — disse o Opositor com uma voz pesada.

Gravis sentiu como se seu coração tivesse parado.

Algo aconteceu?

Seu irmão mais velho estava morto?

— O que aconteceu? — Gravis perguntou.

— Quando você partiu para o mundo superior, Orpheus tinha apenas 20.000 anos antes que sua próxima tribulação acontecesse, e sua Força de Batalha não era suficiente para superar essa tribulação — explicou o Opositor.

Gravis respirou fundo.

Mais de 20.000 anos haviam se passado desde então.

— Orpheus não foi exatamente honesto com você — começou o Opositor.

— Deixe que eu conte a ele — disse uma nova voz.

SHING!

Um homem de meia-idade, de cabelos negros, apareceu na sala do Opositor. Estrelas pareciam brilhar em seus olhos, e seu olhar refletia um conhecimento e uma experiência incríveis.

Era Orpheus!

Gravis soltou um enorme suspiro de alívio.

Orpheus ainda estava vivo!

Por um momento, Gravis temeu que Orpheus tivesse morrido.

— Fui eu quem mentiu para ele, e serei eu quem contará a verdade — disse Orpheus ao pai.

O Opositor assentiu.

Então, Orpheus olhou para Gravis e suspirou.

Gravis aguardou a explicação de Orpheus com uma expressão complicada.

— Gravis — começou Orpheus lentamente. — Você se lembra de como contei sobre minha família?

Gravis assentiu.

— Bem, o que eu contei não foi mentira, mas foram coisas que já haviam acontecido. Contudo, não fui honesto em relação ao tempo.

— Na verdade, minha família já havia partido há muito tempo — disse Orpheus.

Gravis sentiu uma dor no peito.

Orpheus sempre parecia tão feliz ao contar sobre os eventos com sua família. Ele brilhava de felicidade sempre que falava sobre as coisas que seus filhos e filhas faziam.

— Isso foi antes mesmo de eu te conhecer? — perguntou Gravis.

Orpheus assentiu. — Muito antes disso — respondeu ele. — Eu só tinha pai e mãe restantes, mas era só isso. Infelizmente, isso não foi suficiente para me motivar a continuar vivendo. Então, simplesmente esperei pelo fim da minha vida por cerca de 300.000 anos.

Orpheus suspirou novamente. Falar sobre esse assunto não era fácil para ele. — Vou ser honesto com você aqui. A razão pela qual eu te conheci naquela época foi porque eu não me importava mais com minha vida. Ter mais uma pessoa morrendo não faria diferença.

— Eu simplesmente não me importava.

Gravis também suspirou.

— Eu não me importava particularmente com você, já que esperava que você morresse no mundo inferior. Eu só queria te conhecer e reviver uma parte da minha juventude através de você. Foi por isso também que não te vi partir quando você deixou o mundo inferior. Eu simplesmente não me importava — disse Orpheus.

Gravis se sentiu magoado.

Quando Gravis conheceu Orpheus pela primeira vez, sentiu o desconhecido calor de um amor fraternal vindo dele.

No entanto, Gravis era muito jovem naquela época. Ele não conseguiu perceber os verdadeiros sentimentos de Orpheus.

Na verdade, Orpheus não se importava muito com Gravis.

Ouvir que Orpheus realmente não se importava com ele magoou Gravis profundamente.

— No entanto, você voltou muito rápido — disse Orpheus. — Seu poder me surpreendeu bastante. Fiquei especialmente chocado quando ouvi que você conseguiu sintonizar seu Espírito com o raio. Além disso, você conseguiu matar um Céu inferior sem nunca ter saído do mundo inferior. Algo assim nunca havia acontecido antes.

Gravis assentiu.

Era natural que Orpheus estivesse surpreso.

Quão difícil era matar um Céu inferior?

Na verdade, era impossível.

Por quê?

Porque o Céu inferior conhecia uma Lei de nível três, a Lei do Raio da Punição.

Não importava quão poderoso fosse o Ascendente. Enquanto estivessem no mundo inferior, eles estariam no Reino Unidade Iniciante.

Nenhum ser no Reino Unidade Iniciante poderia ser rápido o suficiente para evadir a velocidade do Raio da Punição, e nenhum ser nesse reino poderia resistir a um golpe do Raio da Punição.

Matar um Céu inferior era impossível.

A única razão pela qual Gravis conseguiu realizar esse feito foi por causa de sua imunidade ao raio.

Gravis havia se tornado o contra perfeito para os Céus.

— Assim que ouvi sobre suas conquistas, soube que sua vida não terminaria tão cedo — disse Orpheus. — Percebi que você veio para ficar e que era muito provável que eu morresse antes de você.

— Quando percebi isso, meus sentimentos por você se tornaram genuínos — continuou Orpheus. — Por quê? Porque eu sabia que não sentiria novamente a dor da perda, já que seria o primeiro a morrer.

Orpheus suspirou novamente. — No entanto, eu estava muito envergonhado para lhe contar a verdade sobre minha vida. Quando conversamos novamente, fiquei chocado ao perceber que você se lembrava de tantos detalhes sobre minha família. Isso me mostrou o quanto você me valorizava, tornando ainda mais difícil para mim confessar a verdade.

— Decidi que lhe contaria quando você retornasse do mundo intermediário, pois estaria mais maduro nessa época.

Orpheus suspirou mais uma vez. — Contudo, tornou-se ainda mais difícil dizer a verdade. Você compreendeu uma Lei que permitia cortar facilmente conexões emocionais. Tive medo de que o sentimento de traição o levasse a cortar nossa conexão.

Orpheus estava se referindo à Lei da Liberdade, mas não quis mencionar seu nome para não atrapalhar a chance das pessoas presentes de compreenderem essa Lei. Afinal, era mais fácil entendê-la sem saber de sua existência.

— Então, no fim, decidi fugir dessa dor — disse Orpheus com dificuldade. — Decidi que morreria enquanto você estivesse longe.

Gravis não fazia ideia de como deveria se sentir naquele momento.

As mentiras certamente o feriram.

Orpheus essencialmente havia mentido sobre tudo.

Nesse ponto, Gravis também percebeu por que seu pai tinha sentimentos tão complexos em relação a Orpheus naquele momento.

O Opositor se importava com as mentiras de Orpheus para Gravis?

Não.

Isso era algo entre seus dois filhos, e ambos não eram tão frágeis a ponto de algo assim destruí-los.

Não, o Opositor se importava com outra coisa.

Como Orpheus ainda estava vivo?

Como alguém que não tinha mais motivo para viver ainda estava vivo depois de confrontar a morte certa?

Gravis havia adivinhado o motivo.

Era o mesmo motivo pelo qual Manuel ainda estava vivo.

Orthar.

Orthar estava impulsionando os amigos e familiares de Gravis rumo ao poder.

Algo assim poderia parecer manipulativo e horrível à primeira vista, mas Orthar fazia isso de maneira perfeita.

Orthar não os forçava a fazer nada.

Ele simplesmente lhes dava um motivo para viver.

Em essência, Orthar estava lhes dando algo que eles valorizavam tanto que continuariam em seus caminhos rumo ao poder.

Poder-se-ia até dizer que Orthar enchia suas vidas de felicidade.

Esse era o motivo pelo qual o Opositor se sentia tão conflituoso.

Os sentimentos do Opositor já não eram mais distantes e frios, o que fazia com que ele se importasse com seus filhos. Ainda assim, seu maior inimigo estava enriquecendo e embelezando as vidas de seus filhos.

Ainda pior, o Opositor não conseguia encontrar nada de errado nisso.

Orthar essencialmente os tornava mais poderosos e mais felizes.

O que havia para reclamar?

Justiça?

Quem se importava com justiça quando a família e os amigos estavam envolvidos?

— No entanto — disse Orpheus — encontrei alguém novo. Encontrei alguém que me lembrava minha falecida esposa. Foi amor à primeira vista, mas ainda estava incerto se conseguiria retomar o caminho do Cultivo. Afinal, eu o havia abandonado por tanto tempo.

Orpheus olhou para Gravis. — Ainda assim, lembrei-me de você. Lembrei-me de como você se sentiria ao ouvir sobre minha traição e minha morte.

— Você me deu o empurrão final de que eu precisava para retornar ao caminho do Cultivo.

— No mesmo dia em que tomei minha decisão, procurei minha nova esposa, e rapidamente nos apaixonamos.

— Quando finalmente deixei minhas emoções fluírem, percebi o valor de tantas coisas. Percebi o que havia abandonado ao desistir e me arrependi profundamente de ter parado em meu caminho para o poder.

— Consegui compreender duas Leis muito poderosas, e essas Leis me permitiram superar minha tribulação e alcançar o Reino de Deus Ancestral — disse Orpheus.

Orpheus olhou para Gravis nos olhos com uma expressão complexa.

— Não mereço perdão algum, mas ainda assim, peço por ele. É vergonhoso da minha parte pedir algo assim, mas se isso aumentar minhas chances de você me perdoar, estou disposto a ser tão descarado.

— Gravis, me desculpe.

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