O Opositor olhou para o filho com uma expressão neutra.
Os amigos de Gravis o observavam com sorrisos amargos.
Mais uma vez, Gravis estava deixando passar algo óbvio por conta de sua situação especial.
— Nada — respondeu o Opositor.
Gravis franziu a testa. — O que quer dizer com nada? Por que ele não faria nada?
— Porque não há problema algum — respondeu o Opositor.
— Como isso não é um problema? — Gravis perguntou, ainda franzindo a testa.
— Porque isso só é um problema para uma minoria absoluta — explicou o Opositor. — Na verdade, existem apenas três seres em todo este mundo para quem isso é um problema.
— Arcerius, Mortis e você.
Gravis ergueu uma sobrancelha.
— Gravis — disse Manuel com um sorriso amargo. — Toda essa situação não nos afeta em nada.
Gravis lançou um olhar questionador para Manuel.
— Eu já estou aqui há um bom tempo, e conheço muito sobre este mundo — disse Manuel. — Apenas 1% de todos os Imperadores Imortais no Pináculo se tornam Deuses Estelares, o que parece pouco, mas na verdade não é.
— Assim que soube do tamanho deste mundo, precisei confirmar essa informação várias vezes, porque simplesmente não conseguia acreditar.
— Apenas uma estimativa aproximada do número de Imperadores Imortais no Pináculo já é um número assustador.
— O número de Imperadores Imortais no Pináculo provavelmente está em torno de 100 trilhões — disse Manuel, com um sorriso amargo. — Então, mesmo que apenas 1% deles alcance o Reino dos Deuses Estelares, provavelmente ainda veríamos o nascimento de mais de um trilhão de Deuses Estelares nos próximos 200 mil anos.
Gravis respirou fundo ao ouvir aquele número.
Tantos assim!?
— Mesmo os mais poderosos do nosso grupo encontrarão milhares ou milhões de seres no nosso nível que são mais fortes que nós — continuou Manuel. — Além disso, mesmo que refinemos a nós mesmos e matemos cem Deuses Estelares poderosos cada, ainda haverá milhares de Deuses Estelares que também mataram mais de cem Deuses Estelares.
— A proporção desses gênios aterrorizantes obviamente é muito baixa, mas aplicada a um número tão gigantesco, ainda restaria um número muito alto de gênios assustadores.
— Na verdade, o número é facilmente grande o suficiente para durar até que todos nos tornemos Deuses Ancestrais e, nesse ponto, a situação atual não importa mais.
— Nenhum de nós é prejudicado por isso.
— Podemos simplesmente criar uma Seita ou nos juntar a uma, e teremos muitos oponentes e guerras.
— Os únicos prejudicados por esse problema são seres que não podem ser julgados pelos padrões normais — concluiu Manuel, com uma expressão constrangedora.
Gravis ouviu Manuel e suspirou.
Era verdade.
Esse problema era exclusivo dos três.
Orthar não precisava mudar nada.
O mundo naturalmente se regeneraria e se repararia.
— Então, nada foi mudado? — Gravis perguntou ao pai.
— Nada foi mudado — confirmou o Opositor.
Gravis suspirou novamente.
Era frustrante ser um dos poucos com esse tipo de problema. Todos os outros podiam continuar suas vidas normalmente, mas ele não tinha esse luxo.
Gravis olhou para Mortis e Arc.
Mortis estava com a expressão fechada.
Arc apenas sorria.
— Você não parece preocupado — comentou Gravis ao ver Arc. — Sabe que também será afetado por esse problema, certo?
Arc deu uma risadinha leve. — Gravis, há várias maneiras de sairmos dessa situação. Esse problema é, no máximo, um inconveniente menor.
Gravis ergueu uma sobrancelha. — Me ilumine.
— Para começar, podemos simplesmente esperar — disse Arc. — Podemos nos concentrar em compreender Leis por cerca de 700 mil anos. Nesse ponto, haverá muitos Deuses Estelares em todos os níveis. Não teremos problemas em encontrar Deuses Estelares com níveis apropriados para lutar.
Gravis já havia pensado nisso, mas realmente não considerava essa solução seriamente.
Claro, isso resolveria o problema, mas Gravis queria fazer mais progresso com sua Aura de Vontade.
Além disso, ele não tinha certeza se conseguiria compreender as novas Leis Verdadeiras sem refino.
Claro, Gravis tinha compreendido algumas Leis de nível sete, mas todas eram especiais de alguma forma, tornando-as diferentes da maioria das Leis.
A Lei das Emoções não tinha nada a ver com observar matéria ou os Elementos.
A Lei de Forma de Gravis era tão poderosa apenas por causa da Lei das Emoções.
A Lei Maior da Morte não tinha relação com Energia.
A Lei da Realidade Percebida precisava ser compreendida de uma forma totalmente diferente de qualquer outra Lei.
A Lei da Senciência era apenas uma fusão da Lei das Emoções e da Lei da Realidade Percebida.
A Lei da Força Primordial era a única Lei de nível sete que seguia o método padrão de compreensão.
Além disso, todas essas Leis, exceto a Lei Maior da Morte, derivavam de Leis mais fracas.
E quanto à Lei Verdadeira de Puro Duro?
Essa não derivava de nenhuma Lei mais fraca.
E quanto às Leis da Vida?
A mesma coisa.
Gravis precisaria compreender essas Leis de nível sete todas de uma vez, sem poder confiar em Leis mais fracas.
Gravis poderia compreender as Leis de nível seis restantes para os Elementos e a Lei da Matéria para criar a Lei de nível sete do Mundo Morto, mas isso não resolveria o problema.
Gravis supunha que precisaria se refinar novamente em, no máximo, 300 mil anos.
Ao menos, se quisesse fazer algum progresso significativo.
Deveria ele compreender Leis por 300 mil anos e depois apenas esperar por 400 mil anos?
Claro, ele poderia fazer isso. Afinal, sempre ficava feliz em estar com Stella e sua família.
Mas e quanto a Mortis?
E Stella sequer teria tempo?
Stella precisaria cultivar continuamente para elevar seu próprio poder. Ela poderia dedicar algumas dezenas de milhares de anos a Gravis, mas não centenas de milhares de anos.
Gravis realmente não gostava dessa solução.
— O que mais? — perguntou Gravis.
— Reinos Secretos — disse Arc. — Já passei por muitas Provações do Céu, e meu Criador provavelmente tem ainda mais. Ele pode simplesmente adaptá-los para lhe dar algum refino. Não é difícil.
Os olhos de Gravis brilharam.
Essa era uma ótima solução!
Se Gravis precisasse se refinar, ele poderia simplesmente entrar em um desses Reinos Secretos!
— Parece excelente — disse Gravis.
No entanto, um pensamento fez sua testa franzir.
— Mas é tão simples assim? — perguntou Gravis, coçando o queixo. — Todos os Reinos Secretos estavam sob o controle de Seitas no Pináculo em seu mundo, e duvido que aqui seja diferente.
— Provavelmente — respondeu Arc.
Gravis refletiu mais sobre isso, mas realmente não gostava da ideia de se juntar a uma Seita.
Se alguém se juntasse a uma Seita sendo extremamente poderoso, teria um lar, recursos e toda a liberdade.
No entanto, essas Seitas seriam governadas por pessoas muito mais poderosas que Gravis, o que significava que ele provavelmente teria que realizar muitos trabalhos para a Seita.
Além disso, ele teria que participar de várias guerras, algo que não o interessava.
Por quê?
Porque a diferença de poder em uma guerra poderia ser absurda.
Em algum momento, Gravis poderia enfrentar uma força que ele poderia dizimar com um olhar.
No entanto, o oposto também poderia acontecer.
Nesse ponto, Gravis estaria arriscando sua vida inutilmente.
Claro, Gravis tinha talento para se tornar algum discípulo escolhido supremo, um Discípulo Central ou algo do tipo, mas a Ascensão não era mais o objetivo.
Esses Discípulos Centrais provavelmente seriam treinados e pressionados seletivamente até se tornarem Deuses Estelares. A partir desse ponto, começariam a retribuir à Seita assumindo responsabilidades essenciais.
Porém, Gravis já era um Deus Estelar.
Ele não era poderoso o suficiente para atuar como uma última carta na manga para proteger a Seita da aniquilação, mas também não era tão fraco que seria mais eficaz investir em seu crescimento do que utilizá-lo como mão de obra.
Gravis realmente não queria se juntar a uma Seita.
Contudo, ele rapidamente se lembrou de que já não estava mais em um mundo comum.
Ele estava no mundo mais alto.
Esse mundo era muito diferente de qualquer outro.
A forma como os negócios funcionavam era muito diferente de outros mundos. Além disso, este mundo tinha muitas empresas.
As empresas podiam ser vistas como uma forma de Seitas, mas com uma diferença fundamental.
Lealdade.
Uma pessoa podia se juntar a uma empresa, realizar seu trabalho e sair quando quisesse.
Era simplesmente uma troca de serviços por pagamento.
Haveria alguma empresa com acesso a esses Reinos Secretos?
Gravis olhou para o pai com um brilho nos olhos.
— Existe alguma empresa em que eu possa trabalhar para ganhar acesso a Reinos Secretos? — perguntou Gravis.
O Opositor já esperava essa pergunta há muito tempo, mas ainda assim não queria respondê-la.
Infelizmente, ele tinha que responder. Afinal, o problema atual do filho era essencialmente culpa dele.
— Sim, há uma perfeita para você.
Gravis sorriu ao ouvir isso.
“Eu sabia!”
— Qual é? — perguntou Gravis.
O Opositor respirou fundo, demonstrando irritação.
— Chama-se A Companhia do Céu — disse ele, tentando manter a voz neutra.
Ao lado, a mãe de Gravis soltou um som de desprezo.
Gravis piscou algumas vezes. — A Companhia do Céu?
— Sim, A Companhia do Céu — repetiu o Opositor. — A Companhia do Céu aceita Cultivadores excepcionais e muito poderosos, começando no Reino Imperador Imortal. Eles são uma organização sem fins lucrativos que supervisiona lutas entre Cultivadores poderosos em áreas com formas de vida mais fracas.
— Eles enviam seus agentes a esses locais para proteger os arredores. Também impedem interferências externas quando alguém está se refinando.
— Como você provavelmente já deduziu, A Companhia do Céu é essencialmente a mesma coisa que a Seita do Céu no mundo inferior em que você esteve. A única diferença é que não existem Nascidos do Céu, eles não são arrogantes e aceitam qualquer pessoa com poder suficiente. Além disso, são mais modernos e flexíveis em suas políticas.
— Eles possuem cerca de 30% de todos os Reinos Secretos do mundo.