— Este deve ser o lugar — disse Gravis para si mesmo enquanto permanecia no centro da Cidade Opositora.
À sua frente havia um edifício alto e branco feito inteiramente de espelhos. O prédio provavelmente tinha vários quilômetros de altura e largura. Nenhuma empresa comum teria dinheiro suficiente para adquirir um terreno tão vasto no coração da Cidade Opositora. As únicas organizações capazes de algo assim eram os verdadeiros hegemons da cidade.
O Instituto de Pesquisas, a Câmara de Comércio, o Escritório de Segurança Pública.
Essas eram algumas das maiores empresas da cidade, e sua influência era onipresente na Cidade Opositora.
Provavelmente, todas essas organizações tinham até mesmo Deuses Divinos entre seus membros, tornando-as potências mesmo entre as organizações extremamente poderosas fora da Cidade Opositora.
Todas as diferentes lojas da cidade pareciam modestas e simples, com no máximo alguns andares. No entanto, a Companhia do Céu se elevava tanto que parte dela alcançava a Comunidade do Céu.
Gravis até notou uma segunda entrada bem no alto, na mesma altura da Comunidade do Céu.
Provavelmente era assim que a Companhia do Céu contornava as regras da Cidade Opositora, que estipulavam que apenas Imortais podiam entrar na cidade propriamente dita.
“Então, a Companhia do Céu até emprega pessoas abaixo do Reino Imortal. Bem interessante. Mandar alguém ao redor do mundo provavelmente custa muita Energia, mas ainda assim estão dispostos a transportar esses Cultivadores fracos para supervisionar lutas ainda mais fracas. Não é à toa que a Companhia do Céu é vista como uma espécie de organização sagrada que protege a paz mundial.”
“E como se chama Companhia do Céu, todos os Cultivadores veem essa organização como uma extensão do Céu. De fato, Orthar é visto como o governante santo e benevolente, enquanto meu pai é visto como uma espécie de rei demônio prestes a causar o fim da existência.”
“O mais engraçado é que eles estão certos. Orthar deu-lhes o mundo e se preocupa com o bem-estar dos Cultivadores, mesmo que seja por razões completamente diferentes. Em comparação, meu pai mata pessoas sem pestanejar.”
Gravis riu um pouco.
Se fosse mais jovem, Gravis teria ficado irritado com esse favoritismo tão evidente. Afinal, todos odiavam e desprezavam seu pai.
No entanto, Gravis sabia que a opinião do mundo não tinha nenhuma influência sobre seu pai. Eles podiam pensar o que quisessem, e nada mudaria.
Essa era a verdade do poder.
Gravis caminhou até a entrada do prédio e entrou. As portas se abriram e fecharam automaticamente enquanto ele passava.
Gravis entrou em um confortável saguão com muitos móveis brancos e paredes brancas. Todo o prédio tinha uma atmosfera pacífica e sagrada.
Gravis tinha certeza de que Orthar não projetou aquele lugar.
— Bem-vindo à Companhia do Céu! — saudou educadamente uma bela mulher loira do outro lado do saguão. Ela vestia um traje social branco, e sua maquiagem parecia ter sido feita por um profissional.
Somente essa recepcionista atrairia muitos Cultivadores desesperados e solteiros.
Surpreendentemente, ela era uma Imperadora Imortal bastante poderosa. Gravis a analisou e percebeu que ela já dominava três Leis de nível seis, tornando-a equivalente a Jake, alguém contratado pelo Cultivador Inteligente.
— Olá, estou procurando um emprego — disse Gravis enquanto caminhava até ela.
— Que ótimo! — respondeu a recepcionista com um sorriso radiante. — Qual vaga você está buscando?
— Acho que o trabalho se chama Juiz — disse Gravis. — Sabe, as pessoas que supervisionam as lutas.
A recepcionista assentiu, mas sua expressão ficou um pouco constrangida.
— Desculpe, senhor, mas as posições para Imperadores Imortais no Pináculo estão preenchidas no momento — disse ela em tom apologético.
Gravis arqueou uma sobrancelha com um sorriso. — Não a culpo. Afinal, em sua percepção, eu devo parecer um Imperador Imortal no Pináculo muito fraco. No entanto, deixe-me informá-la de que está enganada. Posso demonstrar uma parte do meu poder como prova? Pode pedir qualquer coisa.
Gravis tinha falado com muita educação. Afinal, a recepcionista provavelmente era uma Imperadora Imortal no Pináculo muito poderosa justamente por esse motivo. Ela provavelmente era responsável por avaliar o poder dos candidatos. Não era culpa dela não conseguir sentir o poder de Gravis.
Somente um idiota inseguro faria birra e exigiria desculpas.
— Se o senhor diz — respondeu a recepcionista educadamente. — Poderia, por favor, demonstrar uma Lei de nível seis?
CLING!
Um cristal de gelo giratório apareceu na palma de Gravis.
— Desculpe, senhor, mas essa é a Lei de nível cinco da Nevasca — disse ela profissionalmente.
Gravis apenas sorriu. — Quão poderoso parece? — perguntou.
A recepcionista ergueu uma sobrancelha. Ela tinha sido educada o tempo todo, mas aquele candidato continuava insistente. No entanto, era sua responsabilidade avaliar o poder dos candidatos.
Ela analisou o cristal de gelo mais de perto e franziu o cenho.
— Sim, esta Lei da Nevasca possui o poder de uma Lei de nível seis, mas pode ser seu Avatar. Por favor, demonstre uma Lei diferente.
Gravis riu levemente.
— Você não percebeu?
Pela primeira vez, a recepcionista franziu o cenho com desaprovação.
SHING! SHING! SHING! SHING!
De repente, 36 esferas de diferentes Elementos apareceram ao redor de Gravis.
Todas eram Elementos Mistos de nível cinco.
Além disso, todas possuíam o poder de uma Lei de nível seis!
Os olhos da recepcionista se arregalaram ao perceber o poder incrível de todas elas.
Ela não era tola. Imediatamente reconheceu qual Lei Gravis estava demonstrando.
— Peço seu perdão, senhor — disse ela com uma reverência educada. — Eu não percebi que o senhor dominava a Lei Maior dos Elementos Mistos.
Gravis desfez os Elementos com um gesto e acenou.
— Não é nada demais. Você só estava fazendo seu trabalho.
A recepcionista soltou um suspiro de alívio.
— Obrigada por relevar esta situação, senhor. Eu já tinha recusado sua candidatura, e isso teria sido uma grande perda para a Companhia do Céu. Eu poderia ter problemas sérios por isso.
— Está tudo bem! Está tudo bem! — Gravis disse novamente. — Vamos apenas continuar, certo?
— Claro, senhor — respondeu ela com um sorriso radiante. Em seguida, pegou um formulário e entregou a Gravis. — Por favor, preencha este formulário.
Gravis pegou o formulário e analisou.
As perguntas eram simples e não invasivas, nada que representasse um problema para Gravis.
No entanto, algo o surpreendeu.
— Por que não há um campo para nome? — ele perguntou.
— Senhor, a partir do Reino Deus Estelar, os nomes podem influenciar o mundo e outros Cultivadores. Divulgar seu nome para alguém é um risco. Por isso, a Companhia do Céu não solicita nomes. Não queremos que nosso pessoal enfrente riscos desnecessários — respondeu ela pacientemente.
Gravis assentiu.
— Entendido. E sobre o campo de título? O que devo colocar ali? — perguntou.
— Quase todos os Cultivadores no Reino Deus Estelar ou acima utilizam títulos como substitutos para seus nomes. Se o senhor ainda não tem um título, pode simplesmente criar um. Os títulos são escolhidos pelo próprio Cultivador.
Gravis coçou o queixo.
“Um título, hein?”, ele pensou.
Gravis encarou o papel por um momento.
Então, ele riu de si mesmo.
Aquele nome era bobo.
Talvez um nome mais imponente fosse melhor, mas, se escolhesse algo muito grandioso, provavelmente seria ridicularizado. Devia haver milhões de ‘Destruidor de Mundos’, ‘Devorador do Céu’, ‘Dragão do Vazio’, ‘Último Ancestral’ ou ‘Mestre da Lâmina’ por aí.
Escolher um nome assim seria ridículo. Gravis pareceria uma criança imatura inventando nomes que soam impressionantes.
No fim, Gravis decidiu adicionar uma segunda palavra ao título.
Gravis escreveu o título e devolveu o formulário.
A recepcionista olhou para o papel e sorriu para ele.
— O Instrutor o chamará em breve para testar suas capacidades, Sentinela Negro.
Gravis teve que segurar uma risada ao ouvir o título.
Parecia normal e um pouco imponente, mas a história por trás do título era uma piada.
Gravis havia pensado em sua Lei mais poderosa.
Raio Celestial.
No entanto, Mortis era mais ligado ao raio do que ele, então Gravis decidiu deixar isso para Mortis.
Então, ele pensou na segunda Lei mais poderosa que conhecia.
A Lei da Senciência.
Gravis brincou com a palavra.
“Senci…”, ele pensou com um riso.
“Ah, Sentinela”, pensou depois.
Senci soava ridículo, então Gravis optou por Sentinela.
E, como ele também tinha o corpo de um Demônio Negro, adicionou a palavra ‘negro’.
Assim, Sentinela Negro foi o resultado.